A voz dele parecia vir de todo o lado, o que definitivamente não facilitava para Anastasia, que tentava achar o irmão. As provocações dele não faziam efeito nela, uma vez que já estava sentindo o coração mais acelerado pelo jogo que estavam. Adorava competições, tanto que não tinha hesitado em visitar a atração antes de todas as outras. Aquela era a terceira vez que estava ali dentro e, mesmo assim,s surpreendia-se com o que encontrava. Ao escutar, no entanto, a simulação, um sorriso travesso apareceu nos lábios dela, seguindo o som automaticamente. Quando chegou perto, no entanto, não encontrou nada, o que frustrou ela. "Irmãozinho... Que azar, hein?" Foi o suficiente para que caminhasse mais um pouco, tentando escutar pelo menos uma respiração diferente. Ao escutar alguns passos atrás dela, no entanto, mordeu o lábio inferior, sabendo que tinha se ferrado. "Merda, merda, merda." Sussurrou mais para si mesma do que para o outro, esperando que pudesse ter um pouco de pena dela. "Trégua?"
⭒ ๋࣭ 𖹭 ๋࣭ ⭑ para a irritação de max, a acústica ali era muito boa. podia estar tentando fazê-la falar para que a voz ressoasse e ele identificasse assim como fazia quando brincava com as crianças de gato mia, mas não estava dando sorte ali. a voz parecia vir de todos os lugares! hefesto certamente tinha pensado em tudo quando construiu aquilo. pelo menos sabia que também não cairia no mesmo erro que tentava fazer com que ela cometesse. “ ━━━ deveria começar a experimentar coisas novas como fazer algo sem estar no mood." retrucou, olhos claros esquadrinha o local em busca de algum movimento. nada. “ ━━━ não estou me escondendo, se você não está me vendo isso quer dizer que eu sei me camuflar bem." blefou. ainda nem tinha se mexido nos últimos minutos, escondido muito bem atrás de uma ruína. para seu desespero, porém, do nada, um ciclope desajeitado e brilhoso aparecia, uma simulação. uma simulação barulhenta que começava a dedurar onde ele estava. “ ━━━ maldito! puta que pariu!" reclamou em indignação, a arma de laser apontada para a criatura enquanto atirava contra ele para fazer com que explodisse em um pó holográfico amarelo e então era forçado a correr dali.
𝐒𝐓𝐄𝐀𝐋 𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐎𝐎𝐊 : conheça um pouco mais sobre o estilo && roube o guarda-roupa de anastasia de bragança .
CASUAL . Durante o dia-a-dia, em momentos mais descontraídos, Anastasia opta por utilizar roupas mais românticas que condizem com a sua personalidade. Talvez por influência de Afrodite indiretamente, mas sempre busca utilizar cores claras (mesmo que não precise ser necessariamente, uma vez que gosta mais de utilizar roupas que marquem a cintura) e possui uma grande variedade dentro do guarda-roupa. Opta, quando está calor, por combinações que envolvam mais transparência, combinado com flores. Por viver grande parte da vida no Acampamento Meio-Sangue, não utiliza com frequência saltos altos (para o próprio sofrimento, pois definitivamente gostaria de usar mais), dando preferência para tênis e saltos um pouco mais baixos.
Devido a ser uma instrutora atualmente, é bem frequente vê-la utilizando roupas para esportes que combinem, então conjuntos também fazem parte da sua rotina diária. Por ser uma pessoa metódica e perfeccionista, Anastasia procura organizar o guarda-roupa durante o final de semana, quando também altera as decorações das unhas para combinar com o mood semanal. Mesmo que para a maioria isso seja uma futilidade, isso faz com que a filha de Afrodite sinta-se mais preparada para enfrentar os diversos obstáculos. Também sempre está utilizando um pouco de maquiagem, nem que seja um rímel ou um gloss labial.
DATES && MOMENTOS ESPECIAIS . Nesses momentos, utiliza o completo oposto do dia-a-dia. A maquiagem fica um pouco mais pesada, com olhos marcados com sombras escuras, que destacam ainda mais os olhos azuis dela. Em relação ao guarda-roupa, as roupas ficam com tons mais escuros, optando por cores como roxo, verde-escuro e vermelho. Raramente é vista utilizando preto, porque acredita que não combina tanto assim com a personalidade. As joias que utiliza, em decorrência da herança herdada pelo pai, são de marcas caras, assim como os sapatos que utiliza (dessa vez, são sim de salto alto, porque toda mulher precisa de vez em quando, pelo menos é o que diz). O cabelo, geralmente utilizado em ondas, assume cachos mais definidos, assim como penteados mais elaborados.
FLASHBACK . "Esse é o meu objetivo. Quando você menos esperar, estará completamente apaixonada por mim." Uma piscada em direção a ela foi o suficiente para que o flerte se tornasse mais evidente. Não ansiava forçar qualquer coisa que a outra se sentisse minimamente desconfortável, mas Anastasia permanecia se preocupando com Veronica, ainda mais com a situação que se desenrolava. Esperava que tudo ficasse bem no final, mas ainda sim ficava questionando-se a respeito de quem era o verdadeiro traidor. A reação afetuosa alheia pegou a filha de Afrodite de surpresa, ficando congelada conforme sentia os braços em volta dela e os beijos sendo distribuídos em seu rosto. Mesmo que tivesse uma relação afetuosa e carinhosa com Ronnie, não esperava aquilo, o coração batendo um pouco mais aceleradamente. Permaneceu alguns segundos em silêncio, levemente em pânico, até piscar novamente, sendo tirada do transe que a outra tinha a colocado inconscientemente. "Certo. Chá. Parece uma boa ideia." Um sorriso apareceu nos lábios de Anastasia, levemente envergonhada pela própria reação. Colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha, tentando disfarçar o quanto tinha ficado impactada com a reação alheia. Demorou mais alguns segundos para que finalmente decidisse movimentar-se novamente, quase como se estivesse tentando definir se era seguro o suficiente para que não tivesse um ataque cardíaco subitamente.
"Oh, eu estou... Indo. Foi difícil, mas nada que eu não consiga superar." Uma risadinha nervosa escapou de Anastasia, já que era apenas uma meia verdade, colocando uma mecha atrás da orelha. Desde o acontecido, tinha decidido ignorar aquilo, mesmo que, durante a noite, os pesadelos continuavam a persegui-la a respeito do assunto. Ainda assim, a escolha que tinha tomado visava, principalmente, a decisão de cuidar ainda mais dos irmãos. Não conseguiria conviver com a ideia de perdê-los algum dia. O seu defeito ser jogado em sua cara como a causa do sofrimento... Bem, definitivamente não tinha sido fácil para ela. Estava realmente dedicada a melhorar cada aspecto para que não se sentisse imponente novamente. Precisava melhorar. Fortalecer. Não gostava de ficar choramingo pelos cantos quando precisava ser forte. "Tenho certeza que isso logo acaba, de qualquer forma. Logo esquecem toda essa baboseira que vocês estão envolvidos de alguma forma." Sabia como os semideuses poderiam ser cruéis com as opiniões que cultivavam. Tinha visto isso anteriormente relacionado aos filhos de Hades e agora voltava-se a um novo inimigo. Quando olhava para Veronica, no entanto, possuía a certeza que não tinha feito nada que a acusavam. Talvez fosse completamente parcial naquela situação, mas sabia que a devota era alguém verdadeiramente bom. "Se queimarem o seu chalé, sempre terá um lugar comigo." O flerte saiu naturalmente de Anastasia em formato de brincadeira. Era inevitável para ela, principalmente porque jamais poderia negar que tinha um claro interesse na semideusa, apesar das constantes esquivas. Era uma pessoa decidida, no entanto. Quando colocava na cabeça que almejava algo, dificilmente poderiam mudar os anseios da semideusa.
A primeira vez que ergueu o olhar do grimório em seu colo, ou da bagunça de cadernos e canetas, em horas, foi quando ouviu a voz de Nastia. A confusão perceptiva não era pela presença dela, pelo contrário, a visão da mulher lhe arrancou um sorriso sem ressalvas, se espantou por estar tão focada que nem mesmo reparou quando ela entrara no chalé de Hera. Ainda que o chalé de Hera fosse apenas por conveniência, e Dionísio ou Quíron, se recusassem a deixar as devotas se instalarem lá definitivamente, todo mundo sabia que se não encontrasse Veronica pelo acampamento, o lugar mais fácil de achá-la, seria no chalé de sua senhora. Confortável e conveniente o bastante para se instalar lá por dias seguidos, dormindo até, contra as regras do toque de recolher, aquele não era um dos lugares favoritos de Ronnie à toa. A Aura da rainha parecia que lhe ajudava, lhe guiava... E tudo que Veronica mais desejava era orientação naquele momento. Era tão confortável, tão acolhedor, que a presença das pessoas que gostava apenas fazia aquele lugar reluzir em uma forma quase lúdica de pertencimento. Sabia que tinha o dedo de Hera nisso também. Recolheu os livros enquanto encolhia as pernas, se afastando de seus estudos pela primeira vez. ❛ ah você sabe que eu nunca faria isso. Você pode querer me morder, mas quem disse que eu não gosto? ❜ Respondeu em uma provocação jocosa, divertida apenas em ser, do duplo sentido da conversa. Veronica ergueu as mãos e juntou os cabelos longos em um rabo de cavalo, prendendo com um elástico de seu pulso enquanto o olhar curioso analisava a amiga. ❛ Qual o problema? Você precisava de algo? ❜ Questionou, a preocupação começando a lhe atentar, não eram bons dias para ninguém ali, e talvez, em sua busca de se afastar, Veronica estivesse negligenciando mais do que gostaria, os amigos. ❛ Pra mim? ah cara... ❜ A voz se arrastou, manhosa e melodiosa enquanto se levantava e praticamente saltitava até a outra, seu coração derretendo em carinho pela demonstração de amor. ❛ Depois eu me apaixono e você não quer lidar com esse problema. ❜ Vee não fazia por mal, era quase natural enfiar comentários bobos e de duplo sentido entre a relação que elas tinham. Nunca fizeram nada, ainda que fosse especialmente carinhosa e afetuosa com a filha de Afrodite, simplesmente parecia, para si, natural.
❛ Eles já me deixaram feliz só por você ter lembrado de mim. ❜ Tranquilizou a outra, enquanto pegava um dos bolinhos da cesta. Não estava com fome, nem se lembrava da última vez que sentiu fome de verdade nos últimos dias, porém não faria qualquer objeção à demonstração afetuosa que recebera. ❛ Eu acho que tenho chá gelado aqui, e quente também se preferir... Podemos fazer a tarde do chá, se quiser ficar. ❜ Ofertou, torcendo que aceitasse. Seus estudos não eram muito diferente do que mais uma fuga, mas enquanto o treino para fechar as fendas estavam mais lentos, ela insistia naquele feitiço pelas suas memórias. Precisava de algum jeito contornar o que acontecera. ❛ Rosas já são lindas, sabe que você não precisa de muito 'pra me agradar. ❜ Sorriu, e não se impediu de envolver os braços em torno dela, os lábios buscando o rosto dela em selares rápidos e carinhosos, talvez demais até para a dinâmica que tinham, porém, não pensou muito antes de o fazer. No fim, Vee não pensava muito em limites ou profundamente na relação que tinham; eram amigas, flertavam por brincadeira, mas era apenas isso no fim, brincadeiras. ❛ Obrigada, viu? ❜ A liberou de seu enlace, os ombros se movendo em um sinal de desinteresse, não sabia se poderia se importar muito com isso agora. ❛ Tentando fingir que não aconteceu, e você? ❜ devolveu a pergunta, um humor ácido na atitude. ❛ Só acho que não sou muito boa nisso... Mas tenho tentado focar em outras coisas, e ficar longe dos inquisidores também. Não precisa se preocupar, meu clã sobreviveu à caça as bruxas uma vez, eu garanto que os daqui não são nada. ❜
Ouviu as palavras de Kitty com um misto de gratidão e desconforto. Os ferimentos, espalhados em seu corpo, eram uma consequência da coragem que tivera, impulsionada pela bebida. Estava levemente sonolenta em decorrência da quantidade de poção, o que fazia com que as sombras, mesmo presentes, não incomodassem ela como costumavam fazer. Quase apreciava a presença da outra, independente dos sentimentos conflitantes a respeito dela. Poderia culpá-la quanto quisesse, mas sabia que tinha sido sua escolha entrar na frente dela. Olhou para Kitty com uma expressão cansada, os olhos refletindo uma tristeza que não era apenas física. O corpo parecia cada vez mais pesado, mas um suspiro escapou dela. Talvez precisasse descansar ainda mais em breve. "Eu imagino. Não são todos os dias que somos atingidos por estrelas. Para ser sincera, sequer lembro quando isso aconteceu." A memória andava confusa, o que fazia também com que os filhos de Apolo ficassem ainda mais preocupados com o estado de Anastasia. O corpo permanecia cheio de bandagens, que a faziam ficar parada, algo que odiava. Queria sentir novamente o peso da espada e ensinar os campistas mais novos a empunhá-la mais facilmente. "Por que você se importaria?" Rebateu quase automaticamente, mas permaneceu em silêncio conforme escutava ela falar. Sabia que não era a melhor das pessoas com a outra, permanecendo constantemente em um estado de defensiva perto da semideusa. Talvez fosse aquele o momento de mudar aquilo e tentar entendê-la como não tinha feito anteriormente. E, mesmo que não fosse confessar em voz alta, até mesmo ansiava saber aquilo. Queria saber o porquê aquela mente era encoberta de poeira e sombras, o que tornava ela tão especial que não conseguisse adentrar ainda mais. "Eu... Entendo. De nada." As palavras soaram hesitantes, quase estranhas nos lábios, de uma forma até mesmo nervosa. Não costumava ficar daquele jeito durante conversas, sendo a que causava aquele efeito, mas culpava mais os ferimentos daquela reação, mesmo que soubesse que não era verdade. "Então, do que estávamos falando do baile mesmo antes de todo o caos mesmo?" Tentou puxar nas lembranças, porém eram mais um borrão que formas definidas. A destra, já curada, foi até a testa, coçando suavemente. Lembrava-se que desejava respondê-la do questionamento que tinha feito.
"É difícil." Respondeu, breve e seca, suspirando para tentar conter um soluço que ameaçava irromper pela garganta. Já tinha chorado demais por Flynn e tinha decidido a não derramar mais tantas lágrimas; não durante o dia, pelo menos, enquanto tentava ser uma pessoa funcional. Era conselheira de chalé. Tinha seus treinos para fazer e poções para tomar também, além de cuidar dos irmãos e verificar os amigos. "Doeu. Também foi esquisito. Nunca pensei em ser atingida por uma estrela. Mesmo para os padrões dos semideuses, parece algo estranho." Comentou, pensando que jamais olharia as estrelas de outra forma. Sempre olharia para o céu, temendo que uma estrela caísse em sua cabeça de novo. No entanto, naquele momento estava de dia e Kitty estava na enfermaria, meio sem graça ao lado de Anastasia, sem saber exatamente o que fazer ou como agradecer. "Por que você acha que não me importaria?" Indagou, virando-se para ela, um tanto na defensiva. A visão dos curativos, no entanto, rompia os muros erguidos e a levava novamente ao estágio de vulnerabilidade. "Você foi muito legal comigo. Além disso, me salvou. Você me mandou correr e por causa disso eu pude sair e ajudar outras pessoas. É muito valente. Por isso me importo com você também." Decidiu falar, honesta em suas palavras, sem conseguir olhar diretamente para Anastasia. Por muito tempo tinha apenas repelido a filha de Afrodite, replicando o comportamento que a própria parecia ter. Sempre houve algo estranho no ar, mas até aquele momento, Kitty nunca quis investigar de maneira mais profunda. "Obrigada, Anastasia."
ʚ com @aguillar .
ʚ em enfermaria .
Novamente, estava na enfermaria. Mesmo que não fosse ela a afetada da vez, o ambiente continuava trazendo os piores sentimentos. Parecia que, sempre que visitava o local, algo terrível estava acontecendo. Santiago tinha acordado no dia anterior e tinha passado o dia inteiro recebendo pessoas que estavam preocupadas com o seu bem-estar. Sabia que deveria tê-lo deixado em paz para que pudesse descansar, mas não conseguia não se preocupar com ele. Assim que viu que mais pessoas queriam falar com o semideus, foi visitar os amigos que estavam feridos, como Damon, levando alguns presentes para que não se sentissem desamparados de forma alguma. Quando voltou, durante a noite, ficou conversando com o amigo, sequer percebendo como o tempo tinha passado.
Não teve certeza quando adormeceu, sentada ao lado da cama alheia. Quando abriu os olhos, a luz estava diretamente no rosto delicado da filha de Afrodite, o que fez com que ficasse, inicialmente, um pouco desnorteada de onde estava, grogue pelo sono. Naquela noite, não tivera pesadelos, o que fazia com que, mesmo na pior posição terrível para dormir, tivesse passado tranquilamente. Não deixou de notar que, em algum momento, os dedos dela tinham encontrado os de Santiago, talvez em busca de alguma coisa para aquecer os dela, que eram naturalmente gelados. Permaneceu daquela forma, no entanto, levantando o olhar até o rosto dele, um pequeno sorriso apareceu assim que viu que já tinha acordado. "Oi. Bom dia!" O cumprimento saiu simplório dela, mas ainda carregava certo carinho implícito. Finalmente, decidiu levantar a cabeça, espreguiçando-se enquanto sentia os efeitos de ter dormido daquela forma. "Dormiu bem? Está se sentindo melhor?" Automaticamente, buscou qualquer sinal dos ferimentos terem se tornado mais graves, porém, para o alívio de Anastasia, não encontrou nenhum.
Por um momento, teve vontade de rir daquela situação. A própria oferenda estava em mãos quando escutou as palavras alheias, pensando que, mesmo que tivesse sofrendo com as opiniões a respeito dos Filhos da Magia, não ligava nenhum pouco para o sofrimento alheio. "Oh, que coitadinha. Vai chorar?" A voz dela saiu com sarcasmo, revirando-se na órbita. Não sabia exatamente o que era, mas, desde que tinha colocado os olhos em Natalia, tinha a odiado. Havia algo inerte naquela personalidade gentil e, na opinião de Anastasia, burra, que fazia com que trouxesse o pior comportamento possível da filha de Afrodite. Era bem diferente do que trazia para Kitty, que tratava com mais indiferença do que grosseria. Não poupava o sarcasmo em direção a outra, já cansada daquela conversa que sequer tinha começado. "Você acha que sou preconceituosa nesse nível?" Os olhos dela foram como estacas de gelo em direção a ela, repletas de uma frieza destinada apenas aqueles que Anastasia nutria certo desprezo. Sabia que a raiva era injustificada, mas aquele sentimento continuava pungente dentro de si, algo que não conseguia se livrar tão facilmente. Um suspiro escapou dela, conforme analisava a outra dos pés à cabeça lentamente. Sinceramente, sentia até mesmo um pouco de pena da outra achar que realmente se importava com Flynn a ponto de acusá-la de matar alguém. É claro que tinha sido uma grande perda, mas tinha mais o que pensar e achava mais preocupante do que triste a morte do campista. Não ficaria sofrendo por alguém que sequer conhecia tão bem. "Vamos deixar uma coisa bem clara aqui: meu desgosto por você não tem nenhuma relação com qualquer status ou cargo que você carrega aqui." Podia ser várias coisas, mas preconceituosa não estava entre essas características e recusava-se que até mesmo a filha de Hécate tivesse essa impressão dela. "Por que você só não manda essa galera que está te acusando isso se fuder, se está te incomodando tanto?" Era o que faria. Desde que recebeu a cicatriz no rosto, tem recebido olhares curiosos e muitos reprovadores, como se tivesse feito algo errado além de proteger os outros campistas. Para esses, Anastasia retornava com uma expressão de morte, que com certeza era o suficiente para lembrá-los que não se mexia com a filha de Afrodite. Mesmo que tivesse um rosto belo (o que duvidava, naquele momento), era uma pessoa que poderia se tornar perigosa caso pisassem em algum calo dela.
"you don't see anything. nothing's happening. just go about your business."
local de oferendas com @ncstya ,
໋ "Se veio até aqui para desferir acusações ou teorias, por favor, dê meia volta." O tom de voz calmo e ensaiado, enquanto ela se mantinha rígida, sem se dar ao trabalho de reconhecer quem quer que fosse. Os olhos fixos na fogueira apagada, enquanto em mãos trazia um pequeno buquê de flores que mais cedo havia encontrado em uma clareira bosque adentro. Não era costume realizar oferendas, mas tomada pelo sentimento de insatisfação, Natalia viu necessidade para tal ato. Talvez, a mãe surgisse e explicasse os significados dos pesadelos. Talvez. "Você não me viu aqui, nada está acontecendo. Por favor…" Sem Aidan em seu encalço, ela se tornava um alvo exposto. Era ruim entregar-se à dependência, mas não negava que a presença do amigo lhe evitava estresse — com ele por perto, nenhum semideus ousava chegar perto. "Eu sei o que andam falando por aí, sei que acusam a todos que praticam magia," suspirou, levando a mão livre para o rosto, esfregando a ponta dos dedos contra a testa. "Mas não é sensato também acusar sem prova alguma. Eu estou cansada de ouvir que eu sou suspeita de ter matado um dos meus melhores amigos…" Ao olhar para o lado, Natalia reconheceu o rosto harmonioso da filha de Afrodite, aliviando a própria expressão enfurecida logo depois. "Se quiser ficar aí, que fique. Só… Não faça essas perguntas. Eu não aguento mais…"
Mesmo que tivesse percebido a movimentação alheia, quando tentou se movimentar, bloqueando o ataque, pensou lento demais, o que resultou no braço sendo imobilizado. Golpe baixo? Não, Anastasia adorava uma boa luta sem regras, já que era ciente de que, na vida real, coisas como honra e moral eram fantasiosas demais para contar com isso. Ao escutá-lo, um sorriso provocativo apareceu nos lábios dela, os olhos brilhando com o desafio proposto. Se havia algo que apreciava, era encontrar alguém que tratava cada treino como se fossem situações reais, levando-a a pensar em novas soluções. Mesmo que fosse uma instrutora, apreciava treinar com semideuses que compreendiam do assunto. Sabia que, independente do que fizesse com os braços ou as pernas, poderia não ser o suficiente para se desvencilhar do outro. "You're bold, flower boy." A voz continha humor, mas, ao mesmo tempo, animação por estar naquela situação. Poderia ser um pouco maluco demais dela, mas gostava da sensação do coração batendo acelerado contra o peito, a boca seca e os pensamentos que pareciam correr desenfreadamente, buscando soluções. Quando houve a condição alheia, no entanto, fingiu chateação. Não que pretendesse entrar na mente alheia, mas sempre havia aquela incitação do poder de realizá-lo constantemente. Perguntou-se, por um momento, como seriam as emoções alheias. "Sem poder mágico? Com eles é tão mais divertido, mas imagino que não seria uma visão muito agradável colocá-lo para chorar nessa situação." Imaginava o quão decepcionante seria ele, segurando ela e, no próximo segundo, as lágrimas escorrendo pelo rosto alheio. Mesmo que gostasse de se vangloriar, sabia que não seria algo que gostaria de fazer de forma tão voluntária. "Você acha que preciso das minhas pernas e dos meus braços para fazer você me soltar?" Deu um sorrisinho, que muitos achavam irritantes, em direção a ele. A expressão continha a arrogância inerte da filha de Afrodite, algo que, mesmo que não se orgulhasse, aparecia quando estava empunhando uma espada. Emanava confiança, fosse na linguagem corporal ou na forma com que encarava o rosto do filho de Deméter. Aproximou-se o suficiente da orelha alheia, mais estendendo o pescoço do que fazendo qualquer esforço com o tronco ou o braço que permanecia preso, esperando que ele não previsse o que estava prestes a fazer. "Oh, você me subestima. Não sei se você sabe, mas eu sei ser bem criativa." A voz não passou de um sussurro, sendo perceptível que o sorriso arrogante permanecesse imutável nos lábios dela.
Antes que ele pudesse pensar, os olhos dela desceram rapidamente e, em questão de milésimos de segundo, a boca encontrou a curva do braço que a segurava e do pescoço. A mordida fechou com muito mais força do que estava acostumada, os caninos afundando na pele sem nenhuma gentileza, sentindo a pele resistir e o gosto de suor invadir. Quando pôde sentir o metalizado tomar lugar, mesmo que suavemente (o que não era muito agradável, mas sequer estava pensando direito e esperava não ter deixado uma marca muito forte), imaginando que estava doendo o suficiente, o joelho encontrou o meio das pernas do Gutiérrez com força, conseguindo, enfim, a liberação da mão. "Talvez seja porque sou filha de Afrodite, mas sou particularmente uma grande fã de mordidas. Elas costumam ser mais leves que isso, no entanto." Misturava a brincadeira e a arrogância na voz, não tendo exatamente pena do outro. Afastou-se para pegar um pequeno saco de gelo, no entanto. Mesmo que não fosse exatamente o maior exemplo de empatia naquelas situações, sabia como provavelmente a mordida poderia estar doendo. A sensação gelada talvez melhorasse. "Aqui, você deve estar dolorido." Encostou o saco na região, esperando que ele não a odiasse tanto por aquilo. "Espero que você não fique com uma marca, mas pense pelo lado positivo... Tenho certeza de que vai fazer com que você pareça mais desejado." Piscou para o homem de forma brincalhona, olhando para a região enquanto levantava o saco para dar uma breve checada. É, talvez fosse necessário passar um pouco de bálsamo mais tarde.
E ali estava o resultado que ele tanto buscava. Se antes ela havia demonstrado certa habilidade, agora Diego sentia uma energia ainda mais intensa fluindo entre os dois. Um sorriso travesso surgiu nos lábios avermelhados do semideus, que prontamente, com a katana em mãos, assumiu a mesma posição que a semideusa. Ele era mais lento, mas tinha astúcia e, de certo modo, mais experiência. Mas não podia subestimá-la. Jamais faria isso. Não tão cedo. Sem avisar, ele avançou, e a lâmina da katana encontrou a dela, produzindo o conhecido tintilar do metal. Antes que ela recuasse para um novo ataque — talvez apelando para um golpe baixo, seu habitual recurso infalível — Diego segurou a mão que empunhava a arma, aplicando força suficiente para fazê-la soltar a lâmina. Como não obteve uma resposta imediata, ele a agarrou pelo tronco, afastando o braço que ainda segurava a lâmina, mantendo-a fora de alcance. Se Anastasia conseguisse se desvencilhar, ele estaria em sérios apuros. "Antes que proteste, a luta nunca é justa. Você sabe disso; é habilidosa demais para se enganar," o filho de Deméter insistiu, apertando ainda mais a mão dela. "Vamos imaginar uma situação: um monstro, mais ou menos da sua estatura, mas milhões de anos mais experiente que você, conseguiu imobilizá-la... O que faria a seguir? E, antes que pense nisso, sem usar poderes mágicos." A outra mão que a segurava pelo tronco impedia movimentos mais bruscos. Diego queria uma reação racional, mas ao mesmo tempo espontânea. Monstros, deuses, grandes heróis... nunca lutavam com justiça. Era sobreviver ou perecer. Não havia outra opção. "Estou à sua mercê. Suas pernas estão livres, mas se tentar usá-las de uma vez, vai se arrepender. Se usar a mão livre, só vai desperdiçar energia. Vamos lá, bonitinha!" provocou, o sorriso crescendo ainda mais em seu rosto.
"Claro que não, Yas. A não ser que carregar o maior sorriso que eu já vi ele dar conte como um surto." Um sorriso apareceu naturalmente nos lábios de Anastasia. Mesmo que tivesse sido um pouco incisiva até demais durante o baile de Afrodite, parecia que, finalmente, eles tinham tomado a decisão correta em oficializar. Fazia um tempo desde que tinha conversado com Joe a respeito de Yas, ainda mais com tudo acontecendo, mas os dois juntos parecia certo. Não imaginava alguém para o melhor amigo que não fosse a filha de Deimos. "Eu realmente estou feliz por vocês dois. Já estava achando que eu teria fios brancos antes de vocês decidirem finalmente ficar juntos." A brincadeira saiu com uma pequena risada, uma vez que eles ficavam fugindo da questão toda vez que Anastasia trazia ela à tona. Era uma grande fã do amor, então era natural que ansiasse para que os amigos decidissem, finalmente, dar uma chance para o que tinham.
Seu cabelo era intocável. Nunca mexeria em cores e até em comprimento. Apenas reparação de pontas e hidratações, coisas mais leves que não mexeriam no natural que tanto adorava e havia herdado de Leyla Solak. Se parecer com sua mãe era sua maior lembrança dela. Por isso orientou muito bem as filhas de Circe do que poderiam ou não fazer ali e naquele momento via seus cabelos ficando prontos num volume lindo que fazia o ruivo brilhar como há meses não o fazia. A voz de Anastasia a trouxe de volta de seus devaneios, olhando para a mulher num riso curto. ❝ ― Por que? Parece tão irreal assim? ❞ — Perguntou baixinho para a amiga, sem desviar o olhar do próprio rosto naquele espelho e se sentindo bonita como na noite do baile. ❝ ― É, é verdade... Ele surtou com você, não foi? ❞ — Questionou o óbvio porque conhecia muito bem o rapaz para saber como ele iria se comportar longe dela e contar para os amigos a mais nova novidade.