Tentou forçar um sorriso para dispensar os homems que se aproximaram da sua companhia, mas seu rosto parecia mais ter se contorcido numa careta; o que certamente fariam os homens se afastarem, junto com a altura e largura de Matteo que deveria ser maior que a junção dos dois homens. Deu um sorriso curto enquanto se afastavam em direção à mesa escolhida, "não pode culpá-los por tentar a sorte deles," adicionou num tom levemente zombeteiro. Para ele, era quase cômico alguém na pequena cidade de Khadel achar que havia chances com Helena, ele incluso. Se aquela não fosse uma piada de mau gosto, ela provavelmente era quem havia recebido a pior mão entre eles. O grupo mais improvável que poderia estar conectado de alguma forma e, entre eles, Helena, que provavelmente poderia escolher qualquer pessoa que quisesse em outras circunstâncias. Não sabia quais sentimentos tinha, mas pena por ela ter que aturar aquilo era, definitivamente, um entre eles.
Não era um grande acompanhador das notícias de celebridade, mas o stalker de Helena era uma coisa muito comentada no burburinho de Khadel para passar despercebido, até mesmo por ele. "Então... Como estão as coisas desde que você voltou?" As palavras lhe saiam tão estranhas e faziam seu estômago se retorcer de uma forma desconfortável. Não era como se fizesse algo horrível, mas a simpatia parecia forçada e fazia com que ele quisesse cavar um burraco e sumir dali. Ao mesmo tempo, acreditava que o silêncio seria tão desconfortável quanto e faria toda a sua pele formigar. De forma nenhuma ele iria ganhar naquela situação. Era ridículo — Matteo estava provavelmente na situação que muitos desejavam e, ainda assim, não poderia se sentir mais inadequado. Qualquer homem ali provavelmente daria o mundo para estar em seu lugar.
Apesar de ser uma figura pública, Helena estava conseguindo esconder com impressionante destreza de seus fãs a ideia excêntrica de encontros com suas possíveis almas gêmeas. A mídia estava tão absorta no caso do stalker que o pedido de privacidade que ela havia feito foi respeitado — e não era para menos, seus advogados haviam sido extremamente convincentes.
A escolha, como não tinha muitas, de quem iria para qual encontro consigo foi até fácil, assim como convidar Matteo para ser seu par; tanto que ela nem precisou recorrer ao truque de mencionar que fora o trampolim que ele precisava para alcançar o sucesso. Escolheu o the Loft pela gama de possibilidades de atividade, não era como se não tivesse feito suas pesquisas sobre o homem, porém o tiro saiu pela culatra afinal quando foi pegar uma bebida dois rapazes lhe pararam para pedir autógrafos e tentar fazer amizade com a atriz. Ou melhor, importuná-la e não a deixar sair daquela conversa.
A chegada de sua companhia a fez abrir um sorriso um tanto quanto aliviado "Oi Matt, você demorou... O que acha daquela ali?" a morena pediu licença pra os homens, que olhavam seu acompanhante com um tanto de submissão, eram espertos o suficiente e para não contrariarem quando ela saiu andando para uma mesa um tanto afastada do palco "Obrigada por ter aparecido, aqueles dois foram bem... Insistentes" ela respirou aliviada sentando na mesa para poder terminar seu drink em paz
com @alekmoretti em autocuidado e terapias táteis
"Ah," o assistente disse alto, batendo as palmas juntas, com uma felicidade nada necessária, "ele disse que a dupla dele ainda estava aqui fora." Matteo olhou ao redor, esperando que ele estivesse falando com outra pessoa, mas só tinha ele no momento ali. Franziu as sobrancelhas juntas. Será que alguém estava lhe pregando uma peça? Matteo estava mais do que acostumado com algumas perripécias de desconhecidos para ficar sozinho com ele, como se ficar sozinho fosse fazê-lo mudar de ideia sobre o que ele queria, mas num evento que parecia tão obcecado nos apaixonados e na maldição, não fazia sentido fazer algo dessa forma. "Acho que você está me confundindo com alguém," respondeu, apesar das chances dele ser confundido serem ínfimas. Confundido com a porta? Bem que ele preferiria. Seria alguma surpresa de Olivia? Ela adorava essas coisas. Mas eles já estiveram naquele stand — não faria sentido estarem ali novamente. Apesar do dobro do tamanho, Matteo não ofereceu resistência para o assistente. Imaginou que ele só estivesse fazendo o seu trabalho, e por saber que ele podia machucar a maioria das pessoas normais, ele raramente oferecia resistência.
Foi empurrado para dentro de um outro quarto, levemente irritado. Seu humor nos últimos dias não estava dos melhores. Entre o fracasso do ritual, o maldito espelho, as lembranças do baile dançando em sua mente quando menos esperava... Matteo já nem sabia se amor realmente importava. Pelo que ele estava fazendo aquilo? Amor? A ideia era quase risível. A única pessoa com quem se importava era Olivia, e se ela não fosse sua alma gêmea? Estava cansado daquela brincadeira da Zafira — ela estava fazendo uma grande piada deles. Quando seus olhos se depararam com a pessoa que parecia ter perdido o parceiro, Matteo balançou a cabeça rapidamente, negando como se tivesse preso dentro de um sonho ruim. "Não — não," ele rosnou por baixo da respiração, virando para a porta, "tem algum engano aqui." Sua voz era veemente. Ele tinha que sair dali. "Divirtam-se," o assistente falou antes de sair e, com um click metálico, trancar eles ali dentro. Matteo não lembrava disso de quando esteve ali com Olivia. Não tinha certeza se aguentaria Aleksander enchendo o seu saco por algumas horas. Talvez partisse para assassinato. O outro era movido a uma pilha inesgotável — como se lhe encher o saco o energizasse — e Matteo, quem nem em seus melhores dias conseguia tolerá-lo, não estava nos seus melhores dias.
Ele suspirou pesarosamente e decidiu se sentar no chão, em silêncio, como se sentar na cama fosse perigoso demais. Tentava racionalizar que o beijo entre eles apenas havia acontecido porque não sabiam quem era o outro — nunca teria acontecido em circunstâncias normais, nem fora daquela festa. O único problema era que o fato lhe atormentava demais para algo que ele dizia não importar. Descansou os cotovelos nos joelhos e cruzou os braços para abaixar a cabeça, como se não olhar ao redor fosse fazer o tempo passar mais rápido. Se não fosse maluquice, ele diria que Aleksander planejou aquilo para lhe encher o saco — assim como havia aparecido na academia com parte da sua fantasia para lhe assombrar. Para quem me odeia tanto, ele aparece um assustável número de vezes na minha vida sem ser convidado, pensou. "Não sei porque eles pensaram que eu era seu par," finalmente falou, se defendendo daquela maluquice. Não era uma novidade na cidade que Matteo e Aleksander não se davam bem. Talvez o assistente apenas acreditasse que era uma boa pegadinha, colocar os dois 'apaixonados' que se odeiam numa sala para se massagearem — como se eles fossem fazer isso.
@khdpontos
Matteo era, normalmente, o dobro do tamanho de uma pessoa comum. O seu corpo ocupava muito espaço e, se alguém tentasse lhe atravessar, provavelmente eles não teriam muito sucesso. Então, quando o estranho esbarrou com ele, seu corpo mal sofreu o impacto, mas ele sentiu o corpo da pessoa reverberar para trás. Estava pronto para pedir desculpas, mesmo não tendo sido sua culpa, mas ao ver quem era ficou astônito por um minuto. Nunca a via por lá e isso dizia muito porque Matteo vivia naquele lugar. Ele deu um passo para a lateral, Graziella deu um passo para a lateral. Ele deu um sorriso nervoso. "Bom dia, Graziella." Não existia muito entre eles, mas não era muito difícil para ele se sentir intimidado por Graziella, independente do seu tamanho. Não era nem mais o fato dela ter sido do mesmo grupo de pessoas que o atormentavam. Era apenas como ela se portava. E ainda mais agora com aquela história de alma gêmea. A ideia de um deles ser alma gêmea da Graziella, para ele, era intimidador. "Como foi a sua missão?" Acabou perguntando.
ONDE: CASA COMUNE
QUEM: GRAZIELLA & @thematteobianchi
Normalmente a mulher fazia seus exercícios dentro de sua própria casa e na academia exclusiva que tinha, mas naquele dia em específico havia resolvido fazer algo diferente. Já vestida para o treino, Graziella chegou ao estabelecimento com sua bolsa de academia em um dos ombros, os pés firmes em direção ao caminho que sabia que deveria ir, até mesmo passando pela recepção sem dizer nada. Ela só não esperava que alguém virasse e entrasse em seu caminho e trombar com o corpo que quase a derrubou no chão. Os olhos verdes por um segundo chegaram a se erguer na direção da pessoa com a intenção de matá-lo com o olhar, mas não precisou chegar muito longe para saber de quem se tratava e deu tempo da empresária suavizar levemente a expressão. "Desculpe, Matteo. Bom dia." Murmurou, tentando passar por ele para continuar seu caminho.
com @oliviafb no autocuidado e terapias táteis da The Body Shop
Desde os acontecimentos da festa de Helena, Matteo estava confuso. Não era que havia se arrependido da sua decisão de se soltar no evento e deixar que a festa tomasse o rumo que tivesse que tomar. Mas estava confuso com algumas das pessoas com as quais havia se soltado — principalmente com o pior deles. Aleksander. O homem havia ido até a academia para provocá-lo, carregando parte da sua fantasia. Matteo nunca realmente falou que ele era hétero ou bisexual, apesar da constante especulação da cidade. Parte deles, acreditavam fielmente que ele era gay. Na verdade, apesar de já ter navegado por entre alguns vídeos de homens, os beijos dados em homens no evento havia sido sua primeira e segunda experiência com o mesmo sexo, e o que tornava mais enfuriante era o fato dele ter gostado, agora sabedo quem ele havia beijado.
Não sabia como lidar com nada daquilo — nunca foi muito bom em comunicar o que sentia — mas ele sabia que precisava falar aquilo para Liv antes que a história chegasse em seus ouvidos, ainda seria pior se chegasse para ela por Aleksander. Aquela loucura de famílias ricas que forçavam seus filhos a se casarem era demais para ele, mas a história de Olivia e Aleksander tinha esse aspecto estranho o qual ele não dividia com ela. Talvez fosse exatamente o que ela precisasse.
Matteo havia decidido que seria melhor contar a versão mais leve dos acontecidos. Nada sobre como ele havia se sentido, nada sobre como foi. Eles se beijaram, apenas isso. Duvidava que Aleksander iria querer entrar em detalhes sobre o acontecido também. Porém, ele não havia preparado Liv, nem dito que precisavam conversar, ele não queria criar aquela expectativa. Ele só esperava que teriam um momento para falar sobre aquilo.
Se encontraram na feira como haviam combinado na noite anterior depois de um tempo sem conseguirem se ver. Talvez estavam indo mais devagar do que ele imaginava quando sugeriu que fossem com calma, mas entre sua rotina já ocupada e aquela confusão de pensamentos que ele não estava conseguindo processar, a maior parte do seu tempo livro, Matteo passava com o nariz enfiado no seu diário. "Você tem certeza que é isso que você quer fazer?" Matteo perguntou para Liv, esperando que talvez ela mudasse de ideia de alguma forma, apesar do massoterapeuta ter acabado no com a sua explicação e deixado eles na sala sozinhos. Ele era um homem vaidoso em geral, apesar que estava sempre buscando um ideal de beleza que parecia inalcançavel. Magro demais. Branco demais. Não se deixe bronzear demais. Faça as sobrancelhas. Mas não finas demais. Tenha pêlos para ser viril. Mas não pelos demais. Matteo não sabia se autocuidado era exatamente o que ele precisava.
@khdpontos
Starter fechado para @aaronblackwell
VINÍCOLA VILLA GIORDANO
Nico havia dito para encontrá-lo na Villa Giordano no fim da tarde, mas já se passaram dez minutos do horário acordado e nada do seu amigo aparecer. Normalmente, Matteo não bebia muito. O álcool era uma das piores coisas para a sua rotina de treinos, ou para sua mente afobada. Porém, nas atuais circunstâncias, uma taça de vinho, ou mesmo algo mais forte, não lhe soava mal. A pressão de atingir um nível de perfeição com sua aparência não chegava nem perto da pressão de encontrar uma alma gêmea.
Irritado que devia ter levado um bolo, Matteo tentou a última coisa possível e entrou no estabeleciment, se aproximando da hostess, "Oi," Matteo cumprimentou com brevidade, soltando o ar pesarosamente, "eu estou procurando Nico Cagni. Sabe se ele chegou?" A hostess olhou para o tablet com as reservas antes de falar para ele segui-la, levando-o para uma das mesas na parte externa.
"Não," reiterou novamente, com pressa. Parecia uma péssima ideia para ele ter que explicar como ele ganhou aquele ferimento. O seu orgulho também estava um pouco ferido, pelo corte feito por um cara muito mais velho e menor, mas ele não sabia nem por onde começar a explicar o porque ele havia topado aquela ideia maluca quando foi proposta. Qualquer pessoa que olhasse o punhal podia ver que ele não valia muito. Não entendia nem ao menos o apego do homem aquele objeto. Tudo que Matteo podia sentir era uma energia estranha quando segurava o punhal. Matteo não podia estar com menos fome depois de todos os acontecidos. Haviam conseguido a adega, mas aquela história estava mais insana que necessário. Como alguém podia acreditar que eles precisavam arriscar suas vidas por uma maldição? Coisas como aquela não existiam. Mais ele não havia sido exatamente muito amigável com Helena (não que ele fosse com qualquer pessoa), e ela parecia dar o seu máximo para isso. Ele podia ser ao menos um pouco menos inflexível. "Pode ser," ele disse, forçando um sorriso com os lábios pressionados uns aos outros. "Eu posso dirigir agora," Matteo sugeriu, rezando silenciosamente para que Helena estivesse cansada ou abalada demais e concordasse com ele.
STARTER TO @thematteobianchi APÓS CONSEGUIR A ADAGA DE ROMENA
Todos aquela confusão com o velho maluco do antiquário tinha deixado Helena uma pinha de nervos, ainda estava sem acreditar que ele tinha realmente desejado lutar com um jovem o dobro do tamanho dele , pior, tinha o ferido! "Tem certeza que não quer ir no hospital?" perguntou novamente. Tinham passado na farmácia e comprado o que precisavam e feito o curativo, porém a preocupação da mulher era genuína. Sabendo que não tinha muito o que pudesse fazer a mulher soltou um suspiro pesado olhando em volta "Pelo menos vamos comer alguma coisa? Não sei você, mas to sem comer desde o café da manhã... O que? Achava que ia ser rapidinho com a Zafira"
com @christopherd-amato no jogo dos 3 erros
Uma das poucas dinâmicas que dava para fazer sem um par, Matteo pegou o jogo dos 3 erros na primeira oportunidade que apareceu, tentando achar um tempo sem os infinitos questionamentos de todo mundo. Quando vocês vão se apaixonar? Quando a maldição vai ser quebrada? Quem é sua alma gêmea? Matteo estava sufocado. Preferia a atenção quando todos achavam que ele era um esnobe, burro, e que ninguém era bom o suficiente. Ao menos, não tinha relação ao fato de coisas fora do seu controle. Diferente do que parecia, Matteo não gostava da atenção. Não de verdade. Era uma reafirmação para o seu ego, que ainda se via como o menino desengonçado de quatorze anos, que cresceu demais e os membros não coordenavam com o restante dele, mas a atenção não lhe dava nenhum conforto. A rede social era um emprego, não sua vida real, e não podia ser mais bem administrada por pessoas competentes em transformá-lo em alguém interessante.
Estava concentrado no jogo — em que era relativamente bom, quando ouviu alguém falar: "Vocês tem prioridade em pares," a pessoa que auxiliava o patrocinador falou, trazendo uma pessoa para o seu lado. A frase já indicava que era um dos outros nove. Matteo quis rir quando olhou para o lado e viu Christopher. Claro que era — o público geral não sabia que eles não eram almas gêmeas, não poderiam ser, e Christopher fez questão de ficar gracejando com isso. Não que ele quisesse ser, mas qualquer cordialidade naquele grupo parecia passar distante. Ele se sentia de volta para o ensino médio com as crianças populares fazendo bullying. Não importava qual era o motivo — não era esperto o suficiente, não era bonito o suficiente, não era cordial o suficiente... Nada era suficiente. O problema nunca foi ele, eram os outros. Era tudo que eles podiam fazer para acabar com seu próprio desconforto. Só que Matteo nunca descobriu isso. "Tenta não me atrapalhar," Matteo murmurou, irritado que tinham acabado com a sua paz, "você pode pegar a próxima rodada."
@khdpontos
Matteo achou estranho que a única coisa que havia perguntado a ela havia sido ignorada. Não era como se fossem amigos. Ela havia escolhido a popularidade, aos olhos dele, e nunca se atreveria a andar com o menino esquisito, o filho da empregada. Aquela missão, aquela história mirabolante, era a única coisa que os conectavam agora. Mas não podia simplesmente virar as costas e ignorá-la. Ao menos, a empregada havia lhe dado um pouco de educação que não parecia existir com os super ricos daquela cidade. "Eu ajudo o treino de algumas pessoas como personal, às vezes," ele disse, "mas hoje eu estava só no meu," quando ele foi interrompido. "Ah, sim. De vez em quando ─ meu treino é diversificado. Mas pediram para eu substituir o seu professor que não pode vir. Vamos?"
Para Graziella, toda aquela coisa de dar um passo para o mesmo lado e continuar atrapalhando o caminho do outro era coisa de filme, simplesmente porque apenas passaria direto, sem se importar com quem estivesse a sua frente, provavelmente sendo um dos motivos de lhe acharem tão fria. No entanto, era um pouco difícil fazer isso com Matteo, quando ele era maior que si em vários sentidos. A pergunta também não ajudava muito e tudo o que a mulher fez foi suspirar e fingir que não tinha escutado, mas erguendo a cabeça para fitá-lo. "Você trabalha por aqui ou só malha? Eu tenho aula de muay thai, mas nunca fiz, estava apenas querendo dar uns socos. Você faz?"
Observava-a pelo canto do olho, como anteriormente o fazia, sempre que achava que ela não notava. A proximidade que criaram durante os anos era... Excêntrica. Por um lado, o que os aproximou havia sido a ajuda que ela lhe dava nas matérias, como uma professora diligente, porém muito mais atenciosa com a sua dificuldade de compreensão do que seus próprios professores. Por outro lado, Matteo podia ficar escutando-a falar por horas, sobre qualquer outro assunto, assistindo envolto desde jovem o cometa que ela era. No auge dos seus quatorze anos, entretanto, ele não tinha desenvoltura o suficiente para sequer entender a atração, ou fazer algo sobre isso e, quando ela se afastou, ele definitivamente não tinha maturidade emocional suficiente para ir atrás e entender o que aconteceu. Ele deixou-a ir, sem brigas e sem esforços. Com o passar dos anos, pensou menos e menos no que poderia ter feito errado, aceitando o acontecimento apenas como fatos da vida. Agora, anos depois, talvez ele devesse ter se arrependido, tentado entender melhor o que houve, ou simplesmente não tê-la deixado ir com facilidade. Mas não podia fazer nada sobre.
Para ele, o sucesso não importava muito. Era apenas um trabalho. As pessoas provavelmente acreditavam que Matteo adorava chamar atenção, entre o instagram e o fato de não dar muita atenção à ninguém ao redor dele como se ele estivesse trabalhando o tempo todo com psicologia reversa, mas a verdade era bem mais simples; ninguém o entenderia. Ninguém compreenderia todas as distâncias que ele percorreu para simplesmente se encaixar e, ainda assim, não sentia que fazia parte ali. Não entenderiam o olhar para o espelho e ainda ver um adolescente estranho por atrás da própria imagem. Por isso lhe contava em uma das mãos seus amigos, por isso não conversava muito com ninguém. Quanto mais intangível fosse, mas fácil era manter a ilusão de que Matteo não somente se encaixava, mas talvez fosse melhor que eles. Ilusão essa que era tão facilmente desmanchável na sua cabeaça que exigia esse esforço dele. Ainda assim, fez o que era ncessário — o sorriso curto, as palavras baixas, silenciosas, 'obrigado'. O que mais podia fazer quando alguém o parabenizava? Não sentia-se merecedor, mas não iria deixar outra onda de palavras que não deveriam fazer seu caminho para fora serem vomitadas naquela conversa. O pouco que Matteo podia realmente sentir era orgulho de ter construído algo, por mais frágil que isso fosse, quando o que escutava era que nunca iria valer nada. Ou como o que construiu dava uma vida mais confortável, não apenas para ele, mas para sua família. O orgulho de simplesmente ser algo há mais quando não ouviu que iria muito longe por anos no ensino médio.
Ao ouvir a hesitação e a escolha de palavras, não sabia nem como reagir. Matteo não era exatamente tímido em relação à sua forma ou ao seu corpo, afinal, parte do seu trabalho requeria que ele compartilhasse do corpo, muitas vezes com pouca roupas, sem nenhum pudor. Mas, o comentário de Nes transformava-o automaticamente no adolescente estranho e desengonçado novamente, sem consciência corporal dele mesmo. Era uma surpresa que ele não tivesse deixado a raquete bater em sua própria cabeça depois disso. Não podia restringir o rubor de subir as bochechas, mas podia fingir a atitude blasé que sempre tinha, como se aquilo não fosse nada. “Confuso pra caralho,” as palavras saiam com mais facilidade do que ele gostaria de admitir. Sentia um leve alívio de poder falar aquelas palavras em voz alta. As únicas pessoas que podiam, de fato, entender o que acontecia com aquele grupo, eram pessoas do próprio grupo e Matteo ou não tinha intimidade com os individuais, ou tinha um relacionamento complicado. Não era como se ele realmente acreditasse nas coisas de maldição, mas a pergunta que circulava em sua mente era 'por que ele?' Ele deu um sorriso fraco quando Neslihan perguntou sobre a sua mãe, “está ótimo como sempre.” O relacionamento entre eles era bom, mesmo que não fosse perfeito. Com o passar dos anos, foi melhorando, quando Matteo deixava de ser um pequeno estorvo e passava a ser independente. O ápice provavelmente havia sido ele ter proporcionado mais para sua família, como se finalmente o fato dele ter sido um impedimento na vida dela tivesse se pagado. “Na verdade, essa história parece empolga-la,” ele disse, com um sorriso fraco e frouxo. Sua mãe sempre foi adepta ao amor. Ao menos, era o que ela falava. Os livros que lia, os filmes que assistia, e as músicas que gostavam, sustentavam uma ideia de amor que ela nunca conseguiu encontrar. Então o fato de tudo aquilo realmente existir e ela não encontrar o amor não ter sido sua culpa, parecia deixá-la em paz. “Você sempre pode ir lá, sabe?” Matteo sugeriu. A existência dele provavelmente não deveria ter ficado entre elas, se fosse escolha da sua mãe. Nes era provavelmente a filha que ela não teve e, logicamente, a próxima opção era que eles acabariam em um relacionamento. Para sua infelicidade (da mãe dele, do Matteo mais jovem também), esse nunca foi o caso. “Ela ainda adoraria ver você.” Sua mãe nunca entendeu o afastamento deles e Matteo também nunca soube explicar. Porém, depois de algum tempo, ela parou de importuna-lo sobre o assunto, vendo que as coisas não voltariam a ser como eram antes. Mas, novamente, ele não queria trazer aquele assunto a tona, receosso que aquilo pudesse mais incomodá-la do que ajudá-los. "Ela fica muito irritada que eu não como mais cannolis como antigamente."
ainda que o tempo os tivesse transformado em completos desconhecidos emocionais — não que a proximidade outrora compartilhada tivesse sido imensamente profunda, e tampouco por falta de vontade de sua parte — em khadel , era virtualmente impossível não ser alcançada por sussurros e boatos sobre qualquer um . de longe , acompanhara a ascensão de matteo , do antigo companheiro de estudos ao influencer e modelo reconhecido , desejando poder oferecer sua alegria que sentia ao vê-lo conquistar e alcançar , ainda que de uma maneira contra ela mesma lutava , aquilo que sempre almejara . então, neslihan jamais acreditara que ele precisasse se transformar para ser aceito , não quando sempre fora extraordinário sem qualquer esforço . sentia o olhar dele pousado sobre si , aquela sensação estranha e , ao mesmo tempo , agridocemente familiar , reacendendo a habilidade que desenvolvera na adolescência de perceber a presença dele sem que uma única palavra fosse dita . evitava pensar na forma como havia desfeito aquele laço , como simplesmente o ignorara sem explicações , sem justificativas , e , mais ainda , na maneira silenciosa com que ele aceitara sua ausência . vê-lo com olivia não a surpreendera — faziam sentido juntos . e , sendo ambos absurdamente especiais , se encontrassem felicidade um no outro , ela comemoraria . mas então , como era da curiosa norma da cidade , distanciaram-se , e a gökçe jamais ousou mencionar matteo à boscarino .
volvendo a atenção para a raquete que parecia quase anciã no aperto masculino , custava a crer que ele a mantivera todos aqueles anos . notava os vestígios de poeira ainda presos entre as cordas , assim como as figuras que colara pouco antes de matteo tomá-la emprestada e jamais devolvê-la . não que houvesse se importado na época , nem mesmo quando fora punida por kadir pela suposta irresponsabilidade de tê-la perdido . sua mente adolescente , fascinada , via no gesto uma tentativa inconsciente de manter consigo algo dela . assentiu quando ele confirmou que já não praticava tanto e riu baixo ao perceber a forma como se corrigia , como se as palavras lhe escapassem quase em confissão , e ante o leve rubor que tingia a pele bronzeada. ❝ bem , imagino que não sobre muito tempo , entre a academia e o seu trabalho . ❞ deu de ombros , encontrando os olhos dele , um sorriso genuíno curvando os lábios . ❝ falando nisso , acho que não cheguei a te dizer como fiquei feliz pelo seu sucesso . ❞ achar era um eufemismo indulgente — não o dissera , arrependida da turbulência que a engolira e fizera com que o deixasse para trás . e não era apenas felicidade o que sentira na época — mas orgulho .
por um instante , observou-o alongar . os movimentos agora eram fluidos , tão distintos da postura inibida de quando eram mais jovens , e ainda assim havia nele um resquício do garoto que , de alguma forma , conquistara partes da criança e da adolescente que ela fora . ❝ posso moderar meu ritmo para ser mais justa , embora duvide que seja necessário . você está muito mais... em forma do que me lembro . ❞ piscou para ele , tentando disfarçar a hesitação sobre o adjetivo a ser usado , sem revelar os verdadeiros pensamentos . meneou a cabeça para si mesma antes de girar nos próprios calcanhares em direção à lançadora , empurrando a máquina para a linha lateral e recolhendo as bolas sobressalentes . lançou uma para as imediações da rede , para ser utilizada , quando a hesitação na voz alheia a fez pausar por alguns instantes , de costas para ele . por cima do ombro , encontrou o olhar que a acompanhara . ❝ levando em consideração tudo o que aconteceu e vem acontecendo... surpreendentemente ainda sã , e você ? ❞ aproximando-se , abaixou-se para apanhar a esfera amarelada e felpuda que havia arremessado . ao se erguer , apoiou um dos quadris contra o poste , aguardando-o finalizar . ❝ e como está signorina giulia ? sabe que ainda sonho com os cannolis que ela fazia ? ❞ recordava-se da figura materna do bianchi , por vezes , com mais afeto do que da própria , e o termo respeitoso escapava dos lábios com a mesma naturalidade que parecia ter voltado a ela sem que percebesse .
Ele deu uma risada sem graça com a pequena impressão dela e um haltere. Pasqualina na academia havia sido provavelmente só uma miragem que um dia ele havia visto. Ele prometeu ajudá-la, mas ela nunca aparecia — sempre muito ocupada com o grupo das jasmines, margaridas, ou sabe-se o quê? Eles eram tão diferentes. "Scarlet?" Ele repetiu, com o levantar de sobrancelha, e observando o corpo dela se fechar ao falar da outra. Matteo não era do tipo que gostava de se meter no assunto dos outros, mas o jeito que Lina agia ao nome da outra lhe parecia... estranho. Normalmente, Scarlett não era uma pessoa muito... agradável, mas o que ele via não era desprezo. Era um certo tipo de agitação diferente. "Parece ter sido agradável, Lina. Bem, a gente certamente vai se ver por ai."
ENCERRADO ( @khdpontos )
Movimentou a cabeça no mesmo ritmo em que as palavras saíam dos lábios de Matteo, os olhos levemente arregalados devido ao teor da frase, mas logo a expressão se desmanchou nos lábios curvados, segurando uma risada. Achou engraçado a forma como ele tinha escolhido uma palavra não ofensiva, somente por ser ela a sua interlocutora, talvez imaginasse que Lina se dissolveria em um monte de açúcar ao escutar um palavrão. "Acho que no hospital você teria ainda mais tempo livre, não? Ia ficar completamente sem treinar e tudo..." Ao mencionar o treino, simulou um movimento de musculação, como se flexionasse um halter.
"Um duelo? Com facas? Meu Deus..." Ficou imaginando a cena em sua mente e ficou alguns segundos em silêncio, a cabeça levemente inclinada enquanto imaginava Matteo duelando como um espadachim. "Fico feliz que não tenha sido nada grave e, ah, eu fui com...com a Scarlet." A mudança de expressão foi evidente, ao mencionar a ruiva as sobrancelhas se curvaram e os braços se cruzaram. "Nós tivemos que tomar um chá e jantar com a senhora Castellani, ela tinha o pingente da Julieta e...Bom, foi bem agradável conhecer a senhorinha, ela não nos chamou para um duelo nem nada disso." Apesar das palavras doces, sua expressão era contraditória, ficava séria e defensiva toda vez que recordava do beijo que trocara com a menina malvada de Khadel.
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