Dive Deep into Creativity: Discover, Share, Inspire
FLASHBACK ANTES DA PROFECIA . Tinha sentido a dor de Remzi, mas antes jamais tinha entrado na mente dele. Ainda sentia-se levemente presa nela, quase tangível no ambiente, uma sombra escura que envolvia o espaço entre eles. Anastasia não era facilmente intimidada, no entanto, uma vez que colecionava a quantidade de mentes que havia entrado. Haviam bem piores, repletas de emoções repugnantes que tinha se arrependido de ler. Tinha passado a vida toda aprendendo a navegar pelo caos das emoções, a entender a dor como uma parte intrínseca da existência humana e, especialmente, da sua própria. Era filha de Afrodite, e o amor, assim como o sofrimento, era sua natureza. Ali, diante de Remzi, ela sentia a carga da dor dele e a aceitou como uma extensão de si mesma. Ao tocar a mente dele, foi como abrir uma porta para um mar de tormento. Havia uma mistura de emoções — uma angústia crua e pesada que se entrelaçava com mágoas antigas, mas que não sabia a origem ao certo. Cada mente funcionava de uma forma única e a do semideus era única. Talvez, se houvesse a oportunidade futuramente, tentaria compreender a origem e a complexidade alheia. Com o que não contavam atualmente, no entanto, era tempo. Cada adversidade que aparecia para eles parecia carregar cada vez mais tristeza e sofrimento. "Meu poder consegue enxergar o que os outros não mostram... Ou que se recusam a ver." Deu de ombros, não achando que fosse grande coisa. A maioria dos poderes dos amigos envolvia algo físico, como manipulação de chamas ou controle de trovões, mas o de Anastasia era muito mais interpretativo. No começo, era difícil saber o que cada sentimento era, ainda mais devido à natureza complexa dos semideuses. Mesmo a felicidade parecia carregada de certo trauma e medo de um futuro incerto. Uma risada escapou dela suavemente, sabendo que o outro estava certo em ter dúvidas. Mesmo que pedisse frequentemente sabedoria para Atena, sabia que tinham que pensar em cada detalhe, ainda mais levando em consideração uma missão que poderia facilmente se tornar desastrosa. "Talvez eu tenha que pensar em um detalhe ou outro mais cuidadosamente." A confissão saiu até de forma humorada, sabendo que o outro poderia ajudá-la a pensar naquilo com mais precisão. O beijo em sua palma fez com que o corpo esquentasse levemente, mas tentou não pensar muito naquilo. Mesmo quando a cabeça estava cheia de preocupações, Remzi sabia como desconcertá-la suavemente, impedindo que se afundasse em planos infundados. Um suspiro escapou pelos lábios dela, marcada pela respiração que sequer percebeu que estava segurando. "Você nunca será um peso morto para mim." As palavras saíram de maneira firme, seus olhos se estreitando levemente enquanto ela fixava o olhar no dele. "Talvez os deuses ajam de alguma forma... Ou, talvez, o destino mesmo agirá. Tenho certeza que Quíron enviará alguém atrás dos semideuses que caíram." Pelo menos, era o que esperava. Não manteriam os semideuses nos domínios de Hades por muito tempo, principalmente pela quantidade de monstros que haviam lá. Deixá-los seria uma sentença de morte e, por mais defeitos que Dionísio e Quíron tivessem, acreditava que não eram cruéis o suficiente. "Eu só não quero perder alguém de novo." A morte de Brooklyn tinha afetado diretamente ela. Ele era o líder do clube de teatro que Anastasia tinha ingressado e, mesmo que não fossem tão próximos, gostava dele. A personalidade era única e sempre parecia animado para os ensaios. Desde que ele se fora, as coisas não tinham sido as mesmas.
antes da profecia de Rachel Elizabeth Dare
Dor é uma emoção. Ele não costumava pensar a respeito disso. Para ele, dor era dor. Física, geralmente. Algo que podia tratar com néctar e ambrosia. No resto do tempo, bastaria não pensar a respeito do que lhe perturbava. Mas ali, com Nastya diante dele, o encarando com estranhamento, ele soube que permitiria que ela revirasse sua mente para arrancar tudo o que estava lhe fazendo mal, por mais covarde ou fraco que pudesse parecer com isso. Em outros tempos, ele jamais permitiria que alguém o violasse daquela maneira. Porém, já não era o mesmo Remzi, e não sabia se fazia tanta questão assim de esconder suas facetas da filha de Afrodite. Acompanhou as mudanças em seu rosto, como se a outra entrasse num transe. Era impossível saber o que ela estava vendo em sua mente; se estava experimentando a mesma dor que ele; se ficaria desesperada por sair daquele lugar escuro e miserável. Antes que a Lee esboçasse reação, o Bakirci sentiu o amortecimento que acompanhava o relaxamento, como se uma porta tivesse sido fechada em sua mente, bloqueando a torrente de sentimentos destrutivos que o alimentavam até então. Ainda provava da mágoa, mas ela se tornara infinitamente mais suportável. Ele segurou o pulso de Nastya para que ela não se afastasse, como se estivesse viciado na sensação e não quisesse que ela o deixasse nunca mais. Então era por isso que as pessoas ficavam viciadas em Morfina? Em contrapartida, a filha de Afrodite não parecia perturbada, assustada ou revoltada com o que tinha acabado de ver, o que era um bom sinal. Um sinal de que ela não sairia correndo. Na realidade, quando falou com ele de novo, estava sorrindo com presunção. ‘ Como foi que fez isso? ’ disse, quase consternado. Tinha ouvido falar a respeito dos poderes da semideusa, porém, estaria mentindo se dissesse que esperava que fosse tão habilidosa. Ele sabia do potencial físico de Anastaria, contudo, acompanhar de perto suas habilidades psíquicas era algo que ainda não tinha feito. ‘ Um plano executável? ’ insistiu, elevando uma das sobrancelhas. Agora que a emoção mais pesada havia sido retirada, era capaz de cogitar a ideia como alguém que estava pronto para colocá-la em prática. Algo próximo de animação talvez fosse o que estava experimentando; algo que costumava sentir antes, com frequência, sempre que saía a campo. Parte disso também se devia ao fato de Nastya passar a ele uma confiança que não sentia, como se ele fosse, de fato, o que ela acabava de colocar em palavras. Remzi se perguntou se ela ainda não estava usando os poderes nele, plantando a ideia como se ela tivesse partido dele, enquanto mantinha uma mão pressionada em seu rosto e aqueles olhos amendoados fixos nele. Ela sabia, também, que ele ignoraria, se necessário, as regras impostas pela liderança do acampamento para sair em missão extraoficial. ‘ Eu faria isso por você. Mesmo que Melis não estivesse lá ’ confidenciou, beijando a palma da semideusa ao trazer rapidamente sua mão para junto da boca, afastando-a de seu rosto depois disso. Tinha mais motivos para ir do que para não ir, mas se fosse, queria poder pensar por si mesmo. ‘ Só não quero ser um peso morto para você ’ a parceria de outrora, a capacidade técnica que expunham em treino e em missões, juntos, Rem já não sabia se seria a mesma. Não só frustraria a Lee, como frustraria a si mesmo. ' E não sei se eles conseguem esperar muito mais tempo ' o tempo passava de maneira diversa nos domínios de Hades, contudo, quantos dias poderia um semideus aguentar sem estar morto?
"Posso facilmente te ajudar com isso, afinal, dor é uma emoção." Em um segundo, estava encarando os orbes escuros alheios, que causavam tanta fascinação nela, e, no outro, estava desbravando a mente alheia, algo que nunca tinha feito anteriormente. Cada conexão se formava de uma maneira diferente, uma vez que todas as mentes eram únicas. Precisou de um momento para identificar onde estava e como a Rem funcionava. Assim como o poder que possuía, sentia-se como se estivesse envolta em sombras e escuridão, algo que a lembrava levemente a de Kitty, mas sem a parte da mente querer a devorar, é claro. Era quase reconfortante, como a noite que a envolvia e a deixava sozinha. Assim que chegou o lado que conseguia sentir as emoções alheias, foi quando tirou aquela parte que entendia a dor e a colocava como principal. Não tirou completamente, uma vez que não era para ele estranhar tanto a resposta súbita do corpo, mas aliviou o suficiente para que provasse o ponto que desejava. Um pequeno sorriso apareceu nos lábios dela, tentando não pensar como era boa a sensação de poder finalmente utilizar o poder depois de tanto tempo. Ocasionalmente, ficava cansada de apenas ficar lendo e lendo, sem nunca poder mudar o que estava vendo nas mentes alheias. Sabia que a maioria das pessoas não apreciava ter os sentimentos adulterados, mesmo que um ou outro tivesse a buscado anteriormente para que se livrassem daqueles mais intensos.
"Vê?" Piscou em direção a ele, a arrogância levemente presente no sorriso que dava em direção ao semideus. Entrar na mente dele sequer era uma dificuldade para ela, ainda mais agora que tinha compreendido a essência alheia. "Claro que tenho um plano, não sou uma tola suicida." Aproximou-se mais alguns centímetros, permitindo que a mão fosse para a lateral do rosto alheio. Anastasia continha aquele brilho no olhar que costumava aparecer quando estava empunhando uma espada. Estava determinada a convencê-lo a fazer o que desejava e não mediria esforços para conseguir. "Mas para ele funcionar, preciso de alguém que preencha meus pontos fracos. Mesmo que eu seja incrível com a espada e com o chicote e agora com a pistola, não sou forte fisicamente e você é o nosso incrível instrutor de combate corpo a corpo." A explicação saiu com um leve tom jocoso que continha um pouco do que estava planejando. Mesmo que gostasse muito de Rem, mais do que outras pessoas, não era burra o suficiente para convidá-lo sem ter a certeza do que ansiava. Além disso, eles combinavam na hora do combate. Já tinham provado isso mais de uma vez, então, para ela, fazia sentido que desejasse que fosse com ele ao Submundo. "Nós podemos ser um grande time... Assim que você estiver 100%, se você preferir. Não sou ansiosa, posso facilmente esperar."
Não se sentia tão otimista quanto queria fazer parecer. Na realidade, tinha por intenção apenas confortar Nastya, pois era impossível saber, com certeza, se as coisas ficariam bem. Era difícil ser otimista, também, quando um amargor preenchia seu âmago, fazendo com que quisesse desistir de tudo aquilo. Naquele dia, por exemplo, tinha praticamente se arrastado até a arena de treinamento, forçando-se mais do que deveria, como se impusesse ao corpo que ele funcionaria exatamente da mesma maneira que vinha funcionando até o fechamento da fenda. Por óbvio, em razão do pouco tempo de recuperação e recente colocação, ainda não tinha se habituado à prótese desenhada pelos filhos de Hefesto, estranhando o corpo que se acoplava ao lugar onde costumava estar sua perna. Mas ele não era o pior ali. Melis estava no Submundo e podia não sair de lá. O luto que experimentava suplantava qualquer autopiedade que estivesse sentindo.
Ele tinha deixado Anastasia fazer movimentos com a própria espada, apenas dando indicações de golpes – era o máximo que conseguia fazer, descobriu assim que tentou deixar a bengala que vinha usando como apoio e empunhar, também, uma espada. Que raios de instrutor de combate corpo a corpo seria se não podia nem mesmo com o peso do próprio corpo? Remzi não queria admitir à filha de Afrodite o quão decepcionado estava com a situação, porque era perceptível que Nastya estava tão exausta quanto ele. Não entendia como a situação com Melis poderia ser culpa dela, por isso franziu o cenho em estranhamento. ‘ Está exagerando, canim. Foi você quem abriu aquela fenda? ’ se tinham alguém a quem culpar, que fosse Hécate e Hades. Havia certo ressentimento em relação aos semideuses que tinham auxiliado no processo, mas só porque ele seguidamente se lembrava que era a magia de Héktor que havia invocado Campe. Contudo, quando a Lee disse que estava indo atrás da amiga, o Bakirci não pode deixar de arregalar os olhos enquanto a encarava. Será que ela sabia que era o que ele vinha planejando desde que abriu os olhos e soube da notícia? Ou, ao menos, até perceber que não poderia. Riso ácido escapou de seus lábios ao ouvir o convite, apenas para que ele o deixasse morrer em seguida. ‘ Acha que vou ser de alguma utilidade numa missão como essa? Desse jeito? ’ elevou as sobrancelhas, deixando escapar um pouco de sua frustração, seguida de um suspiro longo e o atravessar dos dedos no cabelo, enquanto pensava melhor a respeito. ‘ Você ao menos tem um plano em mente? Como pretende chegar lá? ’
❛ let's go on a vacation, just the two of us. anywhere you want. ❜
"Anywhere?" Os pensamentos passaram para todos os destinos que ainda gostaria de visitar. Quando finalmente estava criando coragem para finalmente sair do Acampamento depois de anos, a guerra chegou para eles finalmente. Ainda pensava muito sobre as perdas que se contabilizavam, esperando que não fosse tão sangrenta e caótica quanto a última. Queria ter aquela esperança de futuro. "Vamos. Vou precisar de um descanso depois." A promessa veio acompanhada de um sorriso. A companhia de Rem definitivamente era algo que não negaria, ainda mais quando estava até mesmo ansiosa para vê-lo em algum lugar que não envolvesse atrofiando dentro do Acampamento. Como será que ele seria lá fora, longe de tudo que os forçava a ser um herói? Mesmo que se conhecessem há anos, ainda havia muito que gostaria de descobrir sobre o outro. Foi um dos motivos em não ter hesitado em aceitar o convite. "Talvez Maldivas, o que me diz? Eu, você e nada além do oceano." Parecia uma boa proposta, no final das contas. Seria bom ter alguém para aproveitar um lugar como aquele.
FLASHBACK . "Não temo os fantasmas, eles só são... Imprevisíveis." Odiava quando não sabia o que vinha pela frente. É claro que gostava de surpresas, mas limitava-se a surpresas boas, não apreciando quando elas vinham gritando em sua direção. Barulhos altos incomodavam excessivamente a filha de Afrodite, que ainda tinha memórias ruins relacionadas a gritos e sons de unha. Toda vez que escutava alguém gritando, era como se voltasse a ter 11 anos, parada embaixo daquela mesa. "Oh, você quer me proteger, huh? Acho que posso contar com uns braços fortes." Achava a ideia engraçada, já que sempre acreditou que não era alguém que necessitava de algum tipo de proteção, exceto quando era mais nova e não sabia sequer como usar uma espada corretamente. Aqueles tempos tinham passado e ela tentava, na medida do possível, controlar os sentimentos que faziam com que ficasse aterrorizada. Não deixava de achar, no entanto, atraente a forma com que ele falava sobre aquilo, então um sorriso provocativo apareceu novamente nos lábios dela, o que se reforçou ainda mais com o que disse a seguir. “Vamos ver quanto tempo duro com a sua persistência. Posso fazer isso ser bem divertido.” Permitiu que o olhar recaísse sobre a figura dele, analisando minuciosamente cada detalhe. Mesmo que fossem amigos, não havia algo que realmente impedisse ela de cair na persistência dele. Gostava de se fazer difícil, envolvida em um pequeno jogo que criava. A mesura fez com que quase soltasse uma risada, já que não temia exatamente a escuridão e sim o que tinha nela. Fantasmas eram a menor de suas preocupações. "Veja se consegue me acompanhar. As coisas podem ficar mais interessantes no escuro." Com uma piscada em direção a ele, adentrou na escuridão, não sabendo exatamente o que os aguardava. Caminhou com confiança, mesmo que brincasse com o pingente que brilhava na pulseira. Se algo acontecesse, poderia puxá-la rapidamente.
Remzi não via tantos motivos assim para temer o navio pirata. Já tinha se embrenhado em buracos piores a pedido da mãe, tumbas das quais chegou a pensar que não sairia vivo. O Queen Circe’s Revenge estava mais para uma exposição recreativa que se prestava, no máximo, a lançar algumas desconfianças nos homens - soube disso assim que avistou os porquinhos-da-índia. ' Hmmm. Então é os fantasmas que teme ' concluiu, achando ainda mais engraçada a possibilidade. Por sua ascendência e ligação de Nyx com o submundo, aquilo nunca lhe aterrorizou da maneira que deveria. A bem da verdade, sentia-se acolhido quando se defrontava com um fantasma. Não tinha pensado, contudo, que Anastasia devia se sentir bem mais confortável ao saber que podia manipular cada um deles com seus poderes. ' Se esse for o caso, você ainda tem suas armas, não tem? E tem a mim ' meneou a cabeça, sem querer dizer com todas as letras que a protegeria, porque aquilo poderia ofender ao mais medroso dos semideuses - como se qualquer deles precisasse ser protegido - mesmo em se tratando de uma filha de Afrodite. ' Difícil, é? ' elevou uma das sobrancelhas, como se duvidasse, puxando-a pelo pulso para acariciar área interna de seu braço. ' Sorte a minha não engolir fácil a derrota. Já te disseram que sou conhecido pela minha persistência? ' naqueles momentos, não sabia se se deixava levar pelo charme natural de Nastya ou por algum poder que estivesse envolvido na equação. Duvidava, entretanto, que fosse necessário à outra fazer uso de qualquer habilidade quando ele flertaria com ela de bom grado. ' Se se sente assim tão corajosa, acho que devia tomar a frente ' provocou, abrindo espaço com uma meia mesura, indicando com a cabeça a escuridão do barco, apenas para provar que ele estava certo sobre ela estar com medo.
ʚ “don't talk like that. you'll be all right.” .
ʚ com @bakrci .
ʚ em arena de treinamento .
Tinha acabado o treinamento do dia e estava ofegante pelo esforço realizado. A espada já tinha voltado para o lugar onde pertencia, brilhando no pingente que tinha em seu pulso. Brincava suavemente com ele, distraída nos próprios pensamentos. Mesmo quando o mundo estava acabando, Anastasia tentava, ao seu máximo, permanecer calma e não ser movida pelas emoções, o que não dava certo, na maioria das vezes. Por isso, estava gastando toda a energia que tinha nos treinamentos que realizava frequentemente com Remzi. Gostava daqueles momentos, pois lembrava que, diferente do que muitos pensavam, não era somente um esteriótipo de filha de Afrodite, forjada para ser uma arma mental. Esse foi um dos vários motivos por que ansiou em especializar-se em luta com espadas, querendo ser mais do que um rosto bonito que sabia como utilizar o seu poder. Ansiava por ser uma combatente, uma guerreira, então fez o seu máximo para garantir aquilo.
Sentou-se ao lado do semideus, tentando não prestar mais atenção do que deveria em relação a ele. Ainda, sim, ao manter o olhar discreto, não deixou de perceber a presença alheia e permitir que durasse mais de um segundo do que deveria. "Mas... Dessa vez, realmente foi minha culpa." Balançou a cabeça, como se tentasse não ficar se martirizando. "Vou atrás dela, custe o que custar." Não desejava esperar a permissão de Sr. D. para ir atrás da amiga. Desde o momento em que ela escorregou das suas mãos, a imagem continuava a assombrar. "Quer ir comigo?" Os olhos, dessa vez, realmente focaram no rosto belo de Remzi, brilhantes com o perigo que fornecia.
"Aqui, é claro." Mas também tinha um pouco relacionado com os ataques, mas não queria falar sobre aquilo. "Claro que é útil em muitas situações, mas não contra os mortos. Mortos não sentem muitas coisas, sabe?" Um sorriso provocativo apareceu nos lábios dela. Por muito tempo, principalmente quando entrou, ansiava por ter um poder mais ofensivo. A habilidade na espada, combinado à uma transmutação ou talvez algum controle de elemento, seriam o ideal para a Anastasia de 15 anos que ainda estava aprendendo muito sobre a vida. Aprendeu, depois de um tempo, que poderia facilmente tornar o próprio poder uma força, então o fez. "Sou uma pessoa difícil, mas que posso ser convencida de algumas formas. Cabe a você descobrir quais formas são essas." O flerte saiu naturalmente dos lábios da filha de Afrodite. Para ela, era inevitável provocar levemente Remzi, ainda mais quando ambos nutriam a relação cheio de provocações e promessas não cumpridas. Ambos eram convencidos o suficiente para tomarem suposições para si, mas Anastasia era orgulhosa demais para sequer dar um passo certeiro em direção ao que queria. Para ela, a parte mais divertida era manter os pequenos jogos. Por isso, não hesitou em aproximar-se um pouco mais dele, mantendo os olhos fixos no dele. Ao escutar as palavras alheias, no entanto, o revirar de olhos veio de forma teatral. "Não precisa. Esse tipo de coisa não me assusta." Ainda sim, os pelos pareciam eriçados até demais. Manteve o queixo aberto, caminhando como se nada fosse a afetar. "A não ser que você esteja assustado."
' Por essas situações está se referindo aos ataques ao Acampamento ou a isso aqui? ' gesticulou com o indicador, referindo-se ao lugar onde estavam. Curioso considerar que Nastya também estivesse temerosa em relação à Ilha de Circe, justo quando pensou que tal temor se limitaria aos homens. Era nítido, contudo, o quanto a filha de Afrodite estava tensa, ao ponto de, inconscientemente, levar a mão em direção às suas armas. ' Seu poder pode ser muito útil para nós, no futuro, a depender do momento. Não sabemos o que está por vir. Pode não ser tão ofensivo quanto você gostaria, mas tem sua utilidade ' não se lamentaria, porém, a sensação de impotência devia ser inerente a cada semideus que não tivesse o rei na barriga. Se Remzi fosse pensar, estava longe de ser o mais poderoso em termos de ofensividade, não importava quantos anos de treinamento tivesse. No caso de uma guerra, ficaria à mercê das habilidades físicas. ' Você podia ter dito que eu nunca irei prová-la logo de cara. Isso meio que me dá esperança ' retrucou convencido, já que não estava diante de um não, só de um ainda não. O sorriso esmaeceu, entretanto, assim que viu a atmosfera em seu entorno mudando – efeito dos sentidos inatos. Temia que a madeira podre fosse se desfazer abaixo de seus pés se pisassem muito forte conforme avançavam, dada a idade aparente do navio. Agora que estava ali, a lembrança de outros tempos fez com que ficasse nostálgico e meio nauseado, mas além de um leve torcer das feições e a perda do humor, nenhum outro indício estava dando. ' Podemos voltar se estiver com medo, Nastya. Ainda dá tempo '
"Meu poder não é exatamente o mais útil nessas situações." Era muito mais fácil prever o que aconteceria quando sentia os puxões de mentes alheias, insistindo para que lesse o que estava sentindo. Não que estivesse assustada, mas parecia que os instintos estavam tão aflorados para que se preparasse caso algo que não esperava fosse acontecer. Sentia os pelos eriçados escutando os gritos e a cabeça parecia impossibilitada de focar em qualquer coisa que não fosse os horrores que aconteciam ao redor deles. Anastasia, no entanto, não era medrosa, mesmo que houvesse aquele estigma criado sobre os filhos de Afrodite. Continuava com a cabeça erguida, mesmo que a mão estivesse brincando com a pulseira como se, em qualquer momento, ela fosse se tornar útil. Mordeu o lábio suavemente com o flerte alheio e, por mais que desejasse retribuir, o corpo permanecia em completa tensão devido ao ambiente ao redor. Estar fora do Acampamento Meio-Sangue fazia com que o coração batesse mais acelerado e a mente não funcionasse perfeitamente. "Você precisará mais que isso se quiser prová-la em algum momento, Bakirci." Mesmo que a voz combinasse com o tom provocativo, não demorou muito para que a atenção fosse roubada por um pirata de cabeça para baixo que apareceu subitamente em sua visão. Sentiu ele antes mesmo que ele aparecesse, mas deu um passo para trás, quase puxando a espada. "Deuses. Esse lugar é terrível mesmo."
𝐰𝐢𝐭𝐡: @ncstya
𝐰𝐡𝐞𝐫𝐞: Queen Circe’s Revenge
"guess I’m good for nothing at all"
Tinha que confessar: o Queen Circe's Revenge não parecia de todo mau. Para quem era obcecado por relíquias, o navio era um verdadeiro chamariz desde o primeiro momento em que colocou os pés na ilha, ele só não queria ir até lá enquanto estivesse cheio demais. A possibilidade de que encontrasse tesouros no lugar era mínima; mais parecia com uma armadilha de Circe para atrair homens desavisados e aprisioná-los. Ainda assim, lá estava ele, aproveitando o sol poente para se dirigir até lá. Além disso, a deusa havia prometido uma trégua por aqueles dias, não tinha? Se algo acontecesse, Nastya testemunharia, já que ele a tinha convidado para o passeio, mesmo que aquele, de longe, não fosse o ambiente mais adequado para uma filha de Afrodite. ' Crise de consciência agora? ' arqueou uma das sobrancelhas na direção dela, com divertimento, sem se abalar com a afirmação. ' Eu poderia fazer uma lista, mas então, nunca chegaríamos àquele navio. A começar por essa boca bonita... Você é muito boa só a exibindo '