PostGlimpse

Dive Deep into Creativity: Discover, Share, Inspire

Desculpa N Ficou Bom - Blog Posts

2 months ago

Fazia muito tempo que Matteo não dividia intimidade com ninguém. E ele não falava de sexo. Ele sempre foi uma pessoa fechada, então o círculo de pessoas que realmente o conhecia era ínfimo e, para ele, parecia que quando alguém chegava muito perto, eles acabavam se afastando, de uma maneira ou outra. A situação era estranha. Exisia tanta familiaridade entre eles, ao mesmo tempo, Olivia havia crescido, e ele imaginava que outras mudanças haviam acontecido.

"Claro que significou, Olivia." Ele respondeu, soltando o ar. Não sabia como explicar toda a sensação do asco e mal-estar, ou sequer porque teve aquela reação. Na sua cabeça, era algum tipo de bloqueio ─ estavam perto demais de ser um casal de verdade e, por algum motivo, ele não podia aceitar isso. A história de maldição, por mais intrigante e curiosa que fosse, era difícil de aceitar. Uma força maior que pudesse controlar a sua vida, incluíndo a sua vida romântica, parecia mais ridículo do que aceitar sua parcela de culpa no ocorrido. Simplesmente não havia trabalhado o suficiente no relacionamento deles. Era jovem, tinha outras prioridades. Ele e Olivia estavam escalando para o topo de suas carreiras. Seria tolice que eles soubessem algo sobre amor aos vinte anos. Essas eram algumas das racionalizações que ele dava para ele mesmo. Matteo pegou o copo de vinho, usando-o como um escudo e uma distração, circulando o líquido dentro da taça antes de tomar um gole demorado. "Eu não sei o que dizer além disso, Liv. Como eu disse, a forma como aconteceu foi... estúpida. Mas talvez fosse inevitável." Talvez era para eles terem se separado e crescido separadamente, talvez destino existia daquela forma ─ certas coisas eram inevitáveis. "Talvez agora a gente só precise seguir em frente ao invés de ficar revivendo o passado."

Fazia Muito Tempo Que Matteo Não Dividia Intimidade Com Ninguém. E Ele Não Falava De Sexo. Ele Sempre

f l a s h b a c k : encontros

Observou Matteo com atenção, absorvendo cada detalhe. O modo como ele suspirou antes de responder, o jeito que o sorriso veio antes das palavras, quase como um escudo. Ela já o tinha visto assim antes. Matteo sempre foi uma incógnita, um livro que parecia aberto, mas cujas páginas eram ilegíveis para quem não soubesse decifrá-lo. Só que Olivia sabia ler algumas partes. Talvez fosse uma das poucas que realmente sabia; ela gostava de acreditar nisso. E, mesmo assim, ele ainda conseguia surpreendê-la. Quando ouviu o "não", seco e definitivo, uma parte dela se preparou para mais. Matteo nunca foi de falar muito, mas aquilo não era o suficiente. E então veio a continuação, e Olivia precisou se segurar para não rir, não de deboche, mas porque, no fundo, aquela era a resposta mais Matteo possível. Olivia piscou, inclinando ligeiramente a cabeça. Admitia sua dificuldade em lidar com o 'não', afinal, o tivera por anos em sua vida até se tornar a musa de Khadel e as bajulações serem muito presentes em sua vida. Mas ela optou por não dizer nada. Deixou que ele continuasse, observando como ele mantinha os olhos baixos, fixos no ponto onde suas mãos se encontravam. Olivia continuou o carinho gentil com o polegar alisando os dedos da mão masculina.

O silêncio entre eles não era desconfortável. Nunca foi. Os dois aprenderam a se compreender na ausência de conversa, mesmo quando discordavam, mesmo depois de tantos anos afastados. O calor da pele dele contra a dela era familiar, e Olivia se pegou apertando um pouco mais os dedos, quase inconscientemente, como se quisesse que ele lembrasse que ainda estavam ali. Que aquilo ainda podia existir. Então veio a acusação, ainda que sem julgamento, e ela arqueou as sobrancelhas. Andando em círculos? Talvez. Mas Matteo sempre foi mais direto, mais prático. Olivia, por outro lado, gostava dos caminhos sinuosos, os joguinhos de palavras, a manipulação. As entrelinhas eram sua zona de conforto. Mas ali não era sobre conforto. Não quando se estava confrontando o único rapaz por quem chegou perto de desenvolver sentimentos verdadeiros de paixão. Ela respirou fundo quando ele finalmente admitiu, pronta para a sua vez. Ele não queria estar ali, não por causa dela, mas porque toda aquela situação era desconfortável, e apesar de fingir muito bem com aquele sorriso no rosto e a postura elegante, ela concordava.

Olivia não levou para o lado pessoal. Sabia que ele não dizia aquilo para magoá-la, sabia que Matteo odiava falar sobre sentimentos, sobre qualquer coisa que o tirasse da segurança do seu silêncio. A confissão veio baixa, mas definitiva. E a mulher sentiu o peso dela se acomodar entre os dois. Não sorriu dessa vez. Não havia ironia, não havia provocação. Apenas olhou para ele, sentindo algo se remexer dentro de si. Algo que ela ainda não sabia nomear. — Bem, minha vez de admitir, então. Eu não deveria ter terminado daquela forma. Eu fui imatura, egoísta e não soube lidar com o que estava sentindo. — Sem mais detalhes. Talvez fosse doloroso ouvir que ela sentiu um asco repentino por ele, ao ponto de não conseguir vê-lo sequer para colocar um ponto final no relacionamento. Ela sabia que se ouvisse dele, ficaria magoada. Pior! Se ele não tivesse sentido, significou que naquela noite em que ela quase se apaixonou por ele, o sentimento não havia sido retribuído. Ela não sabia qual resposta era pior de ouvir. — Eu não deveria ter feito isso porque... — Ela bufou, sem saber como pôr em palavras sem se expor demais antes de ouvir a versão dele. — Lembra-se da noite dois dias antes da mensagem de término? Ela foi tão especial para você quanto foi para mim? — E o coração quase parou enquanto a tortura da espera pela resposta a cortava por dentro.

F L A S H B A C K : Encontros

Tags
Loading...
End of content
No more pages to load
Explore Tumblr Blog
Search Through Tumblr Tags