Dive Deep into Creativity: Discover, Share, Inspire
Medo
Finalmente o pôr-do-sol! Lentamente a alvorada sobre a pradaria, e o silêncio suave da noite cantava para o dia dormir, enquanto a escuridão engolia o céu grisalho-azulado, o jovem moço continuava com medo, pois de manhã em uma discussão com a feiticeira da zona, por conta de uma disputa para um lugar no rio, a velha levantou a sua mão à 90°, dobrou os outros dedos deixando simplesmente o indicador e disse: -Você vai ser devorado por um crocodilo seu estúpido.
Para o jovem era bem mais fácil não se fazer ao rio que nada o aconteceria, mas mesmo assim o medo ainda prevalecia aceso nas entranhas da sua consciência, o medo fervia dentro de si mesmo com aquele vento frio acariciando o pescoço e os seus pés, o jovem teve uma noite mal dormida e cheia de pensamentos vis.
Raios de sol clarearam o dia, e o pobre jovem moço saiu para levar a cara, pegou uma lata, daquelas latas que antes continham tinta para pintura de casas e depois usadas para uso doméstico, pois é, mas quando pegou a água para borrifar a sua face, viu um crocodilo sair do balde, este puxou-o para dentro da água, o jovem tentou sair mas o crocodilo estava puxar com mais força, e assim morreu o pobre moço. O crocodilo da Feiticeira cansou de esperar que o jovem moço viesse ao rio, e acabou indo, justificando que se Maomé não vai a montanha, a montanha vem à Maomé.
O laudo pericial confirmou que o jovem bateu com a cabeça num ferro, tendo este caído na sua nuca e bloqueado a sua cabeça no balde, dificultando assim a sua saída, e facilitando o afogamento.
Depois da velha descobrir que o medo é uma grande arma, hoje passaram a o fazer através dos meios de meios refinado.
Moral da história??? O quê? Não, não, esta história não tem moral, ela moraliza, porque os nossos medos são os nossos piores inimigos, o medo criou o crocodilo.
Nós precisamos matar os nossos medos.
O Medo de separar e começar de novo, e ter que viver uma relação abusiva, com um marido que se torna teu próprio assassino.
O Medo de... Enfim, paro por aquí, são tantos medos.
~Ab Binadre WZ
A vida Cobra
Nós somos os mortos no futuro, e os mortos de hoje foram os vivos no passado. Os mortos do futuro somos nós no presente.
Somos amanhã corpos imóveis sendo carregados para um velório, pessoas chorando, e flores para criar aura colorida no funeral, seremos pó e o tempo soprará a nossa existência até das mentes dos entes, deixaremos de fazer falta, às pessoas se adaptarão sem nós .
Não se ensoberbece!
Nós somos os nossos Pais no futuro, e eles são filhos no passado, portanto nós somos aquela desavença do futuro com os nossos filhos na inversão que hoje fazes para os seus pais. Somos o pai presente no presente sendo presenteado por filhos presentes no futuro.
Cuide bem de seus pais!! Repito, Cuide bem de seus pais!
Nós somos o doente no futuro com o fígado que já não metaboliza os nutrientes, porque este é o fígado do adolescente de hoje que excede no álcool, e em alimentos ácidos.
Todos morremos, mas não aprece a sua morte!
Os empregados do futuro são desempregados e frustrados no presente andando de um lado para o outro sem esperança de um emprego.
Ninguém nasce trabalhando!!
Os Intelectuais de hoje foram em tempos pessoas ignorantes, tudo têm seu tempo e seu contexto.
Muita humildade!
É tudo Karma, é tudo uma questão de Equilíbrio Cósmico.
~Ab Binadre WZ
Espinhos em abraços Frios
A era glacial foi um período em que às temperaturas de todo o planeta baixaram e se mantiveram assim por um longo tempo. Em razão disso, sucedeu a expansão dos mantos de gelo continentais e polares, há quem diga que era possível andar sobre o Gelo de Zambézia à Gaza, sim, isso mesmo, de Inhassunge à Xai-Xai. O grande contra-senso paradoxal foi o de terem morrido animais mais fortes e sobrevivido animais aparentemente frágeis e vulneráveis. Estranho, não é? Mas o que ditou a extinção foi a falta de união dos animais mais grandes para se aquecerem, por se considerarem auto-suficientes. Em oposição à eles, os porcos-espinhos convocaram uma assembleia e nela decidiram que a única maneira de não morrerem passaria por juntarem-se e apertarem-se, mesmo isso significando dor extrema e furos profundos por causa dos espinhos.
Três anos se passaram, a era glacial teve o seu fim, o sol veio timidamente, e aos poucos o que era gelo virou pradaria. Os grandes dinossauros morreram, mas os porcos-espinhos sobreviveram, contudo nunca mais foram os mesmos.
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Convenhamos! Todos nós já tivemos feridas provocadas pelos “nossos iguais”, na família, nos relacionamentos, na escola, e no trabalho, todos nós, esse é sem dúvidas o dilema das emoções humanas.
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Lição 1: Mesmo com às picadas alheias, é sempre melhor trabalhar em grupo.
Lição 2: Ninguém é forte sozinho.
Lição 3. Às punhaladas que te são dadas, podem passar, mas levam parte da tua bondade e humanismo. Portanto, vivos por fora e com os corações frios.
Lição 4. O melhor relacionamento não é aquele que une pessoas sem espinho, mas aquele onde cada um aprende a conviver com os espinhos do outro.
Lição 5: A pessoa que escreveu este texto está vivo mas o seu coração tornou-se frio pelos dilemas próprios da convivência humana.
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E o que dizer dos humanos, o enredo conta que foi a partir daí que os Abraços tornaram-se culturais, não havia etnia nem tribo, apenas Moçambicanos caçando calor, e bastava ser humano para abraçar e trocar calor... E até hoje endossa-se o abraço, mesmo em tempo quente, em homenagem à união entre os homens.
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Bem haja a união entre nós.
~Ab Binadre WZ
Persona Non Grata
Vi-te saindo da relação devagar, depois de não responderes uma mensagem, quando dei por mim, eram 6 mensagens não respondidas, na 7 mensagem, respondeste, mas foram poucas palavras mal-ditas, como se a minha mensagem te causasse irritação e respondesses simplesmente por eu ter sido o que já não era.
Fui ao WhatsApp e vi-te On, mas não era comigo com quem conversavas, e foi nos pequenos detalhes em pistas, que percebi que já havia te perdido. Então hoje eu percebo que o interesse se foi junto com a importância que eu tinha para ti. E que a segunda parte do nosso romance havia chegado, e nela eu era menos que figurante, valendo menos que uma porta, e se fosse em Moçambique eu seria a versão masculina de Lurdes e tu Liloca. Porque não somos os mesmos de ontem, não seremos os mesmos amanhã. E infelizmente, o tempo não espera, e o que era tão meu perdeu-se por aí no meio ao caminho, pois na verdade não estávamos andando na mesma direção, ademais o sentimento agora é só meu, e tu podes estar também apaixonada mas não é por mim.
~Ab Binadre WZ
A casa assombrada
Olhei de relance para a Janela e ví um reflexo, levantei-me e escutei passos firmes causando sussurro no encontro dos pés ao chão, prestei atenção, e percebi que também a torneira estava aberta, olhei para o relógio - eram 2 horas - saí do quarto e gritei com o bastão em riste: "eu não tenho medo de ti seu cadáver".
Mostrei postura contundente, mas no meu coração naufragava medo extremo.
Andei um pouco, cocei o meu sagrado rabo no encontro a porta. O ruído de passos e o chovoalhar da água desapareceram, mas ouvia-se, claramente, o vento frio movendo galhos das árvores na janela. Olhei por baixo da porta da sala e era como se uma mão fizesse um esforço para entrar, com medo voltei ao quarto.
O frio da madrugada batia em meu corpo nú, em meio à uma multidão de medos, cobri, então, o corpo todo incluindo a cabeça. Um silêncio moribundo aflorava-se, por isso o sono começava a se manifestar, entretanto acordei em prantos quando a queda de algo fez ecoar um barulho na sala. Falei com os meus botões: "de novo! ".
Meus pés descalços formigaram - voltei a sala - virei à esquerda e à direita, girei em círculos com o bastão em mão, mas ninguém à vista, pensei comigo mesmo, " se não está em baixo talvez esteja no teto, por isso, calmamente levantei a minha cabeça reclinada, 180° para cima, em direção ao tecto, porém, coincidentemente a luz foi cortada, cruzes! - como podia estar isto a acontecer - comecei a ver vultos passando por mim, eu pisquei e os vultos desapareceram.
Gritei: "ajude-me meu Deus?" Mas ninguém respondeu, porque apenas o diabo estava lá.
Isolei-me no vértice da sala à espera do clarear do dia, ouvindo o ponteiro do relógio como uma bomba relógio, é, é isso, o tic tac do relógio, batia, apertava e contava seus minutos para a minha libertação.
Pensamentos sombrios proliferavam na minha cabeça como nuvens grisalhas em um dia chuvoso. Era uma tempestade combinada de tudo o que eu mais temia, fazendo-me sentir a minha vida esvair-se dentre os meus dedos.
Finalmente, o sol veio clarear o dia, um, dois, talvez três vizinhos vieram até mim, eu tive medo de dizer o que se estava a passar, receando cair no ridículo, preferi dizer que tinham durante a noite ladrões, mas a vizinha retrucou:
- Nunca ninguém ficou nessa casa jovem, até os próprios filhos mesmo tendo essa casa disponível, preferem arrendar. Só que você é arrogante, não fala com ninguém por isso só te olhamos [...]
~Ab Binadre WZ