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Oii, como vai? Mais um capítulo!
Eu já disse por aqui que o Percy não é uma pessoa tão boa assim? Pois é, o Nico também não. Mantenham isso em mente para os capítulos futuros.
Sem nenhuma revisão.
Boa leitura!
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— Depois. Eu prometo. — Percy disse, se afastando a lentos passos em direção a porta. — Não se divirta muito sem mim.
Nico não pretendia. Desde que tinha voltado da Itália raramente se divertia se Percy não estivesse por perto. Os amigos que ainda tinha por ali insistiam em dizer como Percy era o pior dos vilões e os que não diziam nada, se mantinham distantes, hesitantes e medrosos apenas com o pensamento do que Percy poderia fazer com eles.
Não era ridículo? Nico tão pouco estava interessado neles. Ele admitia sentia falta de seus amigos em Veneza, sua família, o sol escaldante, as construções centenárias e o ar limpo. Mas ele sentiria muito mais a falta de Percy, e se ficar longe de cidade natal fosse necessário, era o que faria.
A porta finalmente se fechou as suas costas, permitindo que ele voltasse a olhar para seu reflexo no espelho. Isso era outra coisa que admitia, gostava de ver aquela coleira em volta de seu pescoço; Nico podia se ver no futuro a usando sem pudor. Via ele e Percy numa grande casa no campo, o sol batendo em sua pele enquanto ele se ajoelhava, descansando a cabeça no colo de Percy, os dedos longos o acariciando como se ele fosse um animalzinho de colo. Ser um submisso não era o que ele tinha imaginado, a dor era passageira, mal se registrando em seu cérebro, e o prazer durava horas, dias se ele se permitisse. Era estranho, e as vezes, parecia errado se colocar nessas situações, deixar ser usado como Percy bem entendesse. Os olhares de pena era o que realmente o incomodava, como se a qualquer instante seus “amigos” se ofereceriam para ajudá-lo. Belos amigos esses que quando ele mais precisou, pouco ofereceram um mínimo de conforto.
Esse era o único motivo dele ter voltado, além dos ciúmes que o corroeu ao ver Annabeth e Percy tão juntos nas redes sociais. Nico não precisava passar por toda essa tortura mais uma vez, ver Annabeth pelos corredores ou as mesmas pessoas que tentaram abusar dele mais de seis anos atras. O que restava a Nico era respirar fundo e superar seu trauma, ou melhor, ignorá-los até que eles não tivessem importância. Porque, isso aqui, a coleira em volta de seu pescoço era a prova que no fim tudo valeria a pena. De alguma forma, o peso que alguns dias atras o sufocava, agora o mantinha preso na realidade; era uma promessa, um juramento que no fim tudo daria certo se ele aguentasse mais um pouco, só mais um pouco, e, então, ele poderia se libertar de tudo o que o puxava para baixo.
Bem, no fim, Percy tinha razão. Era melhor ele descansar um pouco, sair no estado em que estava apenas geraria mais preocupação e conselhos que ele não havia pedido. Se sentindo exausto, Nico ignorou o telefone que apitava, indicando que uma nova mensagem havia chegado, e se deixou cair na cama. Se arrastou até seu travesseiro, se cobriu com o edredom e fechou os olhos. Dez minutos bastariam. Talvez trinta.
***
Quando Percy voltou para casa foi direito para seu quarto, onde sabia que Nico estaria. Ele podia incentivar Nico a sair com os amigos, se divertir e ser independente, mas no fundo, gostava das coisas do jeito que elas eram; Nico sempre em casa, sempre esperando por ele feito um garoto bem-corportado deveria. E mesmo sabendo que Nico estaria na cama, ignorando mais uma vez os amigos, Percy subiu as escadas de dois em dois degraus e empurrou a porta lentamente. Como ele imaginava, lá estava seu bebê, coberto com o edredom até a cintura, dormindo pacificamente, feito um anjinho, o seu anjinho, sempre muito obediente.
Ao invés de entrar e trocar de roupa, Percy voltou a encostar a porta, deixando que Nico dormisse por mais alguns minutos. Desceu as escadas e entrou na cozinha, encontrando mãe por lá, a ajudando a guardar a cesta de legumes que haviam ganhado do fornecedor.
— Onde está Nico? Estou louca para testar aquele guisado.
— Ele está dormindo.
Esse era o momento em que Percy esperava que as reclamações chegassem, mas elas nunca chegaram.
Sally se virou para ele, andou em sua direção, e segurou em seus ombros, sorrindo docemente.
— Estou tão orgulhosa. Nico tem estado bem menos cansado e feliz. — Então, Sally endireitou a coluna e colocou as mãos na própria cintura. — Ainda não gosto de ver vocês fazendo essas coisas por trás das minhas costas, mas até funcionando.
— Por isso que você não pega mais no meu pé?
— Você está fazendo um bom trabalho. Continue fazendo isso, hm? Assim eu não vou precisar.
— Ei! Quem é seu filho aqui?
— Querido, eu te conheço. — Sally sorriu mais uma vez e deu as costas para ele, terminando de guardar os legumes, pegando outras coisas como começar o guisado.
Percy apenas sorri, dando de ombros. A verdade é que ele não estava fazendo nada demais. Era Nico quem ela deveria elogiar. De fato, Percy sentia que não estava fazendo nada de especial e que talvez eles fizessem bem um para o outro. Bem, Percy planejava fazer isso mesmo que Nico nunca mais quisesse ter sexo com ele.
***
Quando Nico acorda o céu ainda está claro, o sol brilhando mais forte com o calor do meio-dia. Porém, o sentimento de desespero havia sumido e em seu lugar, o contentamento surgiu. Ele não abriu os olhos imediatamente, sentindo o calor aquecer seu rosto e dedos gentis percorrerem seu coro cabeludo, o fazendo suspirar.
Era Percy que o acordava. Nico reconheceria aquele perfume em qualquer lugar, a forma que Percy o tocava, a voz aveludada chamando por seu nome, o fazendo sentir ainda estar dormindo, sonhando com a casa de sua nona, onde ele e Percy estavam nas plantações de morangos, andando calmamente pelas longas fileiras de frutos, o sol batendo em seu rosto.
— Está se sentindo melhor?
Nico mal podia lembrar porque tinha estado tão triste. Então, apenas acenou. Saiu debaixo das cobertas e se engatinhou até alcançar Percy que estava sentado na cama. Sentou no colo de Percy e o envolveu com as pernas para logo em seguida abraça-lo pele pescoço, o beijando devagar, selando seus lábios juntos suavemente.
— Hmm... meu bebê quer brincar?
— Não sei.
— Você ainda está usando a coleira.
— Oh.
Era verdade, Nico não tinha percebido. No final das contas, ela nem era tão pesada assim. Embora não parecesse certo estar a usando nesse momento.
— Tira pra mim?
Ali estava, a decepção no rosto de Percy. Ele tentou esconder, é claro, por trás de um sorriso inocente. Como de costume, ignorar certas coisas até que o momento certo chegasse, sempre era o melhor a se fazer.
Sem pressa, Percy segurou em seu pescoço, e desafivelou o fecho, percorrendo os dedos por sua pele, parecendo se despedir do couro e dando boas-vindas a pele agora descoberta, colocando um beijinho entre a gargantilha que estava por debaixo da coleira e o vão entre sua clavícula.
— Tão lindo. Mal posso esperar para te ver num terno branco. Você vai usar a coleira pra mim? Vai colocar algo bonito por debaixo, hm?
Nico sentiu seu rosto esquentar imediatamente, sabendo que Percy o encarava bem de perto. Ele não tinha pensado sobre isso. Esse seria o momento onde eles verdadeiramente se tornariam submisso e dominador? Onde ele se ajoelharia aos pés de Percy e permaneceria dessa forma pelo resto de suas vidas? Nico sabia que tecnicamente nada mudaria, mas, então, por que parecia que eles estavam prestes a dar um grande passo na relação deles?
Ele teve que levantar a cabeça e encarar Percy como raramente fazia, vendo os olhos verdes brilhando com algo que Nico preferia não examinar profundamente, o sorriso ainda encaixado nos lábios bonitos, mostrando dentes brancos e perfeitos. O que fez Nico se perguntar, será que ele sabia no que estava se metendo?
— É isso o que vai acontecer quando a gente se casar? Eu pensei que era apenas uma fantasia.
— Pode ser o que a gente quiser.
Mas tudo o que Nico podia ouvir era “Vai ser o que eu quiser que seja”. E, estranhamente, esse pensamento não o assustou; não era como ele fosse se tornar um escravo sexual e ser jogado numa masmorra escura onde o sol nunca pudesse alcançá-lo.
— E se eu não quiser? — Nico enfim perguntou, tirando aquilo do peito.
Nico observou Percy continuar a olhar para ele, como se Percy não tivesse nenhuma dúvida no mundo, vendo um sorriso muito mais sincero aparecer.
— Então, a gente não faz.
— Certo.
— Mas... você não tem curiosidade para saber como seria?
— Não tenho certeza.
Nico desviou o olhar, fingindo pensar sobre o assunto. Era claro que ele tinha curiosidade. Quando ele pensava que Percy não podia o surpreender mais, uma nova avalanche de emoções o pegava desprevenido. Sentia que passaria o resto da vida sendo surpreendido, se afogando em um mar de prazer ao lado de Percy.
— Hm. — Foi tudo o que Percy disse antes de se levantar e levar a coleira com ele. Percy anda até o guarda roupa, leva a caixa preta junto e a guarda lá dentro, fechando o armário com um movimento final. — Parece que a brincadeira vai ter que ficar para outro momento.
De qualquer forma, assim era melhor. Desse jeito ninguém cairia na tentação de fazer algo além do que ambos estavam dispostos a enfrentar.
***
Percy se sentia estranhamente leve e despreocupado naquela manhã. Como era de costume, estavam todos sentados á mesa para tomar o café da manhã. Ele e Nico entraram na cozinha de mãos dadas e se sentaram em silêncio, um do lado do outro, se movendo e sincronia, ouvindo Grover e Tyson discutirem sobre algo sem importância, enquanto Sally tentava fazê-los se comportarem. O bom de viver no meio do caos era que seus pratos já estavam na mesa com um copo de suco e outro de café para cada um deles.
Ele admitia que não estava prestando atenção no que eles falavam, pois, agora, entendia porque Nico gostava tanto de ficar perdido no próprio mundinho. Não o entendam errado, Percy amava sua família, faria qualquer coisa por eles num estalar de dedos, mas, as vezes, tudo o que ele queria era um momento paz e silencio; mal podia esperar para se casar com Nico e ter um lugar só para eles.
— Per? Você não vai comer?
— Hoje não. — Respondeu sem prestar atenção, voltando a segurar na mão de Nico. Isso o fez olhar para seu bebê que o encarava com curiosidade, um sorriso discreto nos lábios, seus olhos brilhando com diversão. — Tudo bem.
Percy se espreguiçou, tomou um gole de seu café e pegou um croissant: — Satisfeito?
Ele não esperou pela resposta de Nico. Ajudou Nico a descer da cadeira, o puxou para fora da cozinha, e foi atras de suas bolças as encontrando onde Percy as havia deixado; na entrada da porta da frente, junto com a bolsa de sua mãe e as chaves dos carros. A viagem de carro até o colégio foi mais silenciosa e calma ainda, o fazendo sentir que hoje nada poderia perturbá-lo. O que mais Percy poderia querer naquele mundo além da companhia de Nico? Um beijo de bom dia? A mão de Nico sob a sua? A certeza de um futuro juntos? Percy já tinha tudo isso. Então, por mais que houvesse obstáculos, não havia motivo para preocupações.
Foi assim que Percy saiu do carro e abriu a porta para Nico, envolvendo sua cintura. Eles entraram no colégio e ignoraram os olhares, Percy se concentrando em Nico, vendo o rosto de seu bebê esquentar quanto mais ele olhava.
— O que deu em você hoje? — Nico enfim disse, permitindo a Percy ouvir sua voz pela primeira vez naquele dia. Uma voz baixa e rouca ainda do sono, acariciando seus sentidos.
Percy não diz nada, apenas leva sua mão ao rosto de Nico e fez um carinho ali, vendo os olhos de Nico se fecharem em prazer, vendo o sorriso de Nico voltar com tudo, quase o cegando, contente. Então, Nico inclina a cabeça em direção a Percy e seus lábios se encontram, mas é apenas isso, um selinho, um gesto de afeto. Os olhos de Nico voltam a se abrir e assim eles ficam, parados no meio do corredor, abraçados, como se somente eles existissem.
Percy sentia como se estivessem conversando através desses olhares e sorrisos. O melhor era que ele entendia cada palavra.
— Você é um bobo. — Nico diz. Percy concorda.
Mas, então, eles ouvem o sinal tocar. Era hora de voltar a realidade. Percy e Nico são obrigados a voltar a andar, seguindo em direção a seus armários, na verdade, em direção ao armário de Percy por seu o maior entre ambos; Nico tinha deixado de usar o seu há anos atras, mesmo antes de ir para a Itália. A maioria de suas aulas eram as mesmas, então, eles dividiam os livros, os professores há tempo tinham desistido de separá-los. De fato, suas notas estavam tão boas que os professores não tinham motivos para separá-los; e Percy tinha certeza, nunca esteve tão pronto em sua vida. Era a influência de Nico, o fazendo estudar sem nem perceber.
Infelizmente, chegando lá, sua bolha de contentamento foi quebrada.
— Ora, ora. Vejam quem temos aqui? O casal de ouro?
Percy bufou, prestes a dar meia volta e aparecer na aula sem seus livros, quando Nico segurou em seu braço. Com apenas um olha de Nico ele entendeu tudo. Certo. Eles iriam pegar seus livros e cadernos, e iria para aula, como o esperado. Percy tomou a frente. Andou o resto da distância até o armário quatorze, pegou o que tinha que pegar e o fechou, batendo a porta com força que o necessário.
— Hmm... parece que alguém está tenso. Eu conheço uma forma de te relaxar. Porque a gente não se encontra mais tarde?
Isso era demais para Percy. Ele levantou a cabeça e encarou aqueles olhos cinzas e frios, respirou fundo e abriu a boca quando sentiu mãos gentis segurarem em seu braço. Nico o encarava de bem perto, seus olhos negros furiosos o dizendo mais do que suas palavras poderiam. Annabeth não merecia nem mesmo seu nojo e desprezo. Ótimo, Percy faria o que Nico estava pedindo.
Percy não voltou a olhar para ela, decidindo por beijar o rosto de Nico, tentando acalmá-lo, e o abraçou pelos ombros o levando para longe. Logo Annabeth seria apenas a lembrança de uma garota invejosa e inconveniente.
Eles entraram em sua primeira aula do dia, colocaram seus cadernos e livros sob a mesa e se sentaram. Logo as provas começariam.
Ahhh finalmente estamos chegando no fim! Espero que vocês estejam gostando. Comentários são sempre bem-vindos. Até a próxima. Provavelmente ainda essa semana.
Oii, como vai? Não deu para postar no fim de semana por causa das eleições, mas aqui está. Espero que vocês gostem.
Sem nenhuma revisão.
Boa leitura!
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— Bebê, tudo bem? — Percy teve que perguntar.
Geralmente Percy não se preocuparia se Nico ficasse longos períodos em seu mundinho feliz e submisso. A verdade é que ele gostava de ver Nico completamente sob seu controle, obedecendo cada ordem sua e se esforçando tanto atender suas vontades que se fosse por ele, esses momentos entre quatro paredes nunca teriam fim. Entretanto, o céu já começava a escurecer e ele podia ouvir o barulho da risada de seus irmãos e a voz de sua mãe os repreendendo.
Era nessas horas que Percy desejava ser um adulto e não ter que dividir o tempo que tinha com Nico, e muito menos deixar que eles vissem Nico em seu estado mais vulnerável. Sinceramente? Percy não se importava como outras pessoas iriam reagir e sim, como Nico se sentiria quando enfim emergisse de seu estado leve e contente.
Percy fez o melhor que pôde para que Nico se sentisse seguro o suficiente para sair de seu transe. Eles tomaram um longo banho de banheira, lavou os cabelos de Nico, ofereceu a comida favorita de Nico e depois o fez tirar uma soneca. Isso costumava ser o bastante para fazer Nico voltar ao normal. Hoje? Nico parecia especialmente decidido a se manter distante.
— Bebê? — Percy chamou mais uma vez.
Nico meramente levantou a cabeça que estava encostada em seu peito e se acomodou melhor debaixo das cobertas, piscando lentamente, parecendo esperar pela próxima ordem.
— Eu preciso que você volte para mim.
— Voltar? — Nico franziu a testa e se sentou, tentando raciocinar.
— Faz cinco horas. Quer jantar?
— Oh. — O vinco desapareceu do rosto de Nico, mas ele continuou como estava, lento e dócil, sem questionar nada. — Tudo bem.
Nico, então, se levantou. Ele se arrastou para fora da cama e, calmamente, calçou o sapato, andou até a porta do quarto e o esperou, paciente, obediente, quase se curvando, segurando as próprias mãos atras das costas.
Percy suspirou, pelo menos Nico não estava completamente aéreo. Aquilo era tudo sua culpa, sabia bem disso. Não era isso o que ele queria? Nico completamente obediente e submisso cem por cento do tempo?
No fim, Nico estava certo. O que Percy realmente queria era diversão e realizar suas fantasias mais obscuras.
Momentos mais tarde, Percy percebeu que não tinha motivos para se preocupar. Eles desceram as escadas, comeram sem nada estranho acontecer e Nico até interagiu com Tyson e Grover, ajudando Sally a colocar as travessas na mesa. Houve um momento em que Nico e Sally sumiram para dentro da cozinha e só voltaram dez minutos depois, momento que Percy pensou estar encrencado, mas tudo o que viu foi Nico se sentar em seu colo e encostar a cabeça em seu ombro, e Sally, que sorriu para ele toda orgulhosa.
***
Às vezes, Percy desejava voltar ao momento onde seus pais ainda eram casados e sua família tinha muito menos dinheiro. Isso significaria menos responsabilidades, mais tempo livre e menos estresse em sua vida. Primeiro, sua mãe teve a brilhante ideia de fazê-lo acordar as cinco horas da manhã naquele fim de semana para ajudar com o faturamento e inventario mensal, algo que um contador poderia fazer facilmente. Mas, não, Sally havia sofrido um golpe no passado e não estava disposta a receber outro. Por isso, todos da família eram obrigados a ajudar. Nico era um caso a parte, é claro, ele já ajudava Sally mais do que devia na cozinha, então, Nico estava dispensado desse trabalho árduo. E se não bastasse isso, eles teriam uma reunião com os abastecedores do restaurante.
Aparentemente, a qualidade dos legumes não estava agradando Sally, e, aparentemente, Percy intimidava qualquer um que olhasse muito tempo para ele. Vai intender. Sendo assim, essa era uma de suas obrigações; sempre que eles tinham que lidar com algum cliente ou prestador de serviço insuportável, ali estaria ele. E dessa vez, era o abastecimento de legumes; sua nova missão era ficar atras da mãe e encarar os homens até que eles concordassem com o novo contrato. Seria engraçado se não tivesse que deixar Nico sozinho em casa.
Mas antes de ir a reunião, Percy fez questão de ir acordar Nico. Sabia que ainda eram oito horas da manhã de um sábado, porém, ainda se lembrava como Nico tinha reagido quando não o encontrou na cama naquela vez que havia visitado o clube de Apolo. Então, sem fazer barulho, Percy subiu as escadas e foi em direção a seu quarto, vendo que a porta estava encostada, podendo ver dentro do quarto pela fresta da porta.
Percy empurrou a porta e o que viu tirou seu folego.
Nico estava no meio do quarto, pelado, cabelos molhados e descalço, de costas para a porta, sentado na beirada da cama. Nela, estava a caixa preta com a coleira, a mesma coleira que ambos tinham decidido ignorar, feito um taboo que nunca deveria ser mencionado. Mas ali estava Nico, segurando a coleira contra seu colo, parecendo admirar a peso em seus dedos longos e magros, completamente calmo e composto, e com a mesma atitude quieta e dócil que havia adotado pelos últimos dias.
Pela primeira vez, decidiu que não tomar nenhuma ação era o melhor a se fazer. Porque, não importava o que ele dissesse ou até mandasse, isso era algo que Nico teria que decidir por si mesmo. E se no final Nico decidisse que não queria nada daquilo, Percy teria que aceitar.
Não demorou para que Percy tivesse sua resposta. Lentamente, Nico levou a coleira até o próprio pescoço e a enrolou em volta de sua pele, ainda sem afivelar o fecho, parecendo medir o peso do couro em sua pele. Quando nada aconteceu, Percy observou Nico afivelar a coleira e continuar segurando o couro contra sua pele, como se a coleira fosse muito pesada para seu pescoço aguentar. Nico se levantou, e ainda de costas para a porta, andou até o espelho que ficava do outro lado do quarto, perto do guarda-roupa. Nico estava se admirando, era isso o que acontecia; ele tocou no couro da coleira, como se acariciasse o pelo de um animal de estimação, e mesmo daquela distância, Percy podia ver a pele oliva escurecendo com o rubor, embora Nico não estivesse entrando em pânico como antes. Afinal, por que ele iria? Era apenas fantasias, não era?
Percy não aguentava mais. Ele marchou a passos decididos para dentro do quarto e parou atras de Nico, quase colado a suas costas, observando agora ambas suas reflexões em frente ao espelho. Era algo automático, suas mãos foram para o pescoço de Nico, seus dedos rodeando o longo pescoço, bem na parte da coleira que agora escondia a gargantilha, massageando a pele que encontrou lá.
— Então você gostou. — Não havia sido uma pergunta, porque a resposta era óbvia. A expressão no rosto de Nico dizia tudo o que Percy precisava saber, e o arfar surpreso e tímido, mais ainda.
— Eu não... eu estava curioso! — Ali estava, a ansiedade vindo feito um trem-bala. Então, o problema devia ser sua presença. Ou talvez a expectativa que o próprio Nico colocava em si mesmo.
Nico deu um passo para a frente, tentando se livrar de suas mãos, e dessa vez, Percy permitiu que Nico fugisse; isso não era algo que ele devia brincar se quisesse que no futuro a visão de Nico usando uma coleira fosse algo cotidiano.
— Tudo bem. Eu não quis te assustar.
— Você não assustou. É só que... você sabe... não sei consigo fazer o que você espera de mim. O diário, são apenas fantasias e... nunca pensei que eu fosse... fosse gostar tanto disso a ponto de ter sexo com alguém. Eu só... eu não sei.
— Eu entendo. — Percy disse em sua voz mais afável.
— Você entende? — Nico abriu bem olhos, parecendo surpreso e tão inocente, que Percy voltou a se aproximar, tocando nos cabelos negros, tentando confortá-lo.
— Tudo bem se você quiser brincar. Tudo bem se você não quiser. A gente não tem que tentar algo novo só porque eu quero.
— Eu pensei que o papel de um submisso fosse fazer as vontades do dominador?
— Isso é uma fantasia, não é? Você mesmo disse. Não quero te forçar.
— Oh. — Nico murmurou, relaxando nos braços de Percy, encostando a cabeça em seu ombro e o abraçando pela cintura. — As vezes, eu sinto que devo fazer certas coisas... quer dizer! Você nunca me pediu para fazer isso...
— Está tudo bem. — Percy disse mais uma vez, sorrindo para Nico, decidindo tirá-lo de sua miséria. — A partir de agora sempre que eu quiser fazer algo vou pedir permissão. Não importa o que seja, mesmo que seja um beijo.
— Sempre?
— E você não tem a obrigação de aceitar ou retribuir, ou de se sentir pressionado.
— Eu não sinto que você me obriga, eu só... — Então Nico olhou para baixo, todo tímido, o virou o rosto para lado tentando se esconder. — É essa vontade incontrolável de... de fazer essas coisas.
— Como o quê?
— De obedecer. Não te desapontar. — Foi quando Percy viu Nico fechar os olhos, os apertando bem forte, ainda com o rosto contra seu ombro. — Eu quero ser o seu bebê e seu bom garoto para o resto da vida. Só seu.
Por essa Percy não esperava! Eles tinham com toda a certeza percorrido um longo caminho até ali. Percy se pegou endireitando as costas e respirando fundo, um sorriso um tanto maníaco se formando em seu rosto, uma reação mais rápida do que ele podia controlar. E tão rápida como veio, aquele senso de satisfação e possessão doentia, também desapareceu, restando a Percy apenas puxar Nico contra seu peito e o abraçar forte.
— Obrigado por me contar. Você é tão corajoso. Meu perfeito bebê, hm?
Nico não disse nada, mas ele gemeu, o abraçando mais forte ainda pela cintura, se encolhendo contra seu peito, quase se fundindo a ele. Percy não trocaria esse momento por nada nessa vida.
***
— Obrigado por me contar. Você é tão corajoso. Meu perfeito bebê, hm?
Sim, ele era! Deuses! Ouvir Percy dizer essas coisas, por mais que Nico já soubesse desse fato, fazia algo dentro dele explodir em contentamento.
Bem, o que ele podia dizer? Tinha decidido se deixar levar.
Quer dizer, o que de tão ruim poderia acontecer além de Percy o levar cada vez mais fundo nesse mar de prazer que ele nem sabia ser possível existir? Do que adiantava fugir e lutar contra esses sentimentos quando sem nem perceber se via no mesmo lugar? Essa sensação leve o fazia se lembrar de um jogo que ele e Percy costumavam jogar quando crianças; a cada vez que venciam um desafio, o jogo os levava a um nível acima, subindo degrau por degrau até chegarem ao nível final.
O problema é que aquele jogo inocente e bobo parecia não ter fim, os degraus se estendendo infinitamente a se perder de vista. Era assim que Nico se sentia, quanto mais longe Percy o levava, mas difícil era encontrar aquele mesmo Nico que havia começado no primeiro nível. As vezes, Nico mal se reconhecia. Não se sentia tão pequeno quanto antes, tão tímido ou tão indefeso. Era como se durante o jogo ele tivesse ganhado poderes especiais e eles ainda estivessem com ele, como se Nico os tivesse sugado para dentro de seu ser, para sempre absorvidos em sua pele. Mas, as vezes, mesmo que não ele quisesse, o velho Nico fazia suas aparições, ele não se orgulhava disso, forçando Percy a dar um passo para trás nessa valsa onde ninguém sabia qual seria o próximo passo. Entretanto, o que ele podia fazer se não entrar no ritmo da dança?
Esse era um bom exemplo, o melhor deles. Sentindo Percy acariciando seus cabelos e deslizando as mãos por suas costas, sempre tentando confortá-lo não importando o motivo. Mesmo quando não havia motivo ou quando o culpado era o próprio Nico. Naquele instante, Nico percebeu que dessa vez não precisava ser confortado, mas que gostava do gesto gentil de qualquer forma.
— Sei que eu posso ser... rigoroso. — Percy murmurou em seu ouvido, roçando a barba que crescia contra seu pescoço, o fazendo estremecer. — Você tem que me dizer se eu estiver sendo exigente.
— Você nunca exigisse o que eu não quero dar.
Essa era a verdade. Por mais que ele hesitasse ou dissesse que não queria, era difícil mentir para si mesmo quando o objeto de sua única obsessão na vida estava bem a sua frente, oferendo tudo o que pensou que nunca teria, ainda fosse tão intenso que parece que estava a ponto de desmaiar a qualquer momento. Não porque fosse ruim, mas porque Nico perdia o folego toda vez que Percy olhava para ele por mais de dois segundos.
Então, Nico sentiu lábios tocando os seus numa caricia doce e lenta, e fechou os olhos, relaxando conforme o beijo continuava; uma mordiscada e uma lambida depois, um arfar, línguas se encontrando em um encaixe perfeito, como sempre tinha sido, como naquela primeira vez onde ele tinha fugido e só voltado dois anos depois. Parecia que era tudo o que Nico tinha feito até esse momento, fugir e se esquivar até que ele não tinha vesse alternativa, até que seu único pensamento fosse se redimir por todo o tempo perdido.
— Bom garoto. — Percy disse colado a seus lábios, pressionando suas bocas juntas pela última vez antes de se afastar, sorrindo para ele.
Nico queria seguir Percy, pedir para ser jogar na cama e continuar subindo os degraus. Percy tinha outras ideias, como ir para longe de Nico e abrir o guarda-roupa, tirando um blazer e uma calça caqui social.
— Você não tinha que sair com seus amigos? — Percy disse, ainda com a cabeça dentro do guarda-roupas.
Isso era verdade. Era por isso que Nico tinha acordado tão cedo em um sábado, se distrair com o pensamento de vestir aquela coleira e se ajoelhar aos pés de Percy, jurando fidelidade e obediência eterna não estava dentro dos planos. Talvez depois do casamento se ele realmente acontecesse.
Quando Percy emergiu, estava completamente vestido. Sapatos italianos, camisa preta, terno completo e cabelos penteados para trás. Nico era tão sortudo! Como ele conseguir noivar com alguém tão bonito e charmoso estava além de sua compreensão.
Nico nem tentou se conter, ele andou até Percy, ficou na ponta dos pés e o beijou novamente, algo rápido e suave, e disse: — Você nunca se veste desse jeito pra mim.
Percy sorriu para ele, daqueles tipos de sorriso de lado e covinhas que o fazia parecer um tubarão, e o segurou pelos cabelos, o fazendo gemer.
— Do que adianta eu me vestir assim se as roupas vão ser tiradas em menos de cinco minutos?
Percy o beijou forte nos lábios, arrancando outro gemido dele e o deixou ir, se olhando uma ultima vez no espelho.
— Porque você não descansa um pouco, hm? Eles podem te esperar.
Bem, descansar não era a palavra certa.
Nico seguiu os olhos de Percy e olhou para o próprio colo. Nico tinha um certo volume aparente, e Percy parecia que iria a qualquer momento se ajoelhar no chão e ajudá-lo com isso. Em seguida, Percy voltou a olhar em seus olhos e sorriu novamente.
— Depois. Eu prometo. — Percy, seu dom cruel, disse, se afastando a lentos passos em direção a porta. Mas antes de ir, disse: — Não se divirta muito sem mim.
Então, parece que estou enrolando, não é? A verdade é que falta pouco de plot para escrever. Vou tentar terminar essa história nas proximas 30 mil palavras. Estou planejando alguns extras também, nada muito complicado.
Obrigada pela presença!
O que é isso! Mais de um capítulo em uma semana? Sim! Talvez tenha mais um até o fim dela. Como eu disse, tenho que aproveitar enquanto o burnout me dá um tempo.
Capítulo sem revisão, quando eu tiver uma versão mais polida, aviso aqui.
Boa leitura!
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— Por favor! — Nico gritou a plenos pulmões. Sua sorte era que o resto da família estava ajudando no restaurante, então, não tinha ninguém para presenciar essa cena.
— Eu não sei. Será que você aprendeu sua lição?
Nico choramingou mais uma vez e se remexeu em seu colo.
Sabe, ele era muito paciente, quase um santo de tão caridoso e bondoso. E sabe porque? Percy tinha levado Nico até o carro, colocado suas coisas no banco de tras e dirigido tranquilamente pelos próximo quinze minutos até a casa da mãe. Tinha guardado suas bolsas, oferecido agua para Nico e o feito comer algo antes de leva-lo para o andar de cima, onde o quarto deles ficava. Então, só assim, depois de trancar a porta do quarto e colocar a chave dentro do bolso, ele se virou para Nico, deixando que o garotinho visse suas reais intenções.
— Tire as roupas. — Percy disse sem hesitar. Entretanto, foi Nico quem hesitou. O garoto olhou para a porta e depois para a janela, e por último, o encarou, incerto.
— Você tem certeza? — Nico perguntou. — Você não reagiu muito bem, antes.
Hmm... era verdade. Mas aquele momento tinha ficado no passado.
— Tire as roupas. — Percy repetiu.
Essa seria a parte onde ele geralmente estaria se movendo e ele mesmo tiraria as roupas de Nico. A questão ali não era sobre tirar a roupa ou mesmo sobre as palmadas que viriam, e sim que Nico sentisse que aquilo realmente era um castigo, e para isso acontecer o primeiro passo era fazer Nico se sentir humilhado e depois repreendido. A dor seria apenas uma forma de liberar todas essas emoções.
— O que você está esperando. Você precisa de incentivo?
— Eu... não! — Nico arregalou os olhos, surpreso, e se colocou a tirar as roupas. Ou melhor ele as arrancou de qualquer jeito e as jogou a um lado do quarto, parando em sua frente com a cabeça levemente abaixada e as mãos atras das costas.
Percy sempre se esquecia que Nico entendia como a relação entre dominação e submissão funcionava. Mesmo assim, ele observou Nico por alguns momentos. O rosto que começava a corar, a coluna curvada como se quisesse se proteger e a postura tensa de quem sabia o que estava por vir. Percy deixou o momento se arrastar por alguns minutos, sem falar, e só quando Nico começou a se remexer de ansiedade, decidiu ter misericórdia.
— Você sabe por que estamos aqui?
— Eu... te fiz passar vergonha?
Bobinho. Percy nunca teria vergonha de Nico. Não importava o motivo.
— Você acha que eu tenho vergonha de você? — Ele segurou Nico pelo queixo e o fez encará-lo. E quando Nico não faz nada além de encará-lo de volta, completamente dócil, Percy final se deu por satisfeito. Esse era o jeito que um bom garoto devia se comportar, devia ser obediente e bem-comportado e o tom avermelhado na pele oliva deixava tudo ainda melhor.
Bem, mesmo sendo um bom garoto, Nico era uma das pessoas mais teimosas que ele conhecia. E as vezes, tentar conversar sobre o problema não surtia efeito com Nico. Então, a solução era mostrar para ele. Assim, segurou Nico pelas mãos, se sentou na ponta da cama e colocou Nico sobre seu colo de barriga para baixo.
Percy poderia fazer isso de diversas formas. Nico de quatro na cama, deitado sobre um travesseiro, se ajoelhando no chão, em pé virado para a parede... mas, não, Percy queria que dessa vez fosse algo mais intimo e pessoal, pois ele tão pouco iria utilizar nenhuma ferramenta, como uma palmatoria ou até uma escova de cabelo. Ele queria que Nico sentisse cada palmada e a cada toque me sua pele, queria que Nico se arrependesse e se desculpasse. Entretanto, Percy parou por um momento e admirou a beleza de seu bebê, a pele macia, as nádegas firmes e redondas, a cintura e quadris esguios, o corpo que tremia conforme Percy acariciava a pele morena. Sabia que estava torturando Nico além do necessário, mas, no fim, ele teria certeza que a Nico não duvidaria dele nunca mais.
— Você está pronto?
É claro que aquilo não era uma pergunta, era mais um aviso. Percy não esperou que Nico respondesse e levou sua mão contra o lado direito das nádegas de Nico, e o primeiro gemido já veio. Ou será que tinha sido um resmungo?
— Eu... ah! Estou... faz tanto tempo! — Um gemido mais alto veio com a próxima palmada que veio sem avisar, permitindo a Percy vir a primeira lagrimas aparecer.
— Vou perguntar mais uma vez. Você sabe por que estamos aqui? — E então, mais uma palmada. Nico se curvou todo e segurou nos lençóis, tentando fechar as pernas. — Me responda.
— Eu fui um mal garoto.
— E o que mais?
— Eu não sei! — Nico gritou, sentindo a próxima palmada vir.
Percy estava desapontado. Quer dizer, as palmadas não eram exatamente fracas, mas não devia ser tão difícil entender por que Nico estava sendo castigado. Ele deu mais três palmadas, uma em seguida da outra e no mesmo lugar, e deixou que Nico descansasse por alguns momentos, vendo o garotinho em sua miséria extasiante; seu pequeno membro estava completamente ereto, a ponto de expelir, mas seu choro era tão intenso que Nico soluçava, ansioso e angustiado. Uma punição bem-aplicada em seu ponto de vista.
— Tudo bem, bebê. Eu vou te ajudar.
— Você vai? — Nico disse na voz mais pequena, doce e vulnerável que ele já tinha ouvido.
— Eu nunca teria vergonha de você. Então, o que poderia ser, hm?
— Eu... — Ainda chorando e fungando, Nico franziu a sobrancelha e os olhos, numa careta de concentração. — Eu estava com ciúmes?
— Não, não é isso. Você pode ter ciúmes quando quiser.
— Então...?
— É sobre confiança.
— Oh.
Ah, agora, sim! A expressão que ele queria ver, culpa e arrependimento.
— Eu confio em você. — Nico murmurou, envergonhado.
— Você acha que eu vou te trair? Te trocar por outra pessoa? Se eu não isso por dois anos, por que eu faria agora?
— Eu não sei. — Nico murmurou mais baixo ainda, as lagrimas voltando a rolar por sua pele morena. — Eu só... eu não consigo acreditar que alguém como você iria querer passar o resto da vida comigo.
Deuses, agora quem queria chorar era Percy. Ele pegou Nico no colo e o fez se sentar sobre uma de suas pernas, mantendo o pequeno membro de Nico pressionado contra sua calça jeans. Nico arfou no mesmo momento, seu membro e sua bunda dolorida sendo roçados ao mesmo tempo.
— Bem, isso não está certo. Meu bebê nunca deve duvidar de mim.
— Eu não duvido! Ah!
— Até que isso entre na sua cabeça, vamos continuar fazendo isso. De novo e de novo, até que não reste nenhuma dúvida.
— Por favor! — Nico voltou a gritar, sentindo o ardor se espalhar mais uma vez por sua pele.
Percy admitia, estava em seu momento mais sádico, eram tantas coisas que ele tinha que fazer e planejar que confessava, estava deixando o estresse sair por seus poros enquanto observava Nico gritar e implorar por misericórdia.
— Então, eu quero ver você implorar por perdão.
— Desculpa!
Ali estava, exatamente o que ele queria ouvir. A expressão de angústia no rosto de Nico era tão bonita que ele poderia gozar só de observá-lo. Percy continuou espancando a pele Nico e a cada nova palmada que era acompanhada pela “Desculpa!” gritada, mais algo dentro dele se expandia e se satisfazia, como Percy estivesse em um banquete com todos os seus pratos favoritos.
Isso é, Percy ficaria satisfeito em observar aquela cena pelo resto da vida, se não tivesse pegado o exato momento onde algo em Nico parecia ter mudado, em um momento Nico estava todo tenso e angustiado, e no próximo, bem... Nico amoleceu em seus braços, as linhas em seu rosto se suavizaram e os olhos negros se reviraram, logo em seguida se fechando no completo clímax. E se Percy não estivesse tão perto, mal teria percebido, o único indício era a pequena poça de um líquido contra seu quadril onde Nico estava se apoiando.
O que Percy podia fazer? Ele nunca disse que Nico não poderia gozar ou que não poderia curtir o momento.
***
Nico suspirou e se permitiu ser abraçado, enquanto Percy o consolava. Achava que ainda estava chorando, tremores fazendo os soluços se tornarem mais intensos do que o esperado, sua cabeça vazia e anestesiada, girava lentamente. Nico sabia que um dia Percy o mataria, mas ele morreria feliz e contente. Nada poderia o afetar naquele momento.
O que estava tudo bem. De fato, Nico não poderia estar melhor, viajando nas endorfinas que apenas uma boa sessão de dor podia trazer. Se desobedecer Percy mais vezes fosse o necessário para ser “castigado” mais vezes, Nico se tornaria o pior dos bons garotos. Ele queria rir desses pensamentos bobos, mas Percy ainda o segurava entre seus braços, ainda acariciava suas costas e ainda massageava a pele sensível de suas nádegas. Era difícil ter um pensamento coerente nesses momentos, momentos em que ele se concentrava em apenas obedecer. Nico sabia que assim que as endorfinas deixassem seu corpo, ser um bom garoto ou não, não faria diferença, porém, nesses longos minutos, sentindo as mãos de Percy sobre ele e lábios contra os seus, nada era mais importante.
— Shhhh... está tudo bem. — Percy murmurou contra seus lábios, o fazendo abrir os olhos. Nico inspirou profundamente e gemeu, sentindo os dedos molhados de Percy roçarem em sua entrada, a posição em que eles estavam perfeita para a penetração; ele sentado no colo de Percy com suas pernas rodeado a cintura de Percy.
Não demorou muito depois disso, um dedo virou dois e então a cabeça do membro estava tocando sua entrada, fazendo um pouco de pressão até entrar, deslizando na passagem apertada e o fazendo curvar a coluna, gemendo ao sentir Percy o penetrar completamente. Isso era algo que Nico não entendia, ele costumava odiar essa sensação do esticar de seus músculos, da leve ardência que o queimava sem o machucar. Agora? Ele amava sentir seu corpo se abrir e permitir que Percy entrasse dentro dele, um prazer que Nico não entendia se era completamente físico ou se também era emocional.
Nico deixou que mais um gemido saísse, sentindo a dor voltar com tudo, quando Percy segurou em suas nádegas, o fazendo se contrair todo.
— Hmm. Tão gostoso. Você gosta desse jeito, não?
Ele... Nico amava. Gostava de cada gesto e cada toque, cada palavra, cada movimento. Mas, Nico tinha um problema, tinha medo dizer o quanto gostava de cada coisa que Percy o fazia sentir, fossem emoções positivas ou negativas. Pois, ás vezes, Percy era um tanto... cruel, o dominando para além do que Nico estava confortável. Percy usava o que Nico dizia contra ele, ainda que fosse da melhor forma possível. Mesmo que Nico não quisesse admitir. E se um dia, um dia que estava muito distante de chegar, Percy o dominasse de tal forma que Nico nunca mais seria capaz de sair desse estado mental submisso e se tornasse apenas o que Percy queria que ele fosse, nada mais do que uma boneca de retalhos?
De fato, Nico sentia que isso poderia acontecer a qualquer momento, com o mínimo toque e palavras ditas docemente ao pé de seu ouvido. Sentia que sua mente iria flutuar para longe dele e apenas sobraria a parte dentro dele que vivia para satisfazer os desejos de seu dono.
— Bebê? — Ele ouviu ao longe a voz de Percy o chamando de volta, como se o puxasse com uma corda de volta para a terra. — Aqui está você. Tão bonito.
— Ah, eu vou... gozar... — Nico gemeu, estremecendo, Percy o segurando pela nuca e costas, afetuosamente, movendo sua cintura em direção a mais um orgasmo, seus ossos parecendo feitos de geleia e seus músculos completamente relaxados.
— Isso. Assim?
Nico não aguentava mais. Percy alcançou aquele lugarzinho dentro dele, a sensação vindo repentina. Em um momento ele se sentia feito manteiga derretida e no próximo, Nico se contraia, gozando, enrolando suas pernas ao redor da cintura de Percy e jogando a cabeça para trás em um grito silencioso. E sem ser tocado, expeliu, por longos momentos se sentindo esvaziar, apenas parando quando a exaustão o fez relaxar mais uma vez.
— Per. — Ele choramingou, seus nervos hiper sensíveis. A sensação vindo tão repentinamente quanto seu orgasmo.
— Está tudo bem. Estou aqui.
Um beijo foi colocado em seu pescoço, outro em seu rosto e enfim em seus lábios. E então, tudo pareceu ficar melhor. Sua respiração se acalmou e se coração desacelerava.
— Bom garoto. Tão obediente.
Se ele tivesse um rabo, Nico estaria o balançando de felicidade nesse exato momento. Pois era assim que Nico se sentia, feito um animalzinho de estimação que havia sido elogiado por um aprender um novo truque e por seu um bom garoto.
— Eu não sou um... um... — Nico não conseguiria encontrar palavras mesmo que quisesse, sua cabeça estava vazia demais para montar pensamentos complexos.
— Ah, você não é o meu bom garoto? O meu bebê? Papai vai ficar triste.
Isso era demais para seu cérebro cheio de dopamina. Nico preferiu fechar os olhos e esconder o rosto no ombro de Percy, se sentindo seguro e protegido, concordando com Percy ainda que não pudesse admitir o fato.
— Oh, meu bebê não precisa se preocupar. Tenho um presente pra você.
Nico ouviu um barulho de plástico sendo aberto e algo sendo colocado em sua mão.
— Coma.
Nico obedeceu, assim em transe. Deu uma mordida e prazer se espalhou em sua língua. Era chocolate. Bem, era um doce feito de chocolate que eles costumavam comer quando crianças. Costumava ser o seu favorito, algo que ele fazia com as próprias mãos para se lembrar de sua mãe.
— Obrigado. — Ele viu dizendo entre mordidas, contente em ficar exatamente onde estavam; na cama, sentado no colo de Percy com a cabeça apoiada em seu ombro e comendo seu doce preferido.
— Meu bebê merece o melhor.
Disso Nico não tinha muita certeza. Deixaria que Percy decidisse isso por ele, como sempre fazia.
Entãoooo.... eu decidi desenvolver melhor a relação D/s deles. Eu não ia porque mal tenho energia para colocar no papel o que já tenho planejado, então, imagina adicionar mais coisas ainda. Mas... acho que não vou ter outra oportunidade tão cedo para desenvolver esse tema especifico. Espero que vocês tenham gostado. Comentários construtivos me deixaria muito feliz.
Oii, como vai? Finalmente consegui escrever mais um capítulo. A gente tem que aproveitar quando a motivação bate à porta. Eu já tenho os próximos dois capítulos planejados, agora só falta escrever.😂😂😂
Desculpe pelos erros, acabei de terminar de escrever, e metade dele, escrevi hoje. O que quer dizer que no futuro vai ser revisado. Espero que vocês gostem.
Boa leitura!
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Percy se afastou lentamente da cama, e andou em direção ao guarda-roupa. Ainda não acreditava no que tinha feito. Nico não era como Luke, ou como um garoto qualquer, onde Percy se divertiria um pouco e depois largaria, sem se importar com as consequências. Não, com Nico era necessário um cuidado extra, ele precisava de tempo e atenção, de ser tratado da forma certa e no ritmo certo para que em sua pressa, Percy não arruinasse tudo. Era por isso que não podia se deixar levar dessa forma, se divertindo mais do que devia com a reação e o desconforto de Nico, vendo Nico ficar mais excitado a cada momento que passava sem nem saber o que fazia.
Será que Nico percebia a facilidade que tinha de entrar naquele estado de submissão? Suas pupilas se dilatavam, seu rosto corava, e até sua postura se transformava, se curvando levemente, o clima mudando drasticamente quando Nico se transformava naquele ser completamente obediente e doce, que até as outras pessoas ao redor percebiam. O pior? Percy se transformava junto, trazendo seu pior lado à tona.
Felizmente, tudo isso tinha ficado no fim de semana. Percy fez questão de guardar essas memórias dentro da caixa que Apolo tinha lhe dado, junto com a coleira e os outros objetos. Entretanto, manteve a tal caixa em cima da escrivaninha ao lado da cama, fora de vista, porém, perto o suficiente se eles decidissem dar um passo além do que ambos estavam confortáveis no momento.
— Per? — Era Nico quem o chamava, o único que usava aquele apelido ou dizia seu nome tão docemente.
Nico estava sentado na cama, dedilhando sua gargantilha com a mesma mão onde a aliança de noivado estava. Ele tinha aquele mesmo olhar perdido e rosto corado, mesmo que eles tenham apenas tomado banho e se vestido para ir o colégio. Percy decidiu ignorar a vontade de prender Nico contra a cama e dar o que ambos queriam, e apenas sorriu, contente em observar Nico.
— O que foi, bebê?
— A gente... está tudo bem?
— É claro que está.
— Então, porque você não me tocou desde... desde a coleira?
Percy parou e pensou: “Hm. Isso era verdade.” Não tinha sido algo consciente ou para punir Nico. Percy só achou que seria bom alguns momentos para eles respirarem um pouco.
— Não se preocupe, hmm? Me dá um beijo.
Percy voltou até a cama e se ajoelhou entre as pernas de Nico, ficando da altura dele, e o beijou. Algo doce e suave. Percy não pretendia transformar o beijo em algo além de uma caricia passageira. O problema era Nico e seus gemidos doces, a forma que ele abriu os lábios e arfou, que enrolou as pernas em volta de sua cintura e o puxou para cima, o convidando a se deitar em cima de Nico. Quando Percy viu, agarrava Nico pelos cabelos, roçando sua língua contra de Nico, engolindo seus gemidos.
Se afastar de Nico foi como emergir depois de longas horas nadando, ele sentia que poderia continuar por mais algum tempo, mas que não seria bom para ele se continuasse. Por isso, descolou seus lábios dos de Nico, respirou fundo e afastou sua cabeça lentamente. Apoiou um joelho na ponta da cama e inspirou, forçando seu coração a bater em um ritmo normal. Já Nico? Ele estava deitado, estatelado no meio dos lençóis, respirando tão fundo quanto ele, porém, completamente feliz e contente em continuar exatamente onde estava, piscando lentamente enquanto o via se afastar.
Parece que ele teria que ser o adulto ali.
Percy praticamente se jogou para fora da cama, para logo em seguida pegar o sapato de Nico e os calçar nos pés de Nico, amarrando os cadarços. Se levantou, foi em direção ao guarda-roupas e pegou suas jaquetas. Ajudou Nico a se sentar na cama e enfim, colocou uma delas em Nico que apenas levantou os braços, se permitindo ser vestido.
Se pudesse, ficaria hoje em casa e se certificaria que Nico continuasse em sua feliz e contente bolha de prazer. Isso é, se não fosse as provas se aproximando. Eles tinham estudado muito para deixar que tudo fosse arruinado agora.
— Você não precisava fazer isso. — Nico disse, seu rosto se esquentando, parecendo voltar a realidade.
Percy apenas olhou para ele e sorriu, pegando suas bolsas do chão, o violão de Nico, e segurou na mão de Nico que agora se arrastava de má vontade pelo carpete, o guiando para fora do quarto em direção a porta de saída.
***
Percy se sentou no banco e fechou os olhos por um momento. A preparação para as provas finais estava começando e os professores estavam decididos a fazer sua vida miserável. Sete trabalhos, testes surpresas e apresentações em grupo, tudo o que ele não precisava nesse momento. Se ele pudesse ter um momento para recuperar o folego tinha certeza que—
— ...cy? Percy!
— Hm?
— Você não escutou nada do que eu disse!
Percy tentou não revirar os olhos, mas parecia que tinha sido em vão. Luke tentava dizer algo que devia ser muito importante, Percy tinha certeza. Algo sobre o time, ou provavelmente sobre a formatura. Na verdade, em sua ausência, Luke estava se mostrando ser um ótimo líder, um bom amigo e alguém que ele podia confiar mesmo que o ciúme sempre fosse falar mais alto.
— Eu sei que você está ocupado com Nico e o futuro da sua vida perfeita. Mas será que pode prestar atenção em mim?
Percy sorriu para Luke e o abraçou pelo pescoço, o fazendo lembrar das milhares de noites onde a solidão o fez buscar refúgio naqueles mesmos braços, mas que não importava o quanto Luke tentasse, nunca seria suficiente para Percy. A realidade é que por debaixo do flerte e da diversão, Luke era mais um que buscava um lugar a qual pertencer.
— Você não precisa de mim. Nunca precisou.
— Percy! Estou falando sério.
— Eu também. — Percy disse. Ele se virou em direção a Luke e segurou no rosto dele, o admirando como Percy raramente fazia. Era uma pena que ele já amava Nico. Luke merecia alguém que o amasse o tanto quanto ele amava Nico. — Vou sair do time essa semana.
— O quê? Por que agora? Tão perto da graduação?
— É uma surpresa. Não vou fazer faculdade aqui.
— Você não pode largar tudo por causa dele!
— Recebi uma boa proposta na Itália.
— Tem certeza? Você se esforçou tanto.
— Você merece.
— Eu? O que eu tenho a ver com isso? — Luke se afastou, se inclinando para trás, e coçou a cabeça, completamente confuso.
— Você vai ser um ótimo capitão.
— Eu... — Luke gaguejou e parou de falar, e Percy pode ver pela primeira vez em muito tempo uma emoção verdadeira passar pelo rosto de Luke. — Você não precisa sair do time. Nós precisamos de você se quisermos vencer.
— Hm. Talvez. Se você insiste.
***
No fim, Percy acabou sendo vencido pelo cansaço, ele seria vice capitão enquanto Luke tomaria seu lugar. O treinador parecia orgulhosos deles por algum motivo, e nada pareceu realmente mudar, ainda que ele não fosse em todos os treinos. Sem os treinos, Percy passou a ter mais tempo para falar com a mãe e planejar os próximos passos, como a faculdade e o casamento. Uma casa. Mas sem que Nico percebesse que algo muito drástico estivesse acontecendo.
— Venha no próximo treino.
— Eu preciso mesmo? — Percy falou para Luke e então se virou para Grover que estava a seu lado, abraçado com Juniper. Grover deu de ombros e Juniper sorriu, a líder de torcida apenas abraçou Grover com mais força e encostou a cabeça no ombro dele.
— O primeiro jogo é daqui oito dias. Por favor.
— Só porque você pediu com carinho.
Percy bagunçou os cabelos de Luke, e Luke se levantou, levando sua bolsa e prancheta junto. Ele observou Luke marchar para fora do pátio e viu Nico aparecer logo em seguida com sua bolsa e violão pendurados no ombro. Uma aparição incomum. Há essa hora Nico estaria na prática de banda se preparando para a apresentação no baile de formatura e não ali, parecendo um cachorrinho abandonado na estrada. Antes que Nico pudesse sumir entre a multidão de adolescentes, Percy correu em sua direção o segurando pelo ombro, o virando em sua direção.
— O que aconteceu?
Percy percebeu imediatamente que algo estava errado. Ele tocou no rosto de Nico e virou o rosto dele em sua direção, o movendo em vários ângulos. Procurou no pescoço e desceu os dedos pelos ombros de Nico, não encontrando nada errado. Isso é, até que Nico o entreolhou pelos cílios e piscou lentamente em sua direção.
— Não aconteceu nada. A prática de hoje foi cancelada. A professora estava ausente. O pessoal ia sair para comer... eu preferi ficar aqui.
— O que aconteceu no caminho até aqui?
— Não foi nada, eu juro.
Percy pensou em continuar com suas perguntas, mas, então, lembrou a promessa de não questionar as ações de Nico. Ele iria confiar em seu bebê.
— Quer descansar um pouco ou quer ir para casa?
Ele sabia que isso não era justo, ficar testando o quanto Nico realmente era dependente dele. Imagina seu alívio ao ver Nico parar e pensar durante alguns segundos, suas sobrancelhas se fincando e biquinho de concentração aparecendo em seus lábios. Nico tirava um peso enorme das costas de Percy sem nem saber; não porque era difícil para Percy continuar decidindo tudo pelos dois e sim porque, dessa forma, Percy sabia que não estava machucando Nico de alguma forma ou aprofundando nenhum tipo de trauma.
— A gente pode descansar um pouco e depois estudar?
Percy gemeu, já se arrependendo de ter perguntado. Nico poderia negar, mas amava torturá-lo com as eternas sessões de estudo. Percy tinha certeza disso.
— Sério? É só nisso que você pensa?
Tudo o que Nico fez foi rir, todo delicado, e segurar na alça de sua mochila, se fazendo de fofo e inocente.
— O que foi? Vai ser bom pra você. Assim, a gente vai treinando para a faculdade. — Nico continuou sorrindo, usando uma voz toda meiga e baixinha, e segurou em suas mãos, o fazendo esquecer a reclamação que estava prestes a vir.
Viu? E depois as pessoas o chamavam de manipular e frio. Isso é porque elas nunca prestaram atenção no que Nico fazia. Percy sorriu de volta e pegou a mochila e o violão do ombro de Nico, andando em direção aos bancos no pátio descoberto. Ele sabia o quanto Nico gostava de deitar sob a luz do sol.
Não era uma visão comum aquela, ele sentado no banco no meio do pátio e Nico com a cabeça em seu colo. Nico tinha os olhos fechados e respirava tranquilamente, enquanto Percy massageava seus cabelos, lento e cuidadoso, tocando nas orelhas pequenas e macias, no pescoço longo, na nuca cheirosa.
— Para de olhar para mim dessa forma. — Nico diz de olhos ainda fechados, embora Percy pudesse sentir o rosto entre suas mãos esquentando lentamente.
— Como eu estou te olhando?
— Como se eu fosse fugir.
— Não é por isso que estou olhando pra você. — Percy continua tocando na pele de Nico, descendo seus dedos pelo pescoço de Nico, e para com a mão sobre a gargantilha, e enfim se inclina sobre Nico, o beijando suavemente sobre o couro. Percy sobe seus lábios e encontra aquele pedaço de pele, bem atras da orelha de Nico, que faz o garoto se arrepiar dos pés à cabeça.
É claro que esse é o momento onde Luke grita para eles encontrarem um quarto.
— De onde é que ele veio? — Nico diz, e algo na voz dele faz Percy parar e encará-lo, vendo Nico abrir os olhos suavemente. Percy poderia se forçar a acreditar que nada estava errado, mas... era tão obvio. — Eu vi você abraçando o Luke.
Então, era isso.
— Ele é só um amigo.
— Eu não gosto disso. — Nesse momento, Nico realmente o encarou e frisou cada palavra. — Como ele foi seu amigo quando eu estava na Itália, é isso?
— Nossa. — Percy estava sem palavras. Era até engraçado, mesmo que no fundo Nico estivesse certo. Qualquer amigo poderia ter se tornado mais quando Nico estava do outro lado do mundo e Percy estava ali, sozinho e solitário.
— O que foi, não isso o que você fez?
— Você está certo. — Percy disse, tentando acalmar seu bebê manhoso. — Eu não sabia que isso era um problema.
— Você não agiu diferente quando eu contei sobre meu ex-namorado.
Hm. Isso era verdade. Como sempre, Nico estava certo.
Percy pensou em se justificar e dizer que eles ficaram bravos por motivos deferentes. Ele não entedia porque Nico teve que ir procurar sexo do outro lado do mundo e Nico não gostava que Percy tinha tentado o substituir com a primeira pessoa que apareceu.
— Eu sinto muito, bebê. Juro que isso ficou no passado. Prometo que isso não vai se repetir.
— Você transar com outras pessoas ou ficar tocando seus “amigos”?
Dessa vez, Percy não aguentou. Ele jogou a cabeça para trás e gargalhou. Deuses! Ele sentiu tanto a falta de Nico, dos ciúmes sem sentido e da obsessão que ambos tinham pelo outro. Mesmo que ele entendesse ser algo erado, era como volta para casa depois de longo dia cansativo.
— Os dois. Não vou fazer nenhum dos dois sem seu consentimento.
Então, a coisa mais fofa aconteceu. Feito o bebê que Nico era, ele fez um biquinho e encheu as bochechas de ar, mostrando seu descontentamento, e logo em seguida se virou de lado, escondendo o rosto em sua barriga.
— As vezes eu te odeio. Odeio esse sentimento que me corrói por dentro. Eu quero você só pra mim. Sei que você faz essas coisas de propósito! — Nico levantou a voz e se afundou mais ainda conta seu colo, se roçando com Percy um pouco além da conta.
Agora, quem estava fazendo o que não devia de proposito?
— Bebê, eu juro. Não fiz iss—
— Percy, quando tempo.
Porra! Ela tinha que aparecer logo agora?
Por um momento as vozes ao redor do pátio pareceram se calar, e um silêncio estranho, como se as outras pessoas tivessem se petrificado no lugar para escutar melhor e ver o que aconteceria. Até Nico pareceu parar de respirar, ficando tenso em seus braços e de costas para Annabeth. E logo quando ele disse que não iria fazer aquelas coisas...
— Per-cy!
— Você não precisa gritar, todo estão te ouvindo. — Ele murmurou, tentando amenizar a situação.
— Quando você vai contra os ingressos para o baile?
— Não sei do que você está falando.
— Você não lembra? Você prometeu.
— Só nos seus sonhos.
Percy não pôde evitar, olhou para baixo e viu que Nico já o encarava, furioso, um olhar tão decidido que ele sabia que teria que fazer uma reparação de danos. Ele mal percebeu que ainda segurava nos cabelos e na gargantilha de Nico, ainda com seus dedos sobre a pele de Nico, possessivo e protetor. A maior surpresa veio em seguida, Nico segurou em suas mãos e as afastou dele, lutando para se levantar, fugindo dele mais uma vez.
Isso foi o suficiente para Percy entrar em ação. Percy luxou Nico para trás, e o virou, o fazendo se sentar em seu colo, mais uma vez de costas para Annabeth.
— Onde você pensa que vai, hm?
— Pensei que você queria conversar com seus amigos.
Ah, tanta mágoa, tanto ciúme, tão amargo. Será que ele seria uma pessoa horrível por sabia que Nico se importava tanto assim, mesmo que fosse através de emoções tão ruins?
— Bebê?
— O que foi?!
Percy levantou a cabeça de Nico, que se negava em encará-lo, e se aproximou do ouvido dele, para que somente Nico pudesse ouvir:
— Eu te amo. Só você e ninguém mais.
— Mentiroso!
— Eu nunca mimaria ninguém como eu te mimo. Nunca faria todos as suas vontades ou me permitiria ficar tão vulnerável se eu não te amasse. Sabe o que mais eu nunca faria?
— O que? — Dessa vez, a voz de Nico saiu bem mais baixa, quase em um sussurro.
— Eu nunca te foderia como eu faço com você. Nunca aceitaria a submissão de alguém que não fosse você. Porque eu escolheria outra pessoa quando a coisa mais perfeita e obediente está bem na minha frente. Hm? Me responda.
Nico se afastou apenas o suficiente para encará-lo, agora seu rosto e orelhas pegando fogo. Sua atitude completamente diferente do que há cinco minutos atras.
— Eu... me desculpa. Eu não quis dizer essas coisas. Eu só...
— Eu devia te castigar. Devia mostrar o que garotos mal comportados merecem.
O momento seria cômico se Percy não estivesse tão excitado, e aparentemente, Nico também estava; ele podia sentir o pequeno volume contra a parte baixa de sua barriga, e a forma que Nico gemeu e se segurou em seus ombros teria lhe dito o que acontecia de qualquer forma.
— Agora, como você vai se desculpar?
— Desculpar? — Nico parecia confuso, mas mesmo assim, se aproximava mais dele, colando seus corpos e o abraçando pelo pescoço.
Nico apenas precisou de um empurrãozinho e seus lábios estavam se conectando. Suas línguas logo se encontraram e gemido arfado veio em seguida. Infelizmente, Percy não podia deixar que as coisas fossem longe demais, afinal de contas eles ainda estavam em público, e seu bebê era bom demais para aqueles olhos de rapina, procurando pela próxima fofoca.
Percy segurou Nico pela parte de trás do pescoço e separou suas bocas, vendo Nico arfar como se tivessem feito muito mais do que compartilhar um beijo rápido. Talvez não fosse uma boa ideia deixar Nico muito tempo sem sexo.
— Que tal a gente ir para casa, hm? Tomar um banho relaxante? Prometo que amanhã a gente estuda o quanto você quiser.
Nico apenas acenou, piscando lentamente. Ele ajudou Nico a pegar suas bolsas e quando se levantou, Annabeth ainda estava parada no meio do caminho, mais perto do que Percy gostaria que ela estivesse deles. Bem, isso não importava. Contanto que Annabeth não se intrometesse em sua vida, ela podia fazer o que quisesse, mesmo que isso significasse o vigiar feito um gavião.
Obrigada por ler! Comentários sempre me motivam.
Oii, como vai? Eu ia passar por aqui na semana passada, mas como estava sem energia, acabei deixando para hoje. Na verdade, faz mais de duas semanas que não escrevo uma palavra, porém, percebi que tinha mais de um capítulo pronto. Então, vou postando até eles acabarem.
Boa leitura!
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— Você tem estado muito suscetível a... sugestões. Sou eu ou é algo geral?
— Só você. Acho que... eu confio em você.
— Me sinto honrado. — Percy disse sem nenhuma ironia, o tom de voz baixo e aveludado dando lugar a algo mais normal. — Eu tinha medo que isso acontecesse. Nunca vou abusar da confiança que você me dá.
— Eu sei disso. Nunca duvidei disso.
— É por isso que tenho que falar algo com você.
Essa não. Será que ele estava encrencado?
Nico observou Percy se levantar e pegar uma caixa que estava no pé da cama, um pouco maior que uma caixa de sapatos.
— O que é isso?
— É a surpresa que eu queria te mostrar.
Nico tinha até medo de olhar. O que poderia ser tão importante que Percy sentiu a necessidade de esconder do resto da família? Hesitando, Nico se manteve quieto, encostado contra a cabeceira da cama e esperou Percy se aproximar mais uma vez, se sentando a seu lado.
— Estive pensando sobre o que você me disse, que eu não levo a sério o que você diz.
— Eu sei que você--
— Eu não terminei. — Percy nem mesmo faltou mais alto, porém seu tom de voz demandava obediência. E Nico já estava cansado de lutar contra seus instintos, então, Nico apenas se calou e prestou atenção em Percy.
O problema nisso era que Percy parecia culpado por alguma coisa, seu rosto se contorcendo numa careta. Nico continuou esperando, vendo Percy quase se remexendo de ansiedade. É claro, até Percy suspirar e olhar mais uma vez para ele, parecendo tão conformado quanto Nico.
— Eu não queria falar assim com você. — Percy enfim disse, tentando soar despreocupado.
— Eu não me importo. Se você me disser para fazer, eu vou. É algo natural pra mim, sabe?
— Nico. — Percy suspirou mais uma vez, parecendo cansado.
— Você poderia... apenas... fazer o que parece natural para você também? — Quando Percy levantou as sobrancelhas, parecendo descrente, Nico completou: — É só uma sugestão.
— Vou pensar sobre isso.
— Quer dizer, você sempre teve essa aura de...
— Autoritário?
— É mais, tipo, você espera ser obedecido. E está tudo bem?
— Isso é uma pergunta ou afirmação?
— Depende de você. — Nico acabou dando de ombros, tentando fingir a calmaria que ele não sentia no momento.
— Você quer me dizer que eu posso ser autoritário o quando eu quiser que você vai me obedecer? Sem questionar?
— Hm... provavelmente? — A resposta certa era “com toda a certeza”, mas isso seria humilhação demais para uma pessoa só.
— Mesmo? Até quando você não concorda?
— Eu acho que sim. — Nico deu de ombros novamente e desviou a olhar para longe de Percy. Na maioria das vezes era o que acontecia de qualquer jeito; ele não queria e no fim, Percy estava certo. Se ele tivesse escutado Percy no passado, poderia ter evitado muitas coisas.
— Bebê. — Então, ele ouviu o tom de voz de Percy mudar, se tornando mais suave e aveludada.
Não era que ele tivesse uma vontade incontrolável de obedecer, era o conhecimento que ele seria muito bem recompensado se decidisse ser um bom garoto. E ele foi, imediatamente ao escutar aquela palavra. Percy o segurou pelo pescoço, o fazendo levantar a cabeça e o beijou, juntando suas línguas em um suspiro.
— Eu não quero que você se sinta preso ou que não tem alternativa. — Percy disse algum tempo depois, roçando os lábios junto aos seus.
— Eu não me sinto assim. Me sinto livre sabendo que você vai cuidar de mim.
— Você tem certeza?
— Eu confio em você.
— Tudo bem, então.
Percy se afastou de Nico o suficiente para olhar em seu rosto e sorriu, parecendo dessa vez estar contente, porém ainda o segurando pelo pescoço, possessivo e firme, ainda que sua voz permanecesse suave.
— É por isso que preciso te mostrar o que tem dentro dessa caixa.
Percy, o soltou e pegou a caixa mais uma vez, a colocando entre eles, no próprio colo. Percy a abriu, tirou o laço e a tampa, permitindo que Nico examinasse o conteúdo dentro dela.
— O... que é isso? — Sua voz saiu fraca e suas mãos tremeram, apoiadas no próprio colo.
Nico sabia perfeitamente o que aqueles objetos eram. Sabia exatamente o que eles significam, o problema é que seu cérebro se recusava a acreditar no que via. Por que logo agora? Depois de tanto tempo? Por isso permaneceu parado feito uma estátua, mal conseguindo respirar.
— Eu não te tratei como devia. Ignorei o que estava claro. — Percy disse, voltando a segurar em seu pescoço, o forçando a encará-lo. — Entendo por que você hesitou por tanto tempo, por que as vezes ainda hesita.
— Eu--
— Eu hesito pelo mesmo motivo. — Percy pareceu respirar fundo e tirou uma gargantilha de couro com pedras preciosas a enfeitando. — Quero que você saiba, estou comprometido e nunca mais vou fugir das minhas responsabilidades.
Nico achava que iria desmaiar. Percy estava o pedindo em casamento? Mais uma vez? Agora da forma que ele nunca esperava que fosse acontecer? Nico nem mesmo sabia o que dizer! Era obvio, não? Esperou esse por esse momento desde que colocou os olhos no garoto alto que parecia ter saído de um pornô clichê onde o cara mal iria fazer a mocinha se arrepender de andar sozinha pelas ruas desertas. Nada o preparou quando o momento enfim chegou, Percy segurou a gargantilha delicada entre os dedos, a levou a seu pescoço e a prendeu cuidadosamente, tento certeza que não estaria apertado demais.
Ele... Nico não sabia... seria impressão sua ou... ah, não, Nico não estava enganado. Assim que a gargantilha se acomodou junto a sua pele, Percy envolveu o couro, colocando a mão ao redor de seu pescoço e tocou ao redor da gargantilha, massageando sua pele e admirando a joia. Entretanto, foi o olhar no rosto de Percy que roubou seu ar; Percy o olhava como se ele fosse... como se ele fosse--
— Meu. — Percy disse. — Agora você é meu.
Por que era tão difícil respirar? Por que estava tremendo tanto?
— Eu...
— Eu sei. — Percy disse no tom mais condescendente que Nico já tinha ouvido, quase maldoso, quase zombador, mas ainda... suave, como se Percy falasse com alguém que fosse lento mentalmente. — Sem pressa. Eu mesmo nunca imaginei que iria fazer algo assim.
— Tão malvado. — Nico conseguiu balbuciar, Percy obviamente estava dando tempo para ele absorver os fatos, ainda o segurando pelo pescoço, como se Nico fosse sua possessão e não um ser humano.
— Você não viu nada. Mas acho que ainda não estamos prontos para isso.
— Hmm... — Nico gemeu apenas em imaginar no que poderia acontecer. Será que ele já podia desmaiar? Seria muita humilhação?
Ele ouviu uma risadinha zombadora e então mãos estavam ao redor dele, massageando sua coluna e cabelos do jeito que ele mais gostava. No fim, Percy estava certo mais uma vez. Ele não estava pronto para nada disso. Se só uma coleira ao redor de seu pescoço o fez reagir assim, o que aconteceria quando... quando as coisas realmente acontecessem?
***
— Shhh... tudo bem. Eu não vou ser mal com você, hm?
— Mentiroso. — Sua voz falhou e Percy riu novamente, bem no pé de seu ouvido.
— Talvez um pouquinho. Eu sei que você gosta.
— Para com isso!
Percy estava certo, como sempre. Por algum motivo, Nico se viu rindo, batendo no braço de Percy que apenas riu mais, se divertindo com sua dor.
— Tá bom. Parei. Agora, vamos ao que é importante.
— Como o quê?
— Tem alguma coisa que eu devo saber? Limites fortes ou fracos? Algo que você não gosta de jeito nenhum?
— Oh. — Era uma boa pergunta.
Nico não tinha feito tantas coisas assim. Deixou alguns caras baterem em suas nádegas e algum bondage, mas tirando isso? Nada que fosse interessante. Quer dizer, teve aquela vez em que ele deixou que dois garotos usassem sua boca...
— Nico?
— Eu não sei. Nunca fiz nada muito diferente.
— Que seria?
Agora Percy olhava pare ele parecendo que iria arrancar a verdade de Nico, ele querendo ou não.
— Hm... você sabe...
— Não. Eu não sei.
— Teve uma vez que uns garotos... que eu chupei uns garotos e... um cara usou o cinto em mim...
— E?
— Fui amarado também.
— Isso é tudo?
— Eu prometo.
Na época tinha sido bem aventuresco, entretanto, se ele analisasse a noite passada, ninguém o tinha feito gozar daquela forma e o fazer flutuar por tanto tempo. Talvez fosse algo mais psicológico do que físico.
— Bebê. — E de novo, aquele tom de voz condescendente que o deixava puto da vida e fazia seu estomago se encher de borboletas voltava. — O que aqueles garotos no banheiro iam fazer com você é muito mais interessante do que isso. Tem certeza?
— Quem você pensa que eu sou? Uma puta para deixar qualquer um me usar?
Não! O que ele tinha acabado de falar? Nico até tinha medo de encarar Percy, mas ele fez mesmo assim. Devagar, virou a cabeça em direção a Percy e viu um brilho estranho em seus olhos, um sorriso de canto um tanto cruel.
— Esse é o jeito de falar com seu dono?
Nico não entendeu o que acontecia até escutar o som estalado e agudo, então, veio a ardência que o fez gemer, um lado de sua bunda queimando com o impacto.
— Me-- me desculpa. — Nico murmurou, baixinho, parecendo perder as forças, ainda sentado no colo de Percy.
— Eu entendo. Mas um bom garoto não fala assim com as pessoas, hm?
Nico acenou e Percy beijou seu rosto, massageando a pele levemente avermelhada.
— Agora, sobre o que estávamos falando?
— Limites?
— Sim. Tem algum que eu deva saber?
— Nada nojento? Ou... líquido.
— Eu nunca faria isso. Você é o meu bebê e eu só quero o que for o melhor.
— E você?
— Hm. Acho que bondage, nada que impeça eu de me mover. E garotos desobedientes e malcriados.
— E sobre... garotos arteiros? — Nico tinha que ter certeza.
— Com tanto que você saiba das consequências.
— Oh.
Será que ele iria querer desapontar Percy a esse ponto? E que tal só um pouquinho?
— Eu sei o que você está pensando. Pode parar agora. Você só tem que pedir, não importa o que seja.
— Eu sei. É mais divertido assim.
— É melhor você não me testar, sim?
— Tão malvado. — Nico sabia que ele tão pouco era alguém fácil de se lidar. Ele podia ser mimado e distante, perdido no próprio mundo, e também podia ser imprevisível, fugindo de qualquer coisa que ele não gostasse sem deixar qualquer rastro. — Eu vou me comportar.
— Bom garoto.
— E as outras coisas dentro da caixa?
— É um assunto para outra hora. Agora, nós vamos deitar e ter uma longa soneca. As provas estão chegando e precisamos estar descansados, hm?
Percy beijou seu rosto e o colocou contra os travesseiros, se deitando a seu lado em seguida. Percy estava certo, com tudo o que aconteceu Nico não tinha estudado tudo o que precisava, então, infelizmente algumas horas seriam gastas em frente a uma pilha de livros.
***
“Pense por mim. Me impeça de me preocupar com qualquer coisa que não seja ser seu. Escolha minhas roupas, cuide de mim o dia inteiro. Me faça sorrir por pertencer a você. Me faça gemer quando você me beijar e me lembrar que sou sua apenas seu. Me faça arfar quando você me agarrar e decidir me usar como você bem entender. Me faça tremer sempre que você quiser me mostrar o que realmente significa ser amado por você.”
Nico bocejou e se encostou contra as almofadas, fechando seu diário, enquanto sentia o sol de fim de tarde atingir seu rosto. Assim, disfarçando sem dificuldade os pensamentos que havia acabado de colocar no papel. Quando Nico menos, percebeu faltava uma semana para o início das provas do meio do ano. Agora, eles estavam no jardim perto da piscina, mesas e almofadas para todos os lados, embora Percy e os amigos não estivessem tão interessado no cronograma de estudos que ele tinha criado. Percy, Tyson, Luke e Grover estavam na piscina enquanto ele, Silena e Clarisse, ocupavam uma mesa, com Chris plantado ao lado de Clarisse feito um bobo apaixonado mesmo depois de tantos anos.
Se ele pudesse também estaria se divertindo, Nico podia pensar em várias coisas que gostaria de estar fazendo. Um exemplo disso, era a surpresa que ele tinha aguardado para Percy que ainda não tinha tido a oportunidade certa para fazer. Não que ele ainda precisasse surpreender Percy, porém, não seria legal se ele se esforçasse o tanto que Percy se esforçava?
Nico tinha que ser sincero. Não esperava que Percy fosse levar a sério essa coisa de dominador e submisso. A prova disso era a gargantilha em volta de seu pescoço e, claro, o anel em seu dedo. Ele não podia deixar de tocar no pedaço de couro em sua pele, feito uma coleira, não o deixando esquecer dos últimos dias. Nada tinha realmente mudado, embora ele se sentisse diferente. Mais tranquilo de algum jeito. Seguro. Quer dizer, Percy agora não hesitava quando queria algo dele, o que era um ótimo desenvolvimento. A questão é que... as coisas eram quase como elas costumavam ser no passado, quando eles eram crianças e as coisas eram mais simples. Se ele ignorasse a ansiedade que costumava sentir e a falta de sexo, era como se tivessem evoluído o que eles já tinham. Nico gostava muito disso, lhe dava um conforto que gesto ou palavra alguma conseguiria.
— Nico, você está me ouvindo?
— Hm?
Era Clarisse, irritada com ele. Ela tinha os braços cruzados e revirava os olhos, impaciente.
— Se você vai fazer isso, é melhor você ir lá. Qual foi a última palavra que você leu?
Era uma boa pergunta.
— Desde quando você se tornou tão dependente dele? — Clarisse, insistiu, se levantando.
— Eu não sou dependente de ninguém. De onde você tirou isso?
— Você acha que engana alguém? Ele até te colocou numa coleira!
— Não sei do que você está falando. — Nico nem mesmo levantou a voz, e mesmo que fosse verdade, ele estava feliz de finalmente ser encoleirado.
— Nico! Para de brincar com essa gargantilha e presta atenção!
Clarisse antou até ele, segurou em sua mão e o fez levantar junto com ela. E então, o empurrou em direção a piscina.
— Vai lá. Não volte aqui até que você consiga se concentrar.
— Eu não s--
— O que está acontecendo aqui?
Bem que Nico tinha percebido o sol sumir. Era apenas Percy parado atras dele, fazendo sombra.
— Nico sente sua falta. Cuide disso.
Com isso, Clarisse se sentou nas almofadas mais uma vez e se encostou contra o peito de Cris que sorriu satisfeito, ambos voltando a seus livros.
Isso não era justo! Ele não tinha um peito firme para se encostar enquanto estudava.
Nico se virou em direção a Percy, prestar a dizer exatamente isso a ele, parando antes que pudesse continuar. Nico se lembrava do que aconteceu nas outras vezes que tinha levantado a voz para Percy, e se ele fizesse isso agora Percy também não se reprimiria.
Nico sorriu, engolindo a indignação e olhou para Percy, esquecendo por um momento a raiva. Percy ainda pingava da água da piscina, tinha os cabelos jogados para trás e vestia uma sunga tão justa que não escondia nada. Não que Percy estivesse tentando.
Ele abriu a boca, pensou melhor e disse:
— Você precisa usar algo tão pequeno?
Percy já estava sorrindo, vindo o resto do caminho em sua direção. Percy abriu os braços e imediatamente Nico foi envolvido por ele, sendo puxado contra o peito de Percy e se molhando no processo. Isso também era injusto, nenhum garoto de dezessete anos deveria ser tão alto ou ter aqueles músculos.
— O que foi? Cansou de estudar? — Percy o levantou do chão, o fazendo enrolar as pernas em volta dele. E tudo o que Nico escutou foi “está na hora de ir para o quarto?”
— Percy! Você devia estar estudando comigo!
Oh, não! Nico pensou, mal tendo tempo de segurar nos ombros de Percy, sentindo o impacto que mesmo sobre o tecido dos shorts, o fez gemer.
— Eu sei, bebê. — Então, Percy o segurou pelo queixo e o fez encará-lo, o beijando suavemente, o fazendo esquecer que eles tinham uma plateia. — Nós estudamos bastante essa semana. Nunca estive mais preparado, hm? Que tal a gente descansar um pouco? Só nós dois?
Parecia uma pergunta, mas não era uma. No meio de assobios e gritos, Percy o levou para dentro da casa, subindo as escadas como se Nico não pesasse nada, o encarando bem de perto enquanto ia.
— Qual o problema?
Essa era a questão. Pela primeira vez em muito tempo Nico não tinha nenhuma preocupação que não fosse passar em suas provas. Então, ele não podia dizer que era um problema. Era a solução, de fato. Nico estava estranhando a facilidade que ele tinha em deixar tudo nas mãos de Percy e se manter em seu pequeno e perfeito mundo onde nada parecia ser capaz de afetá-lo se Percy quisesse assim.
— Não é nada. — Ele enfim disse quando chegaram no quarto e Percy o colocou sentado na ponta da cama, se ajoelhando no chão entre suas pernas. — Está tudo bem?
— É claro, bebê. Nunca estive melhor.
Isso era verdade. A cada dia que passava Percy tinha mais energia e vigor, e devagar, tomava conta de todas as decisões que se referia a ambos. Eles fariam uma viagem? Percy decidia para onde. O que eles comeriam de manhã? Geralmente seu prato estaria pronto antes dele ter que pedir. Quer dizer, era sempre o que Nico gostava e do jeito que ele mais gostava, cada decisão parecendo ser algo que Nico escolheria por si mesmo se tivesse a chance. Às vezes, era até melhor. Sinceramente? Era um fardo que ele com muita alegria estava feliz de se livrar. Entretanto, Nico não queria que isso se tornasse um peso para Percy, algo que ele fazia por obrigação.
— Está tudo bem mesmo? Suas notas melhoraram?
Isso pareceu fazer Percy parar por um momento, o observando mais de perto. Percy não tentou sorrir, ele o segurou pela nuca e o abraçou apertado, fazendo algo em seu peito se aquietar.
— É sobre a nossa relação? Está sendo muito?
— Não, eu gosto. — Nico negou, o abraçando de volta tão forte quanto Percy havia o abraçado. — Eu me preocupo com você.
— Bem, não esquente essa sua cabecinha, mm? Está tudo sob controle.
— Tem certeza?
Percy beijou seu pescoço e disse:
— Contanto que você permita, vou cuidar de tudo.
— Você me trata tão bem. Ninguém fez tanto por mim quanto você faz.
— Acho bom. Espero que ninguém faça ou teremos um problema.
Nico queria rir. Ele também esperava que ninguém fizesse, porque se esse fosse o caso, significaria que eles não estariam mais juntos. Ao invés de responder, Nico preferiu deixar que Percy decidisse os próximos passos; se seria sexo, um longo banho ou uma soneca no meio do dia, não importava para Nico. Se eles estivessem juntos, era o suficiente para ele.
***
No fim, eles tinham decidido por um banho na jacuzzi, um longo e relaxante banho onde Percy tinha massageado suas costas e feito a tensão que ele nem sabia que tinha, desaparecer como num passo de mágica. Percy estava sendo tão bom para ele que Nico finalmente havia achado a oportunidade perfeita para colocar seu plano em ação.
Ele deixou que Percy o secasse dos pés à cabeça, como em qualquer dia, o carregasse até a cama e o beijasse antes de Percy se levantar e ir colocar as toalhas no cesto de roupas sujas. Nico aproveitou esse momento para pegar o pacote dentro do fundo de uma gaveta e entrou no closet, uma porta que ficava perto do guarda-roupa e que eles raramente usavam. Felizmente, ele finalmente teria um uso.
Rasgando a embalagem, Nico tirou as duas peças e as segurou entre os dedos, percebendo que talvez tenha comprado em um tamanho menor do que tinha planejado. O tecido era de uma seda deliciada e de cor rosa clarinha, parecendo ser tirada de um tule, porém, bonita e feminina. Ele achava que Percy iria gostar, seria um contraste interessante contra sua pele. Bem, Nico não saberia até experimentar.
Então, pegando a tanga, colocou os pés nos espaços certos, e vestiu a parte de cima, sentindo a seda deslizar por sua pele.
Agora Nico sabia por que as mulheres gostam tanto desse tipo de lingerie, o tecido era tão macio e fino... era como se ele nem estivesse usando nada, mas, mesmo assim, estivesse sendo acariciado.
— Nico? Onde você está? — Ele escutou Percy o chamando.
Era agora ou nunca, certo?
Nico nem mesmo pegou um roupão antes de abrir a porta do closet. Ele apenas arrumou a tanga e caminhou para dentro do quarto, parando perto do batente da porta. Ele se sentiu um pouco ridículo com aquela roupa cheia de fru-fru? Sim. Porém, tudo valeu a pena no exato momento em que encontrou Percy no meio do cômodo, vendo a expressão no rosto de Percy ir de confuso para chocado e então, o puro prazer.
Ele andou o resto do caminho e parou em frente a Percy, decidido a ser o melhor dos submissos. Ele abaixou levemente a cabeça, mostrando respeito e colocou as mãos trás das costas, permitindo que Percy visse sua frente.
— Tão bonito. Tudo isso é pra mim? — Percy disse mais sério do que Nico esperava. Sua voz soando mais firme e grave, ainda sem tocar nele.
— Eu queria fazer uma surpresa. Você gostou?
Nico esperou pacientemente, segurando o folego. Isso era porque Percy não gostava de ser surpreendido. Eles nunca tinham conversado sobre essas coisas, mas no fundo Nico sabia que isso era verdade. Se Percy fosse surpreendido, quer dizer que ele não tinha o controle do que acontecia. Mas ainda assim, Nico queria ver a reação de Percy, talvez assim Percy não fosse tão cuidadoso com ele.
Não o entendam mal, ele amava cada dia que passava ao lado de Percy, mas a... excitação da novidade não acontecia com tanta frequência como ele gostaria. Talvez isso fosse o que eles precisavam.
— Meu bebê está tentando me provocar, é isso?
— Está dando certo?
Nico espiou entre os cílios e viu um brilho estranhos nos olhos de Percy.
Nesses momentos as feições de Percy se transformavam completamente. De calmo ele se tornava sério e... e algo a mais que era difícil definir. Às vezes, era brincalhão, e outras, maldoso, como se Percy se divertisse com sua angústia. Percy nunca perdia a calma, entretanto, era como se algo além disso viesse a superfície, algo que Percy escondia e que apenas se manifestava se provocado.
— Você quer descobrir?
Bem, Nico teria respondido se pudesse, se tivesse sido uma pergunta. Era mais um aviso, um comunicado do que estava prestes a acontecer.
Ainda segurando o folego, Nico continuou a observar Percy, como ele parecia estar se preparando para fazer algo... tinha sido um erro? Será que ele devia ter avisado e-- Percy então se moveu. Apenas um passo para a frente e suas mãos quentes estavam sobre Nico, no pescoço, puxando sua cabeça para trás e em sua cintura, o mantendo no lugar. O que tinha sido uma boa ideia. Sem nenhuma roupa para cobri-lo, as sensações pareciam mais intensas, o fazendo estremecer dos pés à cabeça.
— Nós não conversamos sobre isso. Você sabe o que uma palavra de segurança é?
— Oh. — Ele sabia! Finalmente!
Nico sabia e tinha esperado por esse momento. O problema era que ele se encontrava com dificuldade para falar. Então, acenou, se sentindo preso pelos olhos de Percy que o fitavam, intensos.
— Use suas palavras, bebê. — Nico sabia que o apelido devia suavizar o momento, mas ele só se sentia mais tenso, se preparando para o que estava prestes a acontecer.
— Eu-- eu tenho. Torta?
— Você tem certeza? — E agora tinha um certo tom de humor na voz de Percy, suas covinhas aparecendo.
— Na verdade, não. Sei como funciona, mas nunca usei uma antes.
— Nunca? — Percy franziu a testa, parecendo nada contente. — Isso é muito irresponsável.
— Eu sei, mas…
— Me diga.
— Eu não consigo falar muito, sabe? Durante.
Isso pareceu acender uma luz no rosto de Percy.
— Vamos manter isso em mente. Agora, deixa eu ver... quem comprou isso pra você? — Mas Percy estava sorrindo, deslizando as mãos por seu corpo. Ombros, costas, cintura, andando em volta dele e tocando em todos os lugares até chegar em sua bunda, acariciando suas nádegas e escorregando um dos dedos pelo fio da tanga em direção a sua entrada.
— Ah!
— Não era isso o que você queria? Eu devia usar o meu presente? Hmm?
E de novo, parecia uma pergunta, mas não era uma. Nico permaneceu como estava, com as mãos atrás das costas, e apenas se moveu quando Percy o segurou pelo braço, o guiando para a cama.
— Onde foi que você aprendeu essa posição, bebê? — Percy disse enquanto eles iam em direção a cama.
— Eu vi em um vídeo…
— Você sabe o que isso significa?
Nico acenou, envergonhado demais para dizer.
— Eu quero ouvir.
— Servidão e obediência.
— É isso mesmo. — Percy disse, satisfeito. — Não precisa se apressar, tudo vai acontecer na hora certa. Quero que você relaxe, tudo bem?
Foi o que Nico fez. Deixou que Percy o colocasse sentado na ponta da cama e quando enfim Percy se aproximou, ele fechou os olhos e gemeu, sentindo seu corpo reagir livremente.
O que vocês acharam? Satisfatório? Eu não sei. Eu gostava tanto desse tipo de cena, sabe? +18. Mas agora... não sei. Nos proximos capítulos vou tentar trazer mais plot do que porn.
Até logo.
Oii, como vai? Um capítulo novo como prometido.
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII / CAPÍTULO XIII / CAPÍTULO XIV / CAPÍTULO XV / CAPÍTULO XVI / CAPÍTULO XVII / CAPÍTULO XVIII / CAPÍTULO XIX / CAPÍTULO XX / CAPÍTULO XXI / CAPÍTULO XXII / CAPÍTULO XXIII
Percy se sentia como se fosse um criminoso. Tinha plena consciência que não devia ter ido ver Apolo e Vanessa sem a permissão de seus pais, afinal, tecnicamente, ele ainda tinha 17 anos e só seria considerado maior de idade dali há dois meses. Sua única opção foi se esgueirar pela casa. Ele se escondeu na entrada de empregados e só se moveu quando não viu ninguém por perto; passou pela cozinha e então correu escadas acima, ouvindo a voz de sua mãe e a de Nico na sala de estar. Era uma pena. Se Nico ainda estivesse dormindo, ele poderia enfim fazer o que tinha que fazer antes que sua mãe o convencesse do contrário.
Sinceramente? Sally estava certa. Eles não deviam mexer com certas coisas, principalmente porque eram jovens demais e porque, de acordo com a lei, eles não seriam responsáveis no caso de algo dar errado. Mas... se Nico já praticou esse tipo de dinâmica com outras pessoas e ele também já estava mergulhado até o pescoço nesse meio, qual era o problema de apressar as coisas? Só um pouquinho? Seria apenas o suficiente para tranquilizar Nico que estava determinado a deixá-lo louco.
De verdade, Percy não tinha escolha. Era o pior tipo de sentimento ver Nico implorando por atenção como se Percy o estivesse ignorando de proposito; e se era o que Nico queria, pelo menos Percy faria da forma certa. Quer dizer, ele já tinha dado um diário para Nico e eles também tinham as palavras de segurança, mesmo que Nico não tivesse notado o que elas realmente eram. Então, talvez, fosse a melhor alternativa. Assim, eles poderiam enfim esclarecer as coisas de uma vez por todas.
Se dando por vencido, Percy andou até seu quarto, colocou a caixa em cima da cama e saiu do quarto rapidamente. Percy não queria que Nico pensasse que ele tinha o abandonado bem no momento que eles tinham se reconciliado. Por sua própria causa, é claro. Como Percy poderia dar o que Nico queria quando Percy sabia da responsabilidade de dominar alguém? Na maioria das vezes não seria apenas obediência e diversão. Era a expectativa por trás da palavra, do que realmente significa dominar a vida de alguém. O cuidado, a preocupação, se certificar que Nico estaria seguro e contente mesmo no meio da dor e da frustração. Era a real responsabilidade de ter a completa entrega e confiança de alguém a ponto de Nico levar cada palavra ou ordem sua ao pé da letra. E pelo o que Percy tinha visto, alguns submissos esperavam que o dominador tomasse todas as decisões por eles, e nisso, Percy não sabia se seria capaz de consentir. Esse era o real motivo dele hesitar tanto, quem dera fosse somente as fantasias de Nico, a expectativa sempre seria mais pesada do que qualquer coisa que eles pudessem praticar.
— Percy? Pensei ter te visto entrar. Acho que precisamos ter uma conversa.
O pior que ele temia aconteceu, alguém realmente tinha o pegado desprevenido. Era sua mãe, furiosa e com os braços cruzados. Percy nem teve tempo de descer as escadas, pelo menos tinha fechado a porta do quarto, a impedindo de ver o logo na embalagem da caixa.
— Olha, não é o que você pensa.
— Eu sei de tudo. Nico me contou.
— Tudo? O que seria esse tudo?
— Não tente me enganar.
Percy parou por um momento, se dando conta que a mãe estava blefando. Se ela soubesse de alguma coisa, Sally já estaria esbravejando de uma forma bem mais especifica. No máximo, ela devia ter visto algo nos ombros ou no pescoço de Nico. Mas... será que ele devia esconder essas coisas de sua mãe? Sempre era melhor ter um plano reserva caso ele fizesse besteira.
— Tudo bem. A gente fez sexo, satisfeita? — Percy levantou a mão antes que Sally pudesse continuar, vendo o rosto dela se aprofundar na fúria, feito uma mãe leoa defendendo seu filhote. — Sei que prometi, eu tentei fazer do seu jeito e olha o que aconteceu! Nico pensou que eu não queria ficar com ele. Descobri que ele...
— Ele o quê?
— Você sabe...
— Não, eu não sei.
— Nico acha que estou rejeitando ele se eu não... tocar nele.
— Oh. — Sally suspirou e se escorou na parede, parecendo derrotada.
— Vou fazer as coisas do jeito certo dessa vez.
— Percy, o que você está dizendo? O Nico não é assim. Ele é bondoso e calmo e...
— Super obediente? Gosta de agradar a todo mundo ao redor dele?
— Percy, eu te proíbo de--
— Ele é um submisso, mãe. O que você quer que eu faça? Por que você acha que eu me afastei de dele? É isso o que você quer?
— Eu decido o que acontece nessa casa e isso não vai acontecer.
— Já é tarde demais, você não vê? Não fui eu quem começou com isso.
— O quê?
— É isso mesmo. Nico andou se divertindo sem mim na Itália. E se eu encontrei um lugar e fui acolhido, tenho certeza que ele também vai encontrar.
Isso enfim pois um fim na discussão. Sally parecia arrasada a um ponto que Percy não tinha visto antes, nem mesmo quando ela descobriu que Percy tinha tendencias suicidas.
— O que pode ter acontecido para Nico querer essas coisas? Ele deve ter aprendido com alguém.
Era uma boa pergunta. Para um garotinho que evitava sequer a menção de sexo para se tonar um submisso era um grande passo.
— Talvez o que ele contou sobre Hades seja pior do que a gente pensou?
— Percy! Eu não quero pensar nessa possibilidade. — Sally levou a mão ao rosto, se negando a acreditar que Hades seria capaz de abusar sexualmente de um garotinho tão indefeso. Quando ela voltou a encarar Percy, Sally tinha um brilho estranho no olhar. — Parece que a gente tem mais trabalho pela frente.
— Mãe, não! Nico não falou nada sobre isso. Não quero que ele se sinta pressionado.
— Querido, é claro que ele não falou sobre isso. Você falaria? É o que abusadores fazem. Eles manipulam pessoas mais frágeis do que eles e as fazem crer que ninguém vai acreditar nelas. Nico precisa de um empurrãozinho na direção certa.
— Eu não sei. Vamos falar com ele, se for o caso--
— Deixa comigo. Hades Di Ângelo não sabe com quem se meteu!
***
A vida de Percy era uma grande bola de cansaço, pois era assim que ele se sentia. Uma coisa pequena que parecia ser sem importância, de uma hora para a outra, crescia e crescia, e quando ele menos percebeu, os pequenos sinais de perigo se tornaram um vendaval de problemas. Ele não estava reclamando, era melhor saber o que acontecia do que ser pego de surpresa mais tarde. O primeiro deles era sua mãe sempre se metendo no que ela não devia. Eles desceram as escadas e imediatamente ele soube; assim que chegaram no andar de baixo, viu Sally endireitar a coluna, como se ela estivesse se preparando para ir a guerra.
Por sorte, as três pessoas presentes não haviam reparado na presença deles. Nico estava sentado em frente a mesa de refeições, parecendo irritado com algo que Tyson falava para ele, enquanto Grover apenas ria estirado na cadeira onde se sentava. Então, antes que algo pudesse acontecer, Percy segurou no ombro dela, sorriu e se abaixou na direção da mãe, sussurrando:
— Mãe, a gente conversou sobre isso.
— Eu preciso--
— Não, eu vou falar com ele quando for a hora certa.
— Per--
— Me prometa. Estou falando sério.
— Perseu Jackson!
Isso enfim chamou a atenção de Nico. Percy ignorou o olhar fulminante da mãe sobre ele e seguiu em direção a Nico. Sally podia ficar irritada o quanto quisesse, hoje não era o dia certo de discutir essas coisas; hoje, ele iria colocar Nico numa coleira bonita e fazer as coisas da forma certa.
Isso é, Percy faria isso se Nico permitisse. Porque esse era seu segundo problema do dia. Era até engraçado se Percy fosse sincero consigo mesmo. Nico olhou em sua direção por um breve momento e, simples assim, o ignorou. Nico voltou a olhar para o prato em frente a ele, movendo a comida com o garfo de um lado para o outro, não parecendo interessado em comer.
— Parece que alguém não teve uma noite muito boa. — Tyson continuou, mastigando enquanto falava. Era um tanto nojento. O que Percy podia fazer? Quando o irmão estava com esse tipo de humor nada podia impedi-lo. A não ser quando Nico estava com um humor ainda pior.
Em câmera lenta, Percy viu Nico pegar um pãozinho ainda quente, o olhar por um momento e, então, Nico jogou o pão na cara de Tyson, acabando com o riso do irmão, porém, arrancando gargalhas de Grover que quase caiu para trás de tanto que ria.
— Agora, quem é que não está tendo um dia bom? Hm? — Um sorrisinho vitorioso apareceu no rosto de Nico e na maior demonstração de infantilidade, Tyson mostrou a língua para Nico, pegando o pãozinho que havia caído em seu prato e dando uma grande mordida nele.
— Comida arremessada é ainda mais gostosa. Vamos ver quem ganha?
Era claro que a imaturidade tinha ganhado essa rodada. Percy não viu outra alternativa a não ser bancar o adulto. Bem na hora que Nico se preparava para lançar outro pedaço de pão, Percy parou ao lado de Nico e tocou em sua nuca. Ele sequer o segurou, apenas colocou a mão sobre o pescoço de Nico. O efeito foi imediato. Nico parou com a mão levantada e olhou para cima, em seu rosto uma expressão de garoto arteiro.
— Se comporte.
Essas palavras pareceram ter um efeito ainda mais potente. Devagar, Nico abaixou o braço, colocou o pão no próprio prato e olhou para baixo, todo encabulado. Percy nem havia o repreendido ou dito para ele parar, mas foi como se ele tivesse feito. Era... intoxicante. Se Percy desse qualquer ordem a Nico, ele acataria?
— Coma. — Percy disse e esperou para ver o que aconteceria.
Por um momento, ninguém se moveu. Nico continuou todo encolhido contra o assento da cadeira, se remexendo inconfortável. Nem mesmo o barulho dos saltos de sua mãe se aproximando pareceu despertar Nico de sua bolha de vergonha. Nico permaneceu assim por mais uns momentos e enfim voltou a segurar no garfo, dessa vez cortando um pedaço da panqueca e a levando aos lábios, parecendo que iria cair no choro a qualquer momento.
— Bom garoto. — Percy disse mais uma vez, testando para ver o que Nico faria.
Ele acariciou os cabelos ali e sentiu Nico imediatamente relaxar, mastigando devagar sobre seu olhar atento e corar discretamente. A real pergunta era se as coisas sempre tinham sido assim ou era algo novo.
Percy olhou para sua família que agora parecia tão comportada quanto Nico, ainda que ele visse como Tyson e Grover olhavam para ele com um sorrisinho estranho no rosto ou como sua mãe o reprovava, ainda com os braços cruzados, agora sentada em sua cadeira. O importante ali era que ninguém tinha estranhado a cena. Era verdade que ele por vezes tinha que apartar discussões assim, sem importância. A pergunta ali era, Nico sempre reagiu a ele dessa forma? Percy odiava o que seu cérebro fazia com ele, apagando esses tipos de informação e depois o fazendo questionar se era real ou se era apenas sua imaginação fértil inventando cenários fantasiosos.
— Onde você... — Nico começou a dizer, ainda olhando para o próprio prato. — Você não estava na cama quando eu acordei... alguma coisa aconteceu?
— Eu tive que sair bem rápido. É uma surpresa.
— Surpresa? Eu vou gostar disso? — O que Percy escutou foi um “vai ser divertido?”
— Eu garanto que sim.
— Eu só... não gosto de acordar sozinho.
Hm. Percy entendia, realmente entendia. Mas já que Nico queria ir nesse caminho, Percy tinha a obrigação de ser responsável.
— Isso não vai se repetir. Tive um bom motivo.
— Que seria...?
— Você vai descobrir. Logo.
Percy tinha falado com um tom de finalidade que geralmente não gostava de usar. Quer dizer, ele era o dominante ali, não? Então, ele iria agir como um. E Nico parecia ter noção disso, mesmo que eles não tivessem tido uma conversa séria e definitiva. Percy sabia disso porque Nico desviou a atenção do próprio prato e olhou para ele com curiosidade, e ao invés de discutir, Nico fez um biquinho manhoso, voltando a comer, dando uma garfada nos ovos mexidos.
— Você quer? — Nico deu mais uma garfada e ofereceu a Percy, que aceitou apenas para ver um sorriso aparecer no rosto de Nico.
Bem, o que ele poderia fazer? Percy puxou uma cadeira para perto e deixou Nico o alimentar em intervalos, onde as coisas voltaram ao normal; sua família voltou a conversar e Nico se manteve quieto aceitando tudo o que Percy colocasse em seu prato.
***
Nico pegou sua bolsa do chão e aceitou quando Percy ofereceu a mão para ele, ouvindo o sinal tocar. Era sexta-feira e geralmente esse era o dia que Nico mais gostava, um dia que tinha poucas aulas e o fim de semana inteiro para descansar. Ou era o que costumava acontecer. Desde que ele tinha voltado todos os dias eram cheios de altos e baixos, pequenos momentos em que Nico guardava com carinho esperando que eles durassem pelo resto de sua vida. Ele só... só não esperava que depois de tantos desentendimentos as coisas se tornariam tão fáceis. Imprevisíveis? Sim. Mas nunca forçadas, mesmo quando acontecia algo que fazia sua cabeça girar.
Felizmente, esse era um dos momentos bons. Desde que tinha acordado naquela manhã sua cabeça estava... vazia. Nico não conseguia se preocupar com seus problemas, como as provas que se aproximavam ou com Annabeth que continuava os rondando. Nem mesmo quando Percy o repreendeu no café da manhã, tomando as rédeas da situação, como há muito tempo ele não via ninguém fazer, não quando o assunto se tratava sobre ele, o “inocente e delicado Nico”. As coisas apenas pareciam estar no lugar certo novamente, como se ele nunca tivesse ido embora, entretanto, elas pareciam estar melhores ainda, sentindo que eles tinham dado um passo importante em direção ao futuro que ele sempre sonhou.
— Bebê? Tudo bem?
— Hm. Só estou cansado.
— A gente tá quase chegando.
— Ta bom.
Eles estavam mesmo. Nico mal tinha percebido o momento em que haviam entrado no carro de Percy, não se lembrava de ter colocado o cinto de segurança ou quando eles tinham chegado no bairro onde eles moravam. Nico olhava para fora da janela, sem registrar nada, deixando que sua mente viajasse, vazia, Nico se sentindo tão calmo e em paz como nunca tinha se sentido antes. Tinha sido o sexo da noite passada? Ou era apenas a presença de Percy? E de onde vinha essa paz de espírito toda?
Isso não importava, ele saiu do carro quando Percy abriu a porta para ele, aceitou a mão que Percy mais uma vez o oferecia e subiu as escadas enquanto Percy o guiava. Hm... talvez fosse isso. As coisas para ele sempre tinham sido isso, não? A ausência de deveres e obrigações? Nem sempre e nem de tudo, só um pouquinho. Estava tudo bem se Nico se permitisse não tomar nenhuma decisão por algumas horas, certo?
— Lindo. Levanta a perna.
— Oh.
Ele fez, levantou uma perna e depois a outra, permitindo que Percy tirasse seus tênis, meias e calça.
Quando é que ele tinham entrado na casa e ido até o quarto de Percy?
— Os braços.
Nico os levantou também, Percy trocando sua camisa por uma camiseta confortável.
— Melhor? Um pouco de água?
Nico não hesitou, pegou o copo de água da mão de Percy e a tomou em um folego só, se sentindo bem imediatamente.
Será que tinha acontecido algo durante o dia para ele estar se sentindo assim?
— Bom garoto. — Percy disse e beijou seu rosto, o segurando pela nuca, praticamente o embalando em seu colo.
Algo acendeu em seu cérebro, prazer irradiando por seu corpo sem motivo nenhum.
Oh, então era isso? Devia ser esse o motivo dele estar se sentindo tão leve e contente. Não devia ser algo normal se sentir assim durante tanto tempo, certo? Quer dizer, ele tinha acordado de mal humor, mas logo aquele sentimento de estar fazendo a coisa certa e estar no lugar certo o preencheu, o fazendo esquecer que devia estar bravo com Percy.
— Eu... não fala assim comigo.
— Assim como?
— Assim... com essa voz... me tocando dessa forma...
— Eu sempre fiz isso. O que mudou agora?
— Eu... — Nico já começava a não se importar se Percy fazia isso de proposito. Era normal ouvir a voz de alguém e imediatamente sentir todas essas coisas?
Nico ouviu Percy rir e um arrepio percorreu sua coluna. Era um som baixo e grave ao pé do seu ouvido, o fazendo perceber que Percy, de fato, estava fazendo isso de proposito. Talvez ele tivesse gemido e se agarrado ao pescoço de Percy, Percy mordiscando seu ombro, subindo até encontrar mais uma vez o lóbulo de seu ouvido.
— Tudo bem, eu admito. — Percy murmurou. — Você tem estado muito suscetível a... sugestões. Sou eu ou é algo geral?
— Só você. — Nico se pegou dizendo, vendo que era a verdade. — Acho que... eu confio em você.
— Me sinto honrado. — Percy disse sem nenhuma ironia, o tom de voz baixo e aveludado dando lugar a algo mais normal. — Eu tinha medo que isso acontecesse. Nunca vou abusar da confiança que você me dá.
— Eu sei disso. Nunca duvidei disso.
— É por isso que tenho que falar algo com você.
Esse não. Será que ele estava encrencado?
Obrigada por ler. Comentarios e sugestões são sempre bem-vindos.
Oiiiiiii, tudo bem? Então.... eu disse que não ia voltar tão cedo, ne? O que eu posso dizer? Consegui escrever um capítulo essa semana! Mas quase não saiu. Acho que eu estava precisando recuperar as forças, mesmo que eu não me sinta muito melhor que dias atrás.
De qualquer forma, estou aqui! Também descobri que eu tinha algumas cenas já prontas para postar, o que eu vou fazer nos próximos dias. Acho que eu não postei porque quando eu me sinto mal é quando minha autocrítica autodestrutiva mais ataca. Tudo isso para dizer que tem vezes que eu leio o que escrevo e tudo parece um desastre e outras, eu me divirto enquanto escrevo ou reviso. Felizmente no momento estou no aspecto positivo da autocrítica.
Também vou começar a postar algumas coisas mais aleatórias, ok? Eu tinha por aqui um blog de dicas de escritas, e às vezes ainda tenho vontade de fazer posts assim. Então, se aparecer esses tipos de posts ou posts com algumas anotações, relevem. Vou encarar esse blog como um diario. A verdade é que eu gosto de documentar coisas que eu leio e prendo, para assim quando chegar no fim do ano eu ter uma prova de que não fiquei apenas olhando para o teto sem evoluir em nada.
Por enquanto é isso. Peço desculpas novamente para as pessoas que tem que aturar minhas mudanças de humor e ainda estão por aqui, mas... acho que essa sou eu, às vezes tudo está bem e outras, nada está. Principalmente peço desculpas a minha beta😫 estou com muita vergonha para pedir desculpas pessoalmente, por isso espero que você veja isso e me perdoe. Não vou pedir ajuda para ninguém até eu acabar essa história (pra não perder o tempo de ninguém), o que talvez nem aconteça. Então, eu acabar essa história não é uma certeza, mas vou tentar. E com certeza não vai ter capítulos novos todas as semanas, vou tentar meu melhor, porém, não vou me forçar como eu fazia no passado.
Obrigada por me ouvir e boa leitura!
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII / CAPÍTULO XIII / CAPÍTULO XIV / CAPÍTULO XV / CAPÍTULO XVI / CAPÍTULO XVII / CAPÍTULO XVIII / CAPÍTULO XIX / CAPÍTULO XX / CAPÍTULO XXI / CAPÍTULO XXII
PS: Por enquanto a versão em inglês está em hiatus. Quando eu tiver tempo, vou continuar. Vou aproveitar que as ideias estão vindo para escrever bastante, assim, que burnout vir, porque eu sei que ele vai vir continuo com essa versão.
OBS: Como eu disse antes, percebi que tinha um capítulo pronto. Vamos regredir uma ou duas cenas e continuar daí. Também dei uma revisada na história inteira, ela está aqui no AO3.
— Bom garoto. Tão obediente. — Nico fechou os olhos bem apertado e se negou a responder, sentindo seu corpo balançar com o efeito do orgasmo.
Não que ele fosse capaz no momento. Não, Nico acha que nunca tinha gozado com tanta força em sua vida, e ouvir Percy falar assim com ele, o fazia estremecer ainda mais. Nico achava que nem o próprio Percy sabia o que essas palavras faziam com ele, o tom de voz aveludado e agora o toque suave que o acalentava depois de algo tão intenso. Não era apenas isso, era a forma como Percy falava com ele, como se Percy realmente estivesse orgulhoso; era a forma que Percy olhava para ele, o analisando friamente dos pés à cabeça e, ao mesmo tempo, com aquela fome no olhar que o fazia querer obedecer a cada ordem. Ele não conseguia lidar com isso, então, era melhor apenas se sentir grato por esse momento estar acontecendo.
— E, então? — Nico ouviu Percy dizer, o sentindo tocá-lo e massagear seus braços, chegando em seu pulso para enfim abrir a algema. Engraçado, para quem tinha medo de ser preso, ele nem hesitou quando Percy sugeriu.
— Então, o quê? — Nico murmurou, ainda ligeiramente desorientado. Ele nem mesmo conseguiu levantar os braços, permitindo que Percy continuasse a massagear a pele avermelhada.
— Foi bom ou ruim?
— Hmm?
— Você gostou do que eu fiz?
Não era obvio?
— Eu gozei duas vezes.
— Não quer dizer que você tenha gostado.
— E você, gostou? — Nico rebateu, tentando se mover, o que apenas o fez cair para trás feito uma jaca podre.
Quando Percy não respondeu, Nico olhou para ele. Era bem claro o que acontecia, Percy e seu complexo de mártir. A verdade é que ele tinha gostado, ambos tinham, e isso parecia ser um problema para Percy.
— Eu gostei, tá bom? Quer dizer, seu queixo ainda está molhado.
Para provar a evidência do crime, Nico se esticou todo, gemendo de dor em seus músculos e passou os dedos no rosto de Percy, mostrando o líquido a Percy.
— É, eu acho que sim. — Mas Percy ainda tinha aquela expressão analítica, quase rígida demais, como se estivesse se preparando para dar a próxima ordem, o que se tornou verdade no final. — Fique aqui.
— Para onde eu iria?
— Com você eu nunca sei. Só não… fuja. Tudo bem?
— Eu disse que não vou fazer isso de novo. Até quando você vai me culpar por isso?
— Eu sinto muito. — Percy tentou sorrir, e quando isso não funcionou, ele deu as costas a Nico, que caiu mais uma vez nos travesseiros.
Parecia que Nico não era o único traumatizado pelo passado. O que ele podia fazer? Essa era a história deles, às vezes feliz, outras, problemáticas. Nico não trocaria o que viveram por nada nesse mundo. Onde ele estaria se não tivesse conhecido Percy em um banheiro público de escola? O que ele teria feito se Percy fosse igual aqueles garotos? Pelo menos, eles não estariam nesse impasse. Será que se… que se ele forçasse as coisas só um pouquinho, Percy veria que não havia motivo para tanta culpa? Afinal, Percy sempre gostou da verdade e de coisas bonitas…
— Nico.
Se assustando, Nico viu o rosto de Percy perto demais e segurou nos ombros de Percy, o afastando.
— No que você anda pensando, hmm? Conheço bem essa carinha.
— Não sei do que você está falando.
— Você não está aprontando, está? Se comporte.
— Eu sempre me comporto. — “A não ser quando eu preciso agir”, Nico pensou, colocando sua expressão mais inocente.
— Vou acreditar em você.
Percy se sentou a seu lado e começou a limpá-lo. Em seu peito, abdômen e então no meio das pernas de Nico, suavemente deslizando uma toalha umedecida, chegando em sua entrada.
— Você não precisa fazer isso.
— Eu quero fazer. — Percy murmurou, o beijando no rosto. — Você tinha razão. Eu estava ausente, prometo que vou te recompensar.
— Que tal começando agora. Me deixa te chupar?
— Como isso pode ser uma recompensa para você? — O importante nisso tudo é que finalmente Percy tinha sorrido, acariciando seus cabelos.
— Isso é um sim ou um não?
— É um talvez depois. Agora, está na hora do bebê tirar uma soneca.
— Eu não sou um bebê.
— Então por que você está bocejando no meio da tarde?
Era uma boa pergunta.
Nico só deixou que Percy o cobrisse porque ele tinha se deitado a seu lado e o abraçado bem forte, também entrando debaixo das cobertas junto com ele.
***
Por algum motivo, Percy se sentia exausto. Ele se permitiu relaxar no travesseiro, colado contra as costas de Nico e fechar os olhos, apenas por um momento, apenas o suficiente para sentir o peso sair de suas costas. Era um peso metafórico, é claro, um peso que ele nem sabia estar ali. Percy nunca imaginou que a culpa poderia drenar alguém a ponto de afetá-lo fisicamente. As coisas também eram assim no passado? Percy não conseguia se lembrar. Esse era um mal hábito que tinha desenvolvido, outra muleta psicológica, ele sabia. Percy se esquecia e guardava a sete chaves no fundo da mente tudo o que fosse traumático ou frustrante.
Quer saber? Percy tinha decidido não pensar no que fosse ruim ou bom, bem ou mal, e se concentraria no que fosse o certo para eles. Eles estavam confortáveis com isso? Ótimo! Parecia divertido? O fazia se sentir bem? Então, seria o que eles fariam. O que adiantava fazer o que era considerado como “normal” se isso causava tanta dor, e não do tipo que Nico parecia gostar? Era melhor se ele falasse com a mãe, só para tranquilizá-la. Percy sabia melhor do que ninguém que Sally o perturbaria até que ele se confessasse para ela.
Se sentindo cansado mais uma vez, Percy saiu debaixo das cobertas, tentando não acordar Nico e viu algo caído no chão. Ele deu a volta na cama e ali no meio do caminho estava o diário que tinha dado a Nico. O diário estava aberto no início das primeiras folhas e tinha uma caneta presa, marcando a última página escrita.
Ele também já tinha se esquecido disso. Felizmente, parecia que mesmo ele sendo uma pessoa horrível, Nico ainda era o mesmo doce garotinho, sempre o obediente. Sim, Percy pôde ver que Nico já tinha escrito algumas palavras e tinha personalizado a contracapa:
DIÁRIO DO NICO Se perdido, devolver para o Percy!
Percy teve que rir, já se sentindo leve. Tinha até uns desenhos bonitinhos de corações, anjinhos e diabinhos ao redor das letras. Entretanto, o que realmente chamou sua atenção foi a página em que a caneta estava presa.
“Eu adoro aquele tipo de espaço mental em que eu quase flutuo, quase delirante, sabe? Minha cabeça fica leve e eu não faço ideia do que quero fazer, só quero o que você quiser que eu faça. Na maioria das vezes, tudo o que sei é que quero ser fodido com tanta força que eu mal consiga falar e tudo o que eu consiga fazer seja pequenos gemidos quando você me perguntar alguma coisa.” “Quero o tipo de sexo que deixa marcas nos meus quadris e a forma das suas mãos na minha pele. O tipo de sexo que deixa o meu peito coberto de mordidas e as suas costas cheias de arranhões. Quero o tipo de sexo que faz o meu corpo doer e pulsar e que me faça te sentir entre as minhas pernas no dia seguinte.”
Esse era um trecho que parecia se destacar das outras páginas, algo escrito às pressas, em garranchos despreocupados, á tinta preta e sem decorações ao redor, como se Nico não quisesse passar muito tempo com aqueles pensamentos e só precisasse despejá-los no papel. Esse foi o real motivo que o fez encarar aquelas palavras por longos momentos, estático, parado no meio do quarto com Nico ainda dormindo tranquilamente, sem nenhuma preocupação.
Era impossível não comparar os dois estilos tipográficos. De um lado da folha, vinhas e arvores que pareciam se entrelaçar até os céus, acompanhados por linhas de poemas, simples e bonitas, do outro, uma prosa desajeitada e vulgar, permitindo a Percy ver os dois lados de Nico que ele raramente via juntos. Tinham outros desenhos, é claro. Um demônio e um anjo que ocupavam uma página inteira, descrições de personalidade e características físicas, algumas poucas linhas de narração que na página seguinte eram interrompidas por mais garranchos com pensamentos soltos.
“Quero que você me abrace e me toque, quero que você me faça sentir seguro e pequeno, feito o bebê que eu nego ser. Quero que você me diga quando ninguém estiver vendo: "Como está o meu garoto? Ele se comportou?" Quero ter regras e quero ter que pedir autorização. Quero ser disciplinado quando não faço o que você mandar.”
Percy teve que parar de folear o diário e olhar para Nico dormindo cama.
Ele... porra! Ele queria fazer tudo isso, queria fazer todos os desejos de Nico se realizarem. E sabe por quê? Eram os mesmos que os seus. Cada palavra e confissão parecendo ser algo que ele faria se a culpa não o tivesse impedido até aquele momento. Será que essas fantasias realmente eram de Nico? Ou será que era algo que Nico tinha escrito para se vingar dele? Ou, pior ainda, era o que ele tinha levado Nico a acreditar que ambos queriam? Mas, ao mesmo tempo, Percy conseguia reconhecer Nico em cada linha, seja desajeitada ou elegante, misturado a influência que ele tinha sobre Nico e outras coisas e momentos em que Percy não esteve presente para moldá-lo.
Sinceramente? Percy estava aliviado. Saber que Nico tinha tido outras experiencias e conhecido outras pessoas e que mesmo depois de tudo isso Nico ainda tinha voltado para ele, tirava mais uma parte do peso que ele nem sabia que levava. Entretanto, a questão importante era: Como ele poderia fazer... tudo isso sem passar dos limites? Como ele poderia se certificar que Nico não sairia disso o odiando de verdade?
Ele... Percy precisava de ajuda. E de algumas coisas, também. Algo que fizesse Nico entender a seriedade da situação, do quanto ele desejava que Nico permanecesse seguro e feliz. Parece que esse era o momento de agir.
***
Nico abre os olhos e a primeira coisa que nota é a luz do sol entrando pelas persianas, o cegando momentaneamente. Sua cabeça pulsava com uma dorzinha irritante nas têmporas, mas seu corpo estava o mais relaxado em que ele já esteve. Sua visão estava turva também, atordoado pelas endorfinas que ainda pareciam manter seu corpo calmo e sua mente maravilhosamente vazia, como se toda a ansiedade tivesse sido sugada por uma mangueira compressora. Nem mesmo suas aventuras com garotos mais experientes tinham causado esse tipo de reação nele.
Ele olhou para o lado, esperando encontrar Percy e recebeu em troca a ausência e um pedaço de papel, Percy nem mesmo tinha deixado seu calor para trás, o que significava que Percy tinham se levantado tempos atras.
Bem, Nico não deveria criar expectativas quando Percy estava lidando tão mal com as coisas nos últimos tempos. E ele disse que daria tempo para Percy se acostumar com as coisas, não disse? Mesmo que fosse difícil continuar esperando por algo que talvez nem fosse acontecer, ele não tinha outra escolha. Era melhor ter a companhia de Percy do que não ter nada. Mas isso não queria dizer que ele não fosse tentar seu máximo para conseguir o que queria.
Se dando por vencido, Nico se sentou na cama e pegou o bilhete.
“Você dormiu bem? Eu tive que sair rapidinho. Prometo estar de voltar para o café da manhã. Me espere. Per.”
Era só isso? Era o que ele merecia depois de sentir seu mundo sacudir? Isso era tão justo! Chega! Ele iria tomar uma atitude imediatamente.
Esquecendo da dor de cabeça e os dos músculos doloridos, Nico amassou o bilhete, o jogou em algum lugar em direção ao cesto de lixo e marchou até parar em frente ao guarda-roupa. Isso era tão ridículo! Nunca pensou que chegaria o momento em que ele teria que se rebaixar a tanto. Ele pegou a caixa com seus brinquedos, enfiou a mão no fundo dela e pegou uma embalagem lacrada, de cor preta. Era algo que a vendedora tinha sugerido e já que ele tinha comprado coisas piores, não era isso que o tornaria uma pessoa ruim. Nico colocou o pacote em cima da cama, pegou os itens que iria precisar e entrou no banheiro. Iria mostrar para Percy quem mandava ali.
***
Percy se sentia bem melhor agora.
Como ele poderia explicar? Bem... tinha um lugar, um tipo de bar, e ele tinha ficado curioso, sabe? Percy nunca participou, entretanto... ele tinha assistido e entendido bem rápido como as coisas funcionavam. O que ele podia fazer? Sua mãe sempre dizia que conhecimento era algo que ninguém podia tirar de você, e de fato, tinha sido algo difícil de esquecer. Talvez ele tivesse ficado entediado sem Nico por perto ou talvez quando ele se viu sozinho, sem ninguém para vigiá-lo... por que não? Sendo que Percy não precisava mais ser o cara bonzinho?
O fato era, Percy tinha descoberto que ele fazia aquelas coisas sem precisar que ninguém o ensinasse. Pelo menos ali, aprendeu que o que ele fazia era errado se Percy não pedisse permissão antes.
Um bom exemplo disso eram as palavras, pequenas sugestões que se repetidas poderiam se tornar em comportamentos condicionados, como quando você ensina seu cachorro a dar a patinha em troca de petiscos. Pessoas tinham as mesmas tendencias e vontades semelhantes, também. Algumas mais assertivas e outras, mais obedientes. Era um dinâmica normal, nada forçado, é claro, apenas modos de comportamentos onde cada um se sentia mais confortável para se expressar. E isso era só o começo, nem sequer era algo sexual ou romântico, apenas atitudes que a maioria das pessoas não reparavam. Sua psicóloga da época tinha sugerido algo parecido. Não que ele fosse atras desses tipos de clubes e sim que Percy analisasse por que ele se sentia tão codependente de Nico ou porque Percy se sentia tão frustrado. E como parecia estar relacionado a sexo, ele pensou... por que não? Sua mãe tinha apoiado a ideia e, seu irmão e Grover, amado mais ainda. Assim, como uma família unida, todos foram investigar o bar, incluindo sua mãe.
O importante era que quando ele descobriu o que fazia com Nico já era tarde demais, Nico tinha ido embora e ele tinha ficado sozinho, com todas aquelas ideias e ninguém para testá-las. Percy não se orgulhava do que tinha feito, mas não se arrependia tão pouco. Sendo sincero? Ele não se importava com aquelas pessoas e se ele tivesse magoado algumas pelo caminho, não era da sua conta. Percy nunca prometeu nada a elas, cansando de avisar o que aconteceria no fim.
Era por isso que Percy estava ali naquela manhã, um bar vinte e quatro horas que funcionava como lanchonete durante o dia. Fazia mais de um ano que Percy não entrava lá, mas como eles eram o lugar que ele mais confiava, teria que ser ali mesmo.
Percy respirou fundo e entrou pelas portas de ferro negras, chegando a primeira área onde havia mesas e cadeiras de madeira que ao anoitecer seriam retiradas para dar lugar a pista de dança. Continuou andando mais ao fundo e encontrou o bar, um balcão longo junto a uma cozinha espaçosa, vendo os garçons pegarem pratos de comida para serem entregues. Ele só esperava que ningue--
— Percy, querido. Quanto tempo!
— Vanessa. — Percy disse e se virou, vendo sua “professora” favorita. Ela era uma dominatrix atenciosa, bondosa e firme, algo que ele sempre quis ser e que nunca teve a paciência. Em comparação a ela, Percy era ansioso e um tanto cruel. Quem sabe um dia?
— O que te trás aqui? Finalmente procurando companhia? Tenho um submisso que--
— Não dessa vez. — Percy disse e sorriu, negando educadamente. — Estou procurando Apolo. Será que ele está por aqui?
— Ah, isso é tão bom. Quem é o garoto?
— Alguém novo.
— Hm, entendi. — Mas ela parecia o julgar como todos faziam.
— Não tão novo. Ele é novo na cena.
— Ah, tudo bem. — Vanessa voltou a sorrir e saiu de trás do balcão. — Eu sei exatamente o que você quer.
Então, juntos, eles passaram por mais uma porta, subiram uma escada em caracol e chegaram no segundo piso, cheio de portas com quartos particulares, alguns com janelas que permitiam ver dentro dos quartos e no fim do corredor, uma porta grande de metal negro que eles também entraram.
Realmente, aquela sala era o que Percy estava procurando. Ele sentia que se trouxesse Nico ali, o garotinho iria passar algumas horas perguntando para o que aquelas coisas penduradas na parede serviam. Também havia um balcão mais ao fundo do cômodo, onde um homem alto e loiro lia uma revista, usando um fone de ouvido.
— Ei. — Percy disse assim que se aproximou.
Apolo olhou para cima e no mesmo momento tirou o fone e se levantou, correndo em sua direção. Estava tudo bem, porque Percy estava preparado. Ele abriu os braços e deixou que Apolo o abraçasse o quanto quisesse, se esfregando nele.
— Ah, olha o nosso pequeno Dom. Tão crescido. Você tem malhado? Aposto que os garotinhos te perseguem.
Não desde que Nico tinha voltado, mas esse era outro assunto.
— Só um. Eu estava procurando algo específico.
— Eu sei exatamente o que você precisa.
— Eu não disse nada ainda.
— E nem precisa.
Apolo sorriu todo esfuziante, pegou uma cestinha de compras e começou a andar pelos corredores e prateleiras.
— Deixa eu ver. Algo discreto para o dia.
Apolo esticou a mão e pegou uma gargantilha, algo no estilo gótico. Uma tira de couro maleável e discreta com cristais pequenos a enfeitando.
— Algo para brincar.
Dessa vez Apolo pegou uma coleira rosa clara, pesada e com grandes furos, com uma plaquinha de identificação e um fecho para colocar uma guia se ele quisesse.
— Algo para mantê-lo quietinho e comportado, sim?
Finalmente Apolo pegou uma focinheira com uma bola no meio, uma venda de ceda e algemas macias.
— Pronto. Isso deve bastar.
— Eu não posso, isso é muita coisa.
— É um presente para nosso Dominador júnior!
— De verdade, eu não posso--
— Ah! Está faltando uma coisa!
— Apolo, não!
— Sim.
Antes que Percy pudesse impedi-lo, Apolo voltava com uma palmatoria. Sua superfície era toda em couro preto, feito de um material rígido, mas a ponta dela tinha um acolchoamento macio que traria dor sem deixar muitas marcas.
— Apolo!
— Vamos, é só dessa vez. Eu nunca vi você interessado em ninguém. Considere um presente de boa sorte.
— Exatamente! Eu não posso aparecer com isso. Ele vai pensar que eu--
— Ele não está errado.
Percy bufou e desistiu de discutir. Apolo era tão ridículo que isso tornava impossível contrariá-lo.
— Além do mais... — Apolo continuou, embalando os itens em uma caixa bonita. — Já que você me rejeitou, o mínimo que você pode fazer é aceitar meu presente.
— Quanto ficou? — Percy, para sua própria sanidade, decidiu ignorá-lo, e pegou a carteira.
— Você não ouviu o que eu disse? É um presente.
— Qual é! Isso vale pelo menos mil reais.
— E daí? Eu sou rico.
— Eu também sou.
— Parece que estamos em um impasse. — Apolo fez uma careta de tristeza e balançou a cabeça. — Parece que o seu garoto vai ficar muito decepcionado, então.
— Ele não sabe que eu estou aqui.
— É uma surpresa? Eu não sabia que você era um romântico. — Dessa vez, não havia nenhuma ironia na voz de Apolo. — Estou me sentindo muito solteiro agora.
Percy tinha esquecido como Apolo podia ser dramático. Ele era bonito, isso Percy não podia negar. Entretanto, beleza não era tudo na vida, mesmo que ajudasse muito.
— Vanessa! Me arruma um dom agora mesmo!
Percy se virou e lá estava Vanessa, os observando de longe como se assiste uma série de comedia.
— Eu fiz, três vezes no último mês.
— Você chama aquilo de dominação? Minha mãe é menos vanila do que aquilo.
— Por favor, me poupe. — Vanessa cruzou os braços e revirou os olhos.
— Custava me apresentar alguém alto, gostoso e com atitude? Será que é muito?
Foi a vez de Percy revirar os olhos. Ele queria dizer que essa era a primeira vez que algo parecido acontecia. Ele jurava que não estava tentando se gabar, mas... de fato, Percy pensou que esses dias de D/s tinham ficado para trás. Mas ali estava ele, pedindo ajuda para essas pessoas.
— Se comporte. — Percy se pegou falando, já irritado pela situação. O pior é que Apolo imediatamente endireitou a coluna. E ele teve que completar: — Não se atreva.
Também não seria a primeira vez que Apolo se ajoelharia sem nem perceber.
— Tão malvado.
— Olha, eu agradeço a ajuda, mas eu tenho que--
— Está tudo bem? — Apolo perguntou, agora sério. — Você disse que nunca dominaria ninguém. É sobre o garoto que te fez sofrer?
— Talvez. — Percy deu de ombros. — Não é culpa dele.
— Tudo bem. Você precisa de ajuda? Talvez uma mediação?
— Não. Eu consigo. — “Talvez”, ele queria ter dito. A verdade é que Percy não conseguia nem mesmo pensar em ter que dividir Nico com alguém ou deixar que outras pessoas assistissem. Percy não sabe se conseguiria se controlar. — Não precisa se preocupar.
— Tem certeza? A gente podia dar uma ajuda pro pobre do garoto. Ele sabe no que se meteu?
— Não precisa se preocupar. — Repetiu.
O pior era que Percy não estava mentindo. Nico sabia muito mais do que ele gostaria.
Por enquanto é isso. Até que eu gostei desse capítulo. Não sei, acho que consigo ver um amadurecimento no Percy. Pelo menos ele está tentando ser responsavel. Vou adorar saber a sua opnião ou possiveis sugestões e feedebacks. Provavelmente semana que vem estou de volta, já que eu tenho mais algumas cenas prontas.
Até proxima!
Oii, como vai?
É, aqui estou eu, parando de novo. Entretanto, isso não é algo ruim. Na verdade, é muito bom. Esse ultimo ano me permiti ser livre criativamente. Escrevi o que eu quis e quando eu quis, mesmo que às vezes eu fugisse do meu planejamento inicial. E foi o que aconteceu, eu acabei de me deixando levar além da conta e coloquei algo que mudou muito a premissa da história. A boa notícia é que só faltam aqueles últimos quinze por cento para a história se encerar. O pior é que eu nem tinha percebido que tinha me desviado tanto assim, já que o objetivo dessa história era escrever sobre adolescentes no ambiente colegial, sabe? Aí eu coloquei D/s de forma muito incisiva e outras cenas um pouco estranhas. Se não fosse um leitor me dizer "Que estranho" eu nem teria me tocado do caminho que eu estava tomando.
Enfim, abaixo explico com mais detalhes o que aconteceu e também dou um resumo geral do que eu estava planejando para os últimos capítulos. Obrigada a todos que acompanharam até aqui!
Sinto que minha escrita está indo em uma direção diferente nos últimos anos, sabe? Sobre as cenas +18? Cada vez sinto menos vontade de escrever sobre elas, e vou repensar se essas cenas são realmente necessárias, principalmente nessa história. Então, provavelmente, vou passar a escrever menos sobre isso. Quer dizer, na "Refulgente", escrevi algo assim, uma história cheia de tensão e quase nenhum smutt. E falando nisso, estou monetizando a "Refulgente" e provavelmente vou monetizar essa também. Mas não se preocupem, vou tentar mantê-las gratuitas, ou pelo maior tempo possível. Sei que não é o que vocês querem escutar, porém, sinto que seu eu não começar a ganhar algum dinheiro com isso, vou acabar desistindo, exatamente como outras pessoas que eu conheci.
Vou colocou o link no meu perfil para as histórias que eu tenho disponíveis em outras plataformas, e se vocês puderem me apoiar vou ficar muito feliz. Quem sabe a gente possa trocar histórias? Estou sempre em busca de novas histórias contanto que elas sejam bem-escritas.
Obrigada por tudo. Qualquer novidade, volto aqui. E falando nisso, alguém é beta por aqui? Daqueles bem críticos? Só para não me deixar escrever mais besteira. Eu já tenho uma, mas eu queria alguém sem medo de me criticar, sabe? Alguém extremamente sincero e tenha senso de crítica, especialmente quando se refere ao enredo e estrutura narrativa. Sempre é bom ter mais do que uma ou duas opiniões. Porque, infelizmente, escrever não é um trabalho tão solitário quanto as pessoas te fazem acreditar.
Ah, esqueci de dizer. Já sei qual vai ser o final dessa história. Também estou planejando alguns extras.
Agora vem o spoiler, então, leia com cuidado!
Basicamente, o Nico vai começar a relaxar mais ao redor dos amigos de Percy. Vou fazer algumas cenas com todos reunidos no pátio da escola, o Nico flertando com o Luke sem nem perceber, Percy ficando puto da vida, Luke tanto amenizar as coisas e Grover rindo da cara deles. A relação do Nico e do Percy se torna mais natural, a relação deles chamando atenção das outras pessoas enquanto para eles tudo parece normal. As provas finais vão começar, e Annabeth vai voltar e pergunta para o Percy quando ele vai comprar os convites deles para o baile na frente do Nico. Nico sai correndo irritado e Percy vai atrás. Nico diz para Percy que não quer que Percy fale ou veja Annabeth. Chega o dia do baile e Grover tem um acidente causado por Luke, assim, Percy e Nico vão para o hospital e perdem o baile, onde Nico iria tocar com a banda.
Agora, seria a parte dramática. Nos últimos dias antes do ano letivo acabar, Nico vê Annabeth beijando Percy. Nico sabe que Annabeth fez aquilo de proposito, mas não consegue evitar o panico e a vontade de fugir. Percy imediatamente vai atrás de Nico e o acalma; se Percy se ajoelha e implora ou o abraça apertado e começa a consolar Nico, ainda não decidi. No final, eles se entendem e Percy fala que Nico não precisa se preocupar, logo eles estariam indo para a Itália se casar e tudo isso ficaria para trás, que Nico precisava apenas esperar uma semana para o final das avaliações e o diploma. A partir daí, Percy ignora todos os amigos na escola e Luke vai na casa de Percy para falar com ele. Percy diz que Luke não fez nada para ajudá-lo quando Percy já havia o salvado várias vezes, batido em pessoas por causa dele tentando defendê-lo. Percy dá um soco em Luke e o manda embora. Mais tarde Nico conversa com Percy e diz que talvez tenha exagerado, que Percy não precisa se isolar por causa dele. Percy diz que vai pensar sobre isso.
As últimas cenas antes do epílogo é com Percy se despedindo dos amigos no colégio e Annabeth encurralando Nico em um dos corredores quando Nico sai de sua última avaliação. Ela empurra Nico que cai de bunda no chão. Ele olha para Annabeth e de repente não entende porque se sentiu tão ameaçado por ela. Para resumir, Nico começar a rir e Annabeth fica ainda mais furiosa quando Nico diz que ela é patética. Annabeth chuta o estomago de Nico, mas antes que algo mais serio possa acontecer, Percy chega, indo buscar Nico como eles tinham combinado. Percy segura Annabeth e a empurra para longe, ajudando Nico. Percy nem mesmo olha para Annabeth e pega a bolsa de Nico do chão, o ajudando a andar para fora daquele colégio de uma vez por todas.
Para o epílogo vou fazer Nico e Percy na Itália, Percy conhecendo a Nona do Nico, Poseidon e Triton indo para o casamento. Os melhores amigos do Percy também vindo para o casamento e talvez mais algumas cenas do passado, quem sabe os amigos do Nico na Itália? Estava pensando em escrever sobre a Sally, como ela está organizando o casamento, ela chega duas semanas e quando vê o fornecedor para o buffet, reprova tudo e pede a cozinha do restaurante emprestada pelas próximas semanas por uma boa quantia de dinheiro. Sally gosta tanto da cidade que acaba comprando o restaurante e comprando uma casa na cidade, mas isso é por que Percy decide ficar pelo próximo ano por lá, vendo como Nico estava feliz. Sally passa os próximos meses viajando entre os Estados Unidos e Veneza, tão energética como sempre, contente de ver Percy finalmente satisfeito. No fim, Luke, Tyson, Grover e Clarise os seguem para a Itália e Percy e Nico, ganham uma casa á beira-mar, finalizando a história com um por do sol e um beijo doce.
Bem, espero não ter decepcionado muito. Obrigada a todos que me acompanharam até aqui. Assim que eu tiver novos capítulos para essa história, aviso aqui.
Até a próxima.
Oii, como vai? Mais um capítulo fresquinho. Completamente sem revisão, então relevem os erros.
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII / CAPÍTULO XIII / CAPÍTULO XIV / CAPÍTULO XV / CAPÍTULO XVI / CAPÍTULO XVII / CAPÍTULO XVIII / CAPÍTULO XIX / CAPÍTULO XX / CAPÍTULO XXI / CAPÍTULO XXII
— Você tem estado muito suscetível a... sugestões. Sou eu ou é algo geral?
— Só você. Acho que... eu confio em você.
— Me sinto honrado. — Percy disse sem nenhuma ironia, o tom de voz baixo e aveludado dando lugar a algo mais normal. — Eu tinha medo que isso acontecesse. Nunca vou abusar da confiança que você me dá.
— Eu sei disso. Nunca duvidei disso.
— É por isso que tenho que falar algo com você.
Essa não. Será que ele estava encrencado?
Nico observou Percy se levantar e pegar uma caixa que estava no pé da cama, um pouco maior que uma caixa de sapatos.
— O que é isso?
— É a surpresa que eu queria te mostrar.
Nico tinha até medo de olhar. O que poderia ser tão importante que Percy sentiu a necessidade de esconder do resto da família? Hesitando, Nico se manteve quieto, encostado contra a cabeceira da cama e esperou Percy se aproximar mais uma vez, se sentando a seu lado.
— Estive pensando sobre o que você me disse, que eu não levo a sério o que você diz.
— Eu sei que você--
— Eu não terminei. — Percy nem mesmo faltou mais alto, porém seu tom de voz demandava obediência. E Nico já estava cansado de lutar contra seus instintos, então, Nico apenas se calou e prestou atenção em Percy.
O problema nisso era que Percy parecia culpado por alguma coisa, seu rosto se contorcendo numa careta. Nico continuou esperando, vendo Percy quase se remexendo de ansiedade. É claro, até Percy suspirar e olhar mais uma vez para ele, parecendo tão conformado quanto Nico.
— Eu não queria falar assim com você. — Percy enfim disse, tentando soar despreocupado.
— Eu não me importo. Se você me disser para fazer, eu vou. É algo natural pra mim, sabe?
— Nico. — Percy suspirou mais uma vez, parecendo cansado.
— Você poderia... apenas... fazer o que parece natural para você também? — Quando Percy levantou as sobrancelhas, parecendo descrente, Nico completou: — É só uma sugestão.
— Vou pensar sobre isso.
— Quer dizer, você sempre teve essa aura de...
— Autoritário?
— É mais, tipo, você espera ser obedecido. E está tudo bem?
— Isso é uma pergunta ou afirmação?
— Depende de você. — Nico acabou dando de ombros, tentando fingir a calmaria que ele não sentia no momento.
— Você quer me dizer que eu posso ser autoritário o quando eu quiser que você vai me obedecer? Sem questionar?
— Hm... provavelmente? — A resposta certa era “com toda a certa”, mas isso seria humilhação demais para uma pessoa só.
— Mesmo? Até quando você não concorda?
— Eu acho que sim. — Nico deu de ombros novamente e desviou a olhar para longe de Percy. Na maioria das vezes era o que acontecia de qualquer jeito; ele não queria e no fim, Percy estava certo. Se ele tivesse escutado Percy no passado, poderia ter evitado muitas coisas.
— Bebê. — Então, ele ouviu o tom de voz de Percy mudar, se tornando mais suave e aveludada.
Não era que ele tivesse uma vontade incontrolável de obedecer, era o conhecimento que ele seria muito bem recompensado se decidisse ser um bom garoto. E ele foi, imediatamente ao escutar aquela palavra. Percy o segurou pelo pescoço, o fazendo levantar a cabeça e o beijou, juntando suas línguas em um suspiro.
— Eu não quero que você se sinta preso ou que não tem alternativa. — Percy disse algum tempo depois, roçando os lábios junto aos seus.
— Eu não me sinto assim. Me sinto livre sabendo que você vai cuidar de mim.
— Você tem certeza?
— Eu confio em você.
— Tudo bem, então.
Percy se afastou de Nico o suficiente para olhar em seu rosto e sorriu, parecendo dessa vez estar contente, porém ainda o segurando pelo pescoço, possessivo e firme, ainda que sua voz permanecesse suave.
— É por isso que preciso te mostrar o que tem dentro dessa caixa.
Percy, então, o soltou e pegou a caixa mais uma vez, a colocando entre eles, no próprio colo. Percy a abriu, tirando o laço e a tampa, dando tempo de Nico examinar o conteúdo dentro dela.
— O... que é isso? — Sua voz saiu fraca e suas mãos tremeram, apoiadas no próprio colo.
Nico sabia perfeitamente o que aqueles objetos eram. Sabia exatamente o que eles significam, o problema é que seu cérebro se recusava a acreditar no que via. Por que logo agora? Depois de tanto tempo? Por isso permaneceu parado feito uma estátua, mal conseguindo respirar.
— Eu não te tratei como devia. Ignorei o que estava claro. — Percy disse, voltando a segurar em seu pescoço, o forçando a encará-lo. — Entendo por que você hesitou por tanto tempo, por que as vezes ainda hesita.
— Eu--
— Eu hesito pelo mesmo motivo. — Percy pareceu respirar fundo e tirou uma gargantilha de couro com pedras preciosas a enfeitando. — Quero que você saiba, estou comprometido e nunca mais vou fugir das minhas responsabilidades.
Nico achava que iria desmaiar. Percy estava o pedindo em casamento? Mais uma vez? Agora da forma que ele nunca esperava que fosse acontecer? Nico nem mesmo sabia o que dizer! Era obvio, não? Esperou esse por esse momento desde que colocou os olhos no garoto alto que parecia ter saído de um pornô clichê onde o cara mal iria fazer a mocinha se arrepender de andar sozinha pelas ruas desertas. Nada o preparou quando o momento enfim chegou, Percy segurou a gargantilha delicada entre os dedos, a levou a seu pescoço e a prendeu cuidadosamente, tento certeza que não estaria apertado demais.
Ele... ele não sabia... seria impressão sua ou... ah, não, Nico não estava enganado. Assim que a gargantilha se acomodou a sua pele, Percy envolveu o couro, colocando a mão ao redor de seu pescoço e tocou ao redor da gargantilha, massageando sua pele e admirando a joia. Entretanto, foi o olhar no rosto de Percy que roubou seu ar; Percy o olhava como se ele fosse... como se ele fosse--
— Meu. — Percy disse. — Agora você é meu.
Por que era tão difícil respirar? Por que Nico estava tremendo tanto?
— Eu...
— Eu sei. — Percy disse no tom mais condescendente que Nico já tinha ouvido, quase maldoso, quase zombador, mas ainda... suave, como se Percy falasse com alguém que fosse lento mentalmente. — Sem pressa. Eu mesmo nunca imaginei que iria fazer algo assim.
— Tão malvado. — Nico conseguiu balbuciar, Percy obviamente lhe dando tempo para absorver os fatos, ainda o segurando pelo pescoço, como se Nico fosse sua possessão e não um ser humano.
— Você não viu nada. Mas acho que ainda não estamos prontos para isso.
— Hmm... — Nico gemeu apenas em imaginar no que poderia acontecer. Será que ele já podia desmaiar? Seria muita humilhação?
Ele ouviu uma risadinha zombadora e então mãos estavam ao redor dele, massageando sua coluna e cabelos do jeito que ele mais gostava. No fim, Percy estava certo mais uma vez. Ele não estava pronto para nada disso. Se só uma coleira ao redor de seu pescoço o fez reagir assim, o que aconteceria quando... quando as coisas realmente acontecessem?
***
— Shhh... tudo bem. Eu não vou ser mal com você, hm?
— Mentiroso. — Sua voz falhou e Percy riu novamente, bem no pé de seu ouvido.
— Talvez um pouquinho. Eu sei que você gosta.
— Para!
Percy estava certo, como sempre. Por algum motivo, Nico se viu rindo, batendo no braço de Percy que apenas riu mais, se divertindo com sua dor.
— Tá bom. Parei. Agora, vamos o que é importante.
— Como o quê?
— Tem alguma coisa que eu devo saber? Limites fortes ou fracos? Algo que você não gosta de jeito nenhum?
— Oh. — Era uma boa pergunta.
Ele não tinha feito tantas coisas assim. Deixou alguns caras baterem em suas nádegas e algum bondage, mas tirando isso? Nada que fosse interessante. Quer dizer, teve aquela vez em que ele deixou que dois garotos usassem sua boca...
— Nico?
— Eu não sei. Nunca fiz nada muito diferente.
— Queria seria?
Agora Percy olhava pare ele parecendo que iria arrancar a verdade de Nico, ele querendo ou não.
— Hm... você sabe...
— Não. Eu não sei.
— Teve uma vez que uns garotos... que eu chupei uns garotos e... um cara usou o cinto em mim...
— E?
— Fui amarado também.
— Isso é tudo?
— Eu prometo.
Na época tinha sido bem aventuresco, entretanto, se ele analisasse a noite passada, ninguém o tinha feito gozar daquela forma e o fazer flutuar por tanto tempo. Talvez fosse algo mais psicológico do que físico.
— Bebê. — E de novo, aquele tom de voz condescendente que o deixava puto da vida e fazia seu estomago se encher de borboletas voltava. — O que aqueles garotos no banheiro iam fazer com você é muito interessante do que isso. Tem certeza?
— Quem você pensa que eu sou? Uma puta para deixar qualquer um me usar?
Não! O que ele tinha acabado de falar? Nico até tinha medo de encarar Percy, mas ele fez mesmo assim. Devagar, virou a cabeça em direção a Percy e viu um brilho estranho em seus olhos, um sorriso de canto um tanto cruel.
— Esse é o jeito de falar com seu dono?
Nico não entendeu o que acontecia até escutar o som estalado e agudo, então, veio a ardência que o fez gemer, um lado de sua bunda queimando com o impacto.
— Me-- me desculpa. — Nico murmurou, baixinho, parecendo perder as forças, ainda sentado no colo de Percy.
— Eu entendo. Mas um bom garoto não fala assim com as pessoas, hm?
Nico acenou e Percy beijou seu rosto, massageando a pele levemente avermelhada.
— Agora, sobre o que estávamos falando?
— Limites?
— Sim. Tem algum que eu deva saber?
— Nada nojento? Ou... líquido.
— Eu nunca faria isso. Você é o meu bebê e eu só quero o que for o melhor.
— E você?
— Hm. Acho que bondage, nada que impeça eu de me mover. E garoto desobedientes e malcriados
— E sobre... garotos arteiros? — Nico tinha que ter certeza.
— Com tanto que você saiba das consequências.
— Oh.
Será que ele iria querer desapontar Percy a esse ponto? E que tal só um pouquinho?
— Eu sei o que você está pensando. Pode parar agora. Você só tem que pedir, não importa o que seja.
— Eu sei. É mais divertido assim.
— É melhor você não me testar, sim?
— Tão malvado. — Nico sabia que ele tão pouco era alguém fácil de se lidar. Ele podia ser mimado e distante, perdido no próprio mundo, e também podia ser imprevisível, fugindo de qualquer coisa que ele não gostasse sem deixar qualquer rastro. — Eu vou me comportar.
— Bom garoto.
— E as outras coisas dentro da caixa?
— É um assunto para outra hora. Agora, nós vamos deitar e ter uma longa soneca. As provas estão chegando e precisamos estar descansados, hm?
Percy beijou seu rosto e o colocou contra os travesseiros, se deitando a seu lado em seguida. Percy estava certo, com tudo o que aconteceu Nico não tinha estudado tudo o que precisava, então, infelizmente algumas horas seriam gastas em frente a uma pilha de livros.
***
Nico bocejou e se encostou contra as almofadas, sentindo o sol de fim de tarde atingir seu rosto. Quando ele menos percebeu faltava uma semana para o início das provas do meio do ano. Agora, eles estavam no jardim perto da piscina, mesas e almofadas para todos os lados, embora Percy e os amigos não estivessem tão interessado no cronograma de estudos que ele tinha criado. Percy, Tyson, Luke e Grover estavam na piscina enquanto ele, Silena e Clarisse, ocupavam uma mesa, com Chris plantado ao lado de Clarisse feito um bobo apaixonado mesmo depois de tantos anos.
Se ele pudesse também estaria se divertindo, Nico podia pensar em várias coisas que gostaria de estar fazendo. Um exemplo disso, era a surpresa que ele tinha aguardado para Percy que ainda não tinha tido a oportunidade certa para fazer. Não que ele ainda precisasse surpreender Percy, porém, não seria legal se ele se esforçasse o tanto que Percy se esforçava?
Nico tinha que ser sincero. Não esperava que Percy fosse levar a sério essa coisa de dominador e submisso. A prova disso era a gargantilha em volta de seu pescoço e claro, o anel em seu dedo. Ele não podia deixar de tocar no pedaço de couro em sua pele, feito uma coleira, não o deixando esquecer dos últimos dias. Nada tinha realmente mudado, embora ele se sentisse diferente. Mais tranquilo de algum jeito. Seguro. Quer dizer, Percy agora não hesitava quando queria algo dele, o que era um ótimo desenvolvimento. A questão é que... as coisas eram quase como elas costumavam ser no passado, quando eles eram crianças e as coisas eram mais simples. Se ele ignorasse a ansiedade que costumava sentir e a falta de sexo, era como se tivessem evoluído o que eles já tinham. E ele gostava muito disso, lhe dava um conforto que gesto ou palavra alguma conseguiria.
— Nico, você está me ouvindo?
— Hm?
Era Clarisse, irritada com ele. Ela tinha os braços cruzados e revirava os olhos, impaciente.
— Se você vai fazer isso, é melhor você ir lá. Qual foi a última palavra que você leu?
Era uma boa pergunta.
— Desde quando você se tornou tão dependente dele? — Clarisse, insistiu, se levantando.
— Eu não sou dependente de ninguém. De onde você tirou isso?
— Você acha que engana alguém? Ele até te colocou numa coleira!
— Não sei do que você está falando. — Nico nem mesmo levantou a voz, e mesmo fosse verdade, ele estava feliz de finalmente ser encoleirado.
— Nico! Para de brincar com essa gargantilha e presta atenção!
Clarisse antou até ele, segurou em sua mão e o fez levantar junto com ela. E então, o empurou em direção a piscina.
— Vai lá. Não volte aqui até que você consiga se concentrar.
— Eu não s--
— O que está acontecendo aqui?
Bem que Nico tinha percebido o sol sumir. Era apenas Percy parado atras dele, fazendo sombra.
— Nico sente sua falta. Cuide disso.
Com isso, Clarisse se sentou nas almofadas mais uma vez e se encostou contra o peito de Cris que sorriu satisfeito, ambos voltando a seus livros.
Isso não era justo! Ele não tinha um peito firme para se encostar enquanto estudava.
Nico se virou em direção a Percy, prestar a dizer exatamente isso a ele, parando antes que pudesse continuar. Nico se lembrava do que aconteceu nas outras vezes que tinha levantado a voz para Percy, e se ele fizesse isso agora Percy também não se reprimiria.
Nico sorriu, engolindo a indignação e olhou para Percy, esquecendo por um momento a raiva. Percy ainda pingava da água da piscina, tinha os cabelos jogados para trás e vestia uma sunga tão justa que não escondia nada. Não que Percy estivesse tentando.
Ele abriu a boca, pensou melhor e disse:
— Você precisa usar algo tão pequeno?
Mas Percy já estava sorrindo, vindo o resto do caminho em sua direção. Ele abriu os braços e imediatamente Nico foi envolvido por ele, sendo puxado contra o peito de Percy e se molhando no processo. Isso também era injusto, nenhum garoto de dezessete anos deveria ser tão alto ou ter aqueles músculos.
— O que foi? Cansou de estudar? — Percy o levantou do chão, o fazendo enrolar as pernas em volta dele. E tudo o que Nico escutou foi “está na hora de ir para o quarto?”
— Percy! Você devia estar estudando comigo!
Oh, não! Nico pensou, mal tendo tempo de segurar nos ombros de Percy, sentindo o impacto que mesmo sobre o tecido dos shorts, o fez gemer.
— Eu sei, bebê. — Então, Percy o segurou pelo queixo e o fez encará-lo, o beijando suavemente, o fazendo esquecer que eles tinham uma plateia. — Nós estudamos bastante essa semana. Nunca estive mais preparado, hm? Que tal a gente descansar um pouco? Só nós dois?
Parecia uma pergunta, mas não era uma. No meio de assobios e gritos, Percy o levou para dentro da casa, subindo as escadas como se Nico não pesasse nada, o encarando bem de perto enquanto ia.
— Qual o problema?
Essa era a questão. Pela primeira vez em muito tempo Nico não tinha nenhuma preocupação que não fosse passar em suas provas. Então, ele não podia dizer que era um problema. Era a solução, de fato. Nico estava estranhando a facilidade que ele tinha em deixar tudo nas mãos de Percy e se manter em seu pequeno e perfeito mundo onde nada parecia ser capaz de afetá-lo se Percy quisesse assim.
— Não é nada. — Ele enfim disse quando chegaram no quarto e Percy o colocou sentado na ponta da cama, se ajoelhando no chão entre suas pernas. — Está tudo bem?
— É claro, bebê. Nunca estive melhor.
Isso era verdade. A cada dia que passava Percy tinha mais energia e vigor, e devagar, tomava conta de todas as decisões que se referia a ambos. Eles fariam uma viagem? Percy decidia para onde. O que eles comeriam de manhã? Geralmente seu prato estaria pronto antes dele ter que pedir. Quer dizer, era sempre o que Nico gostava e do jeito que ele mais gostava, cada decisão parecendo ser algo que Nico escolheria por si mesmo se tivesse a chance. Às vezes, era até melhor. Sinceramente? Era um fardo que ele com muita alegria estava feliz de se livrar. Entretanto, ele não queria que isso se tornasse um peso para Percy, algo que ele fazia por obrigação.
— Está tudo bem mesmo? Suas notas melhoraram?
Isso pareceu fazer Percy parar por um momento, o observando mais de perto. Percy não tentou sorrir, ele o segurou pela nuca e o abraçou apertado, fazendo algo em seu peito se aquietar.
— É sobre a nossa relação? Está sendo muito?
— Não, eu gosto. — Nico negou, o abraçando de volta tão forte quanto Percy havia o abraçado. — Eu me preocupo com você.
— Bem, não esquente essa sua cabecinha, mm? Está tudo sob controle.
— Tem certeza?
Percy beijou seu pescoço e disse:
— Contanto que você permita, vou cuidar de tudo.
— Você me trata tão bem. Ninguém fez tanto por mim quanto você faz.
— Acho bom. Espero que ninguém faça ou teremos um problema.
Nico queria rir. Ele também esperava que ninguém fizesse, porque se esse fosse o caso, signifaria que eles não estariam mais juntos. Ao invés de responder, Nico preferiu deixar que Percy decidisse os proximos passos; se seria sexo, um longo banho ou uma soneca no meio do dia, não importava para Nico. Se eles estivessem juntos, era o suficiente para ele.
***
No fim, eles tinham decidido por um banho na jacuzzi, um longo e relaxante banho onde Percy tinha massageado suas costas e feito a tensão que ele nem sabia que tinha, desaparecer como num passo de mágica. Percy estava sendo tão bom para ele que Nico finalmente havia achado a oportunidade perfeita para colocar seu plano em ação.
Ele deixou que Percy o secasse dos pés à cabeça, como em qualquer dia, o carregasse até a cama e o beijasse antes de Percy se levantar e ir colocar as toalhas no cesto de roupas sujas. Nico aproveitou esse momento para pegar o pacote dentro do fundo de uma gaveta e entrou no closet, uma porta que ficava perto do guarda-roupa e que eles raramente usam. Felizmente, ele finalmente teria um uso.
Rasgando a embalagem, Nico tirou as duas peças e as seguros entre os dedos, percebendo que talvez tenha comprado em um tamanho menor do que tinha planejado. O tecido era uma de seda deliciada e de cor rosa clarinha, parecendo ser tirada de um tule, porém bonita e feminina. Ele achava que Percy iria gostar, seria um contraste interessante contra sua pele. Bem, Nico não sabia até experimentar. Então, pegando a tanga, colocou os pés nos espaços certos e vestiu a parte de cima, sentindo a seda deslizar por sua pele.
Agora Nico sabia por que as mulheres gostam tanto desse tipo de lingerie, o tecido era tão macio e fino... era como se ele nem estivesse usando nada, mas, mesmo assim, estivesse sendo acariciado.
— Nico? Onde você está? — Ele escutou Percy o chamando.
Era agora ou não, certo?
Nico nem mesmo pegou um roupão antes de abrir a porta do closet. Ele apenas arrumou a canga e caminhou para dentro do quarto, parando perto do batente da porta. Ele se sentiu um pouco ridículo com aquela roupa cheia de fru-fru? Sim. Porém, tudo valeu a pena no exato momento em que encontrou Percy no meio do cômodo, vendo a expressão no rosto de Percy ir de confuso para chocado e então, o puro prazer.
Ele andou o resto do caminho e parou em frente a Percy, decidido a ser o melhor dos submissos. Ele abaixou levemente a cabeça, mostrando respeito e colocou as mãos trás das costas, permitindo que Percy visse sua frente.
— Tão bonito. Tudo isso é pra mim? — Percy disse mais sério do que Nico esperava. Sua voz soando mais firme e grave, ainda sem tocar nele.
— Eu queria fazer uma surpresa. Você gostou?
Nico esperou pacientemente, segurando o folego. Isso era porque Percy não gostava de ser surpreendido. Eles nunca tinham conversado sobre essas coisas, mas no fundo Nico sabia que isso era verdade. Se Percy fosse surpreendido, quer dizer que ele não tinha o controle do que acontecia. Mas ainda assim, Nico queria ver a reação de Percy, talvez assim Percy não fosse tão cuidadoso com ele. Não o entendam mal, ele amava cada dia que passava ao lado de Percy, mas a... excitação não acontecia com tanta frequência como ele gostaria. Talvez isso fosse o que eles precisavam.
— Meu bebê está tentando me provocar, é isso?
— Está dando certo?
Nico espiou entre os cílios e viu um brilho estranhos nos olhos de Percy.
Nesses momentos as feições de Percy se transformavam completamente. De calmo ele se tornava sério e... e algo mais que era difícil definir. As vezes era brincalhão, e outras, maldoso, como se Percy se divertisse com sua angústia. Percy nunca perdia a calma, entretanto, era como se algo além disso viesse a superfície, algo que Percy escondia e que apenas se manifestava se provocado.
— Você quer descobrir?
Bem, Nico teria respondido se pudesse, se tivesse sido uma pergunta. Era mais um aviso, um comunicado do que estava prestes a acontecer.
Ainda segurando o folego, Nico continuou a observar Percy, como ele parecia estar se preparando para fazer algo... tinha sido um erro? Quem ele devia ter avisado e-- Percy então se moveu. Apenas um passo para a frente e suas mãos quentes estavam sobre Nico, no pescoço, puxando sua cabeça para trás e em sua cintura, o mantendo no lugar. O que tinha sido uma boa ideia. Sem nenhuma roupa para cobri-lo, as sensações pareciam mais intensas, o fazendo estremecer dos pés à cabeça.
— Nós não conversamos sobre isso. Você sabe o que uma palavra de segurança é?
— Oh. — Ele sabia! Finalmente! Nico sabia e tinha esperado por esse momento. O problema era que ele se encontrava com dificuldade para falar. Então, acenou, se sentindo preso pelos olhos de Percy que o fitavam, intensos.
— Use suas palavras, bebê. — Nico sabia que o apelido devia suavizar o momento, mas ele só se sentia mais tenso, se preparando para o que estava prestes a acontecer.
— Eu-- eu tenho. Torta?
— Você tem certeza? — E agora tinha um certo tom de humor da voz de Percy, suas covinhas aparecendo.
— Na verdade, não. Sei como funciona, mas nunca usei uma antes.
— Nunca? — Percy franziu a testa, parecendo nada contente. — Isso é muito irresponsável.
— Eu sei, mas…
— Me diga.
— Eu não consigo falar muito, sabe? Durante.
Isso pareceu acender uma luz no rosto de Percy.
— Vamos manter isso em mente. Agora, deixa eu ver... quem comprou isso pra você? — Mas Percy estava sorrindo, deslizando as mãos por seu corpo. Ombros, costas, cintura, andando em volta dele e tocando em todos os lugares até chegar em sua bunda, acariciando suas nádegas e escorregando um dos dedos pelo fio da tanga em direção a sua entrada.
— Ah!
— Não era isso o que você queria? Eu devia usar o meu presente? Hmm?
E de novo, parecia uma pergunta, mas não era uma. Nico permaneceu como estava, com as mãos atrás das costas, e apenas se moveu quando Percy o segurou pelo braço, o guiando para a cama.
— Onde foi que você aprendeu essa posição, bebê? — Percy disse enquanto eles iam em direção a cama.
— Eu vi em um vídeo…
— Você sabe o que isso significa?
Nico acenou, envergonhado demais para dizer.
— Eu quero ouvir.
— Servidão e obediência.
— É isso mesmo. — Percy disse, satisfeito. — Não precisa se apressar, tudo vai acontecer na hora certa. Quero que você relaxe, tudo bem?
Foi o que Nico fez. Deixou que Percy o colocasse sentado na ponta da cama e quando enfim Percy se aproximou, ele fechou os olhos e gemeu, sentindo seu corpo reagir livremente.
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Obrigada por ler. Nos vemos na proxima!
Oii, como vai? Temos um novo capítulo. Espero que vocês gostem. Sem revisão.
Não sei se já falei sobre isso aqui. O tema da história, o relacionamento D/s, acho que não é algo tão comum, ou pelo menos não da forma que eu abordo o assunto. Quero conversar sobre maturidade, sabe? Sinceramente espero que ninguém menor de 18 anos esteja lendo essa história, e se tiver, tenha bom senso, ok? Não vou dizer que você não possa ler, apenas... não tente isso em casa! Especialmente com quem você mal conhece e possa abusar de você.
Sei que não é o caso de todo mundo, mas tem algumas pessoas que usam a comunidade BDSM para se aproveitar da inocência de outras pessoas. No fim, é sobre o poder que uma pessoa pode ter sobre a outra, no caso, um submisso colocar tanta confiança em outra pessoa e acabar em perigo por causa disso.
Enfim, eu só queria lembrar que nem todo mundo merece ter a sua confiança. Por exemplo, na história, Percy e Nico se conhecem há quase dez anos. Entende? Se lembrem de sempre serem sanos e seguros, ok?
Boa leitura!
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Percy se sentia como se fosse um criminoso. Ele tinha plena consciência que não devia ter ido ver Apolo e Vanessa sem a permissão de seus pais, afinal, tecnicamente, ele ainda tinha 17 anos e só seria considerado maior de idade dali há dois meses. Sua única opção foi se esgueirar pela casa. Ele se escondeu na entrada de empregados e só se moveu quando não viu ninguém por perto, passou pela cozinha e então correu escadas acima, ouvindo a voz de sua mãe e a de Nico na sala de estar. Era uma pena. Se Nico ainda estivesse dormindo, ele poderia enfim fazer o que tinha que fazer antes que sua mãe o convencesse do contrário.
Sinceramente? Sally estava certa. Eles não deviam mexer com certas coisas, principalmente porque eram jovens demais e porque, de acordo com a lei, eles não seriam responsáveis no caso de algo dar errado. Mas... se Nico já praticou esse tipo de dinâmica com outras pessoas e ele também já estava mergulhado até o pescoço nesse meio, qual era o problema de apressar as coisas? Só um pouquinho? Seria apenas o suficiente para tranquilizar Nico que estava determinado a deixá-lo louco.
De verdade, Percy não tinha escolha. Era o pior tipo de sentimento ver Nico implorando atenção como ele o estivesse ignorando de proposito; e se era o que Nico queria, pelo menos Percy faria da forma certa. Quer dizer, ele já tinha dado um diário para Nico e eles tinham também tinham as palavras de segurança, mesmo que Nico não tivesse notado o que elas realmente eram. Então, talvez, fosse a melhor alternativa. Assim, eles poderiam enfim esclarecer as coisas de uma vez por todas.
Se dando por vencido, Percy andou até seu quarto, colocou a caixa em cima da cama e saiu do quarto rapidamente. Ele não queria que Nico pensasse que ele tinha o abandonado bem no momento que eles tinham se reconciliado, por sua causa, é claro; mas como ele poderia simplesmente dar o que Nico queria quando Percy sabia da responsabilidade de dominar alguém? Na maioria das vezes não seria apenas obediência e diversão. Era a expectativa por trás da palavra, do que realmente significa dominar a vida de alguém. O cuidado, a preocupação, se certificar que Nico estaria seguro e contente mesmo no meio da dor e da frustração, a real responsabilidade de ter a completa entrega e confiança de alguém a ponto de Nico levar cada palavra ou ordem sua ao pé da letra. E pelo que ele tinha visto, alguns submissos esperavam que o dominador tomasse todas as decisões por ele, e nisso, Percy não sabia se seria capaz de consentir. Esse era o real motivo dele hesitar tanto, quem dera fosse somente as fantasias de Nico, a expectativa sempre seria mais pesada do que qualquer coisa que eles pudessem praticar.
— Percy? Pensei ter te visto entrar. Acho que precisamos ter uma conversa.
O pior que ele temia aconteceu, alguém realmente tinha o pegado desprevenido. Era sua mãe, furiosa e com os braços cruzados. Percy nem teve tempo de descer as escadas, mas pelo menos ele tinha fechado a porta do quarto, a impedindo de ver o logo na embalagem da caixa.
— Olha, não é o que você pensa.
— Eu sei de tudo. Nico me contou.
— Tudo? O que seria esse tudo?
— Não tente me enganar.
Percy parou por um momento, se dando conta que a mãe estava blefando. Se ela soubesse de alguma coisa, Sally já estaria esbravejando de uma forma bem mais especifica. No máximo, ela devia ter visto algo nos ombros ou no pescoço de Nico. Mas... será que ele devia esconder essas coisas de sua mãe? Sempre era melhor ter um plano reserva caso ele fizesse besteira.
— Tudo bem. A gente fez sexo, satisfeita? — Percy levantou a mão antes que Sally pudesse continuar, vendo o rosto dela se aprofundar na fúria, feito uma mãe leoa defendendo seu filhote. — Sei que prometi, eu tentei fazer do seu jeito e olha o que aconteceu! Nico pensou que eu não queria ficar com ele. Descobri que ele...
— Ele o quê?
— Você sabe...
— Não, eu não sei.
— Nico acha que estou rejeitando ele se eu não... tocar nele.
— Oh. — Sally suspirou e se escorou na parede, parecendo derrotada.
— Vou fazer as coisas do jeito certo dessa vez.
— Percy, o que você está dizendo? O Nico não é assim. Ele é bondoso e calmo e...
— Super obediente? Gosta de agradar a todo mundo ao redor dele?
— Percy, eu te proíbo de--
— Ele é um submisso, mãe. O que você quer que eu faça? Por que você acha que eu me afastei de dele? É isso o que você quer?
— Eu decido o que acontece nessa casa e isso não vai acontecer.
— Já é tarde demais, você não vê? Não fui eu quem começou com isso.
— O quê?
— É isso mesmo. Nico andou se divertindo sem mim na Itália. E se eu encontrei um lugar e fui acolhido, tenho certeza que ele também vai encontrar.
Isso enfim pois um fim na discussão. Sally parecia arrasada a um ponto que Percy não tinha visto antes, nem mesmo quando ela descobriu que Percy tinha tendencias suicidas.
— O que pode ter acontecido para Nico querer essas coisas? Ele deve ter aprendido com alguém.
Era uma boa pergunta. Para um garotinho que evitava sequer a menção de sexo para se tonar um submisso era um grande passo.
— Talvez o que ele contou sobre o Hades seja pior do que a gente pensou?
— Percy! Eu não quero pensar nessa possibilidade. — Sally levou a mão ao rosto, se negando a acreditar que Hades seria capaz de abusar sexualmente de um garotinho tão indefeso. Quando ela voltou a encarar Percy, Sally tinha um brilho estranho no olhar. — Parece que a gente tem mais trabalho pela frente.
— Mãe, não! Nico não falou nada sobre isso. Não quero que ele se sinta pressionado.
— Querido, é claro que ele não falou sobre isso. Você falaria? É o que abusadores fazem. Eles manipulam pessoas mais frágeis do que eles e as fazem crer que ninguém vai acreditar nelas. Nico precisa de um empurrãozinho na direção certa.
— Eu não sei. Vamos falar com ele, se for o caso--
— Deixa comigo. Hades Di Ângelo não sabe com quem se meteu!
***
A vida de Percy era uma grande bola de cansaço, pois era assim que ele se sentia. Uma coisa pequena que parecia ser sem importância, de uma hora para a outra, crescia e crescia, e quando ele menos percebeu, os pequenos sinais de perigo se tornaram um vendaval de problemas. Ele não estava reclamando, era melhor saber o que acontecia do que ser pego de surpresa mais tarde. O primeiro deles era sua mãe sempre se metendo no que ela não devia. Eles desceram as escadas e imediatamente ele soube; assim que chegaram no andar de baixo, viu Sally endireitar a coluna, como se ela estivesse se preparando para ir a guerra.
Por sorte, as três pessoas presentes não haviam reparado na presença deles. Nico estava sentado em frente a mesa de refeições, parecendo irritado com algo que Tyson falava para ele, enquanto Grover apenas ria estirado na cadeira onde se sentava. Então, antes que algo pudesse acontecer, Percy segurou no ombro dela, sorriu e se abaixou na direção da mãe, sussurrando:
— Mãe, a gente conversou sobre isso.
— Eu preciso--
— Não, eu vou falar com ele quando for a hora certa.
— Per--
— Me prometa. Estou falando sério.
— Perseu Jackson!
Isso enfim chamou a atenção de Nico. Ele ignorou o olhar fulminante da mãe sobre ele e seguiu em direção a Nico. Sally podia ficar irritada o quanto quisesse, mas hoje não era o dia certo de discutir essas coisas; hoje, ele iria colocar Nico numa coleira bonita e fazer as coisas da forma certa.
Isso é, ele faria isso se Nico permitisse. Porque esse era seu segundo problema do dia. Era até engraçado se Percy fosse sincero consigo mesmo, Nico olhou em sua direção por um breve momento e simples assim, o ignorou, olhando para a prato em frente a ele, movendo a comida com a garfo de um lado para o outro.
— Parece que alguém não teve uma noite muito boa. — Tyson continuou, mastigando enquanto falava. Era um tanto nojento. O que Percy podia fazer? Quando o irmão estava com esse tipo de humor nada podia impedi-lo. A não ser quando Nico estava com um humor ainda pior.
Em câmera lenta, ele viu Nico pegar um pãozinho ainda quente, o olhar por um momento e, então, Nico jogou o pão na cara de Tyson, acabando com o riso de Tyson, mas arrancando gargalhas de Grover que quase caiu para trás de tanto que ria.
— Agora, quem é que não está tendo um dia bom? Hm? — Um sorrisinho vitorioso apareceu no rosto de Nico e na maior demonstração de infantilidade, Tyson mostrou a língua para ele, pegando o pãozinho que havia caído em seu prato, dando uma grande mordida nele.
— Comida arremessada é ainda mais gostosa. Vamos ver quem ganha?
Era claro que imaturidade tinha ganhado essa rodada. Percy não viu outra alternativa a não ser bancar o adulto. Bem na hora que Nico se preparava para lançar outro pedaço de pão, Percy parou ao lado de Nico e tocou em sua nuca. Ele sequer o segurou, apenas colocou a mão sobre o pescoço de Nico. O efeito foi imediato. Nico parou com a mão levantada e olhou para cima, em seu rosto uma expressão de garoto arteiro.
— Se comporte.
Essas palavras pareceram ter um efeito ainda mais potente. Devagar, Nico abaixou o braço, colocou o pão no próprio braço e olhou para baixo, todo encabulado. Percy nem havia o repreendido ou dito para ele parar, mas foi como se ele tivesse feito. Era... intoxicante. Se ele desse qualquer outra ordem a Nico, ele acataria?
— Coma. — Percy disse e esperou para ver o que aconteceria.
Por um momento, ninguém se moveu. Nico continuou todo encolhido contra o assento da cadeira, se remexendo inconfortável. Nem mesmo o barulho dos saltos de sua mãe se aproximando pareceu despertar Nico de sua vergonha. Nico permaneceu assim por mais uns momentos e enfim voltou a segurar no garfo, dessa vez cortando um pedaço da panqueca e a levando aos lábios, parecendo que iria cair no choro a qualquer momento.
— Bom garoto. — Percy disse mais uma vez, testando para ver o que Nico faria.
Ele acariciou os cabelos ali e sentiu Nico imediatamente relaxar, mastigando devagar sobre seu olhar atento e corar discretamente. A real pergunta era se as coisas sempre tinham sido assim ou era algo novo.
Percy olhou para sua família que agora parecia tão comportada quanto Nico e viu que ninguém tinha estranhado a cena. Era verdade que ele por vezes tinha que apartar discussões assim, sem importância, mas Nico sempre reagiu a ele dessa forma? Percy odiava o que seu cérebro fazia com ele, apagando esses tipos de informação e depois o fazendo questionar se era real ou apenas sua imaginação fértil.
— Onde você... — Nico começou a dizer, ainda olhando para o próprio prato. — Você não estava na cama quando eu acordei... alguma coisa aconteceu?
— Eu tive que sair bem rápido. É uma surpresa.
— Surpresa? Eu vou gostar disso? — Mas o que Percy escutou foi “vai ser divertido?”
— Eu garanto que sim.
— Eu só... não gosto de acordar sozinho.
Hm. Percy entendia, realmente entendia. Mas já que Nico queria ir nesse caminho, Percy tinha a obrigação de ser responsável.
— Isso não vai se repetir. Tive um bom motivo.
— Que seria...?
— Você vai descobrir. Logo.
Percy tinha falado com um tom de finalidade que geralmente ele não gostava de usar. Quer dizer, ele era o dominante ali, não? Então, ele iria agir como um. E Nico parecia ter noção disso mesmo que eles não tivessem tido uma conversa séria e definitiva. Porque Nico olhou para ele com curiosidade e ao invés de discutir, ele fez um biquinho manhoso e voltou a comer, dando uma garfada nos ovos mexidos.
— Você quer? — Nico deu mais uma garfada e ofereceu a Percy, que aceitou apenas para ver um sorriso aparecer no rosto de Nico.
Bem, o que ele poderia fazer? Percy puxou uma cadeira para perto e deixou Nico o alimentar em intervalos onde as coisas voltaram ao normal, sua família voltou a conversar e Nico se manteve quieto aceitando tudo o que Percy colocasse em seu prato.
***
Nico pegou sua bolsa do chão e aceitou quando Percy ofereceu a mão para ele, ouvindo o sinal tocar. Era sexta-feira e geralmente esse era o dia que Nico mais gostava, um dia que tinha poucas aulas e o fim de semana inteiro para descansar. Ou era o que costumava acontecer. Desde que ele tinha voltado todos os dias eram cheios de altos e baixos, pequenos momentos em que Nico guardava com carinho esperando que eles durassem pelo resto de sua vida. Ele só... só não esperava que depois de tantos desentendimentos as coisas se tornariam tão fáceis. Imprevisíveis? Sim. Mas nunca forçadas, mesmo quando acontecia algo que fazia sua cabeça girar.
Felizmente, esse era um dos momentos bons. Desde que tinha acordado naquela manhã sua cabeça estava... vazia. Ele não conseguia se preocupar sua problemas, como provas que se aproximavam ou com Annabeth que continuava os rondando. Nem mesmo quando Percy o repreendeu no café da manhã. As coisas apenas pareciam estar no lugar certo novamente, como se ele nunca tivesse ido embora, entretanto, elas pareciam estar melhores ainda, sentindo que eles tinham dado um passo importante em direção ao futuro que ele sempre sonhou.
— Bebê? Tudo bem?
— Hm. Só estou cansado.
— A gente tá quase chegando.
— Ta bom.
Eles estavam mesmo. Nico mal tinha percebido o momento em que haviam entrado no carro de Percy, não se lembrava de ter colocado o sinto ou quando eles tinham chegado no bairro com eles moravam. Ele olhava para fora da janela, sem registrar nada, deixando sua mente viajar, vazia, se sentindo tão calmo como nunca antes. Tinha sido o sexo da noite passada? Ou era apenas a presença de Percy? E de onde vinha essa paz de espírito toda?
Isso não importava, ele saiu do carro quando Percy abriu a porta para ele, aceitou a mão que Percy mais uma vez lhe oferecia e subiu as escadas enquanto Percy o guiava. Hm... talvez fosse isso. Sempre tinha sido isso, não? A ausência de deveres e obrigações? Não sempre e nem de tudo, só um pouquinho. Estava tudo bem se ele se permitisse não tomar nenhuma decisão por algumas horas, certo?
— Lindo. Levanta a perna.
— Oh.
Ele fez, levantou uma perna e depois a outra, permitindo que Percy tirasse seus tênis, meias e calça.
— Os braços.
Nico os levantou também, Percy trocando sua camisa por uma camiseta confortável.
— Melhor? Um pouco de água?
Nico não hesitou, pegou o copo de água da mão de Percy e a tomou em um folego só, se sentindo bem imediatamente.
Será que tinha acontecido algo durante o dia para ele estar se sentindo assim?
— Bom garoto. — Percy disse e beijou seu rosto, o segurando pela nuca, praticamente o embalando em seu colo.
Algo acendeu em seu cérebro, prazer irradiando por seu corpo sem motivo nenhum.
Oh, então era isso? Devia ser esse o motivo dele estar se sentindo tão leve e contente. Não devia ser algo normal se sentir assim durante tanto tempo, certo? Quer dizer, ele tinha acordado de mal humor, mas logo aquele sentimento de estar fazendo a coisa certa e estar no lugar certo o preencheu, o fazendo esquecer que devia estar bravo com Percy.
— Eu... não fala assim comigo.
— Assim como?
— Assim... com essa voz... me tocando dessa forma...
— Eu sempre fiz isso. O que mudou agora?
— Eu... — Mas Nico já começava a não se importar se Percy fazia isso de proposito. Era normal ouvir a voz de alguém e imediatamente sentir todas essas coisas?
Nico ouviu Percy rir e um arrepio percorreu sua coluna. Era um baixo e grave ao pé do seu ouvido, o fazendo perceber que Percy, de fato, estava fazendo isso de proposito. Talvez ele tivesse gemido e se agarrado ao pescoço de Percy, Percy mordiscando seu ombro, subindo até encontrar mais uma vez o lóbulo de seu ouvido.
— Tudo bem, eu admito. — Percy murmurou. — Você tem estado muito suscetível a... sugestões. Sou eu ou é algo geral?
— Só você. — Nico se pegou dizendo, vendo que era a verdade. — Acho que... eu confio em você.
— Me sinto honrado. — Percy disse sem nenhuma ironia, o tom de voz baixo e aveludado dando lugar a algo mais normal. — Eu tinha medo que isso acontecesse. Nunca vou abusar da confiança que você me dá.
— Eu sei disso. Nunca duvidei disso.
— É por isso que tenho que falar algo com você.
Esse não. Será que ele estava encrencado?
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Espero que tenha sido divertido e desculpa pelo texto no inicio, como escritora o minimo que posso fazer é informar. Me lembro como foi descobrir esse mundo, e nem sempre é o que as pessoas te fazem acreditar. Essa história deve ser usada meramente como intertenimento e não uma verdade absoluta.
Até a proxima!
Oii, como vai? Hoje teremos o capítulo completo! Talvez um pouco grande, mas eu espero que vocês gostem^^ Juntei a parte do post anterior e a outra parte é inédita, porém sem revisão. Esse capítulo foi uma improvisação, mas achei que o Percy não poderia ser um dom experiente do dia para a noite, certo?
Boa leitura.
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— Bom garoto. Tão obediente. — Nico fechou os olhos bem apertado e se negou a responder, sentindo seu corpo balançar com o efeito do orgasmo.
Não que ele fosse capaz no momento. Não, Nico acha que nunca tinha gozado com tanta força em sua vida, e ouvir Percy falar assim com ele, o fazia estremecer ainda mais. Nico achava que nem o próprio Percy sabia o que essas palavras faziam com ele, o tom de voz aveludado e agora o toque suave que o acalentava depois de algo tão intenso. Não era apenas isso, era a forma como Percy falava com ele, como se Percy realmente estivesse orgulhoso; era a forma que Percy olhava para ele, o analisando friamente dos pés à cabeça e, ao mesmo tempo, com aquela fome no olhar que o fazia querer obedecer a cada ordem. Ele não conseguia lidar com isso, então, era melhor apenas se sentir grato por esse momento estar acontecendo.
— E, então? — Nico ouviu Percy dizer, o sentindo tocá-lo e massagear seus braços, chegando em seu pulso para enfim abrir a algema. Engraçado, para quem tinha medo de ser preso, ele nem hesitou quando Percy sugeriu.
— Então, o quê? — Nico murmurou, ainda ligeiramente desorientado. Ele nem mesmo conseguiu levantar os braços, permitindo que Percy continuasse a massagear a pele avermelhada.
— Foi bom ou ruim?
— Hmm?
— Você gostou do que eu fiz?
Não era obvio?
— Eu gozei duas vezes.
— Não quer dizer que você tenha gostado.
— E você, gostou? — Nico rebateu, tentando se mover, o que apenas o fez cair para trás feito uma jaca podre.
Quando Percy não respondeu, Nico olhou para ele. Era bem claro o que acontecia, Percy e seu complexo de mártir. A verdade é que ele tinha gostado, ambos tinham, e isso parecia ser um problema para Percy.
— Eu gostei, tá bom? Quer dizer, seu queixo ainda está molhado.
Para provar a evidência do crime, Nico se esticou todo, gemendo de dor em seus músculos e passou os dedos no rosto de Percy, mostrando o líquido a Percy.
— É, eu acho que sim. — Mas Percy ainda tinha aquela expressão analítica, quase rígida demais, como se estivesse se preparando para dar a próxima ordem, o que se tornou verdade no final. — Fique aqui.
— Para onde eu iria?
— Com você eu nunca sei. Só não… fuja. Tudo bem?
— Eu disse que não vou fazer isso de novo. Até quando você vai me culpar por isso?
— Eu sinto muito. — Percy tentou sorrir, e quando isso não funcionou, ele deu as costas a Nico, que caiu mais uma vez nos travesseiros.
Parecia que Nico não era o único traumatizado pelo passado. O que ele podia fazer? Essa era a história deles, às vezes feliz, outras, problemáticas. Nico não trocaria o que viveram por nada nesse mundo. Onde ele estaria se não tivesse conhecido Percy em um banheiro público de escola? O que ele teria feito se Percy fosse igual aqueles garotos? Pelo menos, eles não estariam nesse impasse. Será que se… que se ele forçasse as coisas só um pouquinho, Percy veria que não havia motivo para tanta culpa? Afinal, Percy sempre gostou da verdade e de coisas bonitas…
— Nico.
Se assustando, Nico viu o rosto de Percy perto demais e segurou nos ombros de Percy, o afastando.
— No que você anda pensando, hmm? Conheço bem essa carinha.
— Não sei do que você está falando.
— Você não está aprontando, está? Se comporte.
— Eu sempre me comporto. — “A não ser quando eu preciso”, Nico pensou, colocando sua expressão mais inocente.
— Vou acreditar em você.
Percy se sentou a seu lado e começou a limpá-lo. Em seu peito, abdômen e então no meio das pernas de Nico, suavemente deslizando uma toalha umedecida, chegando em sua entrada.
— Você não precisa fazer isso.
— Eu quero fazer. — Percy murmurou, o beijando no rosto. — Você tinha razão. Eu estava ausente, prometo que vou te recompensar.
— Que tal começando agora. Me deixa te chupar?
— Como isso pode ser uma recompensa para você? — O importante nisso tudo é que finalmente Percy tinha sorrido, acariciando seus cabelos.
— Isso é um sim ou um não?
— É um talvez depois. Agora, está na hora do bebê tirar uma soneca.
— Eu não sou um bebê.
— Então por que você está bocejando no meio da tarde?
Era uma boa pergunta.
Nico só deixou que Percy o cobrisse porque ele tinha se deitado a seu lado e o abraçado bem forte, também entrando debaixo das cobertas junto com ele.
***
Por algum motivo, Percy se sentia exausto. Ele se permitiu relaxar no travesseiro contra as costas de Nico e fechar os olhos, apenas por um momento, apenas o suficiente para sentir o peso sair de suas costas. Era um peso metafórico, é claro, um peso que ele nem sabia estar ali. Percy nunca imaginou que a culpa poderia drenar alguém a ponto de afetá-lo fisicamente. As coisas também eram assim no passado? Percy não conseguia se lembrar. Esse era um mal hábito que ele tinha desenvolvido, outra muleta psicológica, ele sabia. Percy se esquecia e guardava a sete chaves no fundo da mente tudo o que fosse traumático ou frustrante.
Quer saber? Ele tinha decidido não pensar no que fosse ruim ou bom, bem ou mal, e se concentraria no que fosse o certo para eles. Eles estavam confortáveis com isso? Ótimo! Parecia divertido? O fazia se sentir bem? Então, seria o que eles fariam. O que adiantava fazer o que era considerado como “normal” se isso causava tanta dor, e não do tipo que Nico parecia gostar? Era melhor se ele falasse com a mãe, só para tranquilizá-la. Percy sabia melhor do que ninguém que Sally o perturbaria até que ele falasse com ela.
Se sentindo cansado mais uma vez, Percy saiu debaixo das cobertas, tentando não acordar Nico e viu algo caído no chão. Ele deu a volta na cama e ali no meio do caminho estava o diário que ele tinha dado a Nico. O diário estava aberto no início das primeiras folhas e tinha uma caneta presa, marcando a última página escrita.
Ele também já tinha se esquecido disso. Felizmente, parecia que mesmo ele sendo uma pessoa horrível, Nico ainda era o mesmo doce garotinho, sempre o obediente. Sim, Percy pôde ver que Nico já tinha escrito algumas palavras e tinha personalizado a contracapa:
DIARIO DO NICO Se perdido, devolver para o Percy!
Percy teve que rir, já se sentindo leve. Tinha até uns desenhos bonitinhos de corações, anjinhos e diabinhos ao redor das letras. Entretanto, o que realmente chamou sua atenção foi a página em que a caneta estava presa.
“Eu adoro aquele tipo de espaço mental em que eu quase flutuo, quase delirante, sabe? Minha cabeça fica leve e eu não faço ideia do que quero fazer, só quero o que você quiser que eu faça. Na maioria das vezes, tudo o que sei é que quero ser fodido com tanta força que eu mal consiga falar e tudo o que eu consiga fazer seja pequenos gemidos quando você me perguntar alguma coisa.”
“Quero o tipo de sexo que deixa marcas nos meus quadris e a forma das suas mãos na minha pele. O tipo de sexo que deixa o meu peito coberto de mordidas e as suas costas cheias de arranhões. Quero o tipo de sexo que faz o meu corpo doer e pulsar e que me faça te sentir entre as minhas pernas no dia seguinte.”
Esse era um trecho que parecia se destacar das outras páginas, algo escrito às pressas, em garranchos despreocupados, á tinta preta e sem decorações ao redor, como se Nico não quisesse passar muito tempo com aqueles pensamentos e só precisasse despejá-los no papel. Esse foi o real motivo que o fez encarar aquelas palavras por longos momentos, estático, parado no meio do quarto com Nico ainda dormindo tranquilamente, sem nenhuma preocupação.
Era impossível não comparar os dois estilos tipográficos. De um lado da folha, vinhas e arvores que pareciam se entrelaçar até os céus, acompanhados por linhas de poemas, simples e bonitas, do outro, uma prosa desajeitada e vulgar, permitindo a Percy ver os dois lados de Nico que ele raramente via juntos. Tinham outros desenhos, é claro. Um demônio e um anjo que ocupavam uma página inteira, descrições de personalidade e características físicas, algumas poucas linhas de narração que na página seguinte eram interrompidas por mais garranchos com pensamentos soltos.
“Quero que você me abrace e me toque, quero que você me faça sentir seguro e pequeno, feito o bebê que eu nego ser. Quero que você me diga quando ninguém estiver vendo: "Como está o meu garoto? Ele se comportou?" Quero ter regras e quero ter que pedir autorização. Quero ser disciplinado quando não faço o que você mandar.”
Percy teve que parar de folear o diário e olhar para Nico dormindo cama.
Ele... porra! Ele queria fazer tudo isso, queria fazer todos os desejos de Nico se realizarem. E sabe por quê? Eram os mesmos que os seus. Cada palavra e confissão parecendo ser algo que ele faria se a culpa não o tivesse impedido até aquele momento. Será que essas fantasias realmente eram de Nico? Ou será que era algo que Nico tinha escrito para se vingar dele? Ou, pior ainda, era o que ele tinha levado Nico a acreditar que ambos queriam? Mas, ao mesmo tempo, Percy conseguia reconhecer Nico em cada linha, seja desajeitada ou elegante, misturado a influência que ele tinha sobre Nico e outras coisas e momentos em que Percy não esteve presente para moldá-lo.
Sinceramente? Percy estava aliviado. Saber que Nico tinha tido outras experiencias e conhecido outras pessoas e que mesmo depois de tudo isso Nico ainda tinha voltado para ele, tirava mais uma parte do peso que ele nem sabia que levava. Entretanto, a questão importante era: Como ele poderia fazer... tudo isso sem passar dos limites? Como ele poderia se certificar que Nico não sairia disso o odiando de verdade?
Ele... Percy precisava de ajuda. E de algumas coisas, também. Algo que fizesse Nico entender a seriedade da situação, do quanto ele desejava que Nico permanecesse seguro e feliz. Parece que esse era o momento de agir.
***
Nico abre os olhos e a primeira coisa que nota é a luz do sol entrando pelas persianas, o cegando momentaneamente. Sua cabeça pulsava com uma dorzinha irritante nas têmporas, mas seu corpo estava o mais relaxado em que ele já esteve. Sua visão estava turva também, atordoado pelas endorfinas que ainda pareciam manter seu corpo calmo e sua mente maravilhosamente vazia, como se toda a ansiedade tivesse sido sugada por uma mangueira compressora. Nem mesmo suas aventuras com garotos mais experientes tinham causado esse tipo de reação nele.
Ele olhou para o lado, esperando encontrar Percy e recebeu em troca a ausência e um pedaço de papel, Percy nem mesmo deixando seu calor para trás, o que significava que Percy tinham se levantado tempos atras.
Bem, Nico não deveria criar expectativas quando Percy estava lidando tão mal com as coisas nos últimos tempos. E ele disse que daria tempo para Percy se acostumar com as coisas, não disse? Mesmo que fosse difícil continuar esperando por algo que talvez nem fosse acontecer, ele não tinha outra escolha. Era melhor ter a companhia de Percy do que não ter nada. Mas isso não queria dizer que ele não fosse tentar seu máximo para conseguir o que queria.
Se dando por vencido, Nico se sentou na cama e pegou o bilhete.
"Você dormiu bem? Eu tive que sair rapidinho. Prometo estar de voltar para o café da manhã. Me espere. Per.”
Era só isso? Era o que ele merecia depois de sentir seu mundo sacudir? Isso era tão justo! Chega! Ele iria tomar uma atitude imediatamente.
Esquecendo da dor de cabeça e os dos músculos doloridos, Nico amassou o bilhete, o jogou em algum lugar em direção ao cesto de lixo e marchou até parar em frente ao guarda-roupa. Isso era tão ridículo! Nunca pensou que chegaria o momento em que ele teria que se rebaixar a tanto. Ele pegou a caixa com seus brinquedos, enfiou a mão no fundo dela e pegou uma embalagem lacrada, de cor preta. Era algo que a vendedora tinha sugerido e já que ele tinha comprado coisas piores, não era isso que o tornaria uma pessoa ruim. Ele colocou a pacote em cima da cama, pegou os itens que iria precisar e entrou no banheiro. Nico iria mostrar para Percy quem mandava ali.
***
Percy se sentia bem melhor agora.
Como ele poderia explicar? Bem... tinha um lugar, um tipo de bar, e ele tinha ficado curioso, sabe? Percy nunca participou, entretanto... ele tinha assistido e entendido bem rápido como as coisas funcionavam. O que ele podia fazer? Sua mãe sempre dizia que conhecimento era algo que ninguém podia tirar de você, e de fato, tinha sido algo difícil de esquecer. Talvez ele tivesse ficado entediado sem Nico por perto ou talvez quando ele se viu sozinho, sem ninguém para vigiá-lo... por que não? Sendo que Percy não precisava mais ser o cara bonzinho?
O fato era, Percy tinha descoberto que ele fazia aquelas coisas sem precisar que ninguém o ensinasse. Pelo menos ali, aprendeu que o que ele fazia era errado se Percy não pedisse permissão antes.
Um bom exemplo disso eram as palavras, pequenas sugestões que se repetidas poderiam se tornar em comportamentos condicionados, como quando você ensina seu cachorro a dar a patinha em troca de petiscos. Pessoas tinham as mesmas tendencias e vontades semelhantes, também. Algumas mais assertivas e outras, mais obedientes. Era um dinâmica normal, nada forçado, é claro, apenas modos de comportamentos onde cada um se sentia mais confortável para se expressar. E isso era só o começo, nem sequer era algo sexual ou romântico, apenas atitudes que a maioria das pessoas não reparavam. Sua psicóloga da época tinha sugerido algo parecido. Não que ele fosse atras desses tipos de clubes e sim que Percy analisasse por que ele se sentia tão codependente de Nico ou porque Percy se sentia tão frustrado. E como parecia estar relacionado a sexo, ele pensou... por que não? Sua mãe tinha apoiado a ideia e, seu irmão e Grover, amado mais ainda. Assim, como uma família unida, todos foram investigar o bar, incluindo sua mãe.
O importante era que quando ele descobriu o que fazia com Nico já era tarde demais, Nico tinha ido embora e ele tinha ficado sozinho, com todas aquelas ideias e ninguém para testá-las. Percy não se orgulhava do que tinha feito, mas não se arrependia tão pouco. Sendo sincero? Ele não se importava com aquelas pessoas e se ele tivesse magoado algumas pelo caminho, não era da sua conta. Percy nunca prometeu nada a elas, cansando de avisar o que aconteceria no fim.
Era por isso que Percy estava ali naquela manhã, um bar vinte e quatro horas que funcionava como lanchonete durante o dia. Fazia mais de um ano que Percy não entrava lá, mas como eles eram o lugar que ele mais confiava, teria que ser ali mesmo.
Percy respirou fundo e entrou pelas portas de ferro negras, chegando a primeira área onde havia mesas e cadeiras de madeira que ao anoitecer seriam retiradas para dar lugar a pista de dança. Continuou andando mais ao fundo e encontrou o bar, um balcão longo junto a uma cozinha espaçosa, vendo os garçons pegarem pratos de comida para serem entregues. Ele só esperava que ningue--
— Percy, querido. Quanto tempo!
— Vanessa. — Percy disse e se virou, vendo sua “professora” favorita. Ela era uma dominatrix atenciosa, bondosa e firme, algo que ele sempre quis ser e que nunca teve a paciência. Em comparação a ela, Percy era ansioso e um tanto cruel. Quem sabe um dia?
— O que te trás aqui? Finalmente procurando companhia? Tenho um submisso que--
— Não dessa vez. — Percy disse e sorriu, negando educadamente. — Estou procurando Apolo. Será que ele está por aqui?
— Ah, isso é tão bom. Quem é o garoto?
— Alguém novo.
— Hm, entendi. — Mas ela parecia o julgar como todos faziam.
— Não tão novo. Ele é novo na cena.
— Ah, tudo bem. — Vanessa voltou a sorrir e saiu de trás do balcão. — Eu sei exatamente o que você quer.
Então, juntos, eles passaram por mais uma porta, subiram uma escada em caracol e chegaram no segundo piso, cheio de portas com quartos particulares, alguns com janelas que permitiam ver dentro dos quartos e no fim do corredor, uma porta grande de metal negro que eles também entraram.
Realmente, aquela sala era o que Percy estava procurando. Ele sentia que se trouxesse Nico ali, o garotinho iria passar algumas horas perguntando para o que aquelas coisas penduradas na parede serviam. Também havia um balcão mais ao fundo do cômodo, onde um homem alto e loiro lia uma revista, usando um fone de ouvido.
— Ei. — Percy disse assim que se aproximou.
Apolo olhou para cima e no mesmo momento tirou o fone e se levantou, correndo em sua direção. Estava tudo bem, porque Percy estava preparado. Ele abriu os braços e deixou que Apolo o abraçasse o quanto quisesse, se esfregando nele.
— Ah, olha o nosso pequeno dom. Tão crescido. Você tem malhado? Aposto que os garotinhos te perseguem.
Não desde que Nico tinha voltado, mas esse era outro assunto.
— Só um. Eu estava procurando algo específico.
— Eu sei exatamente o que você precisa.
— Eu não disse nada ainda.
— E não precisa.
Apolo sorriu todo esfuziante, pegou um cestinha de compras e começou a andar pelos corredores e prateleiras.
— Deixa eu ver. Algo discreto para o dia.
Apolo esticou a mão e pegou uma gargantilha, algo no estilo gótico. Uma tira de couro maleável e discreta com cristais pequenos a enfeitando.
— Algo para brincar.
Dessa vez Apolo pegou uma coleira rosa clara, pesada e com grandes furos, com uma plaquinha de identificação e um fecho para colocar uma guia se ele quisesse.
— Algo para mantê-lo quietinho e comportado, sim?
Finalmente Apolo pegou uma focinheira com uma bola no meio, uma venda de ceda e algemas macias.
— Pronto. Isso deve bastar.
— Eu não posso, isso é muita coisa.
— É um presente para nosso dom júnior!
— De verdade, eu não posso--
— Verdade! Está faltando uma coisa!
— Apolo, não!
— Sim.
Antes que Percy pudesse impedi-lo, Apolo voltava com uma palmatoria. Sua superfície era toda em couro preto, feito de um material rígido, mas a ponta dela tinha um acolchoamento macio que traria dor sem deixar muitas marcas.
— Apolo!
— Vamos, é só dessa vez. Eu nunca vi você interessado em ninguém. Considere um presente de boa sorte.
— Exatamente! Eu não posso aparecer com isso. Ele vai pensar que eu--
— Ele não está errado.
Percy bufou e desistiu de discutir. Apolo era tão ridículo que isso tornava impossível contrariá-lo.
— Além do mais... — Apolo continuou, embalando os itens em uma caixa bonita. — Já que você me rejeitou, o mínimo que você pode fazer é aceitar meu presente.
— Quanto ficou? — Percy, para sua própria sanidade, decidiu ignorá-lo, e pegou a carteira.
— Você não ouviu o que eu disse? É um presente.
— Qual é! Isso vale pelo menos mil reais.
— E daí? Eu sou rico.
— Eu também sou.
— Parece que estamos em um impasse. — Apolo fez uma careta de tristeza e balançou a cabeça. — Parece que o seu garoto vai ficar muito decepcionado, então.
— Ele não sabe que eu estou aqui.
— É uma surpresa? Eu não sabia que você era um romântico. — Dessa vez, não havia nenhuma ironia na voz de Apolo. — Estou me sentindo muito solteiro agora.
Percy tinha esquecido como Apolo podia ser dramático. Ele era bonito, isso Percy não podia negar. Entretanto, beleza não era tudo na vida, mesmo que ajudasse muito.
— Vanessa! Me arruma um dom agora mesmo!
Percy se virou e lá estava Vanessa, os observando de longe como se assiste uma série de comedia.
— Eu fiz, três vezes no último mês.
— Você chama aquilo de dominação? Minha mãe é menos vanila do que aquilo.
— Por favor, me poupe. — Vanessa cruzou os braços e revirou os olhos.
— Custava me apresentar alguém alto, gostoso e com atitude? Será que é muito?
Foi a vez de Percy revirar os olhos. Ele queria dizer que essa era a primeira vez que algo parecido acontecia. Ele jurava que não estava tentando se gabar, mas... de fato, Percy pensou que esses dias de D/s tinham ficado para trás. Mas ali estava ele, pedindo ajuda para essas pessoas.
— Se comporte. — Percy se pegou falando, já irritado pela situação. O pior é que Apolo imediatamente endireitou a coluna. E ele teve que completar: — Não se atreva.
Também não seria a primeira vez que Apolo se ajoelharia sem nem perceber.
— Tão malvado.
— Olha, eu agradeço a ajuda, mas eu tenho que--
— Está tudo bem? — Apolo perguntou, agora sério. — Você disse que nunca dominaria ninguém. É sobre o garoto que te fez sofrer?
— Talvez. — Percy deu de ombros. — Não é culpa dele.
— Tudo bem. Você precisa de ajuda? Talvez uma mediação?
— Não. Eu consigo. — “Talvez”, ele queria ter dito. A verdade é que Percy não conseguia nem mesmo pensar em ter que dividir Nico com alguém ou deixar que outras pessoas assistissem. Percy não sabe se conseguiria se controlar. — Não precisa se preocupar.
— Tem certeza? A gente podia dar uma ajuda pro pobre do garoto. Ele sabe no que se meteu?
— Não precisa se preocupar. — Repetiu.
O pior era que Percy não estava mentindo. Nico sabia muito mais do que ele gostaria.
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Esse capitulo foi meio bobinho, não? Admito que exagerei um pouco. Eu não queria deixar as coisas muito pesadas. Foi bem divertido e é isso que importa, não? De qualquer forma, obrigada pelo apoio, sua presença é sempre bem-vinda!
Oii, como vai? Consegui escrever algo antes do que eu esperava! Por isso hoje trago uma parte do próximo capítulo (o que eu consegui escrever hoje!)
Então... eu acabei não excluindo nada! Eu sei! Eu revisei tudo e meio que gostei do resultado? Não era sobre isso, mas acho que agora é? srrsrs Enfim, desculpa pela confusão. O importante é que ainda tenho algumas ideias interessante para a história. Conversamos mais nas notas finais, enquanto isso, fiquem com o capítulo de hoje.
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— Bom garoto. Tão obediente. — Nico fechou os olhos bem apertado e se negou a responder, sentindo seu corpo balançar com o efeito do orgasmo.
Não que ele fosse capaz no momento. Não, Nico acha que nunca tinha gozado com tanta força em sua vida, e ouvir Percy falar assim com ele, o fazia estremecer ainda mais. Nico achava que nem o próprio Percy sabia o que essas palavras faziam com ele, o tom de voz aveludado e agora o toque suave que o acalentava depois de algo tão intenso. Não era apenas isso, era a forma como Percy falava com ele, como se Percy realmente estivesse orgulhoso; era a forma que Percy olhava para ele, o analisando friamente dos pés à cabeça e, ao mesmo tempo, com aquela fome no olhar que o fazia querer obedecer a cada ordem. Ele não conseguia lidar com isso, então, era melhor apenas se sentir grato por esse momento estar acontecendo.
— E, então? — Nico ouviu Percy dizer, o sentindo tocá-lo e massagear seus braços, chegando em seu pulso para enfim abrir a algema. Engraçado, para quem tinha medo de ser preso, ele nem hesitou quando Percy sugeriu.
— Então, o quê? — Nico murmurou, ainda ligeiramente desorientado. Ele nem mesmo conseguiu levantar os braços, permitindo que Percy continuasse a massagear a pele avermelhada.
— Foi bom ou ruim?
— Hmm?
— Você gostou do que eu fiz?
Não era obvio?
— Eu gozei duas vezes.
— Não quer dizer que você tenha gostado.
— E você, gostou? — Nico rebateu, tentando se mover, o que apenas o fez cair para trás feito uma jaca podre.
Quando Percy não respondeu, Nico olhou para ele. Era bem claro o que acontecia, Percy e seu complexo de mártir. A verdade que é ele tinha gostado, ambos tinham, e isso parecia ser um problema para Percy.
— Eu gostei, tá bom? Quer dizer, seu queixo ainda está molhado.
Para provar a evidência do crime, Nico se esticou todo, gemendo de dor em seus músculos e passou os dedos no rosto de Percy, mostrando o líquido a Percy.
— É, eu acho que sim. — Mas Percy ainda tinha aquela expressão analítica, quase rígida demais, como se estivesse se preparando para dar a próxima ordem, o que se tornou verdade no final. — Fique aqui.
— Para onde eu iria?
— Com você eu nunca sei. Só não… fuja. Tudo bem?
— Eu disse que não vou fazer isso de novo. Até quando você vai me culpar por isso?
— Eu sinto muito. — Percy tentou sorrir, e quando isso não funcionou, ele deu as costas a Nico, que caiu mais uma vez nos travesseiros.
Parecia que Nico não era o único traumatizado pelo passado. O que ele podia fazer? Essa era a história deles, às vezes feliz, outras, problemáticas. Nico não trocaria o que viveram por nada nesse mundo. Onde ele estaria se não tivesse conhecido Percy em um banheiro público de escola? O que ele teria feito se Percy fosse igual aqueles garotos? Pelo menos, eles não estariam nesse impasse. Será que se… que se ele forçasse as coisas só um pouquinho, Percy veria que não havia motivo para tanta culpa? Afinal, Percy sempre gostou da verdade e de coisas bonitas…
— Nico.
Se assustando, Nico viu o rosto de Percy perto demais e segurou nos ombros de Percy, o afastando.
— No que você anda pensando, hmm? Conheço bem essa carinha.
— Não sei do que você está falando.
— Você não está aprontando, está? Se comporte.
— Eu sempre me comporto. — “A não ser quando eu preciso”, Nico pensou, colocando sua expressão mais inocente.
— Vou acreditar em você.
Percy se sentou a seu lado e começou a limpá-lo. Em seu peito, abdômen e então no meio das pernas, suavemente deslizando uma toalha umedecida, chegando em sua entrada.
— Você não precisa fazer isso.
— Eu quero fazer. — Percy murmurou, o beijando no rosto. — Você tinha razão. Eu estava ausente, prometo que vou te recompensar.
— Que tal começando agora. Me deixa te chupar?
— Como isso pode ser uma recompensa para você? — O importante nisso tudo é que finalmente Percy tinha sorrido, acariciando seus cabelos.
— Isso é um sim ou um não?
— É um talvez depois. Agora, está na hora do bebê tirar uma soneca.
— Eu não sou um bebê.
— Então por que você está bocejando no meio da tarde?
Era uma boa pergunta.
Nico só deixou que Percy o cobrisse porque ele tinha se deitado a seu lado e o abraçado bem forte, também entrando debaixo das cobertas junto com ele.
***
Por algum motivo, Percy se sentia exausto. Ele se permitiu relaxar no travesseiro contra as costas de Nico e fechar os olhos, apenas por um momento, apenas o suficiente para sentir o peso sair de suas costas. Era um peso metafórico, é claro, um peso que ele nem sabia estar ali. Percy nunca imaginou que a culpa poderia drenar alguém a ponto de afetá-lo fisicamente. As coisas também eram assim no passado? Percy não conseguia se lembrar. Esse era um mal hábito que ele tinha desenvolvido, outra muleta psicológica, ele sabia. Percy se esquecia e guardava a sete chaves no fundo da mente tudo o que fosse traumático ou frustrante.
Quer saber? Ele tinha decidido não pensar no que fosse ruim ou bom, bem ou mal, e se concentraria no que fosse o certo para eles. Eles estavam confortáveis com isso? Ótimo! Parecia divertido? O fazia se sentir bem? Então, seria o que eles fariam. O que adiantava fazer o que era considerado como “normal” se isso causava tanta dor, e não do tipo que Nico parecia gostar? Era melhor se ele falasse com a mãe, só para tranquilizá-la, Percy sabia melhor do que ninguém que Sally o perturbaria até que ele falasse com ela.
Se sentindo cansado mais uma vez, Percy saiu debaixo das cobertas, tentando não acordar Nico e viu algo caindo no chão. Ele deu a volta na cama e ali no meio do caminho estava o diário que ele tinha dado a Nico. O diário estava aberto no início das primeiras folhas e tinha uma caneta presa, marcando a página.
Ele também já tinha se esquecido disso. Felizmente, parecia que mesmo ele sendo uma pessoa horrível, Nico ainda era o mesmo doce garotinho, sempre o obediente. Sim, Percy pôde ver que Nico já tinha escrito algumas palavras e tinha personalizado a contracapa:
DIARIO DO NICO Se perdido, devolver para o Percy!
Percy teve que rir, já se sentindo leve. Tinha até uns desenhos bonitinhos de corações, anjinhos e diabinhos ao redor das letras. Entretanto, o que realmente chamou sua atenção foi a página em que a caneta estava presa.
“Eu adoro aquele tipo de espaço mental em que eu quase flutuo, quase delirante, sabe? Minha cabeça fica leve e eu não faço ideia do que quero fazer, só quero fazer o que você quiser que eu faça. Na maioria das vezes, tudo o que sei é que quero ser fodido com tanta força que eu mal consiga falar e tudo o que eu consiga fazer seja pequenos gemidos quando você me perguntar alguma coisa.”
“Eu quero o tipo de sexo que deixa marcas nos meus quadris e a forma das suas mãos na minha pele. O tipo de sexo que deixa o meu peito coberto de mordidas e as suas costas cheias de arranhões. Quero o tipo de sexo que faz o meu corpo doer e pulsar e que me faça te sentir entre as minhas pernas no dia seguinte.”
Esse era um trecho que parecia se destacar das outras páginas, algo escrito às pressas, em garranchos despreocupados, á tinta preta e sem decorações ao redor, como se Nico não quisesse passar muito tempo com aqueles pensamentos e só precisasse despejá-los no papel. Esse foi o real motivo que o fez encarar aquelas palavras por longos momentos, estático, parado no meio do quarto com Nico ainda dormindo tranquilamente, sem nenhuma preocupação.
Era impossível não comparar os dois estilos tipográficos. De um lado da folha, vinhas e arvores que pareciam se entrelaçar até os céus, acompanhados por linhas de poemas, simples e bonitas, do outro, uma prosa desajeitada e vulgar, permitindo a Percy ver os dois lados de Nico que ele raramente via juntos. Tinham outros desenhos, é claro. Um demônio e um anjo que ocupavam uma página inteira, descrições de personalidade e características físicas, algumas poucas linhas de narração que na página seguinte eram interrompidas por mais garranchos com pensamentos soltos.
“Quero que você me abrace e me toque, quero que você me faça sentir seguro e pequeno, feito o bebê que eu nego ser. Quero que você me diga quando ninguém estiver vendo "Como está o meu garoto? Ele se comportou?" Quero ter regras e ter que pedir autorização. Quero ser disciplinado quando não faço o que você me mandar.”
Percy teve que parar de folear o diário e olhar para Nico dormindo cama.
Ele... porra! Ele queria fazer tudo isso, queria fazer todos os desejos de Nico se realizarem. E sabe por quê? Eram os mesmos que os seus. Cada palavra e confissão parecendo ser algo que ele faria se culpa não o tivesse impedido até aquele momento. Será que essas fantasias realmente eram de Nico. Ou será que era algo que Nico tinha escrito para se vingar dele? Ou, pior ainda, era o que ele tinha levado Nico a acreditar que ambos queriam? Mas, ao mesmo tempo, Percy conseguia reconhecer Nico em cada linha, seja desajeitada ou elegante, misturado a influência que ele tinha sobre Nico e outras coisas em que ele não esteve presente para moldá-lo.
Sinceramente? Percy estava aliviado. Saber que Nico tinha tido outras experiencias e conhecidos outras pessoas e que mesmo depois de tudo isso ainda revolver voltar para ele, tirava mais uma parte do peso que ele nem sabia que levava. Entretanto, a questão importante era: Como ele poderia fazer... tudo isso sem passar dos limites? Como ele poderia se certificar que Nico não sairia disso o odiando de verdade?
Ele... Percy precisava de ajuda. E de algumas coisas, também. Algo que fizesse Nico entender a seriedade da situação, do quanto ele desejava que Nico permanecesse seguro e feliz. Parece que esse era o momento de agir.
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Então, para os próximos meses pretendo terminar essa história. Eu estava pensando no que fazer. Será que eu devia entender um pouco as coisas e desenvolver bem a relação D/s deles ou dar uma resumida? Eu tenho o fim do enredo, agora só preciso escrever srsr Seria melhor algo até umas 100 mil palavras ou estender para além disso com uns 120 a 150 mil? Gostaria muito de saber sua opinião, já que são muitassss palavras.
Te vejo na semana que vem com uma surpresinha. Alguém consegue advinhar?
Logo retomaremos a versão em inglês.
Oii, como vão todos? Estou passando para avisar que não morri, mas parte da "Não há lugar como o lar" morreu.
Eu admito! Fiz merda. Acabei me deixando levar e a história foi para um caminho que eu não tinha previsto. Então, resolvi começar uma revisão mais cedo, até porque eu queria colocar algumas cenas extras e estou arrumando algumas partes do texto. Basicamente ignorem tudo depois do Nico contar sobre o Hades e que quer ser emancipado. Já tenho umas 10 mil palavras revisadas, devo respostar os capítulos na primeira semana de janeiro no meu blog. Já tenho um capítulo pronto por lá, nele nenhum acontecimento mudou, apenas algumas palavras modificadas.
Bem, esse é o planejamento para os próximos meses, revisar o que eu tenho e voltar aos trilhos. E para não ficarmos sem história, trago um minitexto de 100 palavras. Fiz para um desafio que eu acabei não colocando no ar, no tempo que eu tinha tempo para escrever textos curtos; eles eram ótimos para desenvolver a criatividade. De fato, sinto falta da época que eu tinha tempo para participar de qualquer desafio. De qualquer forma, aqui está, curto, mas que poderia muito bem ter se tornado uma boa história.
Prompt: Apocalipse
Premissa: Eles estavam procurando por sobreviventes, mas eu escolhi ficar quieto. Eu gostava daqui.
Eles estavam procurando por sobreviventes, mas Nico escolheu ficar quieto. Ele gostava dali, era tranquilo, não havia problemas e nem monstros a serem destruídos. Ele nunca pensou que fosse gostar tanto de um mundo onde noventa e cinco por cento da população tinha perecido por culpa de uma nova vacina contra o câncer e, ao invés de prevenir tumores, a vacina acabou por mudar o DNA das pessoas, as transformando em um tipo de zumbi que não representava qualquer tipo de perigo; eles andavam por aí durante dias e dias e quando a energia deles acabavam ou eles se definhavam devido à desnutrição, as pessoas infectadas apenas caiam no chão e não se levantavam novamente.
Mas é claro que Nico tinha que ouvir a voz “dele”.
Nico se abaixou atrás de um arbusto, fechando sua bolsa cheia de frutas e ouviu novamente a voz chamando.
— Tem alguém aí?
Nico se virou, se preparando para rastejar para longe dali quando uma voz falou novamente, bem as suas costas:
— Eu sabia que era você. Eu pensei que era minha imaginação, porque faz tempo que eu não sinto a energia de um semideus, então quando eu--
— Cala a boca! Eles vão te escutar!
Nico pegou Percy pelo braço e o puxou para longe, subindo por um caminho íngreme e entrando em uma caverna escondida pelas árvores. Era a única opção se ele quisesse continuar escondido.
Oii, como vai? Mais um capítulo! Decidi não me alongar muito na história já que acabei criando uns furos de enredo, o que significa muita coisas para reescrever, mas também encontrei alguns temas interessantes além do relacionamento entre o Percy e o Nico. Assim, vou escrever até o fim de janeiro, em fevereiro vou fazer a versão em inglês e depois passar os proximos meses revisando. Obrigada pela compreensão!
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— Eu também te amo.
Percy continuou segurando Nico contra seu peito e só se moveu quando teve certeza que Nico não continuaria o odiando. Se recostou contra o apoio do sofá e trouxe Nico com ele, o tocando delicadamente.
Por um momento, no silêncio da sala de estar, onde se podia ouvir apenas a respiração pesada de Nico que começava a desacelerar, pensou que as coisas entre eles voltaria ao normal e que finalmente Nico ficaria satisfeito. Imaginem sua surpresa ao sentir Nico se mover em seu colo de uma forma bem específica, se esfregando contra ele, o fazendo perder o ar quando sentiu mãos pequenas tocar entre suas pernas sobre a calça, um toque tão suave que o fez arfar, a doce tortura o fazendo se lembrar de sua ereção.
— Você quer…? — Ele ouviu Nico dizer, certa incerteza em sua voz, embora isso não fosse um empecilho para Nico, sentindo as mãos de Nico continuarem a explorar a área, deslizando para cima e para baixo, arrancando um gemido torturado dele.
— Não precisa. — Ele murmurou, ou achava que tinha. Nesses momentos era difícil diferenciar o que era real e o que era criação de sua mente.
— Eu sei que você está… está tentando me tratar com respeito, mas… será que isso é necessário? Não foi por causa de sexo que a gente… se separou?
A insinuação era clara, e a cada dia que passava Percy via o quanto as palavras não ditas faziam a distância entre eles aumentar.
— Você acha que esse é o motivo por eu gostar de você?
— Bem… você sempre diz que eu sou bonito. — Nico disse na voz mais baixa, como se esperasse não ser escutado. Foi nesse momento onde Nico hesitou que Percy se lembrou de desgrudar os olhos do que Nico fazia entre suas pernas e prestar atenção no que Nico dizia. O que mais chamou sua atenção foi a expressão vazia no rosto de Nico, a forma distraída que ele o tocava, como se ele tentasse esconder algo por trás da máscara de indiferença. — Não foi por isso que você procurou outras pessoas quando eu estava bem na sua frente? Por pensar que eu era… puro?
— Nico. Isso não faz sentido! Eu não faria isso de novo. — Quando ele teria tempo de fazer isso? Entre a depressão e a montanha de trabalhos e estudo?
— Não faria? — Nico então levantou a cabeça e o encarou, sem nenhum tipo de julgamento na voz, mas que ainda assim isso o fez se sentir muito julgado. — O que eu tenho que fazer para você não me ignorar?
— Eu não estou te ignorando! — Quer dizer, ele achava que não estava. Certo? Eles não passavam o dia todo juntos? Como Percy poderia ignorar alguém que estava ao lado dele?
— Quando foi a última vez que você fez algo que queria?
— Eu… a gente foi naquela festa semana passada?
— Percy. — Agora Nico parecia a ponto de chorar. — Quando foi a última vez que você fez algo que ninguém te pediu? Você diz que eu não tenho interesse nas coisas? Você também não tem. E agora, nem sexo você quer.
— Não é sua culpa. Não é porque você voltou.
— Estou começando a ver isso. Mas isso não me faz menos culpado.
— O que você quer que eu faça? Tudo o que eu faço é um erro! É melhor que as coisas fiquem assim. Se eu fizer o que as pessoas esperam de mim, eu não vou errar.
— Percy! — O grito de Nico ecoou pela sala, o fazendo abrir bem os olhos. Com a garganta seca, Percy observou Nico se levantar de seu colo e se ajoelhar entre suas pernas, os olhos cheios de lágrimas, apoiando as mãos em coxas e apoiar o rosto em seu colo, pronto para começar a implorar. — Ninguém está pedindo que você seja perfeito!
— Eu tenho que ser!
— Eu nunca devia ter voltado! Se for para ver você assim, era melhor ido para outro lugar. Doeria menos. Você pode dizer o que quiser, eu sou culpado por você estar agindo assim de novo.
— Como você poderia fazer isso?
— Eu fiz você se lembrar do passado.
Nisso Nico estava certo. Percy estava pensando sobre sua infância com mais frequência do que o costume. Ele tinha trabalho para se livrar dela e agora que suas memórias vinham à tona era difícil diferenciar a pessoa que ele costumava ser e a pessoa que ele era agora.
— Por favor. — Nico enfim implorou na voz mais miserável que ele já havia escutado. — Eu não quero que você se reprima por causa de mim. Eu sei que você se importa comigo e eu me importo com você. Eu só… eu quero viver essas coisas com você. Quero acordar todos os dias do seu lado e quero estar com você todos os dias, quero que você tenha todas as coisas que deseja e quero… quero, hm… você sabe… não me importo se você for… não tão bondoso na cama. Eu gosto… de verdade. Quer dizer, você nem sempre foi um santo, talvez um pouco vingativo, e também--
— Fico feliz que você pense isso de mim. — Percy disse e sorriu sinceramente pela primeira vez em muitos dias, interrompendo Nico. O garoto queria que ele fosse sincero e fizesse o que queria, não? — Isso não é justo. E como você fica nisso?
— Eu? Eu fico com você. — Nico disse e sorriu de volta para ele, ainda com a cabeça em seu colo, se esfregando nele feito um gatinho. — Prefiro ver você agindo feito a pior pessoa do mundo do que ver você se transformando em uma casca vazia.
— Nico. — Percy se inclina para a frente a segura Nico pela nuca, o fazendo levantar a cabeça. — Eu não quero abusar de você. Sinto que isso vai acontecer se a gente continuar assim.
— O que você está esperando, então?
— Nico!
— Não há nada de nenhum de nós possa fazer. O estrago já está feito. Agora, você tem que se responsabilizar pelo o que fez.
— E o que seria isso?
— Você pode começar me levando pro quarto e tirando minha roupa.
— Eu não tenho certeza.
— Mas eu tenho. — Nico fez um biquinho fofo, e Percy se viu sorrindo novamente, observando Nico se esticar em direção a ele ainda ajoelhado e o beijar docemente. — Eu posso esperar.
Quando Nico falava assim… tão convincente, Percy quase podia ver a razão nisso tudo. Embora não entendesse de verdade. Quem gostaria de ser tratado como Nico tinha sido e ainda pedir para continuar sofrendo ao lado de uma pessoa como ele? Percy tentaria mais uma vez. Se Nico tinha se ajoelhado a seus pés e colocado a cabeça em seu colo feito um pet de estimação, Percy também poderia se esforçar para ser um bom dono.
***
Sinceramente? Percy não pensava que seria tão fácil se render depois de tanto tempo lutando contra essas vontades. Era uma visão magnífica observar Nico se levantar do chão. Ainda com as calças abertas, cabelos bagunçados e lábios inchados, Nico ofereceu a mão a ele. Percy não hesitou, como tinha prometido, subiu as escadas em direção a seu quarto. Se sentou na beirada da cama e tirou as roupas de Nico. Primeiro, a camiseta de caveira, depois, puxou as calças de Nico para baixo, levando junto a cueca, tirando os allstar’s e meias, se permitindo um momento para apreciar a beleza de Nico.
No fim, o que seu bebê tinha dito era verdade. A primeira coisa que tinha chamado sua atenção em Nico era a beleza natural. Longos cílios, olhos negros profundos, boca carnuda, pele macia, quadril arredondado, longas pernas, a voz mais doce mesmo quando zangada e principalmente aquela aparência de garoto bem-comportado, sempre obedecendo o que ele dizia. Tinham suas exceções, é claro, momentos como esses em que eles se encontravam, onde Nico implorava, nunca parecendo exigir e dar uma ordem, não como ele faria.
— E agora? Como a gente fica? — Era um pergunta retorica, e ambos sabiam disso. Percy sorriu e Nico se aproximou mais, se colocando entre suas pernas, segurando em seus ombros.
— Você quer ver uma coisa?
— Depende. É uma surpresa?
— Você poderia dizer isso.
Nico sorriu e correu em direção ao guarda-roupa, voltando com um caixa dourada com uma tampa em cima.
— Você comprou pra mim?
— Não, é pra mim. — Ainda sorrindo, Nico disse e tirou a tampa revelando uma bela coleção de brinquedos, só que esses brinquedos eram para adultos. Três dildos de diferentes tamanhos, uma bolinha vibratória, algemas, pregadores de mamilos e até uma palmatória. E muito lubrificante, no mínimo três tubos grandes.
— Tem certeza que você não andou se divertindo com alguém? — Ele nem poderia culpar Nico se esse fosse o caso.
— Eu não quero ninguém além de você me tocando. Isso tudo é sua culpa! Eu aqui me oferecendo e dizendo que você pode fazer o que quiser comigo e você tendo uma crise de consciência? Nunca pensei que algo assim aconteceria.
— Ei! Eu não sou tão ruim!
— Não é agora.
— É exatamente por isso que eu prefiro ir devagar.
— Desculpa. Eu também mudei. Mas se eu soubesse nunca teria fugido. Pelo menos, você não fez o mesmo eu fiz.
É, Percy até poderia imaginar. Para onde ele fugiria? Para casa do pai? Olhar para a cara da madrasta que o odiava ou lidar com o meio-irmão que o perseguia quando a mãe não estava vendo? Sem chance.
— Eu precisava de um tempo. Quero ter certeza que algo assim não vai se repetir.
— Eu sei. Eu estava seguro em Verona. Hades não tem coragem de enfrentar a nona. Se ela soubesse de tudo hoje Hades não teria um centavo.
— Por que você não contou pra ela?
— Não é importante. Ela já me mima demais. — Mas Nico dizia isso com um sorriso no rosto, parecendo se lembrar de tempos felizes. — A gente não precisa fazer nada hoje. Nem amanhã. Eu quero que você saiba que estou aqui e que você não precisa se sentir culpado, porque eu nunca te culpei de nada. Tudo bem?
Nico pegou a caixa de suas mãos e a colocou na cama para logo em seguida sentar em seu colo, o beijando mais uma vez. E talvez… talvez não fosse tão ruim assim se deixar levar um pouco.
***
Então… hmm… Percy descobriu que gostava muito daquela caixa de brinquedos que Nico tinha montado. Especialmente a bolinha vibratória. Ela tinha o tamanho de seu dedão e era rosa fosforescente, com um fio longo e um botão no meio. Realmente interessante. E já que Nico tinha comprado todas aquelas coisas, seria um desperdício não usá-las.
Ele pegou as algemas, o lubrificante e a bolinha, e bem, ali estavam eles. Nico deitado contra os travesseiros, de costas na cama e mãos presas em cima da cabeça no batente da cama, enquanto ele se encontrava entre as pernas de Nico, completamente vestido. Era até engraçado. Percy tinha apertado o botão na bolina e ela tinha começado a vibrar imediatamente, o fazendo rir e dizer “Foi você quem pediu por isso” e antes que Nico pudesse reclamar, Percy levou o brinquedo que vibrava loucamente para as pernas de Nico, seguindo o mesmo caminho com sua boca. Parecia que Nico não sabia o que fazer, se ele ria por causa da vibração ou se gemia, marcas de mordidas, de dentes roçando em sua pele e chupões de lábios em lugares que nunca tinham sido marcados antes.
— E agora? Devo parar? — Percy disse na voz inocente, subindo com a bolinha entre as pernas de Nico, parando em sua virilha antes alcançar alguma parte mais sensível.
— Não! Por favor!
— O que eu ganho se continuar?
— Qualquer coisa!
— Eu não sei… parece muito genérico.
— Um-- eu… eu te chupo? Ou…
— Ou?
— O que você quiser.
— Mesmo?
— Hmhm. — Nico suspirou e arfou, porque Percy tinha cansado de brincar. Ele levou a bolinha um pouco para baixo e a pressionou contra o membro de Nico, que de semi ereto, em um passe de mágica, parecia tão duro a ponto de doer. Percy deslizou o vibrador pela base do membro e subiu lentamente, chegando na pontinha e se demorando por lá, pressionando em pequenas voltas na cabecinha a avermelhada.
Percy não podia acreditar em seu olhos, ele pressionou só mais um pouquinho e de repente, Nico estava gritando, o pequeno membro pulsou em sua mão e expeliu mais rápido do que Percy pôde reagir. Ele tirou o vibrador do membro de Nico e observou Nico se contrair todo, respirando como se tivesse corrido uma maratona. Mas ele queria mais, Nico reagia tão forte as vibrações que Percy queria ver até onde Nico aguentaria.
Ele ligou o brinquedo novamente, o sentindo vibrar em sua mão por alguns momentos e esperou até que Nico não estivesse a ponto de ter um ataque de asma, e devagar, como se nada tivesse acontecendo, voltou a encostar a bolinha na pele de Nico, perto do seu quadril, descendo pelas longas pernas. Tudo o que Nico fez foi arfar surpreso, e ainda tremendo, não disse nada e nem mesmo se moveu como protesto, apenas olhou para Percy o olhar meio perdido e meio extasiado, confiando em Percy e se permitindo sentir, como se isso fosse tudo o que desejava fazer. Então, Percy, como o cavalheiro que era, continuou com sua exploração. Voltou a subir com o vibrador e chegou mais uma vez a virilha de Nico, dessa vez passando direto por seu membro e tocando em seus testículos, vendo Nico abrir os lábios em um gemido silencio, seu corpo tremendo sem seu controle. Para Percy a experiência toda parecia dolorosa, a forma como Nico se contraia e se curvava, os gemidos agudos, se não fosse a expressão de completo prazer no rosto de Nico, pensaria que… não… era melhor ele não pensar nisso.
Percy se concentrou no que estava fazendo e finalmente levou o vibrador mais para baixo, encontrando a entrada de Nico, que deixou escapar um gemidinho tão gostoso que Percy teve vontade de tornar as coisas ainda mais interessantes. Mas, não, isso era suficiente. Então, ele roçou a bolinha ao redor da entrada até que ela entrou, sumindo dentro de Nico. Talvez ele tenha exagerado, Nico abriu bem olhos e se remexeu, choramingando e arfando, como se nunca tivesse feito isso antes, mas como Nico não fez nada para pará-lo, Percy continuou. Ele puxou o vibrador pela cordinha e pressionou de volta, brincando com a entrada, fez isso por tantas vezes a pele começou a ficar inchada, como quando você beijava alguém por um longo tempo e esse era o resultado.
— Por favor! — Nico implorou, se contraindo na cama, costas curvadas e cabeça jogada para trás, parecendo a ponto de gozar mais uma vez. E quem era Percy para negar seu doce bebê.
Ele pressionou a bolinha mais uma vez para dentro, fazendo Nico estremecer e dessa vez, a empurrou mais para dentro, inserindo seus dedos juntos, movendo o vibrador ao redor. Nico foi a loucura, começou a implorar sem parar e segurou no batente da cama, seus dedos dos pés se curvando. Foi um momento mágico para Percy, com dois dedos, ele levou a bolinha um pouco mais adentro e pressionou naquele lugarzinho que ambos conheciam bem. A reação foi imediata, Nico gritou com toda a força e Percy se maravilhou, ele nunca tinha visto Nico gozar tão rápido e forte, fazendo o orgasmo de Nico atingir seu peito.
— Bom garoto. Tão obediente. — Ele disse enquanto puxava a bolinha pela corda, enfim a trazendo para fora. Nico caiu na cama e soluçou, ainda terminando de gozar com uma estranha expressão presa entre agonia e êxtase. Talvez ele tenha exagerado, mas Percy deixaria para que Nico decidisse isso, já que ele próprio não sabia se fugia para longe, enojado consigo mesmo ou tentava não pensar na ereção ao ver Nico sob seu controle dessa forma.
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Obrigada por ler! Sua presença é muito bem vinda e sua opnião ainda mais!
Até logo.
Olha quem voltou nesse fim de semana? Consegui escrever mais um capítulo, completando mais de 10 mil palavras nessa semana! Agora eu entendo que diz que conseguie escrever uma história em um mês. Estou muito orgulhosa de mim mesma. Acho que reencontrei minha motivalção^^
Pra quem está perdido, esse é o quarto nesse semana. Então, vale a pena voltar alguns post e ler os capítulos. Mas não se preocupem, estou montado um blog melhor e logo ele estará no ar. Para quem estava com saudade tem um +18 na ultima cena, ok? Espero que vocês gostem, fiz o melhor para melhorar a escrita dessa vez.
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII / CAPÍTULO XIII / CAPÍTULO XIV / CAPÍTULO XV / CAPÍTULO XVI / CAPÍTULO XVII / CAPÍTULO XVIII / CAPÍTULO XIX
Percy sentia que tinha voltado no tempo. Se lembrava como se fosse ontem, os longos dias tortuosos e os sussurros por onde quer que ele fosse; a vontade de sumir também estava ali, a desconexão com a realidade, como se ninguém fosse capaz de quebrar sua bolha de autoflagelo e depressão, sentindo o vazio que o atingia quando ele menos esperava, o sentimento de inadequação lhe dizendo que ele sempre seria aquele garoto solitário e violento que não merecia o que tinha ou o amor alheio. No fim, não importava o quanto ele se sentisse distante da realidade e despreparado para lidar com a vida, o tempo não esperava por ninguém; quando Percy piscou, eles já estavam no fim do primeiro bimestre do ano, o que o levava a aquele exato momento, mal conseguindo se focar no que estava bem em frente a seu rosto. Um teste surpresa, um pedaço de papel que lhe diria se ele tinha chances de passar nas primeiras avaliações.
— Per? — Nico sussurrou do seu lado, ainda escrevendo. — Você não estudou nada, estudou?
Alguém poderia culpá-lo? A culpa ainda o comia por dentro, o paralisando, lutando contra a ânsia de fazer exatamente o contrário do que sua consciência lhe pedia. Nico ficar perto dele vinte e quatro horas por dia não estava ajudando, o fazendo querer quebrar aquela bolha de angústia e ao mesmo tempo, tentado a ficar exatamente onde estava apenas para não ter que tomar alguma decisão. Ele ainda acordava no meio da noite tenso e sem se lembrar o porquê, sendo forçado a sair da cama para se acalmar ou tomar um ar fresco no rosto. Porque ele tinha que--
— Não se preocupe, a gente vai dar um jeito nisso. — Nico tocou em seu ombro e mostrou a ele um dos sorrisos mais doces que ele já tinha visto, o fazendo relaxar imediatamente e sentia que havia uma luz no fim do túnel. Ele observou Nico pegar ambas as suas folhas de respostas, andar até o professor e as entregar a ele, que sorriu todo charmoso para Nico.
Não, ele não iria por esse caminho. Era por isso que Percy tinha se metido nesses problemas. Estava comprometido, ele seria uma pessoa melhor nem que morresse tentando. Por isso, Percy guardou suas coisas na bolsa e respirou fundo, contando até trinta.
1… 2… 3… 4… 5… 6… 7--
— Vamos?
Percy olhou para cima e ali estava Nico, doce e sorridente, estendendo as mãos para ele. O medo de preocupar Nico era a única coisa o mantendo de pé no momento, se alguém lhe desse um peteleco Percy desmoronaria imediatamente; ele não conseguia aceitar o fato que… que no fim ele era o monstro que as pessoas o acusavam de ser. Se sentindo no automático, Percy pegou suas bolsas e segurou na mão que Nico oferecia, mal percebendo a expressão decepcionada no rosto do professor. Geralmente ele gostava dessa aula e não precisaria de muito para tirar uma nota alta, mas o que ele podia fazer se sua obsessão estava bem a seu lado, querendo sua atenção? O ruim era saber que ele se afundaria nessa obsessão se o mundo ao redor deles não estivesse pronto para lembrá-lo do equívoco que isso seria. Às vezes, Percy se perguntava se o que sentia era amor ou era apenas co-dependência, uma muleta para ajudá-lo a lidar com os problemas e traumas que nem o melhor psiquiatra poderia remediar.
— Tá tudo bem? Você precisa de um tempo?
Eles tinham se tornado mestres em criar barreiras que antes não estavam lá, barreiras inúteis e cruéis que só serviam para machucar a ambos. Se Percy fosse sincero, diria que era exatamente o que precisava, embora isso não faria nada melhorar. A saudade só aumentaria, a dor no peito se alastrava e ele sentimento ruim em seu estômago tomava mais força, o fazendo agir impulsivamente. O treino de basquete seria uma boa desculpa para esse tempo se o treinador não o tivesse proibido de praticar até que ele conseguisse se concentrar no jogo.
— Você quer vir comigo pra prática de banda? Nós vamos tocar no baile.
Delicadamente, Nico segurou em seu braço com as duas mãos e beijou seu rosto, o fazendo esquecer de sua angústia interior por um momento e aquecendo o vazio em seu corpo. — Vamos, vai ser legal. Você pode participar se quiser.
— Eu não trouxe meu violão.
— O professor pode emprestar.
— Eu não sei… — Afinal, tinha um motivo dele não participar da prática em grupo.
— Andei pensando no que você disse… que eu não tenho muitos interesses. Você estava certo.
— Eu estava? — Era bom saber que tinha feito algo de bom.
— Em Verona, eu saia com meus amigos, desenhava, tocava e cantava, escrevia e cozinhava todos os dias com minha nona e meus primos. Eu só… sinto que não preciso fazer todas essas coisas quando estou com você. Mas agora eu entendo o problema nisso.
Bem, esse era exatamente o problema. Eles eram um casal de obsessivos, compulsivos e obcecados um pelo outro. Era difícil enxergar o resto do mundo quando a pessoa que ele mais amava estava tão perto, mas que por esse motivo era tão errado querer essas coisas, e que suas vontades se tornavam tão intensas que tudo acabava ficando um tanto tóxico. Percy queria dizer tudo isso para Nico, mas se dissesse, iria incentivá-lo a permanecer junto com ele nessa bolha intensa e traumática que eles tinham criado.
— Que bom que você entende.
— Exatamente por isso, quero te mostrar uma coisa. Vem comigo?
Ele faria tudo o que Nico pedisse. Felizmente, Nico era bondoso demais para exigir algo dele, ou esse era o caso geralmente. Então, quando Nico pedia, Percy ficaria feliz em conceder. Ele segurou mais uma vez na mão Nico e eles foram em direção ao departamento de música, deixando que Nico o guiasse pela primeira vez na vida. Talvez fosse uma boa mudança para eles.
***
— Nico, onde você esteve esses dias? A gente não conseguiu te encontrar em lugar nenhum!
Percy agora se lembrava porque não gostava de vir nas práticas de banda. Porque, quem tinha se levantado e corrido em direção a eles era Lou Ellen, a defensora mais fervorosa dos indefesos e oprimidos, e de acordo com ela, Percy era um daqueles que oprimia outras pessoas.
Lou parou na frente deles e cruzou os braços, olhando de cima a baixo. Percy escolheu fingir que não tinha visto, essa era mais uma integrante do seu ex-fan clube. Ele pode ou não ter se envolvido com ela, ele pode ou não ter usado e depois jogado fora. Não era sua culpa se as pessoas colocavam expectativas nele quando Percy não havia lhes prometido nada, nem amor ou sequer amizade. No fim, as pessoas acreditavam no que elas quisessem, mas não seria ele que afagaria o ego delas.
— Já entendi. Porque você trouxe esse psicopata aqui? — Ela murmurou, como se tivesse comido algo azedo, e se virou para Nico. — Nico! A gente está atrasado. Você conseguiu a música?
— Melhor ainda, eu escrevi uma. — Nico, como o anjo que ele era, ignorou o que ela tinha dito e segurou firme em sua mão; Nico sabia muito bem o que Percy realmente gostaria de estar fazendo.
Imediatamente, o rosto de Lou Ellen se transformou em um piscar de olhos, de carrancuda para esfuziante.
— Perfeito! Você vai mostrar pra gente?
Lou não havia dado tempo para Nico responder, ela o puxou e Percy não teve alternativa senão os seguir para dentro do auditório de música onde menos de dez adolescentes os esperavam. Ele se lembrava em algum ponto do passado estar entre eles, ele devia ter o quê? Doze anos? Mas como a música sempre tinha sido algo que Nico gostava, Percy preferiu se concentrar em outras coisas, como esportes, algo que poderia lhe dar um futuro mais promissor.
Percy não disse nada e nem cumprimentou ninguém, ele seguiu Nico até o centro do palanque e observou de longe. Nico pegou um violão que a escola disponibilizava e se sentou no chão, onde as outras pessoas se aproximaram e sentaram em volta de Nico, olhando para ele com admiração e algo a mais que ele preferia não questionar. Sinceramente? Percy não poderia culpá-los, Nico ficava ainda mais bonito com um violão no colo e olhar de contemplação enquanto dedilhava algumas notas nos fios do violão, sua voz doce e aveludada vindo logo a seguir, ecoando pelo ambiente, palavras e notas que Percy não reconhecia, mas que também não se esforçava para prestar atenção em seus significados, preferindo deixar que a música o rodeasse feito uma doce carícia que insistia em ir embora apenas para deixá-lo pulsando e querendo mais.
Ele não resistiu, colocou suas bolsas em um canto da sala e se aproximou de Nico, sentando diretamente a seu lado e colocando uma de suas mãos nas costas de Nico.
Nico meramente virou o rosto em sua direção e continuou cantando, talvez em um tom um pouco mais baixo, um pouco mais íntimo, como se aquelas palavras fossem destinadas para ele e a ninguém mais. Nico sorriu, tranquilo, e enfim quando a canção chegou a seu final, o som do violão ecoou por mais alguns momento, o fazendo acordar com seu final. Olhando somente para ele, Nico perguntou numa voz baixinha:
— Você gostou?
— Ficou muito bom. — Porque era verdade. Mesmo que ele não tenha prestado atenção nas palavras, a música por si mesma falava o suficiente. — Como ela se chama?
— Não há lugar como o lar.
As pessoas ao redor aplaudiram, roubando a atenção de Nico que agradeceu, fazendo algo dentro de Percy se enfurecer. Quem elas pensavam que eram!?
— Nico, a gente gravou. Tudo bem? — Lou disse de algum lugar na plateia. — Ficou perfeito. Posso compartilhar com os outros?
— Eu… já coloquei online? Posso colocar no grupo? — Nico disse incerto. Claro, Percy pensou, como se eles fossem negar quando as pessoas por ali pareciam adorá-lo.
— Isso é ótimo. — Lou disse de novo, animada.
— Excelente, Nico. Obrigada por compartilhar conosco algo tão pessoal. Podemos usá-la para um exercício? — Euterpe, a professora de música, o parabenizou. Quando Nico acenou, ela continuou. — Para a próxima aula quero que vocês criem um arranjo para a banda. Regravem a música e também tragam sugestões de outras canções para apresentarmos no baile.
Com isso o auditório explodiu em atividade, as pessoas se organizaram em dois ou três grupos enquanto os dois continuaram onde estavam, inclinados um na direção do outro, ainda com Nico segurando o violão e com Percy segurando na cintura de Nico.
— Você quer tocar?
Percy aceitou o instrumento quando Nico ofereceu para ele, embora ele tenha hesitado por um momento. Faziam um tempo que não segurava em um violão, tempo o suficiente para quase o fazer esquecer como posicionar os dedos. Mas é como dizem, tem coisas na vida que nunca se esquece e foi isso o que aconteceu quando a primeira nota soou, limpa e firme em seu dedos, os exercícios de dedilhado voltando com tudo, o fazendo lembrar das longas horas nesse mesmo auditório, uma das poucas coisas que o manteve em contato com a realidade quando Nico tinha ido embora. Uma das milhares muletas que ele carregava pela vida, mas que o mantinham em pé. Então, ele se deixou levar, abaixou a cabeça e permitiu relembrar, sentiu seus dedos voarem pelas cordas e permitiu que uma estranha calmaria o tomasse. E por longos minutos foi tudo o que ele escutou, sua respiração e a sequência de notas rápidas, isso é, até que sua sequência chegou ao fim e ele se viu abraçado por Nico.
— Isso foi muito bonito. Porque você não me disse que podia tocar desse jeito? — Nico disse calmamente, não como se exigisse algo e sim como se tivesse ganhado um presente valioso.
— Eu estava ocupado com o basquete. E com o drama adolescente.
Bem, Percy nunca foi muito bom com piadas. Então, ele não se surpreendeu com a atitude de Nico que apenas beijou em seu rosto e encostou a cabeça em seu ombro.
— Toca mais. Todos gostaram.
Todos?
Percy olhou ao redor do auditório e viu que as pessoas de fato estavam o observando em silêncio sem o usual escárnio. E ele podia jurar que tinha menos pessoas na sala.
— O que você quer escutar?
— Uma balada romântica.
Foi o que ele fez, as notas saindo mais lentas e simples. Imagine sua surpresa ao ouvir as pessoas cantando com Nico, batendo palmas e se balançando. Bem, o que ele podia fazer? Talvez nem tudo estivesse perdido.
***
— Desculpa. — Percy disse, admitindo a derrota. Às vezes, ele se esquecia que Nico não podia adivinhar o que ele pensava e que se ele quisesse que o relacionamento deles funcionasse como deveria, Nico não era o único que precisava ser sincero.
— Você não fez nada errado.
Tinham se passado alguns dias, mas aquele momento na sala de música tinha ficado em sua mente. Percy sabia que tinha a tendência de se perder em seus próprios pensamentos, imaginando que o mundo inteiro estava contra ele, quando na verdade, ninguém se importava, fofocas eram passageiras, coisas que não teriam efeito algum em sua vida e nem todos tinham algo ruim para falar dele. Nico era o lembrete disso, que ele ainda tinha uma família, amigos e alguém que estaria do seu lado incondicionalmente.
Para retribuir todo o esforço que Nico estava fazendo, Percy tinha se sentado ao lado de Nico no sofá de casa e o abraçado bem forte, o puxando para seu colo. Ele o beijou também, mas não os selinhos inocentes que eles tinham se acostumado nas últimas semanas, e sim bocas abertas e línguas se entrelaçando, que fez Nico gemer, estatelado e surpreso entre seus braços.
— O que foi isso? — Nico arfou, ainda em seu colo, se segurando em seu pescoço.
— Obrigado por ser paciente.
Nico piscou lentamente para ele, suas maçãs do rosto coradas, respiração rápida, um volume óbvio em suas calças. Percy sabia que esse era Nico tentando raciocinar no meio da excitação que de forma repentina invadia seu cérebro.
— Você sabe que eu te amo, não sabe?
— Eu sei.
— O sexo… ele não é importante. Você é o meu melhor amigo, meu companheiro.
— Nico.
— Eu poderia ficar sem sexo pelo resto da vida, mas eu nunca quero ficar sem você. Eu posso esperar.
— Eu sinto muito. — E Percy realmente sentia, principalmente vendo a frustração no rosto angelical de Nico, vendo que Nico estava pronto para implorar com o menor sinal positivo.
A verdade é que o celibato não era para ele. Era uma tortura a cada dia que ele não tocava em Nico, tinha medo que se Percy se deixasse levar, voltaria aos mesmo habitos ruins. Embora ele venha se questionando se tudo aquilo era errado ou se estava tudo dentro de sua cabeça devido a culpa de não ter prestado mais atenção no que acontecia com Nico.
— Chega. Eu não quero te ver assim. Não quero ouvir que você sente muito e que vai mudar. Eu não que você mude, quer dizer… você não precisa fazer todas essas coisas.
Nico estava quase fazendo um biquinho zangado, era lindo de se observar enquanto Nico tentava transmitir seriedade. Nico continuava tentando com tanto esforço ter certeza que ele estava bem que Percy sentia vontade de fazer alguma loucura; podia ser qualquer coisa. Mas o que ele realmente tinha vontade de fazer era jogar Nico na cama e fazê-lo esquecer a preocupação estampada em seu rosto. Talvez ele devesse? Só para ver se conseguia se controlar?
— Eu entendo. Não vou me desculpar de novo.
— Não vai? — Nico inclinou a cabeça para o lado, feito um cachorinho confuso, e isso fez Percy sorrir. Ele segurou Nico pelos cabelos e o beijou mais uma vez, sentindo Nico derreter contra seu peito.
— Você merece uma recompensa. Sabe porquê?
— Porque? — Nico gemeu, se remexendo em seu colo.
— Porque bons garotos merecem o melhor.
— Eu sou…? Um bom garoto?
— O melhor.
Percy sentia como se estivesse numa degustação do seu restaurante favorito. Ele olhou um momento para o rosto em fogo de Nico e se permitiu finalmente fazer o que queria. Lentamente, para ver o que Nico iria fazer, ele tirou sua mão da cintura de Nico e a levou para a virilha do garoto, o tocando delicadamente por cima da calça jeans. Feito uma flor, Nico afastou as pernas e tirou as mãos do caminho, levantando os olhos para onde as mãos de Percy estavam indo, gemendo suavemente quando ele finalmente cobriu seu membro por cima da roupa.
— Tudo bem se eu fizer isso? — Percy perguntou, parando seus movimentos.
— Sim, por favor. — E em seguida, como um pensamento atrasado, disse: — Obrigado!
— Hmm, bom garoto.
Então, como ele havia prometido, abriu o botão das calças de Nico e abaixou o viper, vendo o pequeno volume sobre a cueca. Ainda mais devagar ainda, Percy massageou o membro por alguns momentos e o puxou para fora da cueca. Ele não podia negar, Nico era lindo em todos os lugares; a pele morena, a voz doce, o corpo macio. Ali em baixo ele também era tudo isso, o membro que cabia em sua mão, a cabeça avermelhada e molhada bem na pontinha, os pelos ralos e bem aparados na base. Ele sentia vontade de devorá-lo e só para quando Nico virasse um possa de prazer sobre suas mãos, rendido a seus pés.
Mas, hoje não, hoje ele levaria tudo o mais calmamente que ele pudesse.
— Por favor! — Nico choramingou, lágrimas surgindo em seus olhos.
Percy fechou os olhos por um momento e se concentrou em sua respiração. Era aquela sensação pesada no fundo de seu estômago que o tomava novamente, aquela voz possessiva e controladora lhe dizendo que se Nico era seu e estava se oferecendo assim para ele, Percy poderia fazia o que bem entendesse.
— Está tudo bem, querido. — Percy murmurou, mal reconhecendo a própria voz, ouvindo Nico gemer. Ele hesitou apenas um momento para prestar atenção na reação de Nico.
Ah, seu doce Nico. Ele o encarava com alguns olhos dilatados, implorando, demonstrando tanta confiança nele que Percy teve que se mexer. A mão que estava perto da virilha de Nico enfim encontrou seu caminho e envolveu o membro pulsante. Ele quase tinha esquecido a sensação de tocar em um lugar tão íntimo de outra pessoa. Percy testou as águas segurando em volta de Nico e depois roçou um de seus dedos na pontinha, recolhendo o pre-gozo e o trazendo para baixo, dedilhando a extensão para voltar a envolvê-lo por completo, aplicando um pouco de pressão.
— Assim? — Ele perguntou.
Bem, Nico não o respondeu exatamente, mas a forma que Nico estava apoiado contra seu peito, gemendo sem pudor, deveria ser um bom indício.
De repente, Percy se sentia curioso. Depois de tanto tempo sentia que tinha esquecido a forma do corpo de Nico. Ele usou sua outra mão e envolveu o baixo ventre de Nico, acariciando sua barriga. Subiu mais um pouco e encontrou seu abdômen, suas costelas e peito, tocando nos mamilos duros, onde ele se demorou por alguns instantes.
— Percy! — Ele ouviu Nico choramingar, se roçando contra ele.
— Eu sei. Estou te torturando.
Mantendo Nico preso contra seu peito, costas contra ombros, Percy continuou sua exploração, indo para baixo e voltando a massagear entre as pernas de Nico.
— Será que você podia… mais para baixo? — Então, Nico murmurou, todo dócil e obediente.
— Aqui? — Seus dedos curiosos fizeram o que Nico pediu, passando pelos testículos e encontrando a entrada de Nico. Um leve toque lhe disse o que Nico queria.
— Você anda se divertindo sem mim, hmm?
— Eu não sabia se… quando… ah…
Bem, ele ainda estava curioso. Devagar, Percy roçou um de seus dedos e logo Nico se abriu feito uma flor. E mesmo a seco, seu dedo entrou, quase sem resistência, indo até o final. Percy podia apostar que enquanto ele tentava dar um tempo para Nico pensar, Nico estava se divertindo sem ele.
— É isso o que você fazia quando eu não estava olhando?
Ele tentou colocar outro dedo e o surpreendendo, o dedo entrou quase sem resistência novamente. Nico se curvou todo de uma forma que parecia dolorosa e gritou a pleno pulmões: — É tudo sua culpa! Eu tentei… tentei… não é a mesma coisa!
Ah, isso o fazia querer… não! Não hoje. Hoje, ele se conformaria em tocar e observar, quem sabe em alguns dias Percy se sentiria forte o suficiente para avançar. Então, ele fez o que Nico tão desesperadamente pedia para que ele visse. Observou o membro de Nico pulsar, sem nada o tocar, enquanto que continuava a massagear o interior dele, movendo seus dedos devagar ao redor, os abrindo muito delicadamente até encontrar o lugar certo. Nico gemeu longamente, curvando a coluna e como mágica, viu Nico expelindo, jato atrás de jato, sem tocar em qualquer outro lugar.
— Eu te odeio! — Nico grunhiu quando enfim desabou contra seu peito, uma expressão de exaustão e êxtase ainda estampado em suas feições.
Bem, Percy acreditava em Nico. Às vezes, ele também se odiava um pouco, principalmente quando tinha que se controlar dessa forma.
— Eu também te amo.
Percy continuou segurando Nico contra seu peito e só se moveu quando teve certeza que Nico não continuaria o odiando.
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E então, divertido? Estou gostando bastante de abordar esse lado psicologico deles. Espero que o assunto não esteja muito pesado. Provavelmente na segunda tenha mais capitulos, se não tiver vai a versão em inglês.
Comentarios são sempre bem-vindos e me fazem escrever mais rapido ainda, o que se tornou verdade^^ Obrigada a todos que tiram um tempo para apoiar o blog.
O que é isso? O terceiro capítulo da semana? É um milagre! Nessa semana vocês realmente podem me chamar de escritora, porque eu escrevi muitoooooo.
Agora, falando serio. A vontade de escrever já está virando obsessão, então vamos ver até onde ela dura. E claro, peço desculpas pela baixa na qualidade do texto. É isso o que acontecesse quando se escreve muito em pouco tempo, por isso revisão e edição é tão importante. E tipo, sinto muito pelo drama! Eu já disse que escrita é minha terapia? Não é literal, são coisas que eu vejo, vivo e sinto tudo misturado. Acho que é isso o que eles chamam de "estilo de escrita".
O capítulo é pequeno, mas de qualquer forma, espero que você gostem.^^
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— Obrigado. — Ele acabou dizendo quando a família o abraçou em conjunto, Sally quase chorando enquanto Grover e Tyson tinham uma expressão séria e neutra no rosto, o fazendo se lembrar quando Percy estava tentando se controlar para não destruir o que visse pelo caminho.
Ele também gostava disso, sabendo que poderia contar com a família inteira. E já que ele estava sendo sincero, por que não continuar?
— Eu não via Hades há anos, ele não é importante. Será que é necessário tanto trabalho por causa dele? Eu estava pensando em algo mais eficaz.
— O que você precisar, querido. — Dessa vez, foi Sally quem disse, se já se recompondo; a mãe dando espaço para a mulher de negócios.
— Eu estava pensando em emancipação. — Quando ninguém disse nada, Nico preferiu fechar os olhos e continuar falando. — Hades tem o controle das posses da minha mãe e como filho único, eu só teria acesso a isso com vinte e um anos. Se eu apressar esse processo, posso tentar recuperar o que é meu antes que Hades destrua tudo.
— Não entendo, Hades não pode mexer nesse dinheiro sem a permissão da justiça. — Tyson disse, confuso.
— Esse é o problema. Minha mãe tinha ações e outros ativos que Hades tem acesso. Grande parte do que ele tem vem da minha mãe.
— Você está nos dizendo que quem era rica era sua mãe e não Hades? — Agora era Percy quem parecia inconformado.
— Hades costumava ser um gerente de banco. Ela se apaixonou e eu nasci. Na verdade, Bianca é minha meia irmã. Meu avô é um grande fazendeiro, sabe? Mamãe costumava ajudá-lo antes de Hades aparecer.
— Nossa. — Grover murmurou. — Seu pai é filho da puta.
— Ele é. Eu não me sentia seguro em contar isso para ninguém, mas agora que ele não pode me machucar é o momento de recuperar tudo o que ele tirou de mim.
— Nós vamos ajudar. Tyson vai começar os preparativos.
— Será que a gente pode pegar ele de surpresa? Tentar recuperar a herança da minha mãe e fazer a emancipação juntos? Eu não quero dar tempo para ele revidar.
— É claro. É uma ótima ideia. — Tyson disse com um estranho brilho no olhar. — Ele nem vai perceber quando a gente pegar ele. Eu prometo.
— Tudo bem. Eu confio em você. Se a emancipação não der certo, vocês podem ser meus guardiões? Nunca mais quero voltar para aquela casa.
— Você tem nossa palavra. — Sally tocou em seu ombro, sorrindo para ele com lágrimas nos olhos. — Vamos destruir esse homem, nem que seja à força.
— Vocês não precisam prometer. Eu só… não quero ficar sob o controle dele. Não sei o que pode acontecer.
— Bianca está bem morando com ele?
— Ele nunca tratou Bianca como me trata.
— Oh, querido. — Sally disse e o abraçou forte, ainda com Percy o segurando pela cintura.
Ele se negava a chorar, se negava a dar a Hades esse gostinho, se negava a continuar sob o controle daquele homem. Enquanto ele estava em Verona com seus avós, primos e tios, Hades não teve a coragem de se aproximar. Mas agora que nenhum outro adulto era responsável por ele, Hades pensava que poderia mandar nele. Bem, Nico iria provar para aquele homem e devolver um gostinho do que Hades havia feito com ele.
— Eu estou bem. Tudo isso ficou no passado. Eu só quero o que é meu.
— Nós sabemos. — Percy finalmente disse, saindo de seu estupor. — Eu vou cuidar de você.
Nico sabia disso, Percy estava dizendo essas palavras com tanta frequência que ele estava começando a acreditar. Talvez eles realmente tivessem uma chance de se casar no futuro e construir uma família somente deles, longe de toda essa confusão e dor. Talvez se ele se comportasse e fizesse tudo do jeito certo, ele se libertaria desse pesadelo, dessas pessoas que pareciam decididas a torturá-lo.
***
Depois disso as coisas pareceram se acalmar, porém, de uma forma delicada.
Ele disse que deveria ter ficado calado desde o início, não disse? Nico não entendia exatamente o que estava acontecendo, mas suspeitava de algo. Percy estava se distanciando dele, como se estivesse afrouxando a guia de sua coleira para ver até onde ele iria sem supervisão. Ou talvez, fosse apenas o que ele sentia. Talvez Percy estivesse dando um espaço para ele, um tempo para ele entender o que acontecia e dar o próximo passo. Onde Percy estava de seu lado em todos os momentos do dia, agora outra pessoa o substituiria sem ele nem perceber. Era estranho, nas poucas vezes que ele se pegava sozinho e conseguia pensar, o efeito do que Percy queria se tornava o contrário. Esse tempo sozinho o fazia pensar na vida e nas possibilidades que o futuro guardava para ele. Isso o assustava, a incerteza, vendo que teria que tomar as rédeas da própria vida se quisesse viver confortavelmente, quando, na realidade, tudo o que ele desejava era que alguém viesse e lhe dissesse qual era o caminho certo a tomar.
Aquela tarde não seria diferente, o fazendo se perder na sucessão dos dias, dias agradáveis e com pessoas que se importavam, mas sem o prazer que ele tinha se acostumado a receber. Será que alguns dias era o suficiente para Percy se convencer? Ele estava se comportando como era esperado dele? Nico estava tão cansado que apenas se levantou da cama e saiu andando pela casa. Ele encontrou Sally na cozinha, negando o convite para cozinhar com ela. Encontrou Tyson na sala de estudos e ele ofereceu para atualizá-lo sobre o caso de Hades, e mais uma vez negou, passando por Grover que estava na sala de estar e indo direto para a área externa da casa, o único lugar que Percy poderia estar. E lá Nico o encontrou, nadando em velocidade rápida na piscina, para cima e para baixo, e quando Nico finalmente se aproximou o suficiente para ver melhor a figura de Percy, ele permaneceu em silêncio, se perguntando se era uma boa ideia quebrar sua rotina auto-imposta. E se esse fosse o futuro deles e Nico apenas estivesse atrasando e lutando contra o que não tinha jeito? Se vendo em um beco sem saída, Nico se sentou em uma das espreguiçadeiras e continuou observando Percy nadar furiosamente, parecendo que tentava descontar toda sua frustração na água.
Agora, não faltava muito. Se Nico ainda estivesse seguindo o script deles, em poucos minutos Percy sairia da piscina e iria em busca dele. Percy o abraçaria e sorriria para ele, sendo todo carinhoso e eles passariam o resto da tarde e parte da noite fazendo qualquer coisa que não fosse o que eles queriam estar fazendo. Ele estava tão cansado de tudo isso que nem se surpreendeu quando Percy saiu da piscina, como se alguém o estivesse perseguindo, quase passando direto por ele. Nico sentia vontade de rir, isso era tão ridículo; Percy era ridículo e ele também era ridículo. O que eles estavam esperando? O trauma e tristeza desaparecem para que eles pudessem continuar com a vida deles? Que talvez com tempo e paciente Nico seria uma pessoa normal e equilibrada mentalmente? O mais engraçado foi ver Percy voltando de ré e parando ao lado de sua cadeira, sorrindo encabulado para ele. E o que Nico fez? Ele sorriu de volta, era a única coisa racional a se fazer em uma situação que não fazia nenhum sentido.
— Ei, lindo. O que você faz aqui sozinho? — Percy perguntou e se agachou, ficando em sua altura e o encarando bem de perto.
— Senti sua falta.
— É?
— Eu queria saber onde você estava.
— Eu estou aqui, como sempre.
Nico queria dizer que era uma mentira. Percy podia estar ali, mas não estava do seu lado.
— O que está acontecendo com a gente? — Ele perguntou, se sentindo mais cansado a cada momento que se passava.
— Não está acontecendo nada. — Percy disse e sorriu para ele, o tocando suavemente no rosto. E esse era o problema, nada acontecia e ele precisava que algo acontecesse imediatamente, ou ele iria enlouquecer por completo.
Nico quase se deixou levar pela carícia platônica, quase deixou que o sorriso calmo de Percy o enganasse.
— Eu… eu fiz algo errado?
— Isso nunca seria possível.
— Você não gosta mais de mim?
— Nico. — Percy disse na voz mais calma que ele já tinha ouvido. — Acho que a gente devia desacelerar.
— Mais do que isso?
— Eu… — Então a máscara de tranquilidade no rosto de Percy se quebrou. — Eu abusei de você. Eu nunca perguntei porque você não falava com seu pai. Nunca questionei porque você chorava e tremia quando pensava que ninguém estava vendo. Eu preciso de espaço. Pensei que seria bom para você também.
— Eu não preciso de espaço. Eu preciso de você.
Nico não hesitou, ele se jogou no colo de Percy e o abraçou bem apertado, sentindo um nó na garganta se formar.
— Nico. Eu… eu me sinto culpado. Eu sou apenas mais um que quer abusar de você. — O importante era que Percy o abraçou de volta, bem apertado, o segurando pela nuca e sussurrando em seu ouvido. — Eu quero te ver aos meus pés e quero te ver obedecendo tudo o que eu mandar. Quero que você olhe só para mim e pense só em mim. Você acha que isso é diferente do que Hades estava fazendo com você?
— Eu não me importo. — Pronto, ele tinha dito. — Eu quero fazer tudo isso por você.
— Nico, por favor.
— Eu estou cansado. Por que eu não posso ter o que eu quero? Por que é tão errado estar sob o controle de outra pessoa?
Ele ouviu Percy gemer e antes que pudesse reagir, Percy o puxou pelos cabelos e o fez encará-lo, seus olhos verdes em chamas, como se Percy estivesse prestes a devorá-lo ali mesmo.
— Você vai me matar. Você sabe disso? Eu estou tentando cuidar de você. Estou fazendo o que é melhor para você.
— Eu quero não o melhor, eu só quero não me sentir tão miserável o tempo todo. Você pode fazer a dor passar?
Percy olhou por um longo momento para ele, parecendo que iria desmoronar a qualquer instante, mas finalmente sua vontade foi atendida; Percy encostou os lábios dele contra os seus e ficou assim por alguns momentos, o permitindo sentir o calor e o toque que ele tanto tinha sentido falta. E de repente, era o suficiente para Nico. Não era o sexo que ele sentia falta, era o calor do corpo de Percy sobre o dele, o afeto, toque atencioso, o liberar da tensão, a conexão que ele não havia encontrado em nenhum outro lugar.
Infelizmente, o momento foi quebrado algum tempo depois. As mãos de Percy continuaram sobre sua pele e ele ainda estava sentado no colo de Percy, eles ainda se encaravam como se o outro fosse sumir se eles desviassem a atenção.
— Eu nunca quis que você se sentisse assim. — Percy enfim disse, engolindo em seco. — Eu me sinto um monstro. Eu vou-- eu vou superar isso, eu só preciso de um tempo.
— A gente precisa ficar longe? Eu não quero aprender sobre advocacia com Tyson ou sobre esportes com Grover, eu nem mesmo quero aprender novas receitas com Sally. Prometo que não vou te incomodar.
— Como você pode fazer isso comigo? — Foi tudo o que Percy disse antes de enfiar o rosto em seu pescoço e Nico sentir lágrimas atingirem sua pele, os braços de Percy se apertando ao redor de sua cintura.
— Oh.
Talvez não tenha sido uma boa ideia encurralar Percy no final das contas. Nico se convenceu disso quando ouviu o primeiro soluço. Por que tudo o que ele fazia dava errado? Com o peito apertado, Nico puxou Percy para cima e deitou com ele na espreguiçadeira. Ele obedeceria aos desejos de Percy e daria o espaço que ele precisava.
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Então, está muito ruim? Qualquer feedback é bem-vindo, nem que seja para me cobrar alguma coisa. Vou adorar ver vocês por aqui. E só para avisar, a versão em inglês vai vir assim que minha inspiração esvaziar um pouco e infelizmente a qualidade vai continuar duvidosa até que isso aconteça; quanto mais tempo eu passo revisando ou traduzindo, menos palavras eu escrevo e mais a evolução da história se atrasa. Espero que vocês entendam. E obrigada desde já!
Oii, como vai? Então... eu não ia postar hoje, mas me deu uma vontade de escrever tão grande e eu simplesmente não conseguia parar, foi o que saiu. Também aproveitei para escrever um pouco sobre o Hades para não escrever coisa pior no futuro. Me desculpem se a escrita estiver muito apressada, é o que acontece quando escrevo muita coisa de uma vez.
Espero que vocês gostem^^
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Se Nico soubesse, ele nem teria levantado da cama naquela manhã. De fato, se tivesse o poder, teria voltado no tempo para o exato momento antes de brigar com Annabeth na festa e feito tudo diferente, continuaria a mentir para Percy, fingindo que estava tudo bem, mesmo que no fim do dia, era um problema a menos que ele teria que lidar. Sim, ele era o único culpado por tudo aquilo, por não contar o que acontecia com ele no momento certo e por não falar o suficiente no momento errado. No fim, Percy apenas estava fazendo o que ele tinha pedido, mas de um jeito que Nico não tinha previsto, tomando as rédeas da situação quando ele menos esperava. Um bom exemplo disso foi naquela manhã, uma segunda-feira como qualquer outra. Ou era o que ele pensava.
Nico não sabia como não tinha percebido essas coisas antes, o quanto a solidão tinha desaparecido com a presença de Percy e, em contrapartida, a reação que ele gerava nas pessoas. Nico tinha voltado há uma ou duas semanas, mas parecia que os cinco anos fora do país nunca tinham acontecido. As pessoas ainda olhavam para ele e o tratavam da mesma forma, o preconceito velado e mal escondido para quem quisesse ver. Era a cor de sua pele? A homofobia? Ou era o fato de Percy voltar a ignorar qualquer pessoa quando ele estava por perto? Era um peso que Nico não se lembrava de sentir antes. Não que ele pudesse evitar ou tivesse qualquer inclinação para fazê-lo, pois naquela manhã ele tinha acordado do jeito que sempre imaginou ser impossível, com beijos demorados e caricias que o faziam suspirar. Com abraços apertados que aqueciam sua alma e o fazia se sentir seguro. É claro que tudo isso entrou em pausa quando eles tiveram que sair da cama e ir para a escola e enfrentar o cruel mundo dos adolescentes.
Ele mal percebeu o silêncio em volta deles até que Nico entrou com Percy na primeira aula do dia. Ele só entendeu o que acontecia quando viu Annabeth no fundo da sala, envolta de um grupo de pessoas.
— Não liga para ela, sim? — Percy disse e levou a mão de Nico aos lábios.
Então, tudo fez sentido. Eles estavam de mãos dadas, desfilando pela escola sem nenhuma preocupação. Nico apostava que Annabeth estava fazendo seu melhor para espalhar a nova fofoca; o jogador popular estava transando com o garoto recém-transferido, embora ele tivesse certeza que a maioria se lembrava dele.
Nico não teve muito mais tempo para pensar sobre o que as pessoas falavam dele. Percy o puxou para o outro lado da sala e se sentou com ele em uma das carteiras do canto, perfeitamente longe e protegido dos olhares curiosos. Ele queria poder dizer que não tinha conseguido se concentrar na aula, quando, na verdade, foi o contrário; os sussurros se tornaram som de fundo e quando ele menos viu, mais um dia escolar se encerrava, Nico se vendo na reflexão da janela do carro, observando a avenida cheia de árvores e lojas, o comércio agitado naquela hora do dia.
— Tudo bem? — Percy perguntou a seu lado, colocando uma das mãos sobre sua perna enquanto dirigia em direção à casa deles, quer dizer, em direção à casa dos Jackson.
— Acho que sim. A gente pode passar na minha casa? Eu queria pegar minhas malas.
— O que foi? Minhas roupas não são suficientes?
Percy estava brincando, é claro. Ele não poderia continuar usando as camisas que ficavam escorregando de seus ombros ou suas antigas roupas, mesmo que elas estivessem muito bem conservadas.
— Per.
— Tudo bem. Eu faço tudo pelo meu bebê. — Percy mostrou a ele um enorme sorriso, como se ele tivesse contado a melhor piada do mundo e Nico decidiu ignorar.
Cada vez que ele dizia não ser um bebê, alguma coisa acontecia mostrando o tanto que Percy estava certo. Ficando calado, Nico colocou suas mãos por cima da mão de Percy e as segurou, entrelaçando seus dedos.
— Estamos quase lá. Você quer que eu pegue ou você pega?
Era uma boa pergunta. Nico não queria encontrar Hades dentro da casa, porém fazia dias que não conversava com Bianca.
— Você entra comigo?
— É claro. Tudo o que você precisar.
Então, depois de alguns minutos, Percy estacionou o caro em frente a casa e ambos pararam na porta, o porteiro dando passagem para ele assim que o reconheceu. Nico nem tentou cumprimentar o homem, tudo o que ele queria era pegar suas coisas o mais rápido possível e falar com Bianca se ela estivesse em casa. Imagina sua surpresa ao ver o pai na sala de estar, sentando no sofá enquanto lia o jornal e tomava uma xícara de café.
— Nico, que surpresa. Pensei que você tinha esquecido onde é sua casa.
— Engraçado. — Nico rebateu. Ele nem se deu o trabalho de ver a reação do pai, e olhando para a frente, continuou seu caminho escadas acima. — Eu pensei que eu não tinha um pai.
— Garoto! Volte aqui! Nesse instante!
Claro, como se ele fosse obedecer um completo estranho. Nico continuou a andar calmamente, e mesmo ouvindo Percy trocar algumas palavras com Hades, isso não o abalou, era algo comum entre eles. Logo Percy estava a seu lado novamente, lhe oferecendo um sorriso e um ombro amigo. Sinceramente? Nico não se importava. Cada vez se importava menos. Ele já tinha uma família, e não era um homem irresponsável que o faria se sentir culpado por ignorar alguém que devia ser o primeiro a apoiá-lo.
Sem fazer muita bagunça, Nico pegou suas malas, seus objetos pessoais e algumas caixas que haviam chegado somente agora da Itália, e deu uma volta no quarto, se certificando que tinha pegado tudo.
— É só isso? — Percy perguntou para ele, parecendo triste.
— O resto está em Verona. Eu não sabia quando tempo iria ficar por aqui.
— O que isso quer dizer?
Nico deu de ombros e verificou debaixo da cama.
— Pensei que você estaria namorando alguém. Se preparando casar, sabe? Pensei que eu voltaria para terminar o colégio e me desculpar. E depois… acho que voltar para a Itália para ajudar minha nona.
— Serio? Eu significo tão pouco? — Percy parecia magoado, mas essa não era a questão.
— Eu não esperava tudo isso.
Nico decidiu encarar Percy quando o silêncio se alongou mais do que o normal.
— Sempre esqueço o que eu fiz com você.
Não, Nico se negava a entrar nessa discussão mais uma vez. Ele se negava.
— Quer dizer… — Nico disse, tentando mudar de assunto. — Você sabia onde eu estava.
— Eu sabia. — Percy concordou. — Eu planejava ir atrás de você. Depois de me formar.
— Hm. — Nico murmurou sem saber o que dizer. Isso era algo bom, certo?
— Eu queria dar tempo para você… viver.
— Acho que não entendi.
— Não queria que você vivesse se perguntando o que poderia ter acontecido sem a minha sombra te rondando. Sei que isso é mais forte do que nós dois.
Quando Percy falava desse jeito, parecia que eles não tinham opção, como se fosse algo sem livre arbítrio. Talvez fosse. Porque se Percy tivesse aparecido em sua porta, ele teria largado tudo e teria dito sim para qualquer coisa que Percy sugerisse.
— Desculpa, eu não queria falar sobre isso de novo. Vamos, sim? — Percy disse e beijou seu rosto, tentando sorrir, antes de pegar as malas e uma das caixas, deixando para ele carregar os itens mais leves.
Eles desceram as escadas e lá estava Hades bloqueando a passagem. Felizmente, Bianca também estava lá, ela pegou algumas coisas de sua mão e tentou sorrir para ele, exatamente como Percy tinha feito, tentando o consolar.
— Nico, precisamos conversar. — Hades disse, ainda bloqueando a porta de saída.
— Agora você quer conversar? O que você teria para me dizer?
— Precisamos conversar sobre o seu futuro.
— Futuro? Desde que seja longe de você, eu aceito.
— Eu sou seu pai. Você me deve respeito!
— Que respeito?
— Nico, por favor. — Bianca se meteu no meio deles e implorando com o olhar, continuou a falar: — Você poderia ouvir o que ele tem a dizer?
— Eu sinto muito. — Ele disse, não se sentindo nenhum pouco culpado. — Eu não quero saber dos planos dele para mim. É sua responsabilidade agora.
— Sei que a gente errou com você e--
— Errou? — Nico balançou a cabeça, se negando a acreditar. — Eu te amo, Bia. De verdade. Mas não tenho nada a ver com a família Di Angelo. Ele é seu pai muito mais do que meu. Aproveite.
— Niccolas. Me obedeça nesse instante! — A voz de Hades retumbou pelo ambiente, profunda e rouca, feito um trovão. Talvez isso tivesse o aterrorizado alguns anos atrás, agora tudo o que ele sentia era uma profunda raiva.
— O que você vai fazer? Me bater? Esse não é seu jeito preferido de lidar com garotos desobedientes?
A cena a seguir se tornou um belo espetáculo aos olhos de Nico. Bianca ficou pálida feito uma folha em branco, Hades se enfureceu mais ainda, porém a reação mais interessante foi ver Percy congelar como a mais perfeita estatua grega. Seria essa mais uma camada de culpa para Percy “tentar não conversar com ele”?
— Está tudo bem. Vai em frente. — Nico disse quando ninguém mais se atreveu a dar um pio. — Vê se deixa pelo menos uma marca, assim fica mais fácil para entregar como prova para as autoridades. O que você acha disso?
— Você não teria coragem.
— Não? Então, tenta a sorte. — E ainda assim, quando Hades não se moveu para longe da porta, Nico foi forçado a continuar: — Você vai me forçar ou vai sair da frente?
— Seu--
— Nico, deixa comigo. Eu vou cuidar disso. — Percy disse a seu lado, o fazendo lembrar o que namorado ainda estava ali. Era estranho. Geralmente essas coisas aconteciam quando não havia testemunhas.
Era isso!
— Não precisa. Sei que Hades vai tomar a decisão certa, não vai? Principalmente com duas testemunhas presentes?
Nico, então, se virou para Hades e esperou. Hades podia ser irresponsável e violento, mas ele não era burro.
Ainda fumegando de raiva, Hades saiu de frente da porta, mas não sem antes dizer:
— O que você vai fazer? Viver o resto da vida com o dinheiro dos outros? Mendigando por atenção?
— O que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta. Logo você não terá qualquer poder sobre mim ou sobre o que pertence a minha mãe. Diga adeus a sua fortuna, querido papai.
Assim, Nico deu as costas para Hades e saiu porta afora para nunca mais voltar. Ele faria Hades pagar por tudo o que ele fez e o faria devolver cada centavo que tinha sido tirado de sua mãe.
***
Nico se sentia sortudo. De verdade.
Eles colocaram suas coisas dentro do carro há tempo de Bianca dizer que iria telefonar para ele e Percy arrancar com o carro para longe daquela casa. Agora, por que ele se sentia sortudo? Bem, ele tinha sorte de Percy esperar até que eles chegassem em casa para abraçá-lo e tentar consolá-lo. O engraçado é que ele não precisa ser confortado. Dessa vez, tudo o que ele queria era bater em alguma vez para ver se assim a tensão saia de seus ombros. O que ele fez? Se deixou ser confortado mesmo assim. Deixou que Percy o abraçasse bem forte, que acariciasse seus cabelos daquela forma que fazia seus pelos se arrepiarem e deixou que Percy o beijasse longamente.
— Eu não sabia. Eu nunca-- por que você não me disse?
— Eu sabia que você faria alguma coisa idiota.
— Ele te batia! E eu… eu fiz o mesmo!
— Eu não diria isso. Hades nunca foi tão talentoso para me fez gozar.
— Nico!
— Desculpa! — Ele acabou rindo, sentindo parte da tensão deixar seu corpo. — Eu não queria ser mandado para longe por causa dele.
— Eu sinto muito. Você teve que passar por isso também e eu nunca desconfiei. Tudo faz sentido agora. Você não gostava de ir para a sua casa ou evitava Hades a todo custo.
— Eu não queria te preocupar.
— Não diga isso. Hades nunca mais te ver. Isso é uma promessa.
— O que você vai fazer?
— Você confia em mim?
Como ele não poderia quando Percy olhava para ele tão serio e com aqueles olhos verdes intensos?
— Eu confio. Você sabe disso.
— Vou tomar conta de você. E dessa vez, vou me certificar que essas pessoas paguem pelo o que elas fizeram.
E de novo, Nico pensou em contestar. Mas se Percy queria? Quem era ele para negar? Ele sabia que não devia gostar tanto de ser colocado num pedestal ou de ser protegido como se fosse de cristal. O problema real era que ele gostava, amava ver o senso de posse que emanava de Percy. Se quer era um problema quando ele permitia que acontecesse e até consentia com as ações de Percy? Então, cansado de hesitar, Nico apenas concordou, deixando que Percy continuasse com os beijos e abraços. A melhor parte foi quando Sally chegou do trabalho com Grover e Tyson. Ele se aninhou contra o peito de Percy e se permitiu apreciar o momento, vendo a reação da família Jackson. Bem, vendo a reação da sua família, porque eram eles quem haviam oferecido um lar para ele, os vendo ir de surpresos para furiosos em menos de dois minutos. Era algo que acalentava sua alma e afagava seu senso de vingança. Por que tentar lutar contra sua natureza quando ele podia ter tudo o que queria? No fim, Nico ouviu muitos “sinto muito” e “a gente vai cuidar de tudo”, finalizando com “você está seguro com a gente”.
Nico também sabia que eles não estavam dizendo aquilo apenas para confortá-lo, mas ver o rosto deles cheio de afeto e senso de justiça fazia algo dentro dele se acalmar, uma satisfação enorme borbulhando para fora dele em forma de um sorriso. Isso não devia ser muito comum, certo? Começar a rir quando eles mostravam tanta preocupação? A verdade é que Nico já se sentia vingado apenas pelo fato de alguém saber o tipo de pessoa que Hades Di Angelo realmente era.
— Obrigado. — Ele acabou dizendo quando a família o abraçou em conjunto, Sally quase chorando enquanto Grover e Tyson tinham uma expressão seria e neutra no rosto, o fazendo se lembrar quando Percy estava tentando se controlar para não destruir o que visse pelo caminho; Percy podia ser o integrante da família que mais mostrava suas emoções, mas por trás do rosto inocente e bondoso era Tyson quem agia primeiro.
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E então, o que vocês acharam? Está divertido escrever sobre o Nico e desvendar o se passa na cabeça dele. Eu só queria deixar claro que o Nico está onde está porque ele quer e não ser submisso demais. Eu não sei se essa semana ainda tem mais capítulos e não sei quando a tradução chega. Mas vocês sabem, quantos mais comentarios mais incentivo para eu escrever.
Obrigada pela presença!
Oii, como vai? Mais um capítulo e tão rapido? Estou aproveitando enquanto o burnout não vem! Espero que vocês gostem.
Nesse capítulo não tenho muitos avisos. Considerem esse capítulo parte do anterior, ok?
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Nico admitia que ter conversado com Percy tinha tornado as coisas mais fáceis. Sinceramente? Ele não se importava, pensava que não mudaria muito se ele dissesse o que pensava ou não. Nico estava enganado, é claro, embora somente tenha feito tudo aquilo porque via como esses segredos incomodavam Percy. Não eram segredos exatamente, eram… algumas coisas pequenas que o faziam sentir vergonha ou que ele pensava não serem importantes. No fim, Percy estava certo. Era o melhor sentimento do mundo, saber que Percy se importava tanto com o que ele pensava e sentia, a ponto de insistir tanto e o forçar a ver que ele era importante, mesmo que fosse para uma única pessoa; ele não era mais invisível e o que ele pensava era valido.
Quer dizer, Nico sabia o que tinha acontecido com ele. Tinha plena consciência que seu pai tinha o abandonado muito antes de sua mãe morrer, mas deixar uma criança sozinha sob os cuidados da irmã mais velha que mal podia cuidar de si mesma? Ele nunca culparia Bianca e muito menos Percy que tinha o recebido de braços abertos quando o garoto não tinha obrigação nenhuma. Nico nem conseguia imaginar onde estaria hoje se não fosse por Percy que mesmo um pouquinho rebelde e controlador, era gentil e preocupado, muito mais afetuoso do que a imagem que Percy passava para o resto do mundo, o menino marrento e um tanto violento que escondia dentro do peito a vontade de amar e ser amado, não pelo o que ele tinha e sim pelo que ele era. E disso, Nico entendia perfeitamente bem. Quando as pessoas a seu redor descobriram que ele era rico, o estrago já estava feito; algumas pessoas passaram a evitá-lo e outras a bajulá-lo, mas não Percy, Percy sempre o foi mesma pessoa protetora e afetuosa, sempre lhe oferecendo um sorriso e disposto a compartilhar tudo o que tivesse com Nico; sua casa, seu dinheiro e até sua família.
Era por isso que naquele momento, quando Percy disse que sua opinião importava, ele acreditou. E quando Percy pediu para ele ser sincero, Nico fez o máximo que pôde. Sabia que podia ter inventado alguma coisa ou fingido que nada estava acontecendo, vendo que Percy estava quase desistindo e se dando por vencido, por que nisso? Eles eram iguais; era melhor ter algo quebrado do que não ter, certo? Nico não tinha mais certeza, tudo o que sabia era que ele estava exatamente onde deveria estar, no lado de fora da casa deitado numa espreguiçadeira com um livro na mão, vendo a família Jackson se divertir. Percy nadava, Sally grelhava legumes e carnes na churrasqueira elétrica e Grover e Tyson estavam sentados na grama, fazendo o que eles faziam de melhor, organizavam os próximos eventos do restaurante e decidiam o design do cardápio para o próximo mês. Nico até podia respirar mais facilmente, sentindo o sol do meio da tarde atingir seu rosto, o fazendo fechar os olhos por um momento. Momento esse que parecia ter se estendido mais do que ele pensava, sendo acordado por uma voz suave e mãos carinhosas que tocavam em seus cabelos.
— Nico, a comida está pronta. Você não devia ficar tanto tempo no sol. — Era Sally, que sorria para ele e o ajudava a levantar da caideira.
Nico piscou devagar e ainda com a visão embaçada, deixou que Sally o guiasse para as mesas perto da churrasqueira que estavam debaixo de enormes guarda-sois, servindo de tendas improvisadas já que eles raramente usavam a parte externa da casa. Ou era o que Percy tinha lhe contado.
— Que cheiro bom! — Ele ouviu alguém dizer de longe.
Nico se sentia no paraíso.
Ainda meio sonolento, observou Percy dar mais uma volta na piscina e ir até a borda, se impulsionando para fora dela e vindo em direção a eles, desfilando, como se não tivesse nenhuma preocupação no mundo, jogando os cabelos molhados para trás e vestindo uma sunga, molhando o chão por onde passasse. Era quase como se a água se apegasse a seu corpo e não quisesse abandoná-lo. Nico nem se irritou quando Percy se inclinou sobre ele e o beijou, o molhando no processo, ao se sentar a seu lado.
— Boa leitura?
Era uma pergunta interessante, ele não lembrava de sequer uma palavra, muito menos se tinha lido qualquer página. E ao invés de questionar sua falta de resposta, Percy meramente sorriu para ele e beijou seu rosto. Parece que a trégua deles ainda estava de pé.
— Qual tal a gente comer e descansar depois?
Nico acenou, é claro, de repente se sentindo exausto. Percy colocou um pedaço de filé bem-passado, batatas e uma salada para ele e fez outro prato para si mesmo. Eles comeram em silêncio e Nico mal notou quando sol foi se amenizando e se escondendo no horizonte. Ele também mal notou o momento que tinha subido para o quarto com Percy e entrado debaixo dos cobertores, a única luz que iluminava o ambiente sendo os raios fracos que ultrapassava a persiana.
— Durma. Vou estar aqui quando você acordar.
Nico fez seu máximo para manter os olhos abertos. Mas Percy ainda estava do seu lado, vestindo apenas uma sunga, acariciando seus cabelos e o ninando feito o bebê que Percy insistia que ele era. Talvez ele fosse, e talvez Percy gostasse disso. As coisas eram o que eram, e lutar contra a natureza fosse uma batalha fadada ao fracasso. Assim, ele se deixou ninar e relaxou contra os travesseiros. Talvez quando ele acordasse não se sentiria tão estranho e cansado.
***
Percy esperou até que a respiração de Nico se tornasse profunda e se levantou, e sem fazer barulho, desceu as escadas, indo para onde sua mãe ainda estava sentada debaixo de um guarda-sol.
— Ele está dormindo?
— Sim. Acho que eu o cansei.
— Percy, nós já conversamos sobre isso.
— Eu sei disso, tá bom! É que… Nico está tão desinteressado sobre tudo.
— Querido, eu entendo. Mas se você quer que Nico fique aqui, você tem que seguir nossas regras.
— Você não entende! Ele está começando a ficar quieto de novo. Nico quase não come e não quer falar sobre nada. O que você quer que eu faça se sexo é a única coisa que prende a atenção dele?
— Você já pensou que Nico esteja se sentindo confortável o suficiente para ser ele mesmo?
— Mas ele está tão calmo! Nada parece o afetar.
— Querido. — Agora Sally estava rindo dele, e nem escondia seu divertimento. — O problema aqui talvez seja outro.
— O quê?
— Sua mania de controle? Se você não entende, você tentar controlar.
— Eu não entendo mesmo.
— Pense assim, Nico estava sozinho, então ele tinha que agir de certo modo para não continuar sozinho, certo? Ele ainda está sozinho?
— Você quer me dizer que ele é quieto e calado porque quer? Por que se sente bem assim?
— Percy! Nico faz parte da família, mas ele não é sua responsabilidade.
— É claro que ele é. Se o pai dele nunca se importou e a irmã se importa quando é conveniente, alguém tem que se importar!
— Percy.
— Sei que não é minha responsabilidade, eu não vejo assim. Eu só me preocupo. E se da próxima vez que ele fugir, Nico se machucar? O que vai acontecer quando ninguém puder ajudá-lo?
— Ainda assim não será sua culpa. Como também não é culpa dele se Nico se sentir acuado e querer se proteger. Você tem que aceitar isso.
— Eu odeio que você tenha feito psicologia.
— De que outra forma eu poderia entender o que passar na cabeça do meu filho?
— Mã-nhe!
— Estou falando serio, Percy. Pense nisso. Você age igual em todos os lugares e com todas as pessoas? Então não espere que Nico faça o mesmo. Você prefere que ele finja ser algo só para te agradar? Não era esse o problema?
— Eu só… eu tenho medo. Eu estraguei tudo antes, sabe? E eu fizer a mesma coisa?
— Ainda não será sua culpa.
— Então, é de quem?
— De ninguém. São coisas da vida. Cabe a nós perdoar e seguir em frente. No fim, a vida são sobre escolhas.
— Eu não gosto disso.
— Bem, querido, ninguém gosta. Você tem que entender que no fundo não é sobre você.
— É uma pena. Se fosse, eu já teria resolvido.
— Percy! Você tem que respeitar o que Nico quer.
— Hm. — Era um bom lugar para começar. — Tudo bem, eu vou fazer o que você quer. Mas eu não posso prometer nada.
— Perseu Jackson!
Sally deu um tapa em seu braço e tudo o que ele fez foi rir. Sally não era do tipo de pessoa que punia através da dor, não, e sim tirando o que você mais gostava. Por isso, Percy sabia que a mãe não falava serio e ela nunca o puniria de forma tão cruel. No fim, ela o abraçou e disse a ele: — Se comporte que no fim tudo vai dar certo. Tenha paciência.
***
— Se comporte que no fim tudo vai dar certo. Tenha paciência.
Nico não queria estar espiando, ele jurava que não queria. Mas Percy tinha dito que estaria do seu lado quando acordasse, e quando Percy não estava lá, a única coisa em sua mente foi ir em busca do mentiroso. Estava tudo bem, ele perdoava Percy já que Percy precisava mais de Sally do que ele precisava de Percy no momento; e pensar que Percy pedia para que ele fosse sincero quando Percy não fazia o mesmo. Porque, sim, ele tinha ouvido tudo. Desde sua “falta de interesse” até “você tem que respeitar o que Nico quer”.
Era engraçado de uma forma quase doentia. O que ele queria? Era difícil decidir. No passado, ele queria um amigo verdadeiro, depois, alguém para segurar sua mão. E quando tudo isso tinha se tornado em realidade, as coisas começaram a se complicar; ele queria um namorado e não queria que Percy soubesse o que ele sentia; queria beijos e não queria que Percy descobrisse. Agora? Bem, agora que ele tinha tudo isso, percebia que no fim todos esses desejos se concentravam em uma só uma pessoa, e contanto que ele tivesse isso, estava satisfeito, mesmo que soubesse não ser muito saudável ou correto de um ponto de vista ético, moral e mental. Entretanto, era algo a se pensar… o que adiantava ter o que ele queria quando o preço era ver Percy tão frustrado e ansioso?
Antes que eles pudessem notar sua presença, Nico entrou na casa e subiu as escadas, se deitando na cama onde Percy o havia deixado. Talvez ele pudesse… mostrar mais interesse? Não seria tanto esforço assim, certo? E poderia ser até divertido. Então, colocou a cabeça no travesseiro e não precisou esperar muito. Logo a porta do quarto se abriu e a cama a seu lado se mexeu, braços se encaixaram em sua cintura e um beijo foi colocado atrás de sua orelha, o fazendo arrepiar dos pés ao pescoço.
— Eu te acordei?
— Eu sinto muito. — Nico disse, se virando nos braços de Percy, o encarando de perto. — Eu não sabia que você se importava tanto.
— Você ouviu? — Percy fez uma careta seria e Nico sentiu seu coração se apertar.
Ele envolveu o pescoço de Percy com seus braços e o beijou por longos minutos, fechando os olhos bem forte, sabendo que preferia não olhar para Percy quando começasse a falar.
Ainda com os olhos fechados, encostou sua testa na de Percy e falou:
— Sua mãe está certa. Eu… você pode ter certa influência sobre minha personalidade, mas não é isso exatamente. Eu gosto de ser assim, só quero um pouco de paz e silencio, sabe? Um lugar para pertencer. Eu quero ter alguém que me…
— Alguém?
— Eu quero ter alguém que me possua. Que tenha o controle. Que não me deixe fugir e que saiba o que eu preciso.
— Te possui? Como? Você não é uma propriedade, uma coisa para pessoas comprarem.
— Às vezes, é como eu me sinto. Sou só uma coisa, às vezes eu tenho valor e outras, não.
— Nico.
— Eu prefiro ficar com quem me dá favor e vai me tratar bem. Quero que você seja meu dono e ninguém mais. Você também é meu?
Era por isso que Nico não queria falar nada. Enquanto Percy pensasse que ele tinha um mínimo de normalidade, as coisas ficariam bem. Agora que a caixa de pandora tinha sido aberta, só lhe restava a esperança. Ele conseguia sentir a frustração explodindo para fora de Percy, a culpa, a tensão. Quanto mais tempo eles permaneciam quietos e calados, pior tudo ficava. Nico se obrigou a abrir os olhos e respirar bem fundo, tentando ser corajoso.
O que ele viu o surpreendeu. Percy não parecia nem feliz, nem triste, chocado ou chateado, só… quieto, uma quietude tão intensa que se rivalizava a sua, apenas seu rosto permanecendo serio e tenso.
— O que você está dizendo é algo muito sério. Desde quando você se sente assim?
E se era para ser sincero…
— Acho que sempre foi assim. Desde aquela vez no banheiro. Sei que não é muito comum. E sei que eu não sabia de muita coisa naquela época. A questão é que mesmo com a distância nada mudou. Você pode tentar ser mais… correto e justo, mas no fim, não faz diferença para mim. Só porque você se deu conta que fazia coisas erradas, ainda assim, nada muda o que passamos ou o que vamos passar. A única coisa que mudou foi a distância me mostrar que eu te amo, e que amo cada coisinha em você, boa ou má, bondosa e maldosa. Eu te aceito como você me aceita. Então, não me faça mudar assim como eu não quero que você mude.
Parece que era isso que Percy precisava para descongelar de seu estado catatônico. Percy pegou em sua mão e a beijou, voltando a abraçá-lo fortemente.
— Eu te aceito como você é. Eu não queria que você visse essas partes de mim. Elas não me definem e eu não quero que elas te definam também. Pensei que se eu me esforçasse bastante elas ficariam enterradas e ninguém precisaria notá-las.
— Eu sei. Eu te amo. Eu amo cada uma delas. E quando eu digo todas, são todas.
Percy deu uma risadinha no pé de seu ouviu que o fez arrepiar dos pés a cabeça, sua voz saindo rouca quando Percy o prensou contra a cama e se colocou entre suas pernas.
— Todas mesmo? Sem exceção?
— Nenhuma. Bem, talvez quando você hesita em me tocar. Essa eu não gosto.
Mais uma risada e um roscar de dentes que desceu por sua nuca e pescoço, chegando em seu ombro. Hmmm… isso deixaria uma marca, com toda certeza.
— Vou manter isso em mente. Mais alguma sugestão?
— Você está indo devagar demais. Talvez se você me torturasse menos?
— Isso eu não posso garantir.
— Oh!
O que Nico poderia fazer além de se entregar e gemer? Suas calças foram puxadas para baixo e logo seu membro tomado pela boca de Percy. Não havia nada melhor do que isso.
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Então, eu não sei se gostei muito desse capítulo. Mas foi produtivo. Sei lá. Espero que você tenham se divertido. Até a proxima.
Oii, como vai? Estamos tendo alguns dias de produtividade, não? O capítulo ia sair antes, por causa do feriado me permiti descansar. Eu definitivamente desisto de ter um cronograma de postagem, mas vou tentar atualizar toda semana. Então, é só passar aqui uma vez por semana, na sexta, porque se eu postar algo vai estar pronto na sexta até as 12h. E tipo, considerem os textos por aqui como rascunhos iniciais, ok? Ainda estou na minha fase criativa e eu amo colocor sub-plots e outras coisas no meio do enredo principal. Se eu seguisse meu planejamento original eu já teria terminado a história. Então, vamos relaxar e nos divertir. Obrigada pela presença!
Avisos: Aspectos mentais (Aqui teremos algumas conversas sobre esses assuntos)
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII / CAPÍTULO XIII / CAPÍTULO XIV / CAPÍTULO XV
Nico colocou a caneta na última página em que havia escrito e repousou o diário ao lado de seu travesseiro, se espreguiçando. Ele tinha escrito mais do que pretendia. Bem, Percy teria uma pequena surpresa quando lesse. Mas no fim, Percy estava certo, escrever tinha tirado a pressão em seus ombros que Nico nem sabia estar lá. Foi um momento mágico, ao colocar seus pensamentos no papel, sua mente ficou leve e vazia, como se contasse o que o incomodava para alguém que não o julgaria e não tentaria dar ‘conselhos’ que ele não havia pedido.
Cansado de esperar, Nico deitou na cama e colocou a cabeça no travesseiro. O que Percy fazia para demorar tanto? Quando menos viu, tinha fechado os olhos, os abrindo novamente para sentir algo macio deslizar por seu corpo. Era uma toalha úmida e morna que Percy segurava. Nico piscou lentamente e então a figura de Percy se fez presente, cabelos molhados e peito desnudo, vestindo apenas uma tolha enquanto limpava seu corpo com delicadeza.
— Quer tomar um banho? — Percy murmurou, se aproximando mais dele, o fazendo se sentar contra o batente da cama. — Enchi a banheira pra você.
— Pode ser. — Ele deu de ombros, parecia uma boa ideia. Nico raramente via motivos para usar a banheira.
Assim, Percy o segurou pela mão e o guiou para o banheiro, perguntando:
— Como você se sente?
Ele não sabia. Um leve ardor que pulsava dentro dele, talvez? Um cansaço muscular e mental? Um relaxamento que nunca havia sentindo antes? Era tudo isso junto e mais. No geral? Nico se sentia bem, ou tão bem o quanto seria possível, parecido com quando ele ainda não tinha fugido para a Itália, talvez até melhor, agora que ele não precisava esconder o que sentia.
— Estou bem. — Nico deu de ombro novamente.
— Você se lembra das nossas regras?
Infelizmente, Nico lembrava. Percy devia estar se referindo a sempre ser sincero.
— Eu não sei. — Nico disse, tentando ser o mais sincero que podia. — É tudo muito novo para eu ter uma opinião formada.
— Nico.
Ele parou e encarou Percy que agora tinha os braços cruzados.
— Você tem que parar com isso. Não me diga o que eu quero ouvir.
— O que você quer que eu fale?
— O que você está sentindo. Algo doí? Você precisa de alguma coisa?
— Por que você está sempre me questionando?
— Porque você sempre está tentando me agradar.
— Qual o problema nisso?
Ele olhou para Percy e Percy olhou para ele parecendo que iria explodir. Mas nada disso aconteceu. Percy respirou fundo, fechou os olhos por um momento e quando voltou a abri-los, uma aura de calmaria se fez presente. Era um daqueles momentos onde Nico sabia que não iria ganhar, não importava o que ele fizesse. Então, deixou que Percy o guiasse até a banheira e o ensaboasse devagar e sem pressa.
— Você não vê o problema nisso? Mesmo? — Percy perguntou distraído, suas mãos deslizando para baixo, entre as pernas de Nico.
— As coisas sempre foram assim.
— É por isso que eu não fui atrás de você.
— Acho que não entendo.
— Descobri que eu… não consigo me controlar perto de você. Eu fiz você agir desse jeito. Te coloquei nessa caixinha perfeita e inquebrável. Ninguém devia viver assim, conforme os desejos de outra pessoa.
— Não é verdade, eu sempre fui assim.
— Será que é mesmo? Precisou que você fosse para longe e de cinco anos para dizer todas essas coisas para mim. Se você não se sentia confortável em me dizer o que você sentia antes, o que isso quer dizer?
Nico voltou a encarar Percy que tinha um olhar distante e percebeu que isso incomodava Percy mais do que ele pensava.
— Eu não gosto de brigar. Prefiro que as coisas fiquem assim.
— Assim, como?
— Sem conflito e sem drama. Não quero ter que pensar em cada passo do caminho. Eu só quero ficar com você e… te satisfazer. Não é o suficiente?
— Eu não posso fazer isso. — Então, Percy segurou em seu rosto e deslizou os dedos para sua nuca, a massageando devagar e o fazendo relaxar ainda mais. — Como posso ter certeza que não estou te machucando ou te impedindo de fazer outras coisas?
— Essa é a questão, não é? Você se sente culpado de quer as mesmas coisas que eu.
— Nico, não me torture.
— Eu não estou. — Quer dizer, ele achava que não estava. — Quando eu não quiser mais… essa coisa que a gente tem, você vai saber.
— Como?
— Eu vou querer fugir. Não como aconteceu hoje. Com vontade, como se minha vida dependesse disso.
— Nico!
— Sabe, quando as pessoas tentam se aproximar de mim eu costumo me sentir sufocado. Mas quando é com você eu só me sinto livre e seguro, mesmo que eu sinta medo.
Nico achava que estava enlouquecendo, parecendo um lunático a beira do precipício. Mas era a pura verdade, o que ele buscou em todas aquelas faces, não foi a beleza ou os olhos verdes profundos, não, sempre foi aquele sentimento de segurança e estabilidade, o conforto que os braços de Percy sempre lhe deram. Pois essas coisas eram difíceis de emular; se somente ele pudesse ter encontrado isso em outro lugar, Nico não se sentiria tão controlado e condicionado a fazer aquelas coisas que Percy tanto criticava, mesmo que Percy nunca tivesse pedido por elas. No fim, ele entendia o que Percy estava tentando implicar; as coisas só ficariam piores dali para a frente e eles provavelmente continuariam nesse jogo de gato e rato por um longo tempo até que ele se rendesse. O que Nico podia fazer se Percy era o único que o fazia se sentir assim, tão livre e preso ao mesmo tempo?
— Nico. — Agora a voz de Percy soou toda rouca e firme.
Opps. Ele olhou para baixo e viu que sua mão estava no colo de Percy, em cima da tolha, mas em um lugarzinho bem estratégico.
— Por que você não pode me dizer o que te incomoda?
Ele negou, não estava pronto para dizer o que realmente pensava para Percy. Embora ele soubesse, Percy sentia algo similar ou pior. Nico viu o quanto Percy tentou superá-lo com outras pessoas, antes e depois dele ir para a Itália. Então, no fundo, discutir era inútil. Eles precisavam de um consenso.
— Isso não vai levar a nada. Eu sugiro uma trégua. — Nico disse ao invés de se explicar.
— Trégua? Isso não é uma guerra.
— Então, por que tudo o que a gente faz é brigar e transar? Eu prefiro muito mais só transar.
Isso tirou um sorrisinho no canto dos lábios de Percy.
— O que você sugere?
— Eu vou… confiar em você e fazer tudo o que você me pedir se você parar de me questionar.
Agora, Percy só parecia triste.
— Não quero que você se sinta mal e acuado. Eu só me preocupo. Eu quero que você seja a sua melhor versão possível.
— E se eu só quiser ser o Nico que quer ficar com o Percy e não ter que discutir?
— Tudo bem. A gente pode fazer do seu jeito. Você tem que me prometer que se não estiver funcionando, você vai me contar.
— Eu prometo.
Tudo o que Nico podia fazer era esperar pelo melhor e tentar manter sua parte do acordo.
***
Quando eles acordaram de novo, o sol estava alto no céu, a manhã já dando lugar para a tarde numa temperatura mais amena. Eles ainda estavam na cama, sua cabeça no ombro de Percy e os braços de Percy em volta de sua cintura. Finalmente o silêncio durava mais do que cinco minutos. Eles não precisavam fazer nada ou estar em nenhum outro lugar que não fosse ali, onde eles tinham decido estar.
— Com fome? — Nico escutou Percy dizer bem baixinho, com a voz rouca de sono.
— Não.
— Nenhum pouquinho? Daqui a pouco Sally vai vir aqui, para ver se a gente ainda está vivo.
Isso seria engraçado. Nico até podia imaginar, Sally abrindo a porta e os pegando na cama assim, pelados e abraçados. Seria ótimo mesmo.
Com esse pensamento o assombrando, Nico se desgrudou de Percy e se sentou na cama, se sentindo levemente zonzo, porém contente, se espreguiçando até cair para trás, fechando os olhos. Talvez ele precisasse comer alguma coisa. Quando tinha sido a última vez? Ele se quer tinha comido algo na festa ou tinha apenas bebido?
— Cansado?
Nico suspirou e se deu por vencido, sabendo que sua paz estava prestes a acabar. Ele ficou de lado na cama e encarou Percy que não parecia nenhum pouco contente.
— Não muito.
— Sabe, acho que a gente devia criar um sistema.
— Eu acho que--
— Cada vez que você mentir para mim você será castigado.
— Você disse que não iria duvidar de mim!
— Não é uma dúvida quando eu sei a verdade, quando eu te vejo mentindo para mim.
— O que você quer que eu faça!
— Diga a verdade ou não diga nada.
— Oh.
— Você vai passar o resto da vida calado para me agradar?
Essa era uma boa pergunta. Era difícil voltar para a escuridão quando se via tanta luz.
— Isso não tem graça. — Ele murmurou, sentindo algo dentro do peito se alastrar.
— Não tem mesmo. Imagina o que eu sinto vendo vejo você se rebaixar, sendo menos do que você poderia ser.
— Eu não faço isso sempre.
— Não?
— Só com você.
Então, Nico observou Percy estender o braço e tocar em seu rosto numa leve carícia.
— Eu odeio o que eu fiz com você, o que seu pai fez.
— Você não fez nada. — Já seu pai, era outra conversa.
— Eu te moldei nessa pessoa perfeita que tem medo de ofender qualquer um.
— Isso não é verdade! Eu…
— Quero que você grite se você quiser. Quero que você me bata, que me xingue se tiver vontade. Que se revolte. Que exija. Eu nunca mais quero te ver tão magoado.
Talvez Percy tenha razão. Mas ele tinha mesmo que fazer essas coisas? Não era algo que ele se via fazendo.
— Não me entenda mal. Você não precisa. Mas se você quiser ou um dia fizer essas coisas, está tudo bem e é completamente normal.
— Normal? Como fazer essas coisas pode ser normal?
— Deuses. — Percy o abraçou com mais força e encostou a cabeça em seu ombro. — Você não tem que ser perfeito. Você entende isso?
Mas se ele não for perfeito, ninguém vai gostar dele. Como Nico não poderia ser o que ele já era?
— Está tudo bem. — Percy disse, mas Nico tinha a impressão que Percy falava isso para si mesmo.
No fim, Nico preferiu ficar calado. O que ele tinha a dizer não faria diferença nenhuma, e talvez Percy tenha razão. Se ele não tinha nada de bom para dizer é melhor ficar calado.
***
— Deuses, o que Percy fez com você?!
Assim que desceram as escadas, Sally os recebeu com um sorriso amoroso e abraços apertados. Isso é, foi o que aconteceu até Sally ver o hematoma no pescoço de Nico; hematoma esse que era, na verdade, um chupão bem colocado.
— Mãe, você está exagerando.
Nico, coitadinho, olhou entre eles, tentando entender o que acontecia. E Percy como um bom samaritano, o ajudou a entender. Como quem não quer nada, Percy levou a mão até o pescoço de Nico e Nico gemeu. Agora se era de dor, surpresa ou prazer, era difícil distinguir. Fosse o que fosse, aquilo fez seu coração disparar e outra coisa acordar.
— Oh. — Nico então disse, levando a mão está ao próprio pescoço. — Eu não percebi. Está muito feio?
— Eu não diria feio.
Ele ouviu risadas atrás dele, mas preferiu se concentrar em Nico que fazia um biquinho fofo e pegava o celular do bolso, se olhando no reflexo da tela.
— Percy! O que você estava tentando fazer? Arrancar um pedaço?
— Você não foi o único. — Percy abriu os dois primeiros botões de sua camisa e mostrou seu conjunto de marcas, unhas pequenas e o formato de dentes que desciam até desaparecer dentro de sua camisa.
— Eu… eu não fiz isso! Fiz?
— E muito mais.
Percy não se aguentou, ele riu e puxou Nico para um abraço, beijando seu rosto. Mas tudo parecia estar bem, porque assim que Percy o abraçou, Nico derreteu contra seu ombro, o abraçando de volta.
— Esta tudo bem. Você pode me morder o quanto quiser, eu gosto. — E pelo jeito que as coisas iam, Nico gostava também.
Percy ouviu um pigarro e se virou para ver Sally, nenhum pouco feliz com a demonstração de… afeto.
— Percy Jackson! Não é assim que se trata as pessoas.
— Foi algo mutuo. E se você quer saber, Nico que começou. Pode perguntar para Annabeth, ele foi a primeira a ver. Ta vendo aqui? Foi o primeiro. — E bem perto de sua nuca, onde o cabelo começava a crescer longo, estava uma marca que começava a sumir.
Nico escondeu o rosto em seu ombro e Sally cruzou os braços. E antes que outra onde de reclamações chegassem, Percy se apressou:
— Permissão para chupões? — Nico acenou que sim, muito encabulado para enfrente a sala cheia de testemunhas, o que não impediu os xingamentos e protestos.
— É o suficiente. — Sally levantou uma de suas mãos, as levando ao rosto, e se virou para Nico, o fazendo levantar o rosto. — Está tudo bem, querido? Como estava a festa? Melhor que nos velhos, tempos, não?
Imediatamente, Percy viu que tinha algo errado. De repente, Nico abriu a boca, prestes a falar alguma coisa e então, a fechou, se encolhendo contra seus braços. O pior foi ver Nico levantando a cabeça e olhando para ele, como se esperasse a permissão de Percy para alguma coisa, mantendo os lábios selados com força. Ele ouviu outro pigarro e percebeu que todos estavam esperando que Nico respondesse. Grover, Tyson e Sally, todos estranhando o comportamento de Nico.
Restou a Percy sorrir e guiar Nico para a sala de estar e sentar com ele no sofá.
— O que está acontecendo, hm?
Mas tudo o que Nico fez foi negar e olhar para o próprio colo, se recusando a encará-lo.
— Por favor.
Isso fez Nico olhar entre os silhos para ele e respirar fundo: — Eu pensei sobre o que você disse ontem a noite.
— Sobre não mentir?
— Sobre ficar calado.
Algo no peito de Percy se apertou naquele instante, e torcendo para que não fosse o que ele pensava, perguntou: — Por que você ficaria calado?
— Você disse que se fosse para eu mentir, eu devia ficar calado, E já eu não tenho nada de importante para dizer, vou fazer o que você pediu.
Percy achava que tinha parado de respirar. Ele não estava falando serio! Quem é que iria seguir uma ordem tão ridícula. Ele só queria fazer Nico responder de qualquer forma que não fosse aceitar tudo sem protestar, queria fazê-lo reagir e ver o que estava acontecendo. E ao contrário disso, Nico decide seguir a risca da pior forma possível?
— Bebê, por favor. Eu estava errado. Eu só queira que você reagisse.
— Reagisse, como?
— Como você quiser. — Percy então sorriu, tentando incentivar Nico. — Vamos, pode gritar comigo. Pode me xingar. Eu fiz algo muito ruim. Eu mereço uma punição.
— Punição? — Nico entortou a cabeça, feito um cachorrinho confuso e se aproximou. Ele o beijo nos lábios, num selinho doce e suave e tocou em seus cabelos, sorrindo angelicalmente. — Pronto. Sua punição.
Percy queria chorar. Por que tudo o que ele falava parecia sair ao inverso? Ou talvez fosse Nico fazendo o melhor que podia.
— Você está me punindo ou consolando?
— Se eu escolho a punição, você tem que aceitar.
Percy se deixou levar e abraçou Nico bem apertado, o ouvindo suspirar de prazer.
— Eu não te mereço. Eu só queria que você se sentisse livre para se expressar. Te fizeram ficar calado por tanto tempo que tenho medo que agora aconteça o mesmo.
— Eu sei. — Nico murmurou baixinho, parecendo contente.
— O que você tem a dizer é importante, sempre será.
— Pensei que se eu ficasse calado não precisaria medir minhas palavras.
— Não me faça chorar.
— Você é um bobo. — Nico enfim diz, parecendo a única coisa sincera no meio daquilo tudo. — Eu tomei essa decisão. Eu tive toda a liberdade do mundo, mas no fim do dia, ainda sentia falta de você e de como as coisas eram.
Por no fim, a vida se tratava de decisões e consequências. Ele continuou abraçado a Percy e entendeu, Percy estava tão perdido quando ele nessa confusão toda, entendeu que era um período de adaptação e logo tudo voltaria ao normal. Agora, o que esse normal era, ambos não faziam ideia, já que eles nunca tiveram uma amizade comum.
— Eu sinto muito. — Nico diz mais uma vez. — Acho que é um período de adaptação. Vou tentar não levar a sério tudo o que você disser.
— Eu fico muito contente com isso. — A verdade é que Percy estava aliviado, dando graças a todos os deuses e divindades por encontrar alguém tão compreensivo, embora ele gostaria que Nico fosse mais combativo.
Não o intendam mal, Nico era uma das pessoas mais independentes e responsáveis que ele já tinha conhecido, mas o que Nico tinha de independente, também tinha de dependência emocional. E às vezes essa dependência emocional era pesada demais para que ele pudesse carregar sozinho, embora ele estivesse disposto a carregá-la pelo resto da vida se isso garantisse a permanência de Nico em sua vida.
— Então, a gente tá bem? — Nico perguntou, levantando a cabeça e o espiando timidamente.
— É claro, bebê. Contanto que você esteja.
Nico pareceu imediatamente tranquilizado. E se era isso o que Nico queria, Percy faria seu melhor resolver as coisas. Obviamente pedir não tinha resolvido, tão pouco conversar ou pressionar. O jeito seria fazer as coisas do jeito tradicional. Não que ele soubesse estar fazendo algo no passado, mas se funcionou antes, vai funcionar agora.
Sorrindo, como se nada tivesse acontecido, ele guiou Nico de volta para a cozinha e se sentou ao lado de Nico em frente a mesa, descobrindo tarde demais que todos ouviram sua conversa com Nico. O que ele podia fazer? O bem-estar de Nico era mais importante do que os olhares de reprovação. Ele sabia que logo veria a repreensão, e se errar um pouco fosse necessário para consertar o que ele havia feito, que fosse! Percy nunca se arrependeria de colocar Nico em primeiro lugar.
— Panquecas ou ovos?
— Panquecas. — Nico respondeu para ele. Então, panquecas seriam. Não era uma novidade. As comidas favoritas de Nico eram doces, e as salgadas tinham um sentimento nostálgico, do tempo em que a mãe de Nico ainda estava viva. Então, ao lado das pequenas e da cobertura de chocolate, Percy colocou um croissant de queijo junto um copo de suco e uma xícara de café.
Era incrível mesmo. Até parecia que nada de ruim tinha acontecido a mesmo de dez minutos atrás. Nico deu o primeiro cole em sua xícara de café e sorriu como se fosse o dia mais feliz de sua vida, mergulhando em suas panquecas açucaradas. E assim, como num passe de mágica, o ambiente voltou a ser amigável, Nico conversando com Sally animadamente, enquanto ele, Grover e Tyson observavam, tremendo pelo próximo banquete que eles seriam obrigados a participar.
— Cara, obrigado por me deixar ficar. Minha mãe está de volta.
— Pode ficar o quanto quiser, o quarto é seu. Por que você não faz uma mala e fica até a formatura? Não falta muito.
— Se um ano inteiro não é muito… — Ambos, ele e Grover, deram de ombros e Grover socou seu ombro amigavelmente, fazendo os dois sorriem. Era uma boa ideia, especialmente quando ele e Nico fossem embora; sua mãe ficaria sozinha e Grover sempre seria uma ótima companhia.
— De verdade! O que você ainda faz naquela casa?
— É! Sempre vai ter espaço para você. — Tyson finalmente se dignou a participar da conversa, geralmente preferindo ficar longe do drama. — Você já trabalha pra gente, o que custa ser parte da família?
— Você chama sorrir para os clientes e levá-los para a mesa certa quando outros não podem, trabalhar?
— É claro que é. Você até usa um terno bonitinho e penteia o cabelo com gel. — Tyson continuou, todo feliz em zombar de Grover, de volta a rotina natural deles.
— Cala a boca! Aquilo nem é um uniforme. Juniper gosta disso… — As últimas palavras de Grover soaram bem baixas, parecendo estar encabulado.
E bem, quem era Percy para interromper um momento tão doce e feliz.
Ele se virou para sua comida e deu a primeira garfada em seus ovos, macios e com pouco sal, do jeito que ele mais gostava e deu um cole em seu café forte sem açúcar ou leite, percebendo que Nico já tinha terminado de comer e olhava para ele com um sorrisinho no rosto.
— O que foi, hm? Quer mais?
— Não. Eu gosto de te ver feliz e se divertindo com seus amigos. Você não costumava fazer isso.
— É verdade. Eu disse que tinha problemas, não disse?
— Acho que não levei isso a sério. Você sempre parece tão decidido e confiante.
— Isso não quer dizer que eu estivesse certo.
— Hm. — Nico murmurou, pensativo. — Nunca pensei por esse ângulo. Acho que todos tem algo a esconder. Algumas pessoas só esconder melhor.
— É isso mesmo. Quanto mais coisas as esconder, melhores atores somos, não? — Percy não pode se conter, Nico estava sendo tão sincero que ele merecia uma recompensa. Ele puxou Nico pela nuca e o beijou ali mesmo na frente de todos, um beijo daqueles destinados para quatro paredes.
— O que foi isso? — Nico disse assim que recuperou o folego.
— Uma recompensa para um bebê obediente.
Corando dos pés a cabeça, Nico apenas olhou para ele, fazendo um biquinho lindo, mas sem reclamar. O que ele podia fazer? Se era desse jeito que Nico entendia, então era como seria dali para frente.
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E então? Eu tenho a impressão que o Nico está se tornando tão dramatico... ou será a visão do Percy sobre ele? Bem que eu também acho que o Nico pensa que o Percy é um pouco dramatico também 🤣🤣🤣🤣 Qual sua opnião? Sua comentario me ajuda a entender os pontos fracos da história para que eu possa rescrever da melhor forma no futuro.
Obrigada por ler!
Oii, como vai? Consegui escrever mais um capítulo. Mas devo admitir que o calor está fritando meu cerebro. O importante é que saiu algo, agora se é bom vocês que me digam. Não é meu melhor texto, mas eu tentei. Boa leitura! E claro, as cenas smutt vão permanecer como decidido por votação, entretanto vou avisar sempre que tiver capítulos assim.
Avisos: +18
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII / CAPÍTULO XIII / CAPÍTULO XIV
Nico não sabia o que estava acontecendo com ele. Quer dizer, ele sabia, sim. A questão era o porquê.
— Bebê. — Percy murmurou em seu ouvido, fincando os dedos em seus cabelos por um breve momento que quase o fez gozar. Mas logo as mãos de Percy viajaram para seus ombros, descendo até segurar em sua cintura, parando ambos seus movimentos. — Eles vão ouvir.
Ele fechou a boca e tentou sufocar o próximo gemido, mas não conseguiu se parar, rebolando no colo de Percy e se curvando todo, e era isso o que ele não entendia. Nico nunca tinha transado com ninguém dessa forma e de repente, era tudo o que ele conseguia pensar. Como isso podia estar acontecendo com ele? O pior era que Percy estava sendo um perfeito cavalheiro. Ou foi o caso até Nico acordar na manhã seguinte. Ele tinha ido no banheiro e quando tinha voltado, Percy ainda estava ali, todo esticado na cama, sem nada o cobrindo… quando foi que Percy tinha ficado tão alto ou arranjado aqueles músculos? E aqueles braços? Nico não conseguiu evitar, voltou para a cama e… bem, Nico gostaria de dizer que apenas tinha o observado dormir.
Mesmo se sentindo sensível da noite anterior e com dor de cabeça da ressaca, ele engatinhou pela cama e se sentou na cintura de Percy, tentando ser cuidadoso. Isso era tão errado, a conversa sobre consentimento voltando com tudo. Mas, talvez se ele o acordasse de uma forma interessante, Percy não ficaria bravo com ele. Então Nico fez o que queria ter feito há muito tempo, colocou as mãos sobre o abdômen de Percy e as escorregou para cima, dedilhando os gominhos e voltando para baixo, sentindo os pelos se arrepiarem contra seus dedos. O que ele teria que fazer para Percy acordar? Talvez se ele… Nico se curvou sobre Percy e chegou ao rosto bronzeado de sol e quadrado, sentindo a barba que começava a crescer, vendo o sorriso nos largos lábios de Percy.
— Per? — E quando mesmo assim, Percy se negou a abrir os olhos, Nico continuou com sua exploração. Massageou o peito largo e roçou com a ponta dos dedos os mamilos eriçados.
Parece que ele teria que fazer tudo sozinho no fim, o que estava tudo bem, isso apenas lhe dava coragem para continuar.
Como quem não quer nada, Nico deslizou sua bunda para baixo e encontrou um volume que não estava lá cinco minutos atrás. Será que ele devia? Nico sabia que iria doer um pouco, mas ele não queria procurar o lubrificante. Não poderia doer tanto assim, certo? Testando as águas, Nico se sentou mais uma vez no colo de Percy, levou a mão para trás dele e encontrou o membro de Percy completamente ereto. Talvez ele fosse um masoquista, era a única explicação para o gemido que soltou quando se forçou contra a resistência e a cabeça passou pela entrada apertada, deslizando com muito mais facilidade que ele esperava. Deuses! A pontinha estava tão molhada que ele acabou indo ao final mais rápido do que esperava. Nico achava que tinha gritado, achava que tinha apertado o membro de Percy dentro dele com todas as forças que tinha. Como isso poderia se traduzir como prazer para seus nervos, como?!
— Você vai se machucar. — Ele ouviu ao fundo Percy dizer e sentiu mãos apertarem com força suas pernas. Era difícil se concentrar em qualquer coisa que não fosse o membro o esticando e os tremores de prazer e dor que atingiam seus sentidos. Mas… mas tudo ficaria bem, porque alguns momentos depois Nico sentiu mãos quentes em acariciarem suas costas, o membro sair para fora dele e então dedos molhados estavam massageando dentro dele para o membro de Percy voltar a penetrá-lo, fundo e gostoso, alcançando aquele lugar que até noite passada Nico não sabia existir.
— O que foi, hm? Por que meu bebê está chorando? Onde doí?
Ele negou, balançando a cabeça, e se deixou levar. Colocou os braços ao redor do pescoço de Percy e relaxou, o que deixou tudo melhor. Mas Percy ainda estava parado, respirando rápido contra seu pescoço e o segurando forte pela cintura.
— Per… eu preciso.
— Não está doendo? Da noite passada?
Nico negou mais uma vez, se acomodando melhor no colo de Percy, fazendo o membro dentro dele acertar os melhores lugares apenas com esse movimento acidental.
— Por favor… eu quero que você… quero que você… ah!
— Assim? — Percy perguntou e demonstrou mais uma vez. Levantou Nico pela cintura e o fez descer mais uma vez, o encontrando no meio do caminho com um movimento certeiro.
— Bebê, eles vão ouvir.
— Percy!
Ele achava que realmente estava gritando agora. Doía! Doía tanto e mesmo assim não conseguia parar, sentindo cada um de seus músculos se desfazerem a cada vez que os quadris de Percy se encontravam com os dele.
— Você tem que se responsabilizar por seus atos, bebê. — Percy sussurrou em seu ouvido. Aquilo era demais para ele.
Choramingando, sem saber o que seu corpo queria, Nico empurrou Percy pelo ombro e rastejou para fora do colo de Percy, gemendo e soluçando, suas pernas falhando no meio do caminho o fazendo cair de cara nos travesseiros. Nico não entendia o que acontecia com si próprio, ele só… só… iria explodir a qualquer momento se o mundo não voltasse a fazer sentido. Como dor poderia se misturar tão ao prazer a ponto de o fazer delirar? Porque o olhar no rosto de Percy só poderia ser uma ilusão que sua mente estava criando. Parecia tão… como se ele fosse a caça e Percy o predador.
— Onde você vai?
— Eu… eu não sei!
— Bebê.
Um calafrio subiu por sua coluna e fez suas pernas tremerem. Tinha algo na voz de Percy que o fez congelar no lugar onde Nico tinha caído. O que estava acontecendo com eles? Ele não conseguia olhar para Percy, como medo ver o que iria encontrar lá, e queria fugir, mas… mas Nico não queria se mover e talvez descobrir o que tanto o assustava. Entretanto, ele estava se movendo da mesma forma, se arrastando pela cama enorme em direção… ele não sabia, qualquer lugar estava bom. Então, porque parou na beirada da cama, ainda tremendo e… e sentindo uma antecipação que ele não sabia de onde vinha? A porta estava bem a sua frente, tanto a do banheiro ou a da saída. Se ele se sentia tão encurralado, por que não estava indo em direção a eles?
Nico gemeu, surpreso, quando a mão de Percy tocou no meio de suas costas, e suavemente deslizou para cima e para baixo num dos gestos mais confortantes que Nico já tinha experimentado.
— Você quer brincar? — Percy perguntou em seguida, ainda sem se aproximar. — Ou quer dormir mais um pouco? Ainda está cedo.
— Eu… — Nico se curvou contra si mesmo e escondeu o rosto no travesseiro.
Ele não entendia o que acontecia com ele. Nada fazia sentido. Ele não queria estar sentindo essas coisas e não queria ser desse tipo de pessoa. Quer dizer, alguns dias atrás ele estava bem com o que estava acontecendo. Então, qual era o problema?
— Você pode me dizer.
— Eu quero gozar. — Nico admitiu, seu rosto afundado contra o travesseiro.
— Então, olha para mim. Sim?
Nico negou, se encolhendo ainda mais.
A cama ao redor dele balançou e então Percy estava ao lado dele, mãos quentes estavam de volta em sua coluna junto a lábios que deslizaram por toda a extensão, até chegar a curva de suas nádegas, as mordiscando.
— Você está pronto para conversar? — Percy murmurou contra sua pele.
Quando Nico negou mais uma vez, os lábios de Percy desceram mais um pouco e encontraram sua entrada, beijando a área suavemente. — Nunca mais faça isso. Não quero te ver machucado.
Nico não teve outra reação além de estremer e gemer contra os travesseiros, se sentindo derreter quando a língua de Percy acalçou um lugar mais profundo.
— Quer que eu toque seu membro?
Nico negou. Tudo o que ele fazia era negar. O que estava acontecendo!
— Quer que eu pare?
Então, negou mais uma vez, se surpreendendo.
— Bebê. — Percy disse na voz mais afável que ele já tinha ouvido e isso o fez se sentir estranhamente… contente, satisfeito até.
— Eu quero você… dentro de mim.
— É mesmo? — Agora Percy soou quase condescendente, irônico até. O que fazia sentido. Eles estavam fazendo exatamente isso até que Nico teve um ataque de panico.
— Me diga se for muito.
Tudo o que Nico conseguiu fazer foi arfar, ficando sem ar devido ao movimento repentino. O colchão se afundou ligeiramente atrás dele e Percy se encaixou sob suas costas. Mãos rodeiam sua cintura, o puxando para mais perto e dedos se fincaram em seu cabelo, estranhamento o forçando inspirar profundamente. O engraçado é que Percy nem empregava muita força, sua cabeça girando, tentando criar explicações porque esse momento parecia tão diferente dos outros. O que o fazia se sentir tão angustiado e tão excitado ao mesmo tempo? No momento, não importava. Nico sentiu a cabeça do membro de Percy contra sua entrada mais uma vez e então tudo sua visto ficou embaçada, sua cabeça esvaziando por alguns instantes. Era difícil descrever. Nico não sabia se era o agarre de Percy que ficava cada vez mais forte em sua pele, se era Percy arfando contra seu ouvido ou se era a forma decidida e com vigor que Percy o fodia, devagar, mas com proposito em cada estocada certeira, curta e bem colocada.
Talvez ele só quisesse que Percy o mantesse sob controle e lhe dissesse o que fazer em seguida. Será que ele seria obrigado a falar sobre isso também? Antes que isso pudesse acontecer, Nico preferia fugir e nunca mais voltar. Ou ele teria feito isso se Nico não tivesse sentindo as mãos de Percy o prenderem contra seu peito largo, o impedindo se mover muito.
— Está tudo bem. Comigo, certo? — Percy o manteve preso entre seus braços e diminuiu a velocidade de seus movimentos, mas era tarde demais. Algo no modo como Percy o continha finalmente fez Nico se deixar levar. Nico permitiu que Percy continuasse a segurá-lo e estremeceu pelos próximos minutos, relaxando contra o peito de Percy, sentindo Percy ir junto com ele.
— Tudo bem? — Percy disse depois de alguns momentos quando nenhum dos dois fez nada para se mover.
— Não tenho certeza. — Essa era a coisa mais sincera que tinha saído de seus lábios desde que tinha acordado.
***
— Não tenho certeza. — Nico disse, ainda afundado contra o peito de Percy, finalmente se sentindo seguro e em paz.
Ele se sentia tão estranho que Nico nunca teria palavras para expressar. O que tinha mudado em cinco minutos que o fazia se sentir tão bem agora?
— Tudo está bem. Você foi ótimo. — Percy ainda tinha uma das mãos fincadas em seus cabelos e a outra em sua cintura, que nesse momento massageava sua barriga e baixo ventre, suavemente o ninando.
— O que está acontecendo? Eu não… não queria fugir.
— Sei que não.
— Eu só…
— Está tudo bem se você se deixar sentir.
— Me deixar sentir?
— Eu aprendi que às vezes nossas mentes vão para lugares estranhos. Como se nosso corpo quisesse uma coisa e nossa mente outra. Então, tudo bem sentir, seja o que for.
— Desde quando você sabe tanto sobre isso?
— Eu… busquei ajuda.
— Psicológica?
Percy acenou que sim contra suas costas e Nico teve que se virar, para ver com os próprios olhos, mas Percy não o encarava; ele olhava para fora da janela.
— Quando você foi embora, percebi que não era comum sofrer tanto por alguém a ponto de querer me matar.
— Percy! Eu nunca quis que isso acontecesse! Por que você não me disse?
— Você não é responsável por meus atos e eu não sou responsável pelos seus. Ou pelo menos, não era o caso naquela época.
Então, Percy deu um sorrisinho sacana e Nico revirou os olhos. Parece que eles tinham muito a conversar.
— A questão é que eu não podia te pedir para voltar e não era justo deixar que a depressão me afundasse. Eu fiz o que Sally pediu. — Percy deu de ombros. — Fui no médico. E mesmo com ajuda, eu ainda sentia sua falta. Não tive escolha senão te ver se divertindo e amadurecendo sem mim.
— Eu… nunca foi algo definitivo. — Nico murmurou, se sentindo um monstro. — Devia ser alguns meses, depois um ano. Eu não tive coragem de te encarar.
— O que te fez mudar de ideia?
— Uma foto. Annabeth e você sentados na sua cama.
Nico observou como em câmera lenta, o olhar de tristeza se transformar em divertimento e felicidade, Percy o abraçando com mais força.
— Ah, se ela soubesse.
— Soubesse o quê?
— Annabeth fez aquilo de proposito, pensando que iria te atingir. Acho que ela conseguiu, não foi?
— Percy! — Agora Percy estava rindo de verdade, se jogando para trás na cama e o levando junto, o prendendo em um agarre de urso.
— Me solta!
— Não, agora é serio. Você quer conversar sobre o que aconteceu?
— Acho que não.
— Não vai nem me dar uma pista? Um ponteiro? Nadinha?
Nico até poderia imaginar o pesadelo. Se Percy soubesse o que Nico realmente queria… seria a seu fim.
— Tudo bem. Já entendi.
Percy se espreguiçou e colocou Nico contra os travesseiros. Antes de levantar, ele beijou Nico e sorriu para ele, dando a volta na cama. Abriu uma gaveta em seu lado da cama e tirou de lá um diário com capa azul, parecido com o que ele tinha dado a Nico.
— Acho que vou escrever depois de tomar um banho. É relaxante, você não acha? — Percy colocou o diário do seu lado da cama e beijou Nico mais uma vez, indo para o banheiro dentro da suíte e fechando a porta.
Nico escutou o barulho de água cair no chão e se sentiu a pessoa mais idiota do mundo. Seu próprio diário estava bem a seu lado na cômoda e tudo o que ele menos queria era escrever sobre seus sentimentos. Ele se sentia forçado e manipulado a fazer algo que não queria, afinal, era o justo; Percy tinha contado a ele algo profundo e pessoal, o que o deixava na posição de contar alto tão pessoal quanto. No fim, não era o que ele queria? Que Percy o… dissesse o que fazer? Nico apenas não pensava que isso escorreria para fora do sexo também. Mas se Percy queria saber, ele faria Percy se arrepender disso.
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E então, ficou muito ruim? Estou pensando em reescrever essa cena em um momento futuro. Comentarios são sempre bem vindos.
Até a proxima.
Olá, quanto tempo, não? Para quem não está acompanhando a versão em inglês fiz uma capa com inteligencia artifical. Ficou super fofo.
Nesse capítulo temos uma mega cena 18+. Ela é um presente pela demora em atualizar a história. E aproveitando o assunto, gostaria de saber da opnião de vocês sobre algo. Eu deveria continuar com as cenas hot? Tipo, tecnicamente, eu deveria indicar que o blog é para maiores, o que o esconderia por tras daquele aviso chato e me consideraria um bot do sexo, sabe? Se alguém me denunciar, o blog vai ser excluido e aí já viu. Então, eu devo continuar com as cenas +18 por aqui ou coloca-las em outro lugar?
Enfim, ignorem se acharem algum erro, ok? E boa leitura!
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII / CAPÍTULO XIII
Percy tinha descoberto algo muito interessante nesses últimos dias. Tinha descoberto o caminho certeiro para ter um final feliz, tanto entre as pernas de Nico quando no coração de seu lindo bebê. O segredo para satisfazer Nico era fazer a coisa certa, no momento certo e no ritmo certo. Se ele fosse devagar no começo, o tratando com carinho e fizesse Nico relaxar, a tendência dele ter tudo o que queria de Nico e ir muito além disso, era grande. Sinceramente? Percy não pensava como alguém tão inocente em tudo o que fazia podia ter um lado tão desinibido entre quatro paredes. O engraçado era ver os raros momentos onde Nico se lembrava que não devia agir assim e se sentir encabulado para no momento seguinte Nico abrir as pernas e pedir por mais.
— Você foi um garoto muito arteiro hoje. Você merece uma punição. Meu garotinho lembra o que eu disse hoje mais cedo?
— Hmm… que você me deixaria gozar? — Nico tentou, esperançoso.
— Não, que eu te faria implorar.
— Oh. — Foi tudo o que Nico disse antes que ser jogado na cama e de suas calças serem arrancadas.
Mas Percy fez tudo com carinho. Tirou os tênis de Nico, puxou suas calças para baixo junto com sua cueca e apreciou o momento;.não era sempre que Nico lhe deixava ver toda aquela pele exposta. Ele acariciou as longas pernas de Nico e as beijou devagar, mordiscando por onde ia, torturantemente lento em seu toques, subindo e subindo, chegando na virilha de Nico finalmente e se demorando por ali, massageando a junção das pernas com a pélvis e tocando no membro de Nico quando ouviu um choramingo.
— O que foi, bebê?
— Você… você está me torturando!
— Eu estou?
— Hmhmm. — Nico acenou, levando as mãos ao rosto, como se fosse escondê-lo, acabando por morder os dedos bem no momento em que Percy olhou para Nico, vendo a face corada e os olhos quase se fechando de sono, prendendo o próximo gemido. Percy admitia que estava no clima para fazer exatamente o que Nico o acusava de fazer. Por isso, ignorou o membro ereto de Nico e foi um pouco mais abaixo e acariciou sua entrada, roçando em suaves e delicados círculos até que ela se abriu feito uma flor para ele, pulsando contra seus dedos.
Mas Percy não o penetrou como Nico queria. Não, ele continuou roçando e roçando, vendo Nico se abrir e fechar continuamente, ouvindo os doces gemidos que seu bebê não conseguia conter dentro de si.
— Percy!
— O que foi?
— Eu…
— Sim?
— Eu preciso de você! Dentro de mim!
— Oh, não. Não chore, a gente nem começou ainda.
— O-obrigado. — Nico murmurou, todo choroso, e se inclinou em sua direção, agarrando em sua camisa, implorando docemente, seus grandes olhos negros o fitando tão desesperado e frustrado que Percy teve piedade, embora só agora Percy estivesse se lembrando do combinado deles. Se Nico não soubesse o que dizer e quiser continuar, diria “Obrigado” e quando estivesse gostoso e mesmo assim quisesse parar, diria “Por favor”.
“Tão doce”, Percy pensou. Ele faria tudo ficar melhor.
Percy puxou Nico contra seu peito e o consolou, beijando seus cabelos e murmurando:
— Pronto, pronto. Já vai passar. Viu? Tudo bem?
— Eu… eu queria…
— Eu sei o que você quer.
Ainda com Nico nos braços, Percy se virou para o lado e abriu a primeira gaveta na mesa de cabeceira e tirou um tubo de lubrificante de lá. Colocou um pouco nos dedos, esquentando o gel na mão e levou os dedos para a entrada de Nico. Exatamente como antes, Nico gemeu docemente e jogou a cabeça para trás quando Percy massageou ao redor da entrada Nico, sentindo Nico derreter feito manteiga em seus braços, se entregando para as sensações que sentia.
Percy não pode evitar o calor que se espalhou em seu peito, ambos de prazer e de afeto, mas de luxúria também, aquele sentimento que o fazia se esquecer de tudo e que o incentivava a pegar tudo o que queria.
— É isso que você queria, lindo? Que eu te fudesse na casa dos meus pais?
Percy tentou ser o mais delicado possível, o mais deliciado que sua mente inebriada de prazer permitia. E ele admitia, não era o suficiente para ele, nunca seria, sabendo que essa não era a forma que ele traria seu bebê se estivesse com a cabeça no lugar, mas algo dentro dele dominou seu corpo, o fazendo agir jeito que seu corpo pedia.
No fim, cuidado e gentileza não era o que ele queria e não era o Nico tão pouco queria. Percy não se orgulhava, quando menos viu estava com três dedos dentro de Nico, o abrindo devagar, mas com vontade e com mais profundamente que havia feito nas vezes passadas. Ele teve que parar por um momento e respirar fundo, tinha prometido que não deixaria seus sentimentos interferirem em seu relacionamento com Nico. O que ele podia fazer se Nico ficava ainda mais bonito, gemendo com as costas curvadas, a ponto de gozar enquanto ele apenas continuava brincando com o corpo de Nico, descobrindo os lugares que o fazia gemer e o que o fazia chorar de prazer, ou mesmo aquele lugarzinho que estava fazendo Nico gritar, tremendo dos pés a cabeça?
Foi por isso que Percy se obrigou a tirar os dedos de dentro de Nico e respirar fundo. Não era certo tratá-lo feito um boneco de retalhos, um brinquedinho que ele podia usar e depois guardar em uma caixa.
— Bebê? Tudo bem? — Percy se forçou a enxergar entre a névoa de luxúria e enxergar seu bebê e não… um amante onde ele poderia satisfazer todos os seus desejos.
Percy viu como em câmera lenta, Nico abriu os olhos, desfocados e dilatados, e respirou tão fundo como ele tinha feito, parecendo confuso.
— Não… ah… não pare… eu… obrigado. — Nico disse na voz mais suave e doce que Percy já tinha ouvido, todo obediente e contente, completando: — Estou tão bêbado.
E então, Nico estava rindo, parecendo mais chapado do que qualquer bebida poderia causar, colocando os braços em volta de seu pescoço e o beijando suavemente. Percy não poderia recriminá-lo, se sentia tão alto quanto Nico demonstrava estar, mas o que Percy não havia percebido até aquele momento eram as lágrimas que escorriam, vendo os olhos de Nico que além de estarem desfocados, estavam marejados também; a pele morena quente ao toque, manchada por linhas invisíveis. Por que Percy sabia disso? Ele teve que levantar sua mão e limpar o rosto de Nico, as deslizando até segurar Nico pela nuca e pescoço, as mantendo ali, fincada nos cabelos de Nico. E Nico? Bem, ele apenas gemeu, deixou que Percy o inclinasse para mais perto e abriu mais as pernas, se oferecendo a Percy.
Percy não queria pensar nisso, nessa… demonstração de submissão. Aquilo fazia algo dentro dele acordar, algo que Percy tinha vergonha de admitir ter dentro de si. Mas… ele olhou para baixo e viu que Nico tinha gozado em algum momento. Eles deviam parar, não? Então, por que Percy estava abrindo as próprias calças e estava aplicando lubrificante no próprio membro?
Percy grunhiu quando sentiu a ponta da cabeça de seu membro entrar em contato com a entrada de Nico. Eles deviam usar camisinha, não deviam? Mas ele sabia que Nico era virgem antes de transar com ele, o que Percy sabia ser mais uma desculpa para seu cérebro cheio de endorfinas não o forçar a parar. Entretanto, Nico tinha pedido, não tinha?
Ele não hesitou mais, segurou Nico pela cintura e o puxou contra seu membro, deixando que a gravidade fizesse seu trabalho. Era uma experiência fora do corpo ver a entrada pequena e apertada de Nico acomodar seu tamanho, o observando descer devagar, o recebendo centímetro por centímetro, vendo seu membro desaparecer dentro de Nico quase sem esforço nenhum, ouvindo agora os gemidos agudos e arfados contra seu ouvido, peito contra peito, sentindo Nico o abraçar com força pelo pescoço e enrolar as pernas em volta dele, rebolando em seu colo tão gostoso que por um momento Percy se viu sem reação, apenas sendo capaz de arfar contra os cabeços negros de seu bebê, o ajudando no que pudesse.
Então, Nico soltou um longo e arfado gemido contra seu pescoço e o mordeu, parando de se mover imediatamente, o apertando tão forte que ele não sabia como não tinha gozado naquele mesmo instante. Nem mesmo assim Percy teve forças o suficiente para parar, achando que eles tinham ficado por longos momentos naquela mesma posição, sentados e imoveis na cama e que talvez Nico tivesse pegado no sono, ou até que Nico tivesse gozado de novo e não quisesse mais continuar. Esse foi o momento em que Percy ouviu um gemidinho manhoso e sentiu Nico se mover, só um pouquinho, girando os quadris, como se tentasse encontrar uma posição melhor. E Percy, como o cavaleiro que era, o ajudou. Ainda segurando na cintura de Nico, ele o moveu um pouco para a direita e então para a frente, encontrando um ângulo mais confortável. Sim! Percy achava que tinha encontrado, sentindo Nico o apertar forte e gemer como se estivesse morrendo.
— É aqui? Assim? É gostoso?
— Ah… ah… obrigado! — Nico se contorceu todo e se forçou contra ele, voltando a abraçá-lo com força. E já que Nico estava tão decidido a matá-los de prazer, era a melhor forma que Percy poderia morrer.
Percy segurou com mais força nos quadris de Nico e quase o imobilizando, o puxou para cima e então o levou para baixo, devagar e gostoso, sentindo Nico o apertar tanto que quase chegava a doer.
— Bebê, você tem que relaxar, hm? Respire fundo pra mim.
Nico fez, porque ele era o melhor garoto do mundo, e se deixou cair sobre seu peito, relaxando com a cabeça apoiada em seus ombros.
Ah, assim era bem melhor, porque, de repente, seu membro estava deslizando para dentro e para fora de Nico sem nenhum esforço, Nico gemendo sem nenhum pudor com a cabeça jogada para trás. Percy observou por um momento como Nico se entregava para ele sem nenhum medo e se esqueceu dele mesmo, lamentando que quase perdeu Nico para sempre.
— Você quer gozar? — Percy perguntou, se sentindo flutuar.
— Per… eu… ah! Eu não sei! — E de novo na voz mais doce, porém agora arfada e desesperada, Nico abriu aqueles olhos negros e implorou com o olhar, algo que ele próprio parecia não saber o que era.
Percy não sabia muito o que estava fazendo, mas se Nico queria, ele faria isso ser realidade.
— Se toque.
— O-oquê? — Nico perguntou sem entender.
— Eu quero que você se toque.
Percy, então, segurou em uma das mãos de Nico e a levou entre seus corpos onde o membro de Nico estava ereto.
— Eu quero ver. — Percy repetiu e esperou para ver o que Nico faria.
Nico piscou lentamente para ele e ainda parecendo incerto e chapado, envolveu os dedos em volta de si mesmo e começou a deslizar a mão para cima e para baixo, no toque mais delicado e suave que Percy já tinha visto. Ele não fez nada além de observar Nico se tocar ainda com ele dentro de Nico, sentindo Nico pulsar e o apertar ritmicamente por curtos minutos.
Não demorou muito, tão devagar e suavemente como Nico tinha começado, Nico gozou, com longos movimentos e gemidos mais doces ainda. E dessa vez Percy viu, Nico ejaculando, o pequeno membro estremendo e enfim soltando as últimas gotas até que Nico parou de mover a mão e olhou para Percy, piscando lentamente e respirando rápido, como se esperasse a próxima ordem.
Esse estava sendo um momento levemente estranho e maravilhosamente extraordinário para Percy. Ele estava contente em apenas observar o prazer de Nico e deixar que sua ereção sumisse sozinha. O fato é que Nico ainda olhava para ele, ainda parecendo incerto e sinceramente confuso.
— Você não vai gozar? — Nico perguntou a ele e Percy quase riu, achava que estava enlouquecendo.
— O que você sugere que eu faça, hm?
— Oh. — Nico murmurou, entortando a cabeça e encostando delicadamente suas mãos sobre os ombros de Percy. — Eu posso decidir?
— Claro.
Percy deu de ombros, por que não?
A surpresa veio imediatamente. Nico levantou o quadril, gemendo baixinho e deixou que o membro de Percy escorregasse para longe dele. Logo em seguida, Nico se ajoelhou na cama, se sentou entre as pernas de Percy e segurando na base, beijou a cabecinha por longos momentos. Ele lambeu e chupou sem pressa para enfim sugá-la inteira, começando uma sucção leve, na visão mais bonita e erótica que Percy já tinha tido o prazer de presenciar, achando que aquele seria o orgasmo mais rápido de sua vida.
Nico começou a mover as mãos também e de repente, seu membro estava deslizando para dentro da garganta de Nico. O que o fez em fim gozar foi quando Nico engoliu em volta dele e arfou, engasgando levemente. E de novo, Percy não teve reação se não se apoiar na cama e jogar a cabeça para trás, gemendo longamente. O surpreendendo novamente, Percy observou Nico continuar a chupa-lo, agora tão suavemente ele mal podia sentir, só deslizando para longe quando Nico teve a certeza que Percy tinha terminado, enfim amolecendo contra seus lábios. Era como se um mundo novo tivesse se aberto bem em frente aos olhos de Percy; ele não sabia que alguém chupar seu membro poderia sacudir seu mundo dessa forma. Mas, claro, Nico não era qualquer pessoa e ninguém além de Nico poderia causar essas sensações nele.
— Per? — Ele ouviu a voz baixinha de Nico o chamar. Percy abriu os olhos e percebeu que ele ainda tinha a cabeça jogada para trás e encarava o teto. Era difícil até de abrir a boca.
— Hm?
— Eu… desculpa… eu não queria…
Ele não queria? Percy queria rir de histeria e prazer.
Contente e verdadeiramente satisfeito, Percy enfim reuniu forças para se mover e se sentou na cama, vendo que Nico ainda estava entre suas pernas. O engraçado é que Nico não parecia feliz, parecendo que iria cair nas lagrimas a qualquer momento.
— O que foi, bebê?
— Eu te machuquei.
— Me machucou?
— Você parecia com dor, mas eu não queria parar. Você nunca me deixa fazer isso.
Percy sorriu e puxou Nico para seu colo, o abraçando contra seu peito. Ele poderia dizer que Nico estava certo; foi tão bom que chegou a doer, como se seu orgasmo estivesse sendo puxado para fora dele e Percy não tivesse nenhum controle sobre isso.
— Você não me machucou. De fato, você só precisava pedir. Você foi ótimo.
— Eu fui… ótimo? — Nico se afundou contra o peito de Percy, mas ainda parecia em dúvida. — Se você diz, vou acreditar.
Percy sorriu novamente e beijou os cabelos de Nico. Ele só esperava que Nico não brigasse com ele na manhã seguinte quando ambos estivessem completamente sóbrios.
***
— Se você diz, vou acreditar. — Percy ouve Nico dizer, o observando fechar os olhos e suspirar antes de relaxar contra seu peito, agora respirando profundamente em seu sono.
Percy quase caiu na tentação de fazer o mesmo e dormir naquela exata posição, sentado no meio da cama com Nico o usando como um travesseiro. Mas infelizmente, ele tinha que ser a pessoa responsável. Sentindo as pernas ainda tremendo, colocou Nico deitado sobre os travesseiros, o cobriu com um lençol e se levantou. Entrou no banheiro da suíte e depois de se limpar e arrumar suas roupas, voltou para o quarto com uma toalha umedecida e limpou Nico, dizendo um “Volto logo”, que Nico pareceu não ouvir e saiu do quarto, fechando a porta suavemente atrás dele, deixando Nico debaixo das cobertas apenas de meias e camiseta. Desceu as escadas e já se arrependendo, viu que ainda tinha pessoas na festa. Não que isso importasse para ele, era apenas mais um dia na casa dos Jackson, por isso andou com passos decididos para a cozinha, mas quando chegou lá teve uma surpresa indesejada.
Era Annabeth, é claro! Quem mais poderia ser? Seu relaxamento desapareceu em um piscar de olhos, especialmente quando Annabeth se virou para ele e sorriu, segurando uma taça de cristal com vinho tinto contra os lábios, a bebida favorita dela, Percy infelizmente sabia disso.
Talvez ele tenha escondido algumas coisas de Nico e talvez ele tivesse passado mais tempo do que queria com Annabeth nos últimos anos; Nico tinha ido embora e Percy tinha se sentindo solitário, imagina sua surpresa quando Annabeth lhe mostrou um pouco de solidariedade.
Percy tinha baixado a guarda, ele admitia. Em nome dos velhos tempo e da infância, Percy decidiu que dar outra chance para a primeira amizade que tinha feito na vida poderia dar certo. O fato é que tudo ficou bem por algum tempo, a turma se reuniu mais uma vez e tudo ia bem, isso é, até que Annabeth em uma sessão de estudo regada a bebida, seus melhores amigos e livros espalhados em todas as superfícies de seu quarto, tinha tentado lhe beijar. No fim, tudo o que Annabeth queria era ser a rainha do baile e se aproveitar da influência de sua família para conseguir uma bolsa de estudos e uma posição de líder de torcida na melhor universidade do país. Se ela tivesse pedido essas coisas para ele, Percy não teria se importado em ajudar, mas como ela decidiu pegar a força, Percy devolveu na mesma moeda.
Agora, aqui estavam eles. Annabeth em um longo vestido vermelho que não escondia nada, parada em frente a geladeira, parecendo observar algumas fotos presas nela, fotos deles e de seus outros amigos de quando eles eram crianças e Percy ainda não havia conhecido Nico. Percy quase acreditou no olhar de saudade dela, quase foi enganado mais uma vez, e tudo isso porque ele estava tentando levar um copo de água com analgésicos para seu bebê, hm?
Não dessa vez.
— O que você está fazendo aqui? Pensei que eu tinha sido claro.
— Eu queria conversa com você.
— É melhor você ir embora.
— Você não sente falta da gente? De como costumava ser?
Annabeth, então, se virou totalmente em sua direção e colocou a taça em cima da bancada, se aproximando mais dele, desfilando, como se tentasse seduzi-lo. Tudo o que aquilo causou foi fazer seu estômago se revirar. Do que ele sentiria falta? De se sentir sozinho, como se ele fosse invisível? De viver para realizar todos os desejos egoístas dessa garota mimada? De não poder fazer algo se Annabeth não permitisse? O pior sempre seria saber que não importa o que ele fizesse, Percy sempre se sentiria com frio e abandonado, mesmo que ela estivesse há menos de cinco passos de distância.
— Como você pretendia fazer isso? Invadindo meu quarto no meio da noite?
— É uma boa ideia. Eu ainda me lembro onde fica.
— Você enlouqueceu? É isso?
— É você que não entende! Deveria ser nós dois. Isso não é natural. O que seu pai diria se te visse assim? — Annabeth tocou em seu ombro e então a ânsia de vômito realmente veio, quase se materializando.
— Meu pai não tem nada a ver isso. Você passou dos limites.
— Percy, querido. Ainda não é tarde demais. — Annabeth tocou em seu rosto e o encarou com aqueles frios olhos acinzentados, algo que no passado ele achou lindo e magnético, mas que agora congelava seu corpo e alma. Se tinha algo que ele havia aprendido com Annabeth é que a manipulação vinha em todos os tamanhos e formas.
Ele deu um passo para trás, saindo do alcance de Annabeth e respirou fundo, se sentindo libertar de um fantasma que continuava a assombrá-lo desde que ele decidiu que gostava mais doces garotinhos bem comportados do que de garotas manipuladoras e cruéis. Talvez Nico estivesse certo e a única forma dele realmente se livrar de Annabeth seria fugindo e desaparecendo, exatamente como Nico tinha feito.
— Você precisa ir embora. Agora!
— Percy, sei que você está confuso. Ele é tão bonitinho que até parece uma garota, não é? Ele nunca vai te dar o que eu posso. Uma família. Um lar.
“Nico pode me dar…?’’, Percy se perguntou por um momento, distraído. Então, ele sentiu vontade de rir. Nico lhe dava exatamente o que ele queria e do exato jeito que ele mais desejava.
— Você tem certeza?
Percy sabia que não devia, sabia que isso não era da conta de Annabeth, e mesmo assim, ele fez. Percy abriu os primeiros botões de sua camisa e mostrou a marca no meio de seu peito de dentes e unhas, perto do pescoço, porém discretos o suficiente para cobrir com a camisa.
— Você acha que Nico não me dá o que eu preciso? Ele é muito melhor do que você jamais será.
— Você vai se arrepender! Como você me trocar por aquele--
— Na verdade, mesmo que eu não estivesse com ele, você seria a última pessoa na face da terra que--
Plaft!
Percy não sentiu a dor vir, apenas escutou o barulho da mão de Annabeth contra seu rosto, o toque frio da mão dela o congelando por dentro. O choque veio quando seu rosto virou para o lado com o impacto, veio quando o grito de fúria dela chegou a seus ouvidos, completamente enraivecida, como se um demônio tivesse possuído o corpo da beldade de olhos claros e cabelos loiros.
— Você acha que pode falar comigo desse jeito? Que pode me tratar assim? Quem você pensa que você é! — Annabeth bradou, indo para cima dele mais uma vez. Mas dessa vez, Percy se negava a se submeter as vontades dela, ele não tinha medo do que diriam ou quais seriam as consequências.
Dessa vez, Percy segurou nos braços de Annabeth e a encarou, sem medo, antes que o próximo tapa pudesse chegar.
— Nós terminamos aqui. Não quero te ver, escutar sua voz ou saber de você. Você não é bem-vinda na minha vida ou na vida de Nico. E se você tentar algo, vai se arrepender. Esse é meu último aviso.
Com isso, Percy deu as costas a ela e saiu da cozinha ainda ouvindo os gritos de Annabeth. Quando Percy voltou, Annabeth ainda estava na cozinha andando de um lado para o outro, furiosa, com a taça de cristal na mão. Mas se fosse por Percy, Annabeth que guardasse a taça de recordação. Ele não queria nada em que ela tivesse tocado.
— Se certifiquem que ela nunca mais coloque os pés nessa casa.
Parado, no meio do corredor que dava para a entrada da cozinha, Percy observou os homens acenarem e irem em direção à intrusa. Cada um segurou Annabeth por um braço e sem mais palavras, Annabeth é levada pelos homens, berrando e ofendida, porque, finalmente, a pessoa que assombrava seus pesadelos estava banida de sua casa e de sua vida de uma vez por todas.
***
Ainda escutando os gritos da loira, Percy pôde enfim pegar o copo de água e os analgésicos que Nico iria precisar. E se sentindo exausto e com o rosto latejando, subiu a escada para o andar superior e entrou em seu quarto no fim do corredor, encontrando Nico acordado, encostado contra o batente da cama e olhando para o próprio colo coberto apenas pelos lenções com a expressão mais triste e cabisbaixa que Percy já tinha visto em seu bebê.
Tudo fica pior no momento em que Percy fecha a porta e entra no quarto. Nico levanta a cabeça e olha para ele com aqueles grandes olhos negros, agora marejados.
— Onde você estava? — Nico diz em voz baixa, soando rouca e cansada.
— Eu fui buscar um remédio para ressaca.
— Eu não estou de ressaca.
Mas Nico parecia que iria cair no sono a qualquer momento, continuando a olhar para ele, como se não acreditasse nele, e Percy desiste de tentar convencê-lo. Porque, nisso, eles eram parecidos. Uma vez que eles se decidissem por algo, nada os faria mudar de ideia. Seria pior se eles descobrissem que o outro estava mentindo. Assim, conformado, Percy andou a passos rápidos até a mesa de cabeceira, colocou a água e o remédio em cima dela e se sentou ao lado de Nico, o puxando para seu colo.
— O que foi, hm?
— Não é nada. — Nico enfiou o rosto na curva do pescoço de Percy e o abraçou forte pela cintura, relaxando, e só assim se sentiu confortável o suficiente para dizer o que pensava. — Eu vi Annabeth na festa. Depois que você mandou ela embora. Eu odeio saber que ela ainda está por perto, rondando a gente e esperando o momento certo para atacar.
Então, esse era o problema.
Bem, Nico estava mais certo do que pensava.
Percy abraçou Nico mais forte, o envolvendo completamente em seus braços e suspirou, encostando sua cabeça no topo dos cabelos de Nico.
— É isso o que você pensa de mim? Que eu iria correr para o lado dela depois de ficar com você?
— Não, acho que não. Eu só… ela tem uma influência estranha sobre você. Eu só… não gosto disso.
— Não gosta do quê?
— Do jeito que ela olha para você. Como se quisesse te… dominar. Me mata pensar que… pensar que ela pode conseguir o que quer.
“Como eu faço com você?”, Percy teve o impulso de perguntar, mas parou antes que eles entrassem em uma discussão que ambos não estavam prontos para enfrentar. Embora ele soubesse que a situação deles fosse diferente, e mesmo que Percy quisesse dominar Nico, era algo completamente consensual entre ambas as partes; já com Annabeth, ele não poderia dizer o mesmo. Apenas o pensamento disso revirava seu estômago.
— Você não precisa se preocupar. — Percy disse por fim, tentando relaxar.
— Sei.
— Nico.
Percy segurou no rosto de Nico, puxando sua cabeça para cima e o forçou a encará-lo:
— Eu te amo. Só você e ninguém mais. Quando você vai entender isso?
— Eu entendo. Acreditar, é mais difícil. Eu lembro das vezes que você vinha cheirando diferente… ou com mordidas em lugares suspeitos… — Nico levou as mãos ao lugar que ele mesmo tinha deixado uma marca, afastando a camisa para tocar na pele e fazendo Percy entender tudo.
— Eles não significavam mais do que… alivio de estresse. — Percy disse, tocando na mão de Nico sobre seu peito. — Eles nunca significaram nada mais do que isso. Você precisa acreditar em mim.
— Na época eu não conseguia entender. Era tão confuso. Você dormia na minha cama e fazia sexo com eles. — Mas agora, Nico parecia entender melhor, indo para a Itália e sentindo a necessidade de aliviar esse mesmo tipo de estresse.
— Você era… um anjo perfeito, delicado e imaculado. Eu não queria te sujar.
— Me sujar? — Nico disse, parecendo confuso mais uma vez.
— Eu não queria te forçar como aqueles meninos fizeram.
Nico levantou a cabeça, pronto a dizer que aqueles garotos nunca se comparariam a Percy, voltando a encará-lo. Porém, quando Nico viu uma marca grande no lado direito do rosto de Percy a confusão foi substituída por preocupação.
— O que aconteceu? — Percy estranhou imediatamente a mudança em Nico. O garotinho estava fazendo uma careta, algo entre confuso e irritado.
— Seu rosto. Quem te bateu?
Será que seria muito brega dizer que Nico o fez esquecer da dor? Percy decidiu que sim, era uma das coisas mais bregas que ele já tinha pensado em dizer.
— Não foi nada. Apenas um arranhão.
— Eu quero saber. — Quando Nico percebeu que exigir não funcionaria, ele tocou suavemente no rosto de Percy e o beijou docemente nos lábios, dizendo todo delicado e baixinho: — Estou preocupado com você. Por favor, Per. Me diz quem fez isso com você.
— Nem doí mais.
— Por favor?
— Annabeth. Foi Annabeth. Eu encontrei ela na cozinha. — Percy suspirou e fechou os olhos, quase ronronando com o toque carinhoso de Nico. — Ela não aceitou um não como resposta.
— Per! Você devia fazer uma denúncia!
— Talvez amanhã. Quando Sally ver meu rosto e me obrigar a ir. Ou Paul chegar de viagem e me arrastar até lá com a ajuda de Tyson.
— Per. — Nico murmurou fracamente, seus olhos se enchendo de lagrimas, fazendo o coração de Percy se apertar e se encher de afeto na mesma proporção.
— Estou bem. Eu juro. — Para provar seu ponto, Percy o beijou suavemente e acariciou os cabelos de Nico, os penteando para trás. — Viu? Está tudo bem.
— Então, você tem que tomar o remédio.
— Mas eu trouxe para você.
— Vamos dividir.
Percy sorriu e deu de ombros. Quebrou o remédio no meio, deu uma parte para Nico , engoliu a outra parte e segurou nas mãos de Nico.
— Que tal um banho antes de ir pra cama?
Nico aceitou a oferta, é claro. Porque Nico era o garoto mais obediente e bem-comportado do mundo, sempre querendo o agradar e cuidar dele, mesmo que Percy não merecesse.
Assim, Nico tocou o remedia com a água e eles tiraram o resto das roupas, tomaram uma ducha rápida e logo estavam debaixo das cobertas. Tinha sido um longo dia e tudo o quê eles queriam eram um momento de paz e silencio.
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Obrigada por ler!
Se você gostou me deixe um comentario, sugestões e criticas construtivas. Até um emoji é valido, apenas para eu saber que a história está agradando.
Até a proxima.
Oii, como vai? Demorei, mas cheguei. Como sempre a ansiedade quase me mata, mas aí dá uma vontade de escrever e faço um capítulo em menos de dois dias. Esse capítulo vem com aviso de cena +18, nada muito intenso, eu acho? Estava pensando em colocar as cenas mais intensas em algum lugar fechado porque sinto que um dia a censura vem, sabe? Vou pensar nisso para a próxima história, por enquanto fica aqui disponível para quem gostar de ler.
Espero que você gostem^^
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII
Anteriormente:
— Meu bebê está com ciúmes, hm?
— Não sei do que você está falando. — Mas o rubor no rosto de Nico dizia o que Percy precisava saber.
— Por que a gente não conversa num lugar mais calmo? — Mas antes de guiar Nico para longe da multidão, Percy se voltou para Annabeth: — Você não foi convidada. Vá embora.
— Mas, Percy! Você prometeu!
— Eu não prometi nada.
— Seu mentir--
— Não vou repetir.
Com isso, ele pegou Nico pela mão e o guiou para dentro da casa, deixando para trás uma multidão curiosa e uma loira espumando de raiva.
O pior era que ao invés de ficar bravo com a demonstração de possessividade, seu peito voltou a se aquecer. Ele nem ao menos poderia julgar o comportamento de Nico quando ele próprio fez coisas piores. Na verdade, Percy amava ver Nico tão afetado e emotivo, tão diferente do garotinho que guardava tudo para si mesmo e que nunca mostrava o que sentia. Percy se sentia aliviado, como se ele não precisasse carregar esses sentimentos sozinho e que talvez, só talvez, Nico o quisesse tanto quando Percy queria Nico.
— Para de sorrir. — Nico murmurou contra seu ombro, ainda o segurando pela cintura. Estava tudo bem porque Percy o segurava de volta, tão forte quanto Nico, o guiando pelas costas e escadas acima, para dentro de seu quarto mais uma vez, ambos se sentando em sua cama.
— Você quer conversar? — Percy tentou. Ele amava saber que Nico tinha agido daquela forma por causa dele, o problema era que esse não era um comportamento que Nico costumava ter. E se tinha alguma coisa errada, Percy queria consertar antes que fosse tarde demais.
Não que ele realmente esperasse que Nico fosse esconder algo dele, mas…
— Não é nada. — Mas, então, Nico levantou a cabeça do seu ombro e o encarou com aqueles grandes olhos negros, lacrimejando, e segurou em sua camisa como se fosse arrancá-la para fora do caminho. — É só que… é só que ela continua me perseguindo! Dizendo que você ficou com ela e… e que vocês passaram muito tempo juntos e que por isso você ia no baile com ela!
— Nico. Bebê. — Talvez ele tenha soado um pouco… autoritário. Rude. Até frio. Às vezes, era o único jeito de fazer Nico escutá-lo, o que funcionou perfeitamente.
Nico parou imediatamente de reclamar e seu rosto corou num tom incrivelmente avermelhado. Percy amava esses momentos onde ele podia ver o velho Nico ressurgindo, todo obediente e comportado, tão tímido que o fazia querer trancar a porta e mostrar o quanto Annabeth era insignificante. Talvez ele devesse, ações sempre falariam mais alto do que palavras.
— Qual o problema? — Percy tentou mais uma vez.
— É verdade?
— Eu fiquei com alguns garotos. Luke é um deles. Ela só me ajudou com algumas sessões de estudo e em troca eu iria no baile com ela.
— É só isso? — Nico se aproximou mais dele, se ajoelhando na cama e engatinhando para sentar em seu colo.
— Eu nunca ficaria com ela. Depois de estudar com ela duas vezes, encerrei nossas sessões.
— Por quê?
— Eu não precisava mais. — Percy deu de ombros, mas isso não pareceu convencer Nico mesmo em seu estado inebriado.
— Ela tentou te beijar, não foi?
— Como você sabe disso?
— Ela pode ter insinuado algo assim…
Então esse era o problema.
— Lindo, você não precisa se preocupar. Eu vou me casar com você. Não é o suficiente para provar o quanto eu te amo?
Nico o encarou longamente e mordeu os lábios, parecendo ansioso: — Só porque você me deu uma aliança não significa que um casamento vai acontecer.
Deuses! E Percy pensando que ele era o inseguro da relação.
— Você quer marcar a data? Que tal no mês seguinte da nossa graduação? No verão antes da faculdade?
— Eu… — Nico abriu bem os olhos, parecendo acordar, e se sentou melhor no colo de Percy, colocando certa distância entre eles. — A gente nem teve uma festa de noivado! Como eu poderia marcar… marcar…
Agora Nico parecia que iria vomitar. Ou talvez sair correndo de ansiedade.
— Shhh… é uma ideia que eu quero que você pense com cuidado. Quero ficar com você pelo resto da vida. Uma festa e um documento dizendo que somos um casal é apenas um detalhe. Você está me entendendo, Nico?
— Per! — Nico guinchou e se atirou contra Percy, o pegando desprevenido. Nico os derrubou para trás na cama e Percy gargalhou, surpreso e contente, ouvindo Nico fungar: — Porque você faz isso comigo!? Eu quero casar em um lugar bonito e ao ar livre! Com muita música e comida. Depois quero viajar o verão inteiro com você e te levar para conhecer minha nona!
— Isso é ótimo. Mas, por que você está chorando? — Percy sorriu para Nico e levou a mão ao rosto levemente corado e agora começando a inchar por causa das lágrimas. — Não chore, sim?
— Então, não fale essas coisas pra mim! Meu coração não aguenta. — Para mostrar o quanto Nico estava sendo sincero, ele segurou na mão de Percy e a levou para o próprio peito.
De fato, o coração de Nico estava disparado, pulsando forte e descompassado sobre suas mãos. Talvez Percy devesse dar mais uma razão para o coração de Nico continuar a bater tão forte por sua causa. Então, observando Nico respirar rápido, Percy deslizou sua mão do peito de Nico para o abdômen dele, devagar e sensual, desceu mais um pouco e encontrou as calças de Nico. Bastaram alguns suaves toques e com uma leve pressão, um pequeno volume se formou ali, Percy decidindo que se eles se apressassem ninguém perceberia a demora deles.
— O que-- o que você está fazendo?
— Mostrando o quanto o meu garoto é especial para mim.
— Percy!
Já era tarde para Nico. Percy tirou Nico de seu colo, o colocou na cama, se ajoelhou no tapete felpudo e puxou Nico para a beirada da cama. Em poucos instantes, Percy abriu as calças jeans de Nico e puxou o membro para fora, todo ereto e molhado na cabecinha, poucos pelos finos decorando a virilha. Percy gostava disso em Nico, gostava de tudo nele, desde o membro pequeno até o pelos discretos, amava que com o mais suave dos toques Nico sempre ficava excitado, às vezes tentando esconder, outras, manhoso, se deixando levar. Hoje, eles pareciam estar no meio-termo, Nico tocando em seus ombros, parecendo que iria para-lo só para gemer e jogar a cabeça para trás quando Percy acariciou a base, sentindo a pele macia, envolvendo o membro inteiro de Nico com a mão, massageando devagar até que uma verdadeira bagunça se estabelecesse.
— Você quer gozar na minha mão ou na minha boca? — Percy perguntou na intenção de permitir que Nico decidisse, apenas para ter o prazer de ver o constrangimento emanar das feições de Nico. — Se você não me dizer, não vou te deixar gozar.
— Per-cy!
— Vamos, é só uma palavrinha.
— Não!
— Você quer que eu pare?
— Percy!
— Por favor?
Quando Percy viu que dessa vez ele tinha perdido, se deu por vencido.
— Dessa vez, eu decido. Mas na próxima, vou te torturar até você implorar.
Percy era um homem de palavra. Sem avisar, segurou nas pernas de Nico, as colocou sobre seus ombros e agarrou os quadris de Nico, o mantendo no lugar. Ele gostaria de dizer que tinha durado, o problema é que eles não tinham muito tempo. Bastou uma longa lambida, um beijinho na cabecinha e algumas chupadas que Nico estivesse gozando, as pernas de Nico se enrolaram em volta de seu ombro e os dedos longos e finos se fincaram, puxando seu cabelo. Foi uma visão maravilhosa para Percy, em dois minutos Nico tinha gozado e agora o garotinho arfava olhando para teto, derretido contra os lençóis. Percy podia dizer com segurança, tinha sido um recorde até para ele. Mas tudo bem, eles tinham o resto da noite e do domingo para aproveitar.
***
Depois de cinco minutos, Nico e Percy apareceram na festa de mãos dadas e ambos bem mais calmos que antes. Nico tinha o rosto corado e a expressão relaxada, enquanto Percy estava com os cabelos ligeiramente fora do lugar e um grande sorriso no rosto. Era óbvio o que tinha acontecido para qualquer pessoa com um bom senso, embora fosse algo novo para a pequena multidão naquele jantar. Nico costumava ser um anjo intocado, mas parecia que agora ele tinha se tornado humano como todos os outros. Bem, Percy não se importava com as fofocas, o que não significava que ele gostasse da forma que as pessoas olhavam para Nico. Será que seria muito ruim se ele pegasse Nico e fosse para outro lugar? Talvez…
— Percy, meu rapaz! — Percy ouviu uma voz retumbar atrás deles e imediatamente soube quem era. O tão infame Hades. Não para ele, porém não foi Percy quem teve que viver com um pai ausente. Poseidon podia ter traído sua mãe, mas o homem esteve presente em cada etapa de sua vida.
— Senhor. — Percy cumprimentou.
— Vejo que vocês finalmente se acertaram.
Hades se aproximou e com um grande sorriso cheio de dentes brancos e olhos tão negros quanto os de Nico, apertou sua mão de forma energética. Já quando chegou a vez de Nico ganhar um abraço, o garoto deu um passo para trás, suas feições antes contentes se amargurando mais rápido do que uma fruta podre caindo ao chão.
— Hades. — Nico disse, e só para se certificar, deu outro passo para trás, se afastando de Hades e Percy. — Quem te convidou?
— Sally. Vim com Bianca. Ela deve estar em algum lugar por aqui.
— Ótimo. — Sem qualquer outra palavra, Nico deu as costas para eles e se meteu na multidão, desaparecendo de vista.
— Vejo que as coisas estão indo bem?
— Elas estão. Obrigado.
— Como Nico está?
— Muito bem. Melhor do que antes.
— Isso é bom. Continue assim.
Com isso, Hades tocou em seu ombro, acenou e tão rápido quanto Nico, desapareceu entre as pessoas.
O que Percy podia dizer? Os Di Angelo eram conhecidos pela brevidade. Eles sempre eram diretos e diziam apenas o que precisavam. Podia parecer estranho, Percy sabia disso. O fato era que ele e Hades tinham um trato. Percy contava o que acontecia na vida de Nico e Hades não se meteria no relacionamento deles. Funcionava bem para todo mundo. Houve um tempo em que Percy pensou que Hades iria impedir a amizade entre ele e Nico, mas, então, no dia seguinte Hades fez uma visita a sua casa, falou com sua mãe e pediu desculpas. Desde então eles têm esse acordo. Nico sabe disso, é claro, o que não torna nada mais fácil. Percy sempre ficava preocupado quando pai e filho se encontravam, por isso, foi sua vez de se meter na multidão, buscando pela cabeleira negra de Nico.
Não demorou muito para encontrá-lo, Nico estava sentado em uma das mesas vazias. Pratos, taças e talheres já estavam organizados na mesa para o jantar que aconteceria mais tarde. Ninguém precisava dizer o que estava acontecendo. Percy deu a volta na mesa e abraçou Nico por trás, o apertando forte entre seus braços.
— Sinto muito. — Sussurrou para que somente Nico pudesse escutar.
— Ele perguntou como eu estava?
— Sim.
— Ridículo.
E realmente era. Ao invés de Hades falar com o filho, o homem preferia perguntar para ele, ou para qualquer pessoa que não fosse o próprio Nico.
— Sinto muito. — Era tudo o que ele podia dizer. Então, colocou o rosto contra o pescoço de Nico e o beijou ali, escutando Nico rir, se contraindo todo.
— Faz cócegas.
— Cócegas. Sei.
— Seu bobo.
Nico se virou em seus braços e enfim o abraçou de volta, suspirando, colocando o rosto encostado em seu ombro.
— Não sei porque ainda me importo.
— Ele é seu pai.
— Ele nem teve coragem de visitar a gente na casa da nona! E depois, ele aparece assim, como se tudo estivesse bem.
— Eu sei.
— Sabe quanto tempo eu não via ele? Um ano inteiro! Tive que telefonar para ele avisando que eu estava voltando. Que tipo de pai faz isso?
— Shhh. Ele não vale sua preocupação.
— É tão frustrante!
— Nico.
— O quê foi?
— Quer dançar comigo?
— O quê? — Isso fez Nico parar no meio de outra reclamação e levantar a cabeça, seus olhos lacrimejando, sem derrubar nenhuma lágrima.
— Vamos dançar.
Percy segurou na mão de Nico e o puxou suavemente pelo gramado até chegar no centro do jardim, onde uma pista de dança improvisada tinha sido colocada. Percy parou no centro da pista feita de uma espécie de piso de plástico e se aproximou de Nico, colocou uma de suas mãos na cintura de Nico e outra em seu ombro, enquanto Nico apenas ficou lá, parado no meio das outras pessoas que dançavam, sua reação congelada chamando mais atenção ainda do que seria o normal.
— Percy! Eles estão olhando pra gente! — Nico murmurou entre os dentes, tentando se esconder contra o peito de Percy.
— Deixe eles olhar. Devem estar com inveja. Olha pra você, tão bonito e inteligente. Como eles poderiam não admirar algo tão lindo?
— Per-cy!
— Tá bom. — Percy sorriu para Nico e o puxou para mais aperto até que nenhum centímetro restasse entre eles. — Olhe para mim, tudo bem? Só pra mim.
A expressão no rosto de Nico se suavizou e só assim Nico relaxou, colocando as mãos nos ombros de Percy.
— Obrigado. — Nico murmurou, o olhando entre os cílios. — Não sei o que eu faria sem você.
Percy queria soltar uma piadinha para ver se aliviava o peso no coração de Nico, mas quando se tratava de família, não havia como consertar as coisas. Então, ele decidiu fazer o que de melhor Percy sabia fazer; segurou no pescoço de Nico e o beijou no meio da pista de dança. O mundo parou de girar e o silêncio se fez dentro de sua cabeça, porque Nico o abraçou pelo pescoço e abriu a boca, permitindo que seus lábios se tocassem, sem vergonha e sem pudor algum. Foi quando Percy finalmente soube que não havia nada a temer ou a esconder. Mesmo com todos os problemas, agora sabia que Nico finalmente era seu.
***
A festa tinha sido um grande sucesso. Os pratos já tinham sido retirados e as taças de sobremesas comidas pela metade estavam espalhadas pelas mesas, embora taças de bebidas ainda estivessem sendo oferecidas. Champanhe, vinho, whisky e cerveja, apenas as pessoas que gostavam de beber ou que ainda dançavam estavam presentes, com a maioria dos convidados se despedindo de sua família no caminho para a saída. Bem, o fato é que estava ficando tarde e eles enfim poderiam abandonar a festa sem parecer mal-educados.
Ele acenou para Luke, Thalia, Clarisse e Cris que passaram por eles, decidindo que era a vez deles irem também.
— Bebê.
— Hm?
— Está na hora de ir pra cama.
— Cama?
Percy segurou Nico pela cintura para que ele não caísse e Nico se ajeitou em seu colo, arrumando a cabeça contra o ombro de Percy. Era agora ou nunca, parecendo que passariam o resto da noite sentados e bebendo sem controle, o que acabaria dando em um espetáculo mais grandioso do que Percy estava preparado para lidar.
Ele beijou o rosto de Nico e se levantou, segurando nas pernas de Nico, enquanto Nico se apoiava sobre seus ombros.
— Hmmm… Per.
— Shhh. Segura firme.
Foi o que Nico fez. Eles andaram pelo gramado, Percy carregando Nico feito um bebê e Nico reclamando de ser acordado. O bom é que não restava mais ninguém que pudesse envergonhá-los. Sua mãe já tinha se retirado com Tyson já que Paul, o novo marido de sua mãe estava fora em uma viagem de negócios, Hades e Bianca tinham ficado na festa pelo menor tempo possível e todos seus amigos estavam bêbados demais para se lembrar de alguma coisa, ou também já tinham ido embora. Percy queria dizer que Nico estava pesado e que era difícil de ver por onde eles iam, mas isso seria uma mentira. Nico era tão leve que ele mal sentia o peso, o que ele sentia era Nico colado a ele, suas pernas em volta de sua cintura, o volume entre elas óbvio demais para que ele pudesse ignorar.
— Per. — Nico disse novamente, naquele mesmo tom suave e doce. Só que ele não esperava que Nico fosse ser quem iria iniciar as coisas, beijando seu pescoço e respirando contra sua orelha, ou melhor, gemendo e o agarrando com força.
— Estamos quase lá.
Eles estavam mesmo, Percy apenas precisava andar mais alguns passos e abrir a porta. Ou é o que ele teria feito se Nico não escolhesse aquele momento para levantar a cabeça e com os olhos deslocados e dilatados, e rosto corado, segurar em seu rosto e encostar seus lábios em um suave e quase inocente toque.
— Você vai me fuder hoje? Na sua cama, onde sua família pode ouvir?
Percy congelou no meio do caminho, suas pernas falhando na mesma velocidade que o sangue em seu corpo descia para seu membro.
— Deuses, Nico! O quanto você bebeu?.
— Eu não estou bêbado!
A forma que Nico mal conseguia manter os olhos abertos ou sua fala lenta, mostrava o contrário. Felizmente, Percy estava sóbrio o suficiente para continuar os poucos passos até seu quarto e trancar a porta, se certificando que ninguém os interromperia.
— Você foi um garoto muito arteiro hoje. Você merece uma punição. Meu garotinho lembra o que eu disse hoje mais cedo?
— Hmm… que você me deixaria gozar? — Nico tentou, esperançoso.
— Não, que eu te faria implorar.
— Oh. — Foi tudo o que Nico disse antes que ser jogado na cama e de suas calças serem arrancadas.
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Como sempre fico muito contente com a presença de vocês e todos os comentários, likes e reblogs. Faz toda a diferença e se vocês puderem me contar o que estão achando até aqui me ajudará muito para a fase da revisão^^
Obrigada por ler e até a próxima vez que pode ser no fim de semana ou depois!
Oii, como vai? Desculpem a demora. Vou devagar, mas chego lá. A verdade é que esse capítulo é bem agridoce. Ele se passa no passado, mostrando mais um pouco do que aconteceu no início da relação de Nico e Percy. Espero que vocês gostem^^
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI
Boa leitura!
— Você é engraçado. — Nico lhe disse.
— Você que é.
E feito um garoto da terceira série, coisa que ambos eram, riram novamente enquanto ouviam o sinal tocar. Percy nem tinha percebido que meia hora tinha se passado, o que era mais tempo do que ele costumava passar com seus velhos amigos nos últimos tempos. E o que isso dizia sobre ele, hm?
— A gente tem que ir. — Ele ouviu Nico dizer.
Eles realmente tinham. Com pressa, ajudou Nico a recolher as marmitas e o acompanhou para a próxima aula, descobrindo que Nico de fato estava na mesma sala que ele. Percy estava tão distraído em tentar se esconder que não via o que acontecia à sua volta? Bem, esse fato iria mudar a partir daquele instante.
***
Mais alguns dias tinham passado e com eles, Percy começava a prestar atenção à sua volta.
Era estranho.
Como Percy não tinha percebido a presença de Nico até aquele momento? Em qualquer direção que Percy olhasse, Nico estaria ali, em qualquer lugar ou hora do dia, também. Isso é, até que ambos fossem para suas respectivas casas, ensaios ou treinos, e ainda assim, Percy continuaria pensando em Nico; enquanto esperava seu irmão mais velho vir buscá-lo ou em casa ajudando a mãe cozinhar, provando novos pratos. Foi o que continuou acontecendo por um longo tempo, dias, semanas, meses até, era difícil ter uma noção de tempo quando as horas passavam tão rápido e os dias eram todos iguais. Sentia como se emergisse de um sono paralisante, algo que finalmente detinha sua atenção. Um dia ele notou que Nico sentava na frente da sala e bem perto da porta de saída. Em outro, Nico estava mais para o meio do cômodo e, então, o garotinho apareceu do seu lado, dividindo a carteira dupla com ele. Grover estava na carteira ao lado da sua com Júniper, Luke atrás dele com Thalia.
Percy olhou mais uma vez para Nico e o viu escrevendo algo em volta de um desenho, um elmo negro, a caligrafia tão bonita quanto os traços da figura. Percy queria perguntar desde quando eles sentavam juntos. Desde quando Nico fazia parte do grupo de seus amigos e desde quando ele se sentia tão confortável com a presença Nico, com a quietude que os atos de Nico traziam. Ao contrário disso, ele disse na voz mais baixinha possível:
— O que é isso?
— Hm? — Nico murmurou e olhou para ele, tão calmo como sempre. — Um design para uma novel. Não sei se vou terminá-la.
O mais estranho era que ele sabia exatamente sobre o que Nico falava, Percy tinha visto o rascunho da novel em um dos intervalos compartilhados com comida, e como tudo o que Nico fazia, era lindo e delicado, como se Nico colocasse uma parte de sua alma em cada coisa que tocasse com as mãos, fosse um pedaço de papel, arte, comida ou a tarefa de casa.
— Você devia. É lindo.
Nico não disse nada, ele apenas abaixou a cabeça e continuou rabiscando, seu rosto escondido por detrás dos cabelos compridos e negros que brilhavam ao refletir a luz do sol. Nico em seguida rabiscou uma espada e uma armadura, luvas de couro, uma coroa de rosas. Quanto mais ele via Nico desenhar, menos Percy entendia o que tanto prendia sua atenção. Talvez fossem as mãos magras, dedos longos e elegantes, talvez fosse a atitude concentrada de Nico ou ainda, fosse o corpo relaxado ao lado do seu, sua cabeça junto a de Nico, admirando os traçados suaves que revelavam tanta beleza.
— Muito bem, pessoal. Peguem seus livros. — A professora disse e do nada, parte da magia foi quebrada.
Os desenhos ainda estavam no caderno de Nico, tão bonitos quanto antes e eles ainda estavam colados um ao outro, inclinados sobre a carteira compartilhada. A diferença é que Nico tinha tencionado e olhado para cima em direção a Percy, como se Nico não tivesse prestado atenção ao que acontecia em volta dele até ouvir a voz da professora. Percy também percebeu algo, talvez ele estivesse muito perto de Nico, o abraçando pelos ombros feito uma prisão sem escapatória.
— Desculpa. — Mesmo com tudo isso em mente, Percy não faz nada para se afastar ou soltá-lo.
Se Percy achava que Nico era a coisa mais bonita que ele já tinha visto, nada se comprava em ver o rubor se espalhar no rosto de Nico, a pele morena tomando um tom mais quente, ao olhar e ao toque também, porque mesmo sobre as roupas, Percy podia sentir o calor emanar de Nico nos pontos onde eles se tocavam, nos ombros e nos quadris, quase fazendo Percy tocar naquele rosto delicado e bonito.
— … porto.
— O que foi?
— Eu não me importo. — Nico repetiu no mesmo tom baixo e discreto, logo em seguida se voltando para seu caderno, pegando os livros que eles iriam precisar.
Percy teve a impressão que Nico se importava, sim, porém, de um jeito… positivo. Viu o garotinho abrir o livro na página certa, se encostar no apoio da cadeira e contra seu braço e começar a ler enquanto a professora explicava o assunto, como se aquela cena fosse algo completamente comum. Isso fez Percy se perguntar mais uma vez: ele já havia feito isso com Nico? Desde quando eles eram tão próximos? Não era Annabeth que devia estar a seu lado? Quer dizer, eles nunca foram tão próximos ou agiram feito ele e Nico estava agindo, mas… desde quando ela sentava do outro lado da sala com Clarisse e Silena? Ele não devia se importar um pouco mais além de levemente estranhar o acontecimento? Ela era sua amiga, não era…? Percy não devia sentir falta dela? Então, por que só havia percebido a ausência de Annabeth agora?
— Está tudo bem? — Ele ouviu uma voz suave a seu lado, e então, a mão de Nico pousou sobre seu braço, Percy encontrando o semblante fincado em preocupação do amigo.
Percy respirou fundo, deixando seus ombros relaxarem e se viu sorrindo, algo dentro de seu peito se esquentando e pulsando, como se a faísca de um sentimento desconhecido dentro dele estivesse acordando.
— Está tudo ótimo. Maravilhoso. Incrível.
— Seu bobo. — Nico revirou os olhos e voltou a se encostar contra ele, continuando a ler o texto que a professora tinha pedido.
Bem, depois disso, Percy entendeu rápido o que acontecia; ou melhor, sua psiquiatra tinha lhe ajudado a entender. Nico não estava o perseguindo, mas de fato, Nico fazia o mesmo que ele; tentava viver uma vida discreta e longe dos olhares curiosos. Até ele com seus onze anos de vida admirava a imagem que Nico fazia, o garotinho se destacava tanto entre os outros alunos que Percy conseguia notar claramente a diferença. Cabelos lisos e ondulados, grossos, boca pequena e carnuda, intensos olhos negros, era um conjunto tão bonito que chegava a dar a Nico um ar andrógeno e feminino, embora fosse impossível confundir Nico com uma garota.
A questão era que Nico tinha encontrado os melhores lugares para se esconder, os mesmos que Percy tinha encontrado também. A sala de música, a floresta, as arquibancadas que ficavam perto das quadras de esporte mais afastadas das salas de aula.
Percy não podia se conter, dia após dia, se pegava fazendo os mesmos passos.
Além de passar seu tempo em sala de aula perto de Nico, sempre na hora dos intervalos, fosse durante o dia ou à tarde, ele se via andando e encontrando seu caminho para a familiar arquibancada com a familiar cabeleira ao canto mais distante tentando se esconder. Eles nunca combinavam em voz alta, era apenas algo que tinha se tornado rotina. Nico saia primeiro, Percy trocava algumas palavras com os amigos que tinham restado e então ele seguiria Nico; praticaria basquete durante alguns minutos na quarta coberta e em seguida, se sentaria ao lado de Nico, aceitando uma marmita recheada das coisas que ele mais amava, bolo e torta, suco de Mirtilo também, e às vezes, Nico o surpreenderia, batatas assadas ou panquecas; se Nico estivesse de bom humor uma lasanha ou algo italiano. Não importava o que fosse, Percy comeria cada grão e cada pedaço de comida de bom grado. Se Nico fazia para ele, o mínimo que ele podia fazer era retribuir comendo tudo. Mas parecia tão pouco em comparação com o que Nico fazia por ele… Percy queria compartilhar com Nico algo que fosse importante e valioso também. Mas o que poderia ser mais valioso do que compartilhar a comida que você mesmo fez com alguém?
— Os seus desenhos são muito bons. Onde você aprendeu?
Eles estavam mais uma vez nas arquibancadas, Percy ignorava a bola que ainda estava em suas mãos para ver Nico levar uma garfada de comida a boca, parando no meio do caminho com o garfo entre os lábios.
— Hm?
— Onde você aprendeu a desenhar?
— Ah, isso? — Então, Nico olhou para o próprio colo onde o caderno estava, e colocou sua marmita no chão. — Eu tinha muito tempo livre.
Percy não sabia se tinha entendido… mas Nico sorria para ele, parecendo ter entendido sua confusão.
— Eu não tenho amigos. Nunca tive. Imaginação era tudo o que restava.
— E eu sou o quê? Uma árvore?
— Não, você é um atleta popular e rico.
— Você tem razão. Eu tenho muitas riquezas, que tal você dividir comigo?
— O que você está dizendo? — Nico sorriu mais uma vez e Percy sentiu um palpitar no peito que não tinha nada a ver com a asma que ele tinha quando bebê.
— Minha mãe gosta de cozinhar.
— Isso não é óbvio? Quer dizer, ela tem um restaurante, não tem? — Nico disse e inclinou a cabeça para o lado, como se isso fosse fazê-lo entender o que Percy queria dizer com isso.
— Ela ia adorar a companhia.
— A gente… não tem um trabalho para terminar?
— Eu tenho bastante espaço em casa. Minha mãe não vai se importar.
— Você tem certeza? Eu nunca fui na casa de ninguém.
Isso só fez o peito de Percy se apertar mais ainda.
— Sempre tem a primeira vez, certo?
Nico olhou para ele, parecendo analisá-lo dos pés a cabeça e acabou dando de ombros.
— Vou confiar em você.
Naquela época Percy não sabia o porquê de tantas palpitações ou porque a sensação de alívio tinha o tomado de forma tão intensa. Mais tarde, ele reconheceria isso como o medo de ser rejeitado, e mesmo que ele não entendesse ainda, sabia que alguém tão doce, bonito e talentoso como Nico nunca o rejeitaria de forma tão rude. Desse jeito, eles terminaram de comer e seguiram para suas próximas aulas, combinando de se encontrar no portão principal após a última aula.
***
Percy admitia, tinha perdido mais tempo do que pretendia falando com a professora de literatura. Aparentemente, ele precisa se esforçar mais se quisesse ter um futuro naquele colégio. Ela brigou com ele, abordou cada coisinha errada que ele tinha feito, e ainda por cima passou tarefas extras para se certificar que seus erros seriam corrigidos. Percy saiu da sala de aula o mais rápido que pôde assim que viu as horas e correu pelos corredores em direção ao portão principal da escola. Quando chegou no lugar que ele e Nico tinham marcado, se lembrou porque Nico vivia se escondendo pelos cantos, o que fez Percy se lembrar porque ele também se escondia.
Eles já tinham vivido essa cena. Nico estava prensado contra a parede do muro ao lado de fora do portão e dois garotos o rodeavam, um deles segurando Nico pelo pescoço enquanto o outro olhava ao redor de forma suspeita. A diferença dessa vez era que uma multidão os observava e ninguém fazia nada para impedir o que estava prestes a acontecer. Percy se aproximou deles, fingindo ser mais um espectador, ouvindo murmúrios, enquanto um dos garotos falou:
— Quem vai te proteger agora, hein? Por sua culpa nossos amigos foram expulsos. Porque você não se coloca no seu lugar e--
— Que lugar seria esse?
Percy não conseguiu se segurar. Dessa vez, ele não queria explicações. Saiu do meio da multidão e quando viu estava cara a cara com os garotos, ou melhor, seu punho estava contra eles. A dor veio imediatamente, sentindo seus ossos se chocarem com o rosto daqueles garotos que por sinal eram mais velhos do que ele, mas que não eram páreo para Percy.
— É fácil mexer com pessoas menores que você, não é? Por que você não brinca com alguém do seu tamanho?
— Esse alguém seria você?
— O que você acha?
O silêncio se fez, silêncio esse que tinha se tornado comum não importava por onde Percy fosse. O nariz do garoto que ele tinha socado agora escorria rosto abaixo, o outro que tinha observado tudo chocado demais para reagir, pareceu acordar do transe. Esse seria o momento perfeito para eles revidarem, não? Bem, era o que as pessoas diziam, covardes logo desistem se encontram alguém que as combata. E foi o que eles fizeram, o garoto que tinha assistido seu amigo ser derrubado com um soco só, puxou o outro pelos braços, o ajudando a levantar e ambos cambalearam para dentro da multidão, fugindo com o rabo entre as pernas.
Percy os observou fugindo ao longe entre os carros e se virou para Nico que ainda estava encostado contra o muro, o canto de seus lábios avermelhados e em seus braços e pescoço, marcas de dedos e unhas. O pior era ver as lágrimas que não paravam de cair ou como Nico se encolhia, como se esperasse que outras pessoas fossem vir e fazer o mesmo com ele. Percy não pensou, se dando conta de que isso estava se tornando algo comum para eles, e Percy não gostava disso nenhum pouco, o fato de Nico ter que se esconder pelos cantos por causa do preconceito das pessoas. Foi até Nico e parou em frente a ele, oferecendo sua mão. Tinha aprendido da pior forma que tocar em alguém quando não se sente seguro ou quando estamos em choque era a pior coisa a fazer. Então, ele apenas ficou perto sem tocar em Nico, e tentou chamar a atenção dele:
— Nico. — Percy disse na voz mais suave possível.
— Não, eu… Percy? — Percy se segurou e tentou ser forte, Nico parecia estar reagindo a tudo pior do que na vez anterior.
— Desculpa. Eu não queria… eu estava te esperando… aí esses… esses garotos apareceram e…
Percy não sabia o que fazer. Sentiu seu coração quebrar quando Nico deu um passo em sua direção e abriu bem os olhos, suas pupilas desfocadas e molhadas, como se Nico estivesse acordando de um pesadelo, e segurou em suas mãos, tremendo e respirando rápido, ainda encolhido em si mesmo.
— Está tudo bem. Posso te abraçar?
— Me abraçar? Por que… porque você iria querer tocar alguém como eu?
— Parece que você precisa.
— Eu… preciso? — Então, Nico olhou para Percy com o olhar mais desolado e perdido que ele já havia visto.
— Nico. Está tudo bem. — Percy repetiu, se negando a aceitar o que aquelas pessoas estavam fazendo com Nico.
— Eu tenho… tenho que falar com Bianca, minha-- minha irmã.
— Nós vamos, depois que chegarmos na minha casa. Sim?
— Você promete?
— Eu prometo.
Então, como se uma chave tivesse sido virada, Nico segurou em seu braço e pegou suas bolsas do chão, dizendo: — Você deixou cair. — Simples assim, como se nada tivesse acontecido. Mas Nico ainda tremia, segurando mais firme em seu braço e entregando uma das bolsas para Percy, segurando a sua própria contra o peito na esperança de que a bolsa e Percy fossem protegê-lo.
Deuses! Como alguém podia fazer isso com um ser tão vulnerável e indefeso? O que Nico tinha feito para ser tratado dessa forma? Então, Percy olhou ao redor, reconhecendo aquelas pessoas. Alguns estavam na mesma classe que eles, outros Percy conhecia de passagem, e nenhum deles teve a decência de ajudar um colega sendo maltratado. Era por isso que diziam que ele era “rebelde” e se dependesse dele, as coisas continuariam exatamente como estavam.
— Você está pronto? — Percy disse quando viu que Nico começava a se acalmar.
— Hm. Obrigado.
Percy pegou a mochila do ombro de Nico, a colocou junto com a sua, e assim, guiou Nico pela mão entre os carros estacionados perto da escola, avistando uma caminhonete preta e familiar.
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Espero que vocês tenham se emocionado tanto quanto eu! Coitado do Nico. Por que eu sempre escrevo essas coisas? Juro que a próxima história o Nico vai ser a pessoa mais feliz e amada da face da terra.
Até a próxima. Até segunda tem a versão em inglês.
Oi, como vai! Enfim consegui escrever mais um pouco. Confesso que não ficou muito bom, mas eu tentei meu melhor. Sabe quando não sai como você quer não importa o quanto você tente? Pelo menos um pouco do plot avançou.
Espero que esteja aceitavel. Se não fosse por vocês confesso que já teria largado essa história, não porque eu não goste dela e sim porque depois de dois meses escrevendo algo a motivação vai embora. Tipo, eu tenho todo o plot e milhares de cenas, mas na hora de colocar na pagina fica chato porque eu já sei o que vai acontecer. Então, eu sou mais uma criadora/imaginadora do que uma escritora. Enfim, eu tento meu melhor e vou continuar tentando por vocês.
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Boa leitura!
— Lindo.
Nico ignorou Percy que estava deitado na cama e terminou de secar os cabelos com a toalha, os penteando para trás. Colocou a camiseta, a puxou para baixo e abotoou suas calças, puxou o zíper para cima e se olhou em frente ao espelho.
Se fosse por ele teria ficado na cozinha, onde pertencia, e teria terminado de ajudar com os preparativos para a festa mais tarde. Infelizmente, logo depois do pedido de casamento, Sally havia o expulsado da cozinha, o empurrando para longe do fogão enquanto Percy tinha lhe pegado no colo e o carregado pelas escadas até que chegaram ao quarto de Percy. E sem escolha, ainda cheio de farinha pelas roupas, entrou no banheiro sem reclamar, tomando um longo banho na banheira para logo depois procurar por roupas que ainda o servisse. Aparentemente, Percy não tinha jogado fora as coisas que ele havia deixado para trás, como sua calça jeans preta favorita ou suas camisetas cheias de piadas e de super-heróis estampadas nelas, ou mesmo sua jaqueta de couro, roupa que sua mãe costumava usar antes do câncer a impedir de levantar da cama.
Ele admitia que as camisetas que antes eram largas e chegavam a suas coxas, agora serviam perfeitamente bem, embora um pouco mais justas do que ele gostaria, contornando suas curvas não tão masculinas; tirando seus ombros largos e altura, o resto era bem… bem magro em algumas partes e delgadas em outras, impossível de não reparar naquelas roupas justas. Ele nem gostava de pensar sobre isso. Talvez fosse por isso que Percy adorava segurar em sua cintura.
— Desde quando você tem esses músculos, hm? — Percy voltou a perguntar com bom-humor.
Músculos? Ele não via muitos. E claro, Percy até poderia enganá-lo se fosse alguns anos atrás. Agora? Ele conseguia ouvir o puro ciúme por trás do riso.
— Eu não sei. Tive tempo livre na Itália.
De fato, a vida em Verona era bem mais fácil e descomplicada do que essa primeira semana de volta estava sendo. Quer dizer, quando Percy estava envolvido, problemas e emoções fortes eram garantidos. Ele nem sabia porque ainda se lamentava, as coisas sempre tinham sido assim.
— Não faça essa cara. Hoje é dia de comemorar. Ou pelo menos é de acordo com Sally.
— Claro. — Nico revirou os olhos e enfim colocou sua jaqueta, enfiando os pés dentro de seus tênis de cano alto que também tinha ficado dentro do guarda-roupa de Percy. Agora sim, Nico estava de volta no passado e com o look completo. Ele quase se sentia nostálgico; se não fosse a ansiedade e a auto dúvida constante, sentiria saudade daquela época. — Vamos.
— Espera. Comprei uma coisa pra você.
— Mais um presente? O que vai ser agora? Um carro?
— Você precisa de outro? — Mas Percy estava sorrindo. Nico observou ele se levantar e dar a volta na cama, abrindo a gaveta da cômoda ao lado da cama. — Não é nada muito caro.
— O que é isso? — Dessa vez, o objeto nas mãos de Percy despertou sua curiosidade. Ele conseguia ver o que era, a questão era que Percy nunca tinha lhe dado nada desse tipo, foi o que o fez se aproximar mais e pegar o diário das mãos de Percy, abrindo a capa rígida e negra de couro, encontrando páginas simples e pautadas, notando uma dedicatória no lado de dentro da capa: “Para que seus pensamentos e ideias nunca se percam”. — Per?
— Eu pensei sobre o que você disse… sobre não conseguir se expressar.
— Me expressar?
— Na cama. — Percy disse e então segurou em suas mãos sobre o diário, o fazendo encará-lo. — Sei como as coisas podem ser… assustadoras de vez em quando. Quero que esse diário seja uma forma da gente conversar sem precisar de todo aquele… drama.
Percy usou a palavra “drama”, mas para Nico era mais… “humilhação”.
— Você vai escrever também?
— É claro.
— E você vai… vai ler tudo? Tudo o que eu escrever?
— Se você quiser.
Nico parou por um momento e encarou Percy, seu noivo, o amor de sua vida, a pessoa que sempre o aceitou incondicionalmente. Percy parecia tão calmo e confiante, tão sincero… ninguém antes fez tanto esforço para tentar entendê-lo.
— Não precisa ser sobre isso. — Percy voltou a dizer. — Você pode escrever sobre qualquer coisa. Ou algo que você queira que eu saiba.
— Qualquer coisa? De verdade?
— O que foi? — Então, Percy voltou a sorrir, despreocupado. — O que você ainda tem para esconder de mim?
Esse foi o momento que a mortificação o tomou. Nico desviou o olhar e encarou o diário que ambos ainda seguravam, as alianças brilhando em seus dedos. Se somente Percy soubesse… ele não sabia se era a melhor ou a pior das ideias que Percy já tinha sugerido.
— Olha, você não precisa se forçar. Vamos deixar o diário do lado da cama e se você sentir vontade, ele vai estar aqui. Tudo bem?
Percy sorriu mais uma vez para ele, pegou o diário de suas mãos e o colocou em cima da cômoda, há menos de um metro de distância deles. Mas esse era o problema, Nico já sentia vontade de folhear aquele caderno e escrever o que viesse à mente, como num exercício de escrita livre, só que mais estranho e constrangedor. Sentia vontade de escrever e deixar tudo sair como há anos não fazia.
— Não, eu quero! Me dá. — E feito uma criancinha, Nico esticou a mão e pegou o diário, o abraçando contra o peito, se sentindo satisfeito ao segurar mais uma vez naquele caderno de couro negro.
— Fico feliz de saber que você gostou. — E agindo feito o papai que ambos se negavam a admitir, mesmo que ambos tivessem a mesma idade, Percy o abraçou forte e beijou seus cabelos, dizendo: — Bom garoto.
É claro que isso teve o efeito esperado. Nico escondeu o rosto no ombro de Percy e gemeu mais uma vez, mortificado, se recriminando por se sentir tão bem e contente com aquelas palavras. Ou com o cuidado que Percy continuava demonstrando dia após dia.
***
Antes de irem para a festa, Nico guardou o diário junto com a caixinha das alianças agora vazia dentro da mochila e segurou na mão Percy, fazendo o peito de Percy se aquecer com o gesto distraído de Nico. Não era o gesto mais romântico ou afetivo que ele já tinha visto, mas Nico fazia tudo com tanto cuidado que ele tinha certeza de ter feito a escolha certa ao esperar até aquele momento. Sabia que essas atitudes, tanto quanto as dele ou de Nico, vinha de um lugar doloroso; da perda e do abandono, coisas que ambos sentiram na pele e que queriam evitar a todo custo. Por isso, cada momento que servisse para a próxima-los seria motivo para comemorar. Ainda não acreditava que finalmente tinha proposto para Nico. Eles iriam se casar! Houve uma época em que Percy pensou que nunca mais veria Nico, e quem dera que estariam tão contentes e felizes, mesmo que o garotinho escondesse por detrás de um biquinho zangado e o costumeiro mau-humor e insegurança. E quem era ele para julgar como outras pessoas se comportavam quando ele era o pior deles? Tudo o que Percy sabia é que tinha um plano e que faria tudo para executá-lo com maestria. Ele sorriu para Nico, segurou de volta na mão oferecida a ele e quando menos percebeu, um dos ajudantes de sua mãe o guiavam para a parte externa da casa onde mesas estavam dispostas no jardim e pessoas já andavam pela pista de dança improvisada ao lado de uma mesa de buffet divida em três fileiras organizadas por pratos doces, frios e quentes, e ali nem estava toda a comida que ele tinha visto na cozinha.
— Vocês exageraram dessa vez.
— Nada foi nada além do normal. — Nico deu de ombros.
— Claro. Eu queria--
— Nico! Finalmente consegui te encontrar!
Percy suspirou e se deu por vencido, agora que ele estavam no meio daquelas pessoas seria impossível ter a atenção de Nico só para ele. Como em câmera lenta, viu Clarisse se aproximar deles em passos apressados e pegar Nico em um abraço de urso, o puxando para longe dele.
— Até quando você ia me ignorar!
— Eu não estava te ignorando! — Nico gritou de volta, mas abraçou Clarisse tão forte como ela tinha feito, fechando os olhos com prazer.
— Por que você não me disse que tinha voltado? E quando isso aconteceu?
— Faz… cinco dias? Seis?
— Oposto que é culpa dele.
— Clar!
— Não venha com isso pra cima de mim. Eu quero saber tudo!
— Pra depois você contar para Annabeth? Não, muito obrigado.
— Isso é não verdade. Fiz isso uma vez e--
Parecia que não teria jeito. Percy deixou Nico com Clarisse, vendo as pessoas se aproximar do par barulhento e voltou para dentro da casa, encontrando sua mãe agora com um longo vestido preto e saltos altos, embora ela ainda andasse pela cozinha de um lado para o outro, dando ordens e verificando os fornos ainda em funcionamento.
— Mãe.
— Oh, Percy, querido. — Sua mãe veio em passos rápidos até ele e apertou suas bochechas, as beijando em seguida. — Você podia ter me contado antes. Não tive tempo de preparar nada.
— Também não tive tempo.
Esse foi o momento que Percy abraçou a mãe e se deixou relaxar.
— O que foi, querido?
— Acho que Nico não quer ficar comigo.
— Percy, isso não faz sentido. Por que você pensaria isso? — Então, sua mãe tocou em seu rosto novamente e encarou com afeto.
— Ele mudou. A gente parece brigar a cada passo do caminho, e agora ele tem tantos amigos e coisas para fazer…
— Percy. — Agora sua mãe parecia decepcionada. — Nós conversamos sobre isso. Você precisa de ajuda?
— Não. — Ele negou, se afastando. Não queria voltar para horas eternas no psiquiatra ou se entupir de remédios.
— Querido, Nico está crescendo e você devia também.
— Eu sei. É só que… ele está me dizendo tantas coisas… eu não sabia que ele se sentia assim.
— Isso é ótimo. Quer dizer que ele confia em você.
No fundo Percy sabia disso. Ele só queria que alguém lhe dissesse que tudo ficaria bem. Mas não era o que sua mãe estava fazendo, como sempre ela dizia o que ele precisava ouvir e não o que ele gostaria.
— O que eu devo fazer?
— Nada que você não queira.
— E se ele só se casar comigo por pressão?
— Percy! — Sally segurou em seus ombro e riu em sua cara. — Meu garotinho está crescendo tão rápido. Me lembro como você fugia de qualquer responsabilidade e agora aqui estamos nós, você se preocupando com o bem-estar de outra pessoa?
— Ma-nhe! Estou falando sério!
— Olha, pelo meu ponto de vista, nunca vi Nico tão feliz ou calmo. Ele não parece estar se forçando a nada.
— Ele disse que não queria namorar comigo e eu insisti! E se ele falou a verdade?
— Querido, nada disso é sua responsabilidade. Ele aceitou por vontade própria. Mesmo que você queira protegê-lo, é decisão de Nico. Ele aceitando ou não, ainda que no futuro ele decidir ir embora mais uma vez, não será sua culpa.
— Então, de quem é a culpa?
— Ninguém tem culpa. São coisas que acontecem e nós temos que aceitá-las. E sendo sincera? Já era tempo, não? Se você tivesse conversado com Nico, nada disso teria acontecido.
— Você… você estragou a surpresa. Eu devia ter falado com ele sozinho.
— Exatamente, querido. Você não vê? Quanto menos você disser, mais Nico se afastará de você.
— Você acha mesmo?
— Acredite em mim. Sei tudo sobre relações fracassadas. Não crie distância entre vocês, sim?
— Eu nunca faria isso.
— Não? Se você não diz o que sente, Nico pode pensar que você não se importa.
— Eu--
— Você conversou com ele nos últimos dias?
— Sim, mas--
— Como ele reagiu?
Percy queria revirar os olhos. Sua mãe estava certa, como sempre. Nico tinha sido sincero de volta. O pior era pensar que Nico tinha guardado tudo dentro do peito, pensando que Percy não iria aceitá-lo ou que Percy não se importava. Pelo menos o tempo perdido no psiquiatra tinha servido para algo.
— Você tem razão. — Percy admitiu, olhando ao redor para as pessoas que continuavam andando de um lado para outro. — Eu não queria admitir a derrota.
— Querido.
— Eu fiz Nico ir embora antes e não quero ser o culpado de novo. É tão ruim ter cuidado em não destruir as coisas de novo?
— É claro que não. Eu entendo.
— Entende mesmo? — Então, Percy voltou a encarar a mãe. — Se você entende, você pode ficar fora disso?
— Tudo bem, não vou me meter. Mas você devia prestar atenção quem são seus amigos.
— O que isso significa?
— Aquela sua amiga loira está na festa. Pensei que vocês não se falavam mais?
— Quem? Annabeth?
— Ela mesmo.
— Eu não convidei ela.
— Então, quem convidou? — Sally e Percy se encararam durante longos momentos não entendendo o que estava acontecendo até que Percy tem um estalo e dá as costas para a mãe, voltando para o lado de fora. No jardim, ele encontra uma cena que pensou que nunca fosse ver, Annabeth com seus longos cabelos prateados brilhando no sol parecendo furiosa e Nico, com as calça rasgadas e camiseta preta, a encarando como se ela fosse uma minhoca prestes a ser pisoteada.
***
— O que está acontecendo aqui?
Quando Percy menos viu estava parado no meio da multidão, vendo Annabeth e Nico se voltando para ele.
Como em um passe de mágica, o ambiente mudou. Nico veio para seu lado e se segurou em sua mão, abaixando a cabeça e a encostando em seu ombro como o garotinho mais obediente e comportado, enquanto que Annabeth ficou lá, de cabeça erguida, parecendo mais furiosa ainda com a demonstração de afeto.
— Não foi nada, Per. A gente estava conversando sobre os velhos tempos. Não é, Anne? — Nico sorriu, o abraçando pela cintura e de repente o silêncio se fez, até os garçons e ajudantes da cozinha ficando em silêncio.
— Você, por acaso, está bêbado?
— Eu? Nunca! — Ele olhou para Nico e Nico fez um biquinho fofo. — Eu nunca faria isso.
Para provar sua teoria, Percy se inclinou sobre Nico e o beijou ali mesmo. Dessa vez, Nico não pareceu nenhum pouco encabulado. O garotinho o agarrou forte pela nuca e se deixou ser beijado, abrindo a boca na demonstração mais sem vergonha de afeto.
— Meu bebê está com ciúmes, hm?
— Não sei do que você está falando. — Mas o rubor no rosto de Nico dizia o Percy precisava saber.
— Por que a gente não conversa num lugar mais calmo? — Mas antes de guiar Nico para longe da multidão, Percy se voltou para Annabeth: — Você não foi convidada. Vá embora.
— Mas, Percy! Você prometeu!
— Eu não prometi nada.
— Seu mentir--
— Não vou repetir.
Com isso, ele pegou Nico pela mão e o guiou para dentro da casa, deixando para tras uma multidão curiosa e uma loira espumando de raiva.
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Obrigada por ler! Sua presença e comentario é sempre bem-vindo!^^
Ahhhhhh eu disse que não ia voltar até agosto, mas consegui escrever e ficou tão fofinho que eu teve que compartilhar. Me desculpem os erros. Espero que você gostem!^^
Boa leitura!
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX
PS: Vou voltar a escrever capítulos curtos até 3 mil palavras, assim me sinto menos pressão, mesmo que essa pressão seja eu mesma que coloco em mim. E se vocês acharem que esse capítulo foi apressado ou apareceu do nada, me desculpe! Não sei quando terá novo capítulo, provavelmente na semana que vem.
— Você está pronto? Não contei que a gente vinha. — Percy pegou em sua mão e o puxou para fora do carro.
Nico nem podia acreditar que estava de volta na casa onde suas melhores memórias foram feitas. Essa era a casa de sua infância, o lugar que ele tinha descoberto que o amor e carinho ainda eram possíveis depois que sua mãe morreu. Era o lugar que ele tinha descoberto que o amor podia vir em diversos tamanhos e formas e ser expressado de jeitos simples ou complicados.
— Talvez a gente devesse voltar depois?
— Ela vai adorar te ver.
— Você tem certeza?
— Nico, essa é sua casa também. Sempre vai ser.
Nico teve que respirar fundo, parando em frente a porta de entrada. Ele se sentia tão culpado! Percy não foi a única pessoa que ele tinha deixado para trás. Sally também tinha sido uma delas. Sua segunda mãe, a pessoa que ele podia contar tudo depois de Percy, sempre oferecendo um abraço apertado e uma cozinha aberta a ele.
— Percy, eu--
— Shhh. — Percy apertou sua mão, sorriu para ele e enfim empurrou a porta da casa, o guiando para dentro. — Mãe! Chegamos!
Não demorou muito e logo ambos puderam ouvir o som de saltos pelo chão de granito branco, e aparecendo de uma das portas que Nico sabia dar na cozinha, Sally veio quase correndo e com tanta energia que por um momento Nico se viu no passado, na primeira vez que ele tinha entrado por aquela mesma porta, vendo a decoração simples, porém, elegante. Sofás cor creme, paredes num azul quase branco, puffs e cobertores espalhados pelo cômodo e uma grande televisão. O cheio era o mesmo, a mesma fragrância de comida recém-feita, açucarada e agridoce, o fazendo sorrir imediatamente.
— Nico, meu filho. — Foi tudo o que ouviu antes do ataque de Sally vir, braços magros e fortes o rodearam e cabelos longos e castanhos escuros caíram sobre ele, o perfume de Sally ainda era o mesmo.
— Deuses, olha como você cresceu! E essas bochechas, hm? Tão bonito.
— Mãe!
— Percy, olhe para ele? Vocês já se resolveram? Espero que sim! Você sumiu por três dias! É o mínimo.
— Sally. — Nico finalmente disse, sorrindo, e se inclinou em direção a ela, recebendo mais um abraço de Sally com prazer.
— Não acredito que vou ter meu assistente de volta! Nosso cardápio sofreu muito com sua partida. Que tal discutirmos isso amanhã? Você vai ficar hoje conosco? Que pergunta! É claro que você vai ficar.
Sally segurou em sua mão, o puxando em direção a cozinha e Nico olhou para trás, vendo Percy dar de ombros. Ele sabia que agora demoraria para Sally se cansar dele. E como diz o ditado, “tal mãe, tal filho”, ou algo assim. E como não adiantava lutar contra nenhum dos Jackson, Nico se deixou ser levado por Sally, não que ele se importasse; era sempre divertido passar algumas horas na companhia de Sally Jackson, comida gostosa, conversa descontraída e um ombro amigo para desabafar.
***
Fazia tempo que Percy não andava pelas ruas do bairro. Elas não eram o que costumavam ser, pois de quietas e humildes, se tornaram cheias de prédios altos e carros barulhentos devido à linha de metrô localizada há poucos quarteirões de sua casa. O bom nisso tudo é que agora praticamente em cada esquina tinha uma loja ou mercado, ou até um shopping center. Exatamente o que ele estava procurando. Andando despreocupado, foi diretamente a uma loja de papelaria e logo encontrou o que procurava, um diário de couro escuro e de aparência delicada e bonita, exatamente como Nico. Ele pagou, deu uma volta pelo shopping e se viu parando em frente a uma relojoaria familiar, se lembrando de ter entrado naquele lugar anos atrás e comprado algo especial, mas nunca ter prosseguido com seu plano. Agora, algumas horas depois, voltava para casa. Imagina sua surpresa ao ver os ajudantes de sua mãe entrarem com sacolas atrás de sacolas com comida e panelas. Percy nem se surpreendia mais. Na verdade, era uma visão familiar, mas que ele não presenciava desde que Nico tinha ido embora, a casa cheia e o aroma de doces e salgados permeando o ar.
Bem, parecia que seu presente teria que esperar.
Sem ser visto, foi até seu quarto, deixou a sacola em cima da cama e abriu a primeira gaveta da cômoda, entrando os anéis que tinha comprado. Será que esse era o momento que vinha esperando? Afinal, eles já tinham deixado claro que se amavam, então, por que não dar o próximo passo? Tinha aprendido que o melhor a fazer era nunca assumir nada, e se não se expressasse, como Nico poderia saber? Percy mal podia esperar para ver a reação de Nico. Assim, trocando os anéis pelo diário, pegou a caixinha com as alianças e colocou o diário dentro da gaveta, se sentindo confiante. Saiu do quarto e foi em direção a cozinha quase trombando com uma garota que usava um avental do restaurante de sua mãe. Ela pediu desculpa e continuou apressada para fora da casa, sem a bajulação usual. Ele esperava que essa durasse mais do que as outras. O caso não era sua mãe ser uma chefe ruim, o problema é que a maioria das pessoas não tinha o mesmo entusiasmo que ela ou Nico tinham quando se tratava de culinária.
Percy enfim entrou na cozinha e se deparou com um banquete completo. Ele viu carnes assadas, fritas, cozidas, grãos e massas de vários tipos, sem contar os doces e comidas salgadas nem tão saudáveis.
— A gente vai ter um jantar de gala ou o quê? — Ele teve que perguntar assim que entrou na cozinha. Era até engraçado. Sally e Nico, além de vários ajudantes, cobertos de farinha e outras coisas que Percy não conseguia identificar, todos vestindo aventais idênticos e andando de um lado para o outro de uma forma tão organizada que pareciam formigas operárias.
— Você tem razão, querido! — Sua mãe exclamou. Ela limpou a mão em uma toalha, tão energética como ele não via há muito tempo, ou pelo menos não nesse nível de “criança que comeu muito açúcar” e o abraçou apertado para logo em seguida, voltar a andar pela cozinha checando o forno e vendo se tudo estava em ordem. — Chame seus amigos! Chame os amigos dos seus amigos. Não, melhor, também chame os pais dos seus amigos.
Ele não tinha certeza sobre isso. Será que se quer ainda tinha tantos amigos assim? Percy deu de ombros, prestes a fazer o que a mãe tinha pedido quando Nico apareceu em sua frente, tentando encontrar um lugar para colocar uma espécie de bolo esbranquiçado na mesa.
— Eu te ajudo.
Percy moveu algumas coisas ao redor e enfim achou um espaço, pegando a travessa das mãos de Nico e a colocando em cima da bancada.
— Aqui está meu bebê. Onde você se meteu?
— Eu não sou seu bebê.
— Não é?
Será que agora era um bom momento? Não importava como Nico estivesse vestido, com o uniforme da escola ou com suas calças justas, e mesmo agora com farinha dos pés a cabeça, Nico sempre seria a coisa mais bonita e fofa que Percy jamais encontraria, principalmente quanto tentava não se constranger pela demonstração de afeto em público.
Percy colocou a mão no bolso, tocando na caixinha e observou por mais um momento, vendo Nico abaixar a cabeça, seus cabelos negros protegidos por uma redinha de cabelo permitindo que ele visse o rubor se espalhar com força na face de Nico, descendo pelo pescoço longo e elegante. Percy não se reprimiu, segurou na nuca de Nico e o puxou para perto, o beijou devagar e longamente, e só parou quando ouviu um gemido e o repentino silêncio que se seguiu; os murmúrios ao redor deles pararam e o barulho de panelas batendo também.
— Per. — Nico sussurrou numa voz quase inexistente e segurou em seu braço, seu rosto agora pegando fogo. Tão tímido e tão doce, ele pôde sentir o açúcar na língua de Nico e a doçura em seu toque suave. Mas quando ele achava que Nico iria se afastar, como ele comumente faria no passado, Nico apenas ficou ali, agarrado a seu braço e olhando para ele sem saber o que fazer. Talvez esse não fosse o momento indicado, porque, se com somente um beijo Nico tinha reagido assim, pego despreparado e todo ansioso, o que Nico faria se ele se ajoelhasse no meio da cozinha? Infelizmente quando isso acontecia, Nico não sabia o que fazer, o garotinho costumava congelar dos pés á cabeça. Era como se Nico não tivesse um script para tal situação e preferisse não fazer nada com medo de errar.
— Lindo. Me dá um abraço, hm?
Nico piscou lentamente e mordeu os lábios, parecendo indeciso. No fim, Nico fez o que Percy pediu. Colocou os braços ao redor da cintura de Percy e o abraçou forte por longos momentos, Percy o abraçando de volta e acariciando seus cabelos.
— Certo. — Percy levantou a cabeça e ainda abraçando Nico, olhou ao redor e encarou cada um dos ajudantes de sua mãe, o que teve o efeito desejado.
Todos começaram a se mover como se fossem um e o ambiente voltou ao normal. Ele pensou em se desculpar para Nico, mas só o pensamento de Nico entender que beijá-lo na frente de outras pessoas era errado, embrulhava seu estômago. Nico era um ser bem perceptivo, e se ele entendesse que estava fazendo algo errado, nunca mais faria tal coisa, como na vez que eles estavam conversando com algumas pessoas, Nico riu muito alto e alguém o repreendeu, depois disso demorou meses para ele ver Nico sorrindo em público.
— O que você fez de gostoso?
— Já comeu bolo japonês? — Nico pareceu aliviado com a mudança de assunto e largou de sua cintura. Ele pegou na mão de Percy e o levou até um bolo leve e de textura esponjosa, diferente de tudo o que ele já tinha comido.
Nico cortou um pedaço e colocou em um prato para ele. Assim que levou uma garfada na boca, o bolo se desfez em sua língua, algo tão gostoso que Percy não sabia explicar, então ele apenas gemeu, fechando os olhos de prazer.
— Tão bom assim?
— Tudo o que meu bebê faz é exemplar.
— Obrigado.
Percy parou de comer e prestou atenção em Nico. De verdade, ele parou e o observou. Nico parecia feliz e contente em seu avental e roupa suja de farinha. Ele parecia um pequeno chefe de cozinha, orgulhoso de um trabalho bem feito.
— Eu vi num restaurante em Verona e quis tentar.
— Lindo.
— Você devia estudar culinária. — Dessa vez quem falou tinha sido Sally que estava terminando uma torta de chocolate, os observando discretamente. Ela se aproximou deles e colocou um de suas mãos sobre os ombros de Nico. — Você já pensou sobre isso?
***
— Você devia estudar culinária. Já pensou sobre isso?
Nico piscou lentamente, tentando se concentrar em qualquer coisa que não fosse o jeito que Percy olhava para ele, que quase perdeu o momento onde Sally se aproximou do canto onde eles estavam.
— Hm?
— Já se decidiu sobre a faculdade?
— Ah. — Nico olhou de canto de olho para Percy, mas se focou em Sally. — Eu não sei. Hades quer que eu faça administração.
— Por que não algo que você tenha talento? Como música e culinária? Artes?
— Eu… eu gostaria muito. Não sei se Hades iria permitir.
— Sabe, outro dia desses, esse senhor educado e simpático trouxe a família para jantar. Ele disse que o lugar onde ele trabalha tem um curso excelente de culinária. — Ele olhou bem para Sally, tentando desvendar o que isso significava. — Por que você não faz uma graduação dupla? Tenho o contato dele se você estiver interessado.
— E também fica perto de casa. — Percy completou.
Nico parou tudo e se apoiou na quina da bancada, tentando não criar expectativas.
— Eu não poderia.
— Querido, você não precisa se preocupar com os detalhes. Dê uma olhada, sim? Eu cuido de tudo.
— Não, Sally. Você não precisa… eu nunca--
— Deixe disso. Dinheiro não é problema. — Então, Sally sorriu para ele toda radiante e o pegou desprevenido mais uma vez, o abraçando forte. — Não importa o que você escolha. Vamos te apoiar, agora e sempre.
— Oh. — Foi tudo o que escapou de sua garganta, um som engasgado e abafado contra o ombro de Sally. Sua visão ficou embaçada e sua garganta se apertou, mas seu coração batia forte, um calor gostoso aquecendo seu peito, ao mesmo tempo em que as mãos de Percy o tocaram nos ombros, abraçando ele e a Sally de uma vez só.
— Mamãe está certa. Vamos te apoiar não importa o que aconteça, mesmo que eu tenha que ir para a Itália com você.
— Vocês planejaram isso? Me surpreender para não me deixar pensar sobre o assunto?
— Nico, é claro que não! — Sally exclamou toda energética e segurou em seus ombros, seus grandes olhos castanhos claros o acertando em cheio no meio do peito. — Percy fez alguns testes vocacionais e de aptidão ano passado e desde então estamos procurando as melhores opções. Você também tem que fazer, eles são bastante certeiros. Semana que vem parece bom? Ah, nós temos tanto a fazer!
E assim, como se conversar sobre seu futuro fosse algo corriqueiro, Sally continuou, voltando a bater com uma espátula algo em uma grande travessa de vidro.
— Então, está certo. Faculdade decidida. Teremos um casamento?
— Ca-casamento?
— É claro! Quanto mais cedo marcarmos a data, melhor! E uma casa? Vocês vão ficar perto da gente, certo? E… Percy ainda não falou com você?
Nico não sabia se estava pronto para um passo tão grande, ele ainda nem sabia se conseguiria terminar o colégio sem se auto destruir, quem dera um… um casamento.
— Mãe! — Percy resmungou. — Ela está brincando. Não escute o que ela diz.
Era Percy que dizia isso, mas seu olhar era intenso sobre ele, pensativo e analítico. E… talvez… talvez Sally não estivesse brincando, se fosse pela expressão decepcionada no rosto de Percy.
— Desde quando você vem planejando essas coisas?
— Desde que…
— Desde quando?
— Desde que entendi que acordar do seu lado todo dia era a melhor parte do meu dia.
Nico achava que tinha algo estranho em seus olhos, eles não paravam de lacrimejar. Devia ser sinusite, só podia. Sim, era isso. Talvez uma alergia.
— Você não vai dizer nada? — Percy insistiu, e de repente, o mundo sumia e só eles dois importavam; o som de panelas batendo e sussurros sumiram, e até os murmúrios apressados ao redor deles desapareceram.
— O que eu devia dizer? Você está me pedindo em casamento?
Esse era o melhor e o pior momento de sua vida. Percy sorriu para ele e colocou a mão dentro do bolso, tirando de lá uma caixinha em veludo delicada. E então, o pior veio, Percy se ajoelhou no chão cheio de farinha e açúcar, e abriu a tal caixinha, lhe mostrando que dentro havia dois anéis idênticos banhados a ouro e com um pequeno diamante no centro, um grande e o outro menor, com delicadas gravuras ao redor das alianças, os anéis tão delicados que Nico tinha medo de tocá-los.
— Você não pode estar falando sério!
— Eu comprei eles antes de você fugir para a Itália. Queria ter te contado antes. Tinha medo que isso fosse te afastar mais uma vez.
E sem pedir permissão, Percy segurou em sua mão e deslizou a menor das alianças em seu dedo anelar da mão direita.
— Esse anel é a prova do meu comprometimento e fidelidade a você. É a promessa que eu faço de sempre estar a seu lado e sempre dar o que você precisar e desejar. Não importa o que seja ou onde seja.
— Percy, para com isso! Agora mesmo! Você não quer isso. — Nico se afastou das mãos de Percy e tentou tirar o anel, se sentindo ansioso, mas não foi tirá-lo. Algo dentro dele o impediu.
— É claro que eu quero. Eu te amo. Quero passar o resto da minha vida com você. — Percy continuava sorrindo e continuava ajoelhado, como se pagasse por seus pecados em prece enamorada. Percy se arrastou de joelhos até estar novamente perto o suficiente para tocá-lo e ofereceu a caixinha a Nico, dizendo: — É sua vez de colocar em mim. Você aceita se casar comigo?
— Deuses! — Nico choramingou, aquele aperto no coração e quentura no peito se alastrando feito chamas infernais por suas veias. — Você vai se arrepender disso. Vai se arrepender tanto. Depois não me culpa pelo o que acontecer.
— Eu tomo toda a responsabilidade.
Fungando, Nico se ajoelhou também e fez o mesmo que Percy, colocou o anel no dedo anelar da mão direita de Percy e observou suas mãos juntas. Nem em seus sonhos mais selvagens Nico poderia imaginar algo assim.
— Satisfeito agora?
— E o meu beijo, hm?
Ainda se sentindo ansioso e trêmulo, Nico pulou no colo de Percy e o beijou com tudo o que ele tinha, sendo recebido pelos abraços fortes da pessoa que ele mais amava no mundo.
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Obrigada por ler! Sua presença é sempre um prazer.
Oii, como vai? Capítulo novo, porém não tão longo como eu esperava. Leiam as notas finais!
Cenas do passado/Flashback em italico
Boa leitura!
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Percy olhou para os lados, se certificando que ninguém estava o seguindo e saiu da sala vazia. Esse era o preço para não ver sua mãe chorando pelos cantos e se chamando de fracasso.
Desde que o restaurante de sua família tinha se tornado cinco estrelas, a perseguição tinha começado. Não importava onde fosse ou quem estivesse perto dele, a adoração velada por puro interesse começaria, pois, quem nunca tinha falado com ele agora queria ser seu amigo, e seus melhores amigos começaram a tratá-lo como se ele fosse da realeza. Todos sabiam seu nome. Mas no fim o que eles queriam era arranjar um reserva em nome de outros adultos. Percy tinha aprendido bem rápido a se esgueirar dessas pessoas que agora eram quase todos que ele conhecia. E sabe o que era pior? Essas pessoas não estavam interessadas na comida de sua mãe e sim em quem frequentava o restaurante. Isso era tão injusto! Até para ir no banheiro, multidões o seguiam sem lhe dar um minuto de paz. Tyson era tão sortudo! Ele já tinha terminado o colégio e estava a ponto de se formar na faculdade. Restava a Percy lidar com as fofocas e pessoas interesseiras.
Olhando mais uma vez para o corredor vazio, Percy guardou o celular no bolso e entrou no banheiro.
Ah, finalmente silêncio. Somente ele e o mictório. Abriu o dizer de sua calça e… e escutou um gemido. Bem perto dele. Virou o rosto e ali estavam três garotos em uma rodinha. Viu que um deles abria a própria calça.
Bem, isso não era da sua conta.
— Não, por favor. Eu… eu…
— Você o quê? Vai contar pra irmãzinha? Pro papai?
— Por favor!
Percy suspirou e caminhou em direção a eles. Sua mãe não tinha lhe educado para ver alguém ser abusado.
Ele parou atrás deles, em frente ao espelho, e viu o que acontecia. Um garoto com as feições mais suaves e femininas que ele já tinha visto tentava tampar o rosto e se encolhia contra a parede, ele era tão pequeno que reagir contra aqueles garotos seria burrice. O problema é que Percy se distraiu tanto com a beleza do garoto que acabou perdendo o momento em que um dos garotos segurou no próprio membro e apontou em direção ao garoto no chão.
— O que vocês estão fazendo? — Ele enfim disse.
Os garotos se assustaram e se afastaram num pulo, se cobrindo como puderam.
— A gente… ei, você não é aquele garoto rico?
Era só o que faltava.
— Eu disse, o que vocês estão fazendo?
— Não é o que parece.
— Ah, não é? Como você explica isso?
Os três garotos e Percy olharam para o garotinho no chão que escondia o rosto e chorava desoladamente.
— Vocês sabem de uma coisa? Eu não quero saber. Se eu pegar vocês fazendo isso de novo…
— Você não tem provas!
— Quer pagar pra ver?
Os garotos se entreolharam e depois de alguns momentos, saíram correndo. Finalmente ele podia fazer o que precisava e ir embora.
Isso é, se o garotinho não tivesse levantado o rosto e olhado para ele com aqueles profundos olhos negros, inchados e brilhantes. Cabelos levemente encaracolados em ondas negras e os lábios mais bonitos e avermelhados que ele já tinha visto. Admitia que tinha congelado, apreciando a visão. Percy que nunca havia se interessado por ninguém em seus onze anos de vida se via encantado. E mesmo quando o garotinho mordeu os lábios e olhou para ele, ainda estatelado no chão do banheiro, Percy não conseguia parar de olhar.
— Você não precisava.
— Eu… era o certo. — Essa era a verdade, era o certo a se fazer, mas o que não era certo era admirar o lindo garotinho, principalmente numa situação como aquela. Ele se sentia um monstro. — Qual seu nome?
— Nico. Niccolas.
Hmm… italiano. Dizem que é a linguagem do amor.
— Percy Jackson.
— Oh. — Nico disse, o olhando dos pés à cabeça, suas bochechas altas se esquentando. — Você não vai fazer o que aqueles garotos queriam fazer… vai?
— O que eles queriam fazer?
Nico olhou para baixo e Percy acompanhou o olhar. Oh, de fato, seu zíper ainda estava aberto, porém agora havia um certo… volume ali.
— Eu não sou como aqueles garotos.
— Não é? — Nico ainda parecia em dúvida, embora ele mesmo tivesse um volume nas calças. Um bem menor e que Percy parecia estar analisando com mais atenção do que deveria.
— Eu não sou. — Ele se virou, tentando convencer a si próprio e andou até o mictório.
Abaixou a cueca e tentou se concentrar. Ninguém o avisou que seria difícil se aliviar com uma ereção no caminho. Respirou fundo, relaxando, e enfim conseguiu. Quando voltou para a pia, pretendendo lavar a mão viu que o garotinho ainda estava no chão, o observando se aproximar.
Nico tinha lhe observado… ir no banheiro? Já que a área era bem aberta, impossível não ver o que acontecia.
— Você precisa de ajuda? — Percy disse enquanto lavava as mãos, encarando ambas suas reflexões no espelho. Nico parecia assustado e encabulado, enquanto ele próprio estava todo sério e quase ausente, sem mostrar emoções.
— Não! Quer dizer, eu estou bem. Obrigado.
— Tudo bem, então.
Percy secou a mão e se virou em direção à saída. Ele tinha oferecido ajuda, não tinha? A partir dali não era sua responsabilidade o que acontecia com Nico.
***
Percy nunca tinha percebido como aquela escola era grande. Duas quadras cobertas e mais duas ao ar livre, cinquenta salas de aula, dez laboratórios. Piscinas, trilhas de corrida e até uma floresta com uma plantação variada. Era um bom lugar para quem estivesse procurando uma educação abrangente, também era um ótimo para quem estivesse procurando um lugar para se esconder. Felizmente, Percy tinha encontrado o lugar perfeito: deserto e silencioso, bem em frente a uma das quadras descobertas. O melhor de tudo era que a visão da arquibancada era bem limitada, impedindo que as pessoas o achassem facilmente.
Ele caminhou calmamente pelos corredores do colégio e chegou a seu lugar favorito, decidido a fazer algumas cestas na quadra e comer algo rápido antes da próxima aula. Ele pretendia entrar para o time e não queria que fosse por puro favoritismo. Isso é, ele já ia entrar na quadra quando viu uma cabeleira negra no lado mais distante da arquibancada. Agora, Percy não tinha escolha, ele precisava saber quem era, só assim saberia se ainda era um lugar seguro ou não.
Percy andou a passos apressados e viu que era o mesmo garotinho da vez passada. Ele tinha o lábio cortado e o lado direito do rosto arroxeado. Percy teve o impulso de perguntar quem tinha feito aquilo com ele, mas se lembrou, não era de sua conta. Até porque Nico parecia estar bem tirando o rosto machucado, vendo que ele comia um pequeno banquete. Percy podia ver pelo menos quatro tipos de pratos diferentes, todos organizados em pequenas marmitas, a visão esquentando seu coração por algum motivo. Devia ser a forma que Nico se encolheu, tentando se esconder dele, mas mesmo assim o encarou, sorrindo.
Ele observou Nico levantar uma das marmitas e da forma mais tímida possível, oferecer a ele, dizendo: — Você quer?
Percy se viu andando o resto da distância até Nico, abandonando sua mochila e bola de basquete no pé da arquibancada, e se sentando em frente a Nico.
— Eu trouxe também. Minha mãe é cozinheira.
— Ah. — Nico murmurou e deu de ombros, pegando seus talheres. — Eu sempre faço muito. Vê?
Então Nico abriu as outras duas marmitas e mostrou a ele. Torta de legumes com queijo. Bolinho de carne. Pão de calabresa. Bolo também.
— Você faz? E sua mãe?
— Eu não tenho. Ela morreu.
Foi quando Percy se deu conta do que fazia. Feito um esquisito, observava Nico comer como se fosse a coisa mais maravilhosa do mundo enquanto o garoto comia sozinho, tendo que fazer a própria comida.
— Seu pai? Você deve ter um, certo?
Nico negou e enfiou outro pedaço de torta na boca, ignorando todo o resto dos pratos.
— Papai nunca está em casa. Eu aprendi com a mama antes dela morrer. A comida dela era o máximo! A vovó também cozinha muito bem. — Mas Nico falava aquilo com tanta felicidade que Percy se sentiu melhor.
— Quem cuida de você?
— Eu tenho uma babá. Minha irmã, também! Ela é a melhor irmã do mundo. — Nico continuou comendo todo contente e Percy sentiu algo em seus olhos. O que estava acontecendo? Esse garoto não podia ser tão ingênuo, certo? Tão... feliz? Quantos anos ele tinha? Nove? Dez? Devia ser mais novo que ele próprio.
— Você não quer mesmo? Fiz tudo sozinho!
— Tudo? Você sequer alcança o fogão?
— Fiz, sim! A babá só ligou o fogão. Eu tenho uma escada que fica perto da bancada e...
— E?
— Você é muito malvado. Não quero mais falar com você!
Percy não aguentou, ele colocou a mão em volta da barriga e gargalhou. Fazia tempo que ele não via uma coisa tão fofa e engraçada. As bochechas gordinhas de Nico se enchendo feito um balãozinho, os braços cruzados, os lábios num biquinho ainda mais fofo.
— Quantos anos você tem, hein?
— Eu tenho onze! Qual o problema?
— Você é tão baixinho e pequeno? Quem está te alimentando?
E de novo, Percy não aguentou. Rindo da própria piada, se deixou cair de costas na arquibancada, rindo e rindo até que seu ar sumisse e depois voltasse, um sorriso feliz permanecendo em seus lábios muito tempo após sua crise passar.
— Você está bem? — Nico perguntou numa voz pequena e suave, fazendo seu coração derreter.
Percy abriu os olhos para ver que Nico tinha se aproximado de onde ele estava deitado, sentando sobre os próprios joelhos, todo preocupado, seus olhos negros arregalados e bochechas coradas.
— Então... — Percy disse, tentando parar de sorrir. — Estamos no mesmo ano. Como eu não te vi por aí?
— Eu te vi. — Nico disse e abaixou os olhos para o próprio colo. — É difícil não ver quando as pessoas só falam de você.
— O que eles falam?
— Que você tira as melhores notas. É o melhor nos esportes. Tem a melhor namorada. Essas coisas.
— Que namorada é essa?
— Acho que... Annabeth Chase? Não sei direito. Cheguei há poucas semanas.
— É bom saber disso.
— Saber do quê?
— Que eu tenho uma namorada.
— Você... não sabe? — Nico entortou a cabeça, feito um cachorrinho confuso e isso arrancou outra gargalhada dele. Dessa vez, Nico riu junto. Ele parecia estar segurando o riso, mas quando Percy não parou, Nico se viu sem escapatória, se juntando a ele.
— Você é engraçado. — Nico lhe disse.
— Você que é.
E feito um garoto da terceira série, coisa que ambos eram, riram novamente, enquanto ouviam o sinal tocar. Percy nem tinha percebido que meia hora tinha se passado, o que era mais tempo do que ele costumava passar com seus velhos amigos nos últimos tempos. E o que isso dizia sobre ele, hm?
— A gente tem que ir. — Ele ouviu Nico dizer.
Eles realmente tinham. Com pressa, ajudou Nico a recolher as marmitas e o acompanhou para a próxima aula, descobrindo que Nico de fato estava na mesma sala que ele. Percy estava tão distraído em tentar se esconder que não via o que acontecia à sua volta? Bem, esse fato iria mudar a partir daquele instante.
***
— Nico.
— Hm.
— É hora de acordar.
Nico resmungou e se aconchegou mais debaixo dos cobertores. Ele estava tão cansado que sentia que precisaria de uma semana inteira para se recuperar.
Ele se remexeu de novo, prestes a colocar o cobertor sobre a cabeça quando sentiu braços fortes rodearem sua cintura, entretanto, o que o fez abrir os olhos foi o beijo em seu pescoço, naquele lugarzinho perto da nuca que agora o fazia reagir mais intensamente do que ele achava que deveria. Era tudo culpa de Percy, culpa da forma que Percy havia o tocado na noite anterior e de todas aquelas palavras.
Deuses! O que ele tinha feito? Nico tinha realmente dito tudo aquilo para Percy? Nico não acreditava nisso! Ele se sentou em um pulo e olhou ao redor. Ele ainda estava em seu quarto, e Percy? Bem, o idiota ainda estava a seu lado, encostado contra a cabeceira da cama e com um sorriso tão satisfeito no rosto que isso o fazia se perguntar: Será que ele tinha dito algo que não se lembrava na noite anterior?
— Então, você gosta de apanhar?
— Percy!
— Pensei que eu fosse o único que você permitisse te fu--
— Não se atreva! — Nico admitia que estava entrando em pânico.
— Eu me pergunto onde está o garoto que queria ir devagar, hmm?
Em outro pulo, Nico se jogou em cima de Percy e tampou a boca dele com as mãos.
— Retiro tudo o que eu disse. Tudo!
Percy lambeu sua mão e continuou sorrindo para ele até que Nico se deu por vencido, deixando que Percy falasse:
— É uma pena. A gente podia se divertir tanto…
— Eu… eu não sei. — Nico teve que desviar o olhar, talvez ele não quisesse retirar nada, por mais humilhante que fosse.
— Bebê. Vem aqui.
Nico foi, é claro.
Percy o segurou pela cintura e o fez se deitar sobre o peito dele, uma das mãos de Percy indo a seus cabelos imediatamente. Nico não entendia porque aquele gesto o acalmava tanto ou porque esse sentimento de ternura o fazia querer contar tudo o que não tinha dito na noite anterior. É que… ele se sentia condicionado a nunca mentir para Percy, e ele já havia dito tanto… Nico queria ter uma máquina do tempo para se certificar que nada daquilo tivesse acontecido, porque só assim teria certeza que nada entre eles mudaria.
— Eu sinto muito.
— Nico.
— Eu não devia ter ido embora. Mas quando você me disse para conhecer outras pessoas, pensei que… pensei que a gente nunca teria uma chance. Então, por que ficar esperando por algo que nunca vai acontecer?
— Está tudo bem. É minha culpa.
— Não quero saber de quem é a culpa. Quero que você diga que me perdoa e que no futuro isso não vai afetar as coisas.
— Eu te perdoo e isso não vai mudar nada.
Nico sabia que Percy falava isso apenas porque ele havia pedido, mas mesmo assim, o nó em seu estômago parecia se afrouxar.
— Promete?
— Eu prometo.
Nico se afastou o suficiente para poder olhar no rosto de Percy e o tocou ali suavemente, acariciando os lados do pescoço dele.
— Você sabe que eu te amo, não sabe? De verdade? — Nico se forçou a dizer, vendo um sorriso pequeno aparecer nos lábios de Percy.
— Por que essas declarações agora?
— Eu percebi… pensei que gostava de você porque você foi o meu primeiro amigo. Mas quando eu estava na Itália, parecia que algo estava faltando. Tentei encontrar isso em outras pessoas, sabe?
— O que você estava procurando? — Foi quando Percy tocou em seus ombros, tentando consolá-lo.
Ahg, ele não conseguia olhar para Percy quando Percy agia de forma tão gentil.
— Eu não sei! — Era uma mentira, é claro. E Percy sabia disso. — É difícil expressar o quanto você significa pra mim. Então, quando eu não te conto as coisas é porque eu não consigo, não porque eu não quero.
— Eu sei disso. Mas eu preciso que você me diga. Preciso que você me dê permissão. — Então, Percy tocou em sua nuca, puxando sua cabeça para cima, o fazendo encará-lo. E ainda assim, quando Nico se negou e manteve os olhos fechados, Percy insistiu: — Lindo. Olhe para mim.
Nico fez, ele fez porque era impossível resistir quando Percy falava com ele naquele tom firme e ao mesmo tempo tranquilizador.
— Eu entendo. Você não precisa se forçar.
— Eu sinto muito.
— Não, Nico. Não é sua culpa.
— Não quero te preocupar.
Porque essa era a verdade. Ele sempre gostou de passar pela vida quieto e despercebido, só que Percy o anotou e não o largou desde então. Não importava quanto tempo passasse, nunca se acostumaria com a atenção que Percy lhe dava e mesmo depois de uma década, era estranho, era como se ele estivesse em um sonho e a qualquer momento iria acordar, percebendo que Percy tinha sido sua imaginação lhe pregando peças.
— Isso não vai se repetir.
— O quê? — Nico perguntou, sem entender.
— Não vou te obrigar. Apenas… me diga se você precisar. Qualquer coisa.
— Qualquer coisa?
— É claro.
— Então diz que me ama.
— Eu te amo.
— De novo.
— Eu te amo.
— De novo.
— Nico. — Percy sorriu e o beijou, o interrompendo. — O que está acontecendo? É sobre a noite passada?
— Não é nada.
— Prometo que não vou fazer aquilo novamente.
— Aquilo…?
— Eu não vou ser… tão intenso ou… você sabe.
Por que ele sentia que seu rosto estava esquentando? E já que esse era o caso…
— Por que não?
Esse era o momento que Nico mais temia. Percy ficou em silêncio e o encarou por longos segundos, sem lhe dar escolha se não encará-lo de volta. Ele temia tanto esses silêncios porque esse era o momento em que ele não conseguia mentir, e se ele não pudesse falar, não teria como desviar a atenção para longe da verdade.
Sim, essa era a realidade, não importava o quanto ele tentasse dissimular, Percy sempre saberia de tudo no final.
— Tudo isso é por vergonha? A humilhação é demais para você? Ou é porque você gosta da sensação?
Nico não sabia como Percy conseguia falar tudo isso de forma tão séria e compenetrada. Bem, Percy estava mais certo do que imaginava. Entretanto, quando Nico ficava nervoso esses sentimentos saíam apenas de duas formas, lágrimas de ansiedade ou de risada. Então, imagina a cena onde ele começou a rir do nada enquanto Percy continuava sério e todo austero.
— Você acha que eu sou uma piada? — Percy disse e estufou o peito, fingindo estar ofendido.
— Eu nunca acharia isso.
— Eu te amo. — Então, Percy o abraçou forte e acariciou suas costas. — Não importa o que seja essa coisa entre a gente, vamos superar juntos.
Era o que Nico esperava.
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Então, como foi? Infelizmente vou ter que dar uma pausa para descansar e volto em agosto. Se eu conseguir escrever algo legal, volto antes. Até mais!
Oii, como vai? Capítulo um pouco adiantado. Espero que vocês gostem.
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Nico não tinha certeza se devia estar fazendo isso.
Não podia negar que noite passada tinha sido boa, porém, na vez antes disso, tentou com ex e… bem, tinha sido tão ruim que tudo o que ele sentiu foi ansiedade, dor e vontade de vomitar. Assim que pôde, Nico saiu correndo e evitou falar ou se encontrar com Will durante o resto do tempo que ficou na Itália. Parte disso era vergonha por ter entrado em pânico, descobrindo no processo que não estava pronto para fazer certas coisas com meros desconhecidos, e a outra parte era… não queria admitir, mas era difícil para ele confiar nas pessoas. E daí se ele tivesse namorado outras pessoas depois de Will? Não era sua culpa se ele não conseguia relaxar ao redor do loiro.
Era por esse motivo que hesitava, mesmo sabendo ser injusta a comparação entre os dois. Ou entre qualquer outra pessoa e Percy. Will nunca tinha o convidado para comer em lugares que ele gostava ou o levado para conhecer, ou melhor, redescobrir a cidade como Percy tinha feito naquela noite. Eles tomaram sorvete, visitaram um parque natural e andaram de mãos dadas pelas ruas iluminadas sob a luz do luar. Tinha sido uma noite tão calma e agradável que Nico se esqueceu do que tinha acontecido na Itália ou mesmo toda a confusão com Annabeth que ele nem gostava de lembrar. Mas ali estavam eles, novamente em seu quarto, mochilas e roupas jogadas ao chão.
Eles nem tinham acendido as luzes na pressa de chegar ao segundo andar da casa, indo em direção a sua cama o mais rápido que puderam. Sua jaqueta e camisa vieram primeiro, em seguida, Percy fez o mesmo consigo mesmo, mais rápido do que Nico podia acompanhar.
Ele tinha arfado e suas pernas fraquejado, sentindo Percy o tocar com força, o puxando pela cintura e se moldando contra suas costas.
Pele na pele, braços em volta dele e respirações apressadas em sincronia, lábios contra seu pescoço, o beijando suavemente, indo e voltando por sua nuca e encontrando o lóbulo de sua orelha, a mordiscando devagar. As mãos grandes e quentes de Percy subiram mais uma vez, o tocando nos ombros e deslizando lentamente para baixo, chegando em seus quadris para enfim o massageando por cima do jeans. Os botões foram os próximos, Percy os abrindo e descendo o zíper, como se desembrulhasse um presente valioso. Ele ainda não tinha certeza, não sabia o que acontecia com ele; uma hora queria Percy o tocando com toda a força de seu ser e na outra, não tinha certeza de nada. Apenas sabia que queria que Percy continuasse a segurá-lo para sempre, mas que não o machucasse ou o forçasse como outras pessoas tinham tentado.
— O que foi? — Percy disse contra a pele de seu ombro, colocando mais um beijinho ali que o fez estremecer, seu corpo relaxando sem sua permissão.
— Eu não sei. Eu…
— Hm. — Percy murmurou, se movendo devagar com ele em direção a cama. — Você quer me dizer alguma coisa?
Sim, ele queria. Queria dizer que não estava bêbado o suficiente para ignorar seus medos e que tinha ignorado qualquer coisa sexual por mais de um motivo. Mas antes de chegarem à cama, Percy parou no meio do caminho e beijou seu pescoço mais uma vez.
— Sei que você tem medo. Sei que perdi o controle no passado. Mas você pode confiar em mim.
— Per. — Tinha sido apenas um beijo, um impulso descuidado no passado, e parece que aquele momento os perseguiria para o resto de suas vidas. — Não é isso. Eu...
— Então, me diga. E eu vou te dar. Não importa o que seja.
Por que isso era tão difícil?
— Eu...
— É sobre o seu ex?
— Ele... ele...
Percy parou de se mover e até o ar ao redor deles se tornou imóvel.
— O que ele fez com você?
— Nada! — Nico se apressou em dizer, ansioso. — Não foi nada.
— Nico.
— Quer dizer! Você se lembra do Jason, o amigo que eu te contei? Ele impediu que Will...
Foi quando Percy o virou de frente para ele e segurou forte em seus ombros, seus olhos dilatados e ferozes o encarando como se Percy quisesse arrancar a verdade dele dessa forma.
— Você mentiu para mim. O que mais esse garoto fez, hm?
— Percy!
Ele não queria acreditar que Percy era uma dessas pessoas. Ele o segurou pelos braços e o jogou na cama, prendendo suas mãos acima da cabeça.
— Me responda!
— Ele... ele me amarrou e... e tirou minha roupa... e quando... quando estava prestes a... Jason chegou, bateu em Will e me desamarrou! Feliz agora!?
Assim que ele disse isso, Percy o soltou e parou de tocá-lo imediatamente. Isso surpreendeu Nico, o ofendeu e o machucou na mesma proporção. Percy tinha nojo dele sabendo que outro homem o tinha tocado? Era isso?
Então, a cama se moveu e Percy o tocou no ombro suavemente.
— Não, bebê, não chora. Eu sinto muito.
— Você não me ama mais? — Nico perguntou e escondeu o rosto no travesseiro, tentando prender o soluço.
— Não, isso é impossível. Não quero que--
— Eu só… não gosto de ser amarrado e… — Outro soluço, — Foi horrível quando ele tentou… tentou me penetrar e…
— Shhh, está tudo bem. Prometo que não vou te tocar.
Ele não aguentava mais! Não era isso o que Nico queria.
Chorando feito um bebê, ele engatinhou até onde Percy estava deitado todo tenso e sentou no colo dele, o abraçando bem apertado pelo pescoço.
— Eu quero que você me toque! Quero que você me foda até que eu não consiga andar, mas… doeu tanto! Não quero que doa. Quero que só você me toque! Só você me beije! Só você… ah!
Nico gritou e curvou as costas quando Percy o puxou pelos cabelos, aproximando seus rostos.
— Eu devia te punir. Devia te mostrar como um bom garoto tem que se comportar.
— Eu--
— Não terminei. Não importa com quem você transou na Itália, você mentiu para mim. Escondeu algo importante por causa de vergonha? Por que um garoto qualquer te enganou e te humilhou? O que aconteceu? Eu quero a verdade.
— Estou dizendo a verdade. — Nico virou a cara para o lado e se calou, ele se negava. Não era da conta de Percy o que ele tinha feito.
— Vai ser assim? Desde quando você começou a mentir para mim?
— Eu... eu não menti sobre não gostar.
— Você concordou em fazer alguma coisa e se arrependeu?
Nico acenou, sentindo o rosto esquentar.
— Você não confiava nele?
Acenou de novo.
— Pensei que estava pronto... e... — Nico deu de ombros. — Aí, Jason me ouviu gritar e... preso na cama... ele bateu em Will e Will ficou furioso. Will veio atrás de mim, mas eu não quis explicar o que tinha acontecido, então, eu terminei com ele e Will ficou mais furioso ainda…
— Então, você brincou com o garoto, dispensou ele e deixou que as pessoas pensassem que esse Will era o culpado?
— Eu não queria fazer isso, eu só...
— Nico.
Percy o conhecia bem demais.
Ele odiava quando Percy falava assim com ele, sério e rígido, todo autoritário. Se sentia feito um garotinho repreendido e indefeso. O que o fez ver que faria de tudo para Percy perdoá-lo. Então, respirando fundo, disse:
— Sinto muito. Eu nunca faria isso com você.
— Você já fez. — Percy disse e o olhou de forma firme e dura, ainda o segurando pelos cabelos de um jeito doloroso que não doía de verdade. Mas Percy estava certo, ele tinha feito, tinha fugido sem uma explicação, e se arrependia muito. Se fosse necessário, passaria o resto da vida se desculpando.
— Como posso me redimir?
— Eu não sei.
— Por favor. Faço qualquer coisa.
— Qualquer coisa? — Então, Percy sorriu e soltou seus cabelos, se ajeitando contra o batente da cama. — Tire suas calças.
Nico fez o que Percy pediu. Ele se levantou, tirou as calças, cueca e meias e voltou para cama prestes a se sentar no colo de Percy quando foi parado.
Percy o segurou pelo ombro e com o mesmo sorriso malicioso, disse: — De barriga para baixo. No meu colo.
— Eu não entendo.
— Logo você vai entender.
Ainda confuso, Nico se deitou contra as pernas de Percy e esperou.
Momentos depois tudo fez sentido.
Primeiro, sentiu Percy se aconchegar contra a cabeceira da cama, depois, com uma das mãos segurou em seus cabelos e com a outra, deslizou por suas costas, chegando a sua bunda.
— Ainda está disposto a continuar?
— Per?
— Eu te mimei muito. Permitindo que você fizesse o que quisesse.
— Eu não quis...
— Você vai obedecer?
— Espera!
— Ultima chance. Sim ou não?
Ele não sabia, tá bom!? Era muita pressão para ele aguentar. Quer dizer, Nico sempre quis tentar isso com Percy, mas ele não queria assim, uma punição no lugar de diversão.
— Nico?
— Eu não sei. — Ele enfim disse, derrotado. — Confio em você.
E então, meros segundos depois, a mão pesada de Percy estalou contra sua nádega direita, lhe arrancando um gemido abafado.
— Você está gostando. Não acredito nisso. — Vieram mais duas, uma em seguida da outra e Nico não pôde se conter, se contraiu todo, esfregando uma perna na outra, tentando esconder o efeito que as palmadas causaram nele.
Ele ouviu Percy arfar e ajeitá-lo em seu colo, a calça jeans roçando em seu membro exposto, e tudo o que pôde fazer foi se segurar nos lençóis para não gozar com o tratamento violento.
— Você está pronto para conversar? — A voz de Percy soou baixa a seus ouvidos, o fazendo estremecer.
— Eu já disse tudo o que queria.
— Quem mais fez isso com você?
Merda! Como Percy sabia?
Percy mudou de lado e dessa vez o estalo reverberou no cômodo inteiro, o fazendo gemer de verdade, curvando a coluna. Quando ele não disse nada, Percy continuou, suas mãos batendo em sua pele e massageando o lugar até que ele quase... quase...
— Você disse para eu viver um pouco! Foi o que eu fiz! — Ele gritou, tentando se controlar, se contorcendo todo, sentindo o prazer vir mais rápido do que ele esperava. Até que Percy parou de repente, o mantendo no pico do êxtase para encerrar as palmadas sem avisar.
— Tudo o que eu quero é a verdade, Nico.
— Que bem isso vai trazer!? — Gritou mais uma vez, frustrado, tentando obedecer.
— Você pensa que pode mentir para mim? Quanto mais você esconde, mais eu quero saber.
— Percy! Não quero falar disso!
— Então, você não deve querer gozar.
— Você não vai fazer isso comigo!
— Quer apostar?
Percy o segurou pela cintura, o fez virar na cama e então o colocou sentado no colo dele, seu membro exposto para o ar frio do quarto, o mantendo imóvel com sua bunda ardendo contra o jeans de Percy.
— Percy!
— Eu não vou incentivar esse tipo de atitude.
— Que atitude?
— É por isso que eu sou tão ciumento, você sempre faz isso. Flertando com todo mundo e ignorando o problema quando a coisa fica séria.
— Eu não faço isso. Faço...?
— Você vai me enlouquecer!
— Eu não quis—
— Você nunca quer! Esse é o problema.
— O que você quer que eu faça?
— Seja sincero. É pedir muito?
— Eu... eu não sabia como te contar. Como eu poderia dizer: “Olha, Percy. Não fica bravo. Fiquei carente e deixei alguns garotos tocarem em mim de formas que tenho vergonha de admitir”.
— Não parece tão difícil agora. — Percy murmurou, o agarrando mais forte pela cintura. Ele até temia em saber o que aconteceria nos próximos dias. — Por que você faz isso comigo?
— Eu não queria que você pensasse que eu... que eu sou...
— Uma vadia que se oferece para quem te der atenção?
Nico olhou para fora da janela e tentou prender o que estava lutando para se libertar de seu peito.
— Nico, eu não me importo. Você pode ser meu doce Nico e pode ser esse ser sensual que gosta de provocar as pessoas. Fico triste que você sentiu a necessidade de esconder essa parte de mim.
— Eu não queria.
— Sei que não. Nunca pensei que você fosse um santo. Tudo o que eu peço é sinceridade.
— Eu sei.
— Não quero te machucar, mas também não quero te tratar feito um cristal. Não fuja de mim. Eu te amo.
— Eu também te amo. — Nico disse, relaxando contra o peito de Percy. — Prometo que vou ser a pessoa mais honesta desse mundo.
***
As coisas pareciam ter se acalmado. Nico sentia que enfim o peso do mundo tinha sumido de suas costas, se sentia leve e livre, sem mais nada a esconder. Quer dizer, não tinha contado tudo o que aconteceu, porém, Percy agora sabia de tudo, de sua… sobre sua libido que tinha surgido na ausência de Percy e que agora parecia estar mais acesa do que nunca.
Ele achava que tinha sido claro, não? Afinal, tinha gritado para quem quisesse ouvir. Sinceramente, estava feliz que após ouvir todas aquelas coisas Percy ainda estivesse a seu lado, no momento, debaixo das cobertas com ele, o abraçando pelas cintura e ombros, os mantendo colados um ao outro. Suas nádegas ainda doíam e seus olhos estavam inchados de tanto chorar. Não o entendam mal, ele estaria de joelhos se isso fosse melhorar sua situação, Percy apenas não estava no clima. Percy tinha tirado o resto das roupas que usava e tinha se deitado junto a Nico na cama, o abraçando e fechado os olhos em seguida. E Nico, como tinha ficado? Ainda excitado, mesmo com a dor das palmadas e a humilhação das confissões, tentando ficar imóvel entre os braços de Percy.
Por longas horas tentou fazer exatamente isso, obedecendo à vontade de Percy. Mas não importava o quanto tentasse, abria e fechava os olhos de tempos em tempos, vendo as horas passarem lentas e torturantes, o céu mudando de tonalidades de escuras para outras um pouco mais claras.
Ele não aguentava mais! Tocando na mão em volta de seu peito, Nico fez um esforço e tentou não acordar Percy, entretanto, o agarre em volta dele se apertou e os braços de Percy o puxaram de volta contra seu peito forte.
— Onde você pensa que vai?
— Eu preciso… hm…
— Você precisa?
Nico queria morrer, mas antes que esse fato se concretizasse, pegou uma das mãos sobre seu corpo e a levou para sua virilha.
— Entendo. — Percy murmurou, se aproximando mais.
Estava tudo bem, porque Nico enfim tinha o que desejou. Percy cobriu sua virilha inteira, engolfando seu membro e massageou devagar, bolas e falo, o apertando tão gostoso que em menos de um minuto estava ereto, como se a conversa anterior e as palmadas nunca tivessem acontecido. Aquilo era tão bom… por que era tão bom? Era por que Percy o estava tocando? Era algo mais emocional do que físico? Ou era a intimidade do meio da madrugada o fazendo se sentir leve e despreocupado, mas tão vulnerável que ele queria se esconder sob o corpo de Percy?
— O que você precisa? — Percy sussurrou contra seu pescoço, sua voz rouca de sono.
— Você pode me… você pode me foder? — Será que ele estava sendo claro o suficiente dessa vez?
— Você só precisa pedir.
Ele gemeu frustrado e escondeu o rosto no travesseiro, ansioso e sentindo a humilhação de ter que pedir, feito um garotinho carente, descendo por seu pescoço em forma do corar que o esquentava dos pés à cabeça. O bom nisso é que finalmente seu pedido foi concedido, Percy o inclinou um pouco para frente, abriu suas pernas e imediatamente sentiu dígitos molhados roçarem suavemente e sem pressa contra sua entrada. Ah… ele não sabia que esse gesto poderia ser tão relaxante e gostoso, massageando ao redor tempo o suficiente para que o orifício se abrisse e permitisse que os dedos de Percy o penetrasse, fácil e sem dificuldade, o abrindo com tanto cuidado que quando ele se viu estava deitado de bunda para cima e gemendo com três dedos dentro dele, mal sentiu Percy se deitar sobre seu corpo.
Com um ligeiro desconforto que imediatamente deu lugar ao prazer, a cabeça do membro de Percy entrou em contato com sua entrada e o penetrou devagar com uma leve pressão, o fazendo se sentir feito uma flor que desabrochava, mas foi quando Percy se forçou um pouco mais para dentro, deixando que o peso de seu corpo ajudasse no deslizar, que Nico realmente viu estrelas.
— Estou te machucando? Onde doí? Estou indo muito rápido?
Nico parou de respirar por um momento, muitas sensações ao mesmo tempo fritando seu cérebro. Ele… ele não sabia, estava relaxado demais para determinar se era o puro prazer, se tinha dor no meio ou sequer se precisava de uma pausa; Nico mal conseguia levantar a cabeça do travesseiro, quanto entender qualquer coisa que não fosse a necessidade de gozar.
— Bebê. — Percy suspirou, finalmente se encostando a suas costas, mantendo seus quadris parados, arfando. — Eu preciso.
— Hm. — Achava que tinha gemido, que estava prestes a gozar. Isso não podia ser normal. Não podia. Tão rápido.
— Fale comigo.
Então, Percy se acomodou melhor e aquela leve fricção dentro dele foi o suficiente para fazê-lo gemer, o fazendo apertar o membro dentro dele tão gostoso que Percy puxou seus cabelos, um aviso claro para Nico se comportar.
— Per!
Percy parou de novo, tentando recuperar o fôlego, e Nico derreteu mais uma vez na cama, procurando as palavras certas para dizer o que precisava.
— Per, eu… eu preciso… preciso…
— Vamos fazer assim, quando você não souber o que dizer e quiser continuar, diga “obrigado”. Quando estiver gostoso e mesmo assim quiser parar, diga “Por favor”.
— E se… e se eu não gostar?
— Diga pare e eu vou parar.
Parecia fácil o bastante, então, por que ainda tinha tanta dúvida? Esse era o momento que ele tinha a tendência de encerrar tudo. Era tão intenso que ele não conseguia continuar, mesmo quando ele usava seu vibrador favorito. Mas ele não queria parar, queria continuar e ver onde isso ia dar. Talvez se ele permitisse que Percy se movesse e o segurasse contra a cama, como exatamente como Percy estava fazendo poderia chegar ao fim.
— E, então? — Percy murmurou contra seu ouvido, o segurando firme pelos cabelos e cintura.
— Eu… tudo bem… obrigado.
— Esse é o meu garoto. Todo educado e obediente.
Nico… Nico não deixaria que aquelas palavras o fizessem se sentir mais à beira do precipício do que ele já estava. Mas quando Percy acariciou seu cabelo e os puxou, dizendo um rápido “Bom garoto”, Nico não conseguiu ignorar a reação que isso causava nele. Escondeu seu rosto no travesseiro ao mesmo tempo que um gemido foi arrancando dele e Percy enfim decidiu se mover.
Nessa noite, nada estava saindo como ele esperava, e ao invés de Percy fodê-lo rápido e forte, sentiu primeiro Percy girar os quadris, rebolando dentro dele para depois Percy se impulsionar para trás, devagar e gostoso, e voltar penetrá-lo mais devagar ainda, o fazendo curvar a coluna e gemer como ele nunca tinha gemido, sem deixar lugar para qualquer outro pensamento.
— Hmm. — Percy gemeu todo rouco, aumentando a velocidade e profundidade conforme os gemidos de Nico ficavam mais altos. — Sabia que você seria perfeito. Todo macio e cheiroso. O encaixe perfeito.
— Eu… eu… ah!
— Hm?
— Obrigado!
Nico achava que tinha gritado, que tinha se contorcido tanto que sentiu Percy segurá-lo pela nuca e forçar sua cabeça sobre o travesseiro, dizendo para ele respirar. Mas Nico não conseguia, Percy tinha acertado algo dentro dele que o fez apagar por um momento; estava gozando e gozando, cada vez que seu membro expelia, um choque de eletricidade atingia seu corpo, mas Percy ainda estava dentro dele, duro e pulsando, tão quente que Nico não sabia como não tinha sido queimado.
— Está tudo bem, assim. Eu vou cuidar de você.
Nico sentiu dedos contra sua virilha e em seu membro, o tocando suavemente. Ele gemeu de novo, pensando que iria morrer, sentindo seu orgasmo se estendendo até que não aguentou mais:
— Por favor! — Então, gritou mais uma vez, lágrimas se forçando para fora de seus olhos, sufocado pelo prazer: — Por favor!
— Bom garoto. — Percy gemeu em seu ouvido, sua voz firme e baixa, sentindo os quadris de Percy irem o mais profundo possível e gozar dentro dele, como Nico nunca havia permitido antes.
***
Percy admitia que não estava sendo justo com Nico. Não era nada planejado, ele nem pensava em transar com Nico tão cedo. Em um momento Nico estava todo excitado e no seguinte, o afastava, feito as milhares de vezes antes de tudo ir para os ares. Mas dessa vez… dessa vez Percy tinha decidido fazer exatamente o que Nico fazia com ele. Foi uma decisão de último minuto motivada pela frustração e desespero. Se ele fizesse Nico se sentir como ele se sentia, Nico pararia de torturá-lo, não?
Primeiro, tentou devagar e sem pressa, passeando pela cidade e parando na sorveteria favorita de Nico, depois, levou Nico para casa, o beijando apenas quando tiveram privacidade. Percy jurava que não pretendia fazer mais do que beijar Nico e ter uma noite tranquila, o problema apareceu quando Nico o beijou de volta, todo carente, e se virou de costas, esfregando aquela bundinha empinada contra sua virilha. Lá se ia seu autocontrole pelo ralo, Nico cheirava tão bem que Percy teve que beijar aquela pele macia, mordiscando a nuca e pescoço de Nico até encontrar a boca mordida e avermelhada, se perdendo nele, desabotoando os botões da camisa de Nico e então a sua própria para encontrar pele macia e sem pelos, o estômago liso e mamilos eriçados, pontudos, o forçando a brincar com eles longamente. Ele não conseguia parar de tocar, ouvindo gemidinhos arfados, Nico se enroscando contra ele até que bem… vocês podem imaginar, Nico ficou todo tenso e ele foi obrigado parar, tentando raciocinar no meio da densa névoa de excitação que percorria seu cérebro.
Tentou conversar e tentou se acalmar, mas aquela irritação continuava subindo por sua espinha. Ele não aceitaria ser feito de idiota mais uma vez. Percy não pensou, jogou Nico na cama, o prensou contra ela e segurou suas mãos acima da cabeça onde Nico não poderia usá-las para distraí-lo. O que pareceu ter sido um erro, embora a confissão e meias verdades tivessem escapado dos lábios de Nico feito uma cachoeira.
Agora, como ele sabia que Nico mentia? Nico desviou o olhar e tentou se soltar na tentativa de fuga. Nico nem percebia o que estava fazendo, ainda sem querer encará-lo. Por que era isso o que acontecia quando Nico sentia que não podia dizer a verdade, ele mentia, tentava distraí-lo ou fugir, como tinha feito há dois anos atrás e como fazia desde que eles eram crianças; quando o mundo ficava muito difícil para Nico lidar, ele se escondia, e sempre sobrava para Percy encontrá-lo e fazê-lo encarar a realidade. Estava tudo bem quando Nico fugia do resto do mundo, mas quando as coisas eram entres eles? Quem iria atrás de Nico para ter certeza que tudo estava bem?
Sinceramente? Ele não queria ouvir nada daquilo. Não queria saber quem tinha feito Nico decidir querer sexo ou quem tinha o traumatizado ao ponto de Nico se fechar tanto que ele foi obrigado a arrancar a verdade da unica pessoa que nunca precisou ter segredos. Percy estava tão cansado que… apenas decidiu se afastar, o vendo chorar na cama como se ele tivesse ofendido a mãe morta de Nico.
Foi demais para ele quando Nico disse um “Você não me ama mais?”. Como ele poderia não amá-lo? Alguns garotos e escapadas sexuais não seriam suficientes para destruir uma década inteira de dedicação e comprometimento. Entretanto, o pior de tudo foi ouvir “Eu só… não gosto de ser amarrado e… — Outro soluço, — Foi horrível quando ele tentou… tentou me penetrar e…”, sabe porque era horrível ouvir isso? Nico estava mentindo outra vez! Estava fazendo manha e seu rosto estava tão.. tão… excitado! Numa mistura de prazer e vergonha tão grande que nada que Nico dissesse no momento Percy seria capaz de acreditar.
Infelizmente, Percy não tinha muitas opções. Ele respirou fundo e disse a única coisa correta e racional que poderia, tentando acalmar Nico, o que pareceu piorar as coisas. Desesperado, Nico engatinhou para seu lado da cama e montou em seu colo, bem em cima de sua ereção e o olhou com aqueles olhos cheios de lágrimas de crocodilo que mais o excitava do que o preocupava, embora a forma ansiosa e angustiada que Nico agia fosse um indicador mais certeiro do que se passava na mente de seu doce e não mais inocente garotinho.
Ele estava tentando fazer o certo, não estava? Mas parecia que Nico não queria isso. Com eles era tudo ou nada, a próxima fala de Nico apenas deixava tudo mais claro: “Eu quero que você me toque! Quero que você me foda até que eu não consiga andar, mas… doeu tanto! Não quero que doa. Quero que só você me toque! Só você me beije! Só você!” e quem era ele para negar o que seu bebê dramático e manipulador queria? Ele não podia culpar Nico quando o garoto tinha aprendido com o melhor. Não que Nico estivesse enganando alguém ali, mas se isso era o que Nico precisava para dizer o que estava engasgado, ele faria o desejo de Nico se realizar; o que resultou em algo que ele nunca poderia prever: palmadas, gritos e confissões que dessa vez saíram bem mais sinceras, embora ele tenha a impressão que Nico ainda guardava coisas dentro do peito.
Bem, ele não estava preocupado. Arrancaria cada um desses segredinhos que Nico pensava poder esconder dele. Não porque quisesse saber, mas porque Nico parecia tão aliviado enquanto cada mísera palavra escapava da própria boca que sabia que o relacionamento deles nunca estaria perfeito enquanto Nico não confessasse tudo para ele, exatamente como sempre tinha sido. Admitia que não estava pronto para o que veio em seguida e admitia que queria fazer Nico sofrer um pouco, o que não chegava perto do que Nico fez com ele, mesmo que espalmar aquela bundinha empinada tenha sido eficaz. Agora ele entendia porque Nico tinha fugido de sexo por tanto tempo, o garotinho era tão sensível que em poucos toques ele estava gemendo como se estivesse prestes a morrer e tão apertado que ele enfim acreditou quando Nico dizia ser virgem. Percy foi paciente e cuidadoso o fazendo relaxar para então… bem, fazer seu melhor para não gozar enquanto deslizava para dentro daquele canal apertado e quente.
A partir desse momento foi rápido. Nico apenas conseguia gemer e mal conseguia completar o que falava, arfando e choramingando, estatelado na cama. Não que ele tivesse melhor, segurou nos cabelos de Nico, o mantendo no lugar quando sentiu Nico estremecer dos pés a cabeça, quase o jogando para fora da cama. Percy não tinha conseguido se mover muito, tentando pensar no conforto de Nico, mas tinha sido o suficiente. Alguns momentos depois foi sua vez, gozando fundo dentro da pessoa mais importante de sua vida.
***
— Bom garoto. — Percy tinha dito, ainda dentro de Nico. Ele se permitiu curtir o momento, mas quando a sensitividade chegou, foi obrigado a deslizar para fora, observando o sêmen escorrer pela pele morena.
Ele ainda estava irritado, levemente incomodado pela forma que Nico o fez perder o controle. Mas agora vendo Nico estatelado no colchão como se tivesse corrido uma maratona e ainda com lagrimas descendo de seu olhos negros, Percy tinha se decidido, nunca mais deixaria que seus sentimentos interferissem em seu relacionamento com Nico; ele amava seu pequeno mentirosinho que preferia esconder o que realmente queria se isso fosse garantir que as pessoas gostassem dele.
Percy respirou fundo e deixou que suas mãos abandonassem os cabelos de Nico, se deitando ao lado dele, prestes a sair da cama em busca de algo para limpar Nico. Isso é, ele teria se levantado se Nico não tivesse choramingado, segurando em seu braço.
— Onde você vai? Eu estou perdoado? — Nico piscou lentamente, parecendo que iria cair no choro se não escutasse o que queria.
O que ele podia dizer? No fim, as lágrimas de crocodilo sempre funcionavam.
Ele sorriu, porque sabia que isso sempre acalmava seu doce bebê, e se aproximou, o beijando suavemente nos lábios.
— Não há nada a perdoar.
— Per.
— Lindo. — Percy o beijou de novo e de novo até que Nico voltou a relaxar na cama, ainda de barriga para baixo.
— Não me deixe.
— Nem pra ir no banheiro?
Nico negou, afundando o rosto no travesseiro. Mas ele pegou na mão de Percy e a trouxe para o próprio cabelo, no exato lugar onde ele tinha o segurado momentos atrás.
Percy entendeu tudo e começou a acariciá-lo ali, devagar e suavemente, ouvindo Nico ronronar feito um gatinho manhoso.
— Nós não terminamos de conversar ainda.
— Desculpa. — Nico murmurou, sua voz saindo abafada.
— O que você esconde que te faz hesitar tanto?
— Como você pode me amar depois disso? Como alguém poderia? — Nico enfim levantou a cabeça e o encarou todo choroso.
— Nico.
— Eu me sinto uma vadia suja que não precisava cobrar por sexo, mas faz porque gosta.
— Qual o problema em gostar?
— Eu sou uma farsa! Todo mundo acha que eu sou esse… esse ser puro… e olha pra mim agora! — Nico voltou a enterrar o rosto no travesseiro e reclamar, mas parecia que suas lágrimas estavam acabando. Ele devia estar muito relaxado para conseguir ficar irritado.
— Nico! — Ele acabou rindo e Nico choramingou de volta, indignado. Ele então acariciou as costas desnudas de Nico e Nico se rendeu, derretendo em suas mãos.
— Isso não é justo! Você nunca me leva a sério. — Nico se virou de costas para a cama e o encarou fazendo uma careta adorável, e percebendo seu estado, tentou puxar as cobertas para cima de si. Ele teria conseguido se Percy não o tivesse parado, o segurando pelo ombro, deslizando suas mãos até elas chegarem na nuca de Nico, e se aproximou dele, juntando suas testas.
— Eu levo, juro que levo. Na verdade, queria pedir desculpas. Não devia ter te tratado assim.
— Me tratado como?
— Você não vê o problema?
— Hm?
— Nico, eu bati em você, te joguei na cama. Fiz algo que você não queria.
— Eu… — Nico piscou lentamente, e o surpreendeu, não desviando o olhar do seu. — Eu gostei. Só… não foi uma boa experiência quando tentaram me amarrar. Eu não me importo de tentar com você. Eu me assustei, você nunca foi violento comigo. Eu gostei. Gostei muito.
— Não faz isso comigo. — Percy implorou, tentando impedir que aquelas ideias se formassem em sua cabeça.
— Eu quero que você me bata de novo. Pode me jogar na cama quantas vezes quiser. Só me promete que sempre vai me amar. — Nico disse, sua expressão toda aberta e vulnerável, e infelizmente Percy soube, Nico não estava mentindo.
— Eu te amo. Sempre. Mesmo quando você me deixa louco.
Nico desviou os olhos dele por um instante e quando voltou a encará-lo, mordia os lábios, como se não tivesse certeza de algo.
— Eu quero… quero te satisfazer… e se… e se me fazer chorar ou me fazer gritar é o que te agrada… eu não me importo.
Percy arfou, tentando não demonstrar como seu corpo estava reagindo com essas palavras, mas como resistir quando Nico falava daquela forma quase inocente e na voz mais doce e afável?
— Eu não quero te fazer chorar.
— Mentiroso. — Nico disse, um sorriso começando a surgir em suas suaves feições. — Eu não quero que você se reprima por minha causa.
— Você tem que fazer o mesmo.
Nico mordeu os lábios e pareceu pensar sobre o assunto, suas mãos pequenas vindo parar sobre os ombros de Percy.
— Eu não sei se consigo. Como eu poderia dizer essas coisas?
— Você parece não ter problemas no momento.
— É porque estou… estou flutuando nas endorfinas. Não sei quanto tempo vai durar.
— O que te faria sentir melhor?
— Eu amo quando você me toca em qualquer lugar.
— Onde?
— No pescoço. Na mão. No pulso. Na… na cintura.
— Assim? — Percy deslizou os lábios pelo rosto de Nico e o beijou no lado do pescoço, aplicando uma leve pressão ali.
— Hmhmm. — Nico suspirou, fechando os olhos. — Eu amo quando… quando você me diz o que fazer, quando… quando toma o controle.
Percy parou por um momento e deixou o ar sair. Com Nico sempre era difícil saber, se ele fazia o que queria ou se Nico fazia o que os outros esperavam dele. Era melhor ir com calma.
— Eu quero que você saiba. Você pode me contar qualquer coisa. Vou ficar com ciúme, mas nunca vou te julgar.
Nico soltou uma risadinha toda feliz e manhosa, e se virou em direção a Percy, encostando a cabeça em seu ombro.
— Só se você me contar também.
— É um trato, então.
Ele beijou o rosto de Nico, se levantou e foi até o banheiro. Quando voltou com uma toalha quente e umedecida, Nico finalmente estava dormindo, todo encolhido em seu lado da cama e com um doce sorriso nos lábios.
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Ahhhhh esse capítulo foi tãoooo cliche! Serio! Não sei o que aconteceu, pelo menos espero que tenha sido divertido. Comentários são sempre bem-vindos. E obrigada por ler. Na sexta tem um capítulo traduzudo, e para quem está lendo a versão em inglês quero avisar que teve mudanças mínimas, como o Percy nunca ter namorado com Annabeth e uma frase ou outra.
Até logo.
Oii, como vai? Esse era para ser um capítulo curto, ai resolvi fazer algo especial mais para o final. Espero que vocês gostem! Vejam as notas finais para mais informações.^^
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI
— Presta atenção! — Percy gritou e passou a bola para Chris Rodriguez, um garoto alto de feições hispânicas. Um amigo ótimo, mas que agora estava lhe dando nos nervos.
Tudo bem, não era culpa de Chris. Percy queria terminar logo aquele treino e encontrar Nico que o esperava nas arquibancadas. Era demais pedir que o tempo passasse mais rápido? Ele gritou de novo, agora vendo Charles Beckendorf se distrair com a namorada líder de torcida.
Porra, será que dava para alguém fazer alguma coisa certa!?
— Cara, pega leve! — Grover veio correndo até ele quando o treinador encerrou o treino antes do normal. — Seu garoto não está cuidando de você?
Grover estava certo, Nico tinha cuidado muito bem dele. Percy até tinha relaxado depois do ato, mas então ele sentiu aquela raiva subir para a cabeça observando aquelas pessoas cobiçarem o que era dele. Quando Nico era solitário e indefeso ninguém fez nada, preferindo o isolar, mas agora que Nico cresceu e ficou alto com aqueles ombros largos e intensos olhos negros, levando seu violão pelos cantos, praticamente sendo impossível não se encantar quando ele cantava, pensando que ninguém o via, isso o tirava do sério. Trazia seu pior lado para fora.
Ele admitia que estava enlouquecendo, devagar e constante, brigando com quem tentasse se aproximar. Esse devia ser o único motivo para ele querer que as pessoas ficassem longe de Nico. Quer dizer, não era muito diferente do que acontecia antes. Não que ele tentasse esconder, Percy afastava as pessoas de propósito e sabia disso. Nico também sabia disso. Até o zelador sabia. Ele queria se sentir mal por agir dessa forma, impulsivo e… tão errado. Pensou que esse Percy tinha ficado no passado e que ele tinha morrido com a partida de Nico, se achando tão adulto agora que não agia dessa forma. Isso é, até Nico voltar e mostrar para ele que ainda era o mesmo menininho inseguro e ciumento.
— Per-cy! Terra para Percy. Tem alguém em casa? — Grover disse e balançou a mão em frente a seu rosto, vendo que agora um grupo de garotos se formava ao redor deles.
Era normal, afinal ele era o capitão e eles costumavam ter conversas sobre possíveis mudanças na estratégia de jogo. Hoje não era um desses dias, hoje ele não tinha prestado atenção em nada, em passes de bola, a posição dos jogadores na quadra ou quantas cestas foram feitas.
— Desculpa, gente. Vocês estão dispensados.
— Jackson, qual é? Fala logo. — Luke disse, caminhando despreocupado até ele.
Percy respirou fundo e tentou se concentrar.
— Falar o quê?
— Você não vai pirar de novo, vai? — Outra pessoa falou, embora todos soassem iguais para ele.
— Quem concorda no sub-capitão tomar conta do time? — É claro que Luke falou isso já que ele era o sub-capitão.
— Façam o que vocês quiserem.
Nada importava mais do que Nico. Calmamente, ele tirou a faixa de capitão do braço e jogou para quem estivesse mais perto, dando as costas para eles.
— Quero ver quanto tempo vocês duram.
— Percy, volta aqui! Eu estava brincando! Desde quando você escuta o que eu digo?
Mas ele não voltou, continuou marchando para a saída, lembrando de pegar suas coisas perto do vestiário e só parou quando encontrou Nico na parte de baixo da arquibancada, alheio ao que acontecia à sua volta. Ele estava sentado na grama, com as costas apoiadas no pé da estrutura da arquibancada, dedilhando o violão e murmurando algo baixo na voz mais aveludada e doce que ele já tinha ouvido. Nico parou de tocar e então se virou em direção ao caderno em frente a ele para anotar algo, tudo isso enquanto as pessoas ao redor o observavam com admiração.
Sabe, ninguém costumava assistir aos treinos além das líderes de torcida, mas ali no sol do fim de tarde e com os pássaros cantando, Nico nunca esteve tão belo; cabeça abaixada e postura relaxada, lhe dando a impressão que cada vez mais a plateia se multiplicaria se isso continuasse acontecendo. Então… então aquela raiva voltou com tudo e foi tão de repente que ele parou antes que Nico pudesse notar sua presença, não queria que Nico visse essa parte sua. Ele inspirou fundo por longos momentos e só quando teve certeza que conseguiria se controlar, se aproximou o resto do caminho, parando na frente de Nico.
— Você está pronto? — Perguntou a Nico.
— Hmhm. — Nico acenou, levantando a mão do violão e se espreguiçando. — Você não tem que fazer nada? Ainda são três horas da tarde.
— Não, hoje sou todo seu.
Foi quando Nico levantou a cabeça, o olhou entre os cílios e sorriu para ele, todo meigo e tímido, o levando de volta para tempos mais simples.
— Vamos? — Ele quase esqueceu das pessoas ao redor, murmurando mais distantes deles. Bastou Nico acenar novamente enquanto guardava suas coisas para enfim segurar em suas mãos que elas desapareceram de vista, insignificantes, feito insetos barulhentos.
Ele pegou a mochila de Nico, o ajudando, enquanto Nico levava o violão na mão que não estava ocupada pela sua.
— Música nova?
— O grupo de prática de banda vai se apresentar no baile.
— Vai, é? — Percy até já podia imaginar quanto fãs Nico conseguiria nessa noite.
— Por que você não me disse que ia ter um? Eu nunca fui.
— Eu não estava planejando ir. — Não desde que Nico tinha voltado, mas agora que ele mencionou o baile… — Você quer ir comigo?
— Senhor Jackson! Você está me chamando para sair? É um encontro?
— Só se você quiser.
Percy não conseguiu se conter, Nico estava rindo e fazendo piadas com tanta alegria que isso esquentava seu coração a ponto que ele teve que parar no meio do caminho e beijar Nico até que ambos estivessem sem ar; em seus lábios, maçãs do rosto, mandíbula e pescoço. Ele só parou quando Nico riu tanto que lagrimas saíram de seus lindos olhos negros.
— Então, está marcado. É um encontro.
— Seu bobo. — Nico suspirou, o encarando bem de pertinho, e outro impulso o tomou. Percy secou as lágrimas de risadas que ainda caiam e o beijou mais uma vez, apenas para expressar o quando ele o amava.
— Estou falando sério. Até vou usar um terno. O que você acha?
— Eu acho que você vai ficar muito bonito.
— Eu pensei que eu já era. — Nico sorriu de novo e Percy nem tentou se controlar dessa vez, ele abraçou Nico pela cintura e o beijou como na noite passada, como se ninguém estivesse vendo, e só parou quando Nico gemeu, agudo no fundo da garganta, e o afastou, o empurrando sem força pelo peito.
— Per. — Nico choramingou, piscando devagar, quase gemendo de frustração, mas tão suave que ele sentia vontade de encostá-lo contra a parede e resolver o problema deles bem ali. Isso iria mostrar a quem Nico pertencia.
O quê? Não! Ele não era essa pessoa. Ele não…
— Per? — Ele sentiu dedos macios contra seu rosto e piscou, tentando tirar esses pensamentos da cabeça. Nico parecia preocupado com um leve vinco entre as sobrancelhas. — Tudo bem?
— Claro, tudo bem.
Nico tinha razão em ter fugido dele. No fim, o perigo não estava nas outras pessoas e sim nele, um garotinho doente e possessivo.
— Você quer comer alguma coisa? Está ficando tarde.
Percy apenas acenou, sendo puxado por Nico em direção a seu carro. Ele sentia a preocupação emanar de Nico, era a forma que ele falava todo baixinho e cuidadoso, os toques afetuosos em seu braço ou ombro como se tentasse consolar um garotinho que tinha caído e machucado a perna. E mesmo sabendo de tudo isso, Percy ainda não se sentia culpado. Entendia perfeitamente o que estava fazendo, e ainda assim, deixou que Nico o consolasse, absorvendo a atenção que Nico lhe dava feito uma esponja no deserto.
No fim, eles acabaram voltando àquele mesmo restaurante que Nico tanto tinha gostado, pedindo outra garrafa de vinho e toda a macarronada que Nico foi capaz de comer. Ele sabia que devia pelo menos avisar a mãe que a esse ponto deveria estar preocupada sua ausência, mas Percy logo se esqueceu disso. Contente, observou Nico comer com vontade e beber mais da metade da garrafa de vinho como se fosse água, bem menos bêbado que na vez anterior. Percy não se importava, porque, na realidade, estava exatamente onde queria estar, com Nico sorrindo para ele e prestando atenção somente nele.
***
Imediatamente, Nico soube que algo estava errado. Ou melhor, que eles estavam caindo nos mesmos vícios de antes. Para falar a verdade, era difícil se preocupar com essas coisas. Era muito, principalmente quando Percy estava tão perto e cheirava tão bem, aqueles braços fortes em volta dele e os beijos que o faziam estremecer. Mas ele precisava… precisava…
— Lindo. — Percy murmurou contra seus lábios, o puxando para perto até que não restasse nenhuma distância entre seus corpos. Eles ainda estavam no restaurante e essa não era uma atitude adequada para se ter em um lugar público.
— Per. Para com isso.
— Hm? Eu não-- eu sinto muito.
— A gente precisa conversar.
Isso fez Percy parar. Nico viu Percy respirar fundo e o encarar todo sério. Isso era pior ainda, a expressão no rosto de Percy o fazia querer abrir as pernas e obedecer tudo o que Percy mandasse, e ele sabia exatamente o que Percy pediria se eles se deixassem levar.
— A gente não precisa conversar. — Percy falou quando ele não disse nada.
— Não precisa?
— Eu sei de tudo. É o meu comportamento.
— Se você sabe…
— Não consigo me controlar.
Hm… isso era uma evolução. Ele acenou e sorriu, orgulhoso de Percy.
— Sei que não é certo.
— E o que mais?
— Vou tentar melhorar.
Nico deixou o ar sair e relaxou contra o assento do restaurante.
— Olha, eu não me importo de verdade.
— Não? — Agora Percy parecia sinceramente confuso.
— Eu sei quem você é e porque faz essas coisas. Talvez eu tenha certa culpa…
— Então, qual o problema?
— Isso afeta sua relação com as pessoas. Você é capitão e vai ser orador da turma. Não quero que isso… que nosso relacionamento destrua o que você lutou para conquistar.
— Nico. — Foi quando ele viu Percy arregalar os olhos e o encarar com um olhar perdido.
— Você sabe que eu não fui embora por causa de você, não sabe?
— Eu pensei que…
— Per, você não é o problema, nem mesmo sua mania de nos isolar dos outros me incomoda.
— Eu sou horrível.
— Eu também sou. Eu… eu te incentivei. Quando alguém mostrava interesse em você, eu… não me orgulho do que fiz.
— O que você fez? — E onde ele achava que veria julgamento, Percy mostrou a ele a pura curiosidade.
— Você lembra da Rachel e dos irmãos Stroll? Não quero falar disso. O problema aqui é que eu… eu não queria sexo e não sabia como dizer isso pra você, então, eu… eu fugi e agora… tudo está pior!
— Não diga isso. Eu prometo que--
— Não, você não entende! Eu senti sua falta todos os dias. Nunca mais quero passar por isso. Eu… eu… você nunca mais vai se livrar de mim! Está me ouvindo! Nunca mais! — Para provar seu ponto, ele puxou Percy pela jaqueta e o beijou, praticamente batendo seus dentes.
— Bebê.
— Não, não é isso. Quero dizer que agora você não tem razão para me deixar estragar as coisas.
— Nico. — Percy falou aquilo tão baixinho e suavemente que ele teve que parar por um momento. — Você é a melhor coisa na minha vida. Eu te amo, é minha culpa você pensar dessa forma.
— Não é sua culpa. E eu… eu também te amo.
Pronto, Nico tinha dito o que precisava. Por algum motivo sentia um aperto no coração, uma pressão no peito que só o toque de Percy aliviava. Ele mal conseguia pensar racionalmente, porque nada daquilo era racional. Não essa possessividade que ambos sentiam ou essa necessidade de estar perto um do outro. Não podia ser saudável. Ou normal. Como as outras pessoas podiam viver sem se sentir tão amadas e desejadas como ele sentia ao olhar para Percy?
— Está tudo bem. — Percy disse, esfuziante em seu sorrir. — Você pertence a mim e eu pertenço a você. Pode não ser comum, mas porque resistir a isso?
— Está tudo bem mesmo?
— Está, eu prometo. Vou fazer de tudo para que dessa vez as coisas deem certo. Você confia em mim?
— Eu confio. — Como ele podia não confiar quando seu corpo e alma se elevavam com o simples toque de dedos contra sua nuca e lábios molhados contra os seus?
— Você não precisa se preocupar, está tudo sobre controle.
Ele acreditou.
Com um suspiro aliviado, Nico se deixou ser abraçado e consolado. Confiaria que Percy cuidasse de tudo, exatamente como sempre tinha sido.
***
Cena Bônus: Achei que esse capítulo ficou pequeno, então decidi trazer uma cena do passado. Um presente curto para vocês.
— Obrigado por vir. — Percy Jackson abriu a porta e deu passagem para ela entrar.
Clarisse estranhou imediatamente, eles não eram os melhores amigos e nunca seriam. Ela não sabia explicar, Percy costuma ter uma aura de quem pisaria em qualquer um para ter o que queria… ou melhor dizendo, Percy era um das pessoas mais intimidadoras que ela já tinha conhecido. Clarisse sabia que Percy usava sua altura e força para se destacar, mas era algo mais do que isso. Sinceramente? Nunca pensou que fosse ser convidada para participar das festas dos populares, e muito menos pelo garotinho magro e nerd que sentava todas as aulas ao lado do capitão psicopata de basquete. O que mais a constrangia era como da noite para o dia a atitude de Percy tinha mudado, de valentão para polidamente educado.
Era por isso que nesse momento Clarisse estava parada em frente a porta de Percy Jackson, hesitando em dar o próximo passo. Nunca se sabia o que poderia ter dentro da casa de um psicopata. Mas, enfim, quando parecia que nenhum dos se renderia, Percy estendeu a mão. Entretanto, ele só pegou a travessa com os sanduíches e salgadinhos de suas mãos quando ela ofereceu a ele primeiro.
— Isso é muita coisa. — Ele disse, obviamente fazendo força para parecer simpático.
— Não foi nada. — Não foi mesmo, eles tinham encomendado no dia anterior. Talvez sua mãe tenha exagerado.
A verdade é que ela não sabia ao certo o que levar. Tudo o que Nico tinha dito era para ela trazer alguma coisa e aparecer até o meio-dia. Geralmente ela ficaria bem longe daquele tipo de gente, mas Annabeth tinha pedido para ela espionar, por isso estava ali, tentando ser civilizada com a pessoa mais selvagem que ela já tinha conhecido.
— Entre. — Foi tudo o que ele disse antes de dar as costas e seguir pelo longo corredor para dentro da casa.
Ela o seguiu, se surpreendendo pelo tamanho da sala de estar. Ali havia uma grande mesa de buffet onde Percy tinha colocado os salgados, sofás longos e confortáveis, puffs, um telão de cinema e tanta comida que ela achava ser impossível de comer, sem contar os móveis de bom gosto, decoração em tons pastéis e uma maravilhosa vista para um jardim bem cuidado e uma piscina olímpica.
— Se sinta à vontade. — Sem esperar, Percy desapareceu subindo as escadas e entrou em outro corredor.
— Ele é assim mesmo. Você se acostuma.
Distraída, Clarisse deu um pulo e olhou em direção ao sofá. Era Grover! Finalmente alguém decente nesse lugar.
— O que está acontecendo aqui? Cadê as pessoas dessa festa.
— Festa? É mais uma noite do pijama.
— Noite do pijama?
— Percy e Nico não gostam de confusão.
— Hm? — Ela não estava entendendo nada.
— A gente se reúne pra comer alguma coisa e assistir um filme. Às vezes pra jogar alguma coisa.
— É isso que vocês gente rica fazem?
— Não, mas Percy e Nico gostam assim.
— “Percy e Nico”? Eles são uma entidade por acaso? Um ser único?
Isso fez Grover gargalhar. Sentando no sofá, o garoto segurou a barriga e jogou a cabeça para trás.
— Você está mais certa do que pensa! Gostei de você, acho que vai se encaixar muito bem com a gente.
— A gente? Quem exatamente? Não estou vendo ninguém.
— Gente, temos companhia! — Grover colocou a mão em volta da boca e gritou, criando um eco pela sala. Miraculosamente, pessoas começaram a vir de todas as direções, escadas abaixo, e de cada corredor ou porta fechada.
— Clarisse, é bom te ver. Como vai a esgrima?
Silena foi a primeira a se aproximar. Ela tinha sido sua parceira por anos antes de ter que se focar nos estudos e nas líderes de torcida. Beckendorf estava atrás dela, todo sério e quieto. Quem Clarisse não esperava encontrar era Luke e Thalia, Leo também. Não que fosse surpresa, todos eram populares de seu próprio jeito. Ela só não entendia porque Annabeth não estava entre eles; ela parecia alguém que se encaixaria perfeitamente.
— O que te traz ao nosso humilde cafofo? — Luke perguntou todo charmoso, desfilando até se sentar a seu lado. — Nunca pensei que te viria aqui.
— Nico me convidou, então, eu vim. — Ela deu de ombros. Talvez ela só estivesse curiosa para saber como aquela gente vivia.
— Não se preocupe, logo perde a graça. Você vai ver.
Como se anunciando a deixa, Percy e Nico desceram as escadas, de mãos dadas e falando algo em um tom tão baixo que seria impossível escutar daquela distância. Entretanto, assim que Nico viu sua presença, ele veio até ela e a abraçou, dizendo: — Fico feliz que você tenha vindo. Está com fome?
— Talvez, depois.
— Certo. — Nico sorriu para ela, segurando em suas mãos rapidamente e se levantou indo em direção a Percy que tinha observado tudo de braços cruzados e com a expressão mais ameaçadora que ela já tinha visto. Isso é, tudo isso aconteceu antes de Nico se voltar para Percy, pois no instante seguinte, Percy sorriu, mostrando dentes brancos e covinhas bonitas, com tanto amor no olhar e oferecendo apenas bondade e felicidade para Nico, que Clarisse pensou que Percy fosse duas pessoas diferentes.
Ela estava ali há cinco minutos e achava ser suicídio social tentar fazer qualquer coisa que atrapalhasse o que estava acontecendo entre os garotos. E a cada momento que passava, se surpreendia mais. Viu em câmera lenta Percy receber Nico entre seus braços e o apertar bem forte para em seguida beijar a testa de Nico, enquanto Nico apenas sorria contente, praticamente engolido pelo corpo de Percy. Ela nunca tinha visto um gesto tão fraternal se tornar tão sexual e possessivo em meros segundos.
— Isso é normal? Nico precisa de ajuda? — Ela cochichou para Grover e Luke que estavam a seu lado.
— Você acha que ele precisa?
Era uma boa pergunta. Quase desaparecendo atrás de Percy, viu Nico arrastar Percy para o meio da sala e se sentar entre os puffs, em frente a uma mesinha de centro. Logo alguém trouxe alguns pratos de comida para perto deles e todos começaram a comer, mesmo que os pratos estivessem mais próximos de Nico. Isso é, quase todos começaram a comer, Percy apenas observou o desenrolar dos fatos, parecendo fiscalizar o que acontecia ao redor dele com um olhar satisfeito vendo Nico comer com entusiasmo.
— Quer mais? — Percy perguntou a Nico. E sem esperar a resposta, voltou com uma bandeja cheia de mini-pizzas. — O seu favorito.
— Obrigado, Per. — Nico sorriu docemente e sua voz soou ainda mais amorosa, destilando mel, açúcar e tudo de bom no mundo.
— Acho que vou vomitar.
Clarisse concordava com Luke, meio hipnotizada vendo aquela cena doméstica. Felizmente ela foi quebrada quando Percy olhou para eles com um sorriso de canto para lá de cínico, dizendo:
— O banheiro fica na segunda porta à direita. — Entretanto, Percy logo disse, se lembrando de ser um anfitrião: — Porque vocês não pegam um prato. Não quero ter que jogar comida fora.
E já que ele dizia de forma tão amável, por que não?
Clarisse foi a primeira a se levantar e ir até a mesa do buffet. Ela começou com um pedaço de bolo de limão e um copo de suco de maçã. Se sentou ao lado de Nico e dessa vez, não parecia que Percy iria a fuzilar com o olhar. Percy sinceramente parecia contente em se sentar colado a Nico e vê-lo comer com um olhar enamorado.
Até o fim da noite, assistindo o segundo filme e vendo Nico dormir sobre o ombro de Percy na maior demonstração de amor que ela já tinha visto, Clarisse chegou a uma clara conclusão. Tinha pena de Annabeth e de qualquer um que tentasse ficar no caminho de Percy Jackson e seu doce companheiro que de inocente tinha apenas o sorriso.
***
— Por que tanta comida? — Era a grande questão da noite.
Clarisse percebeu que assim que um prato se esvaziava, outro substituía seu lugar, um mais gostoso do que o outro. Tudo o que ela sabia é que não aguentava mais, e que não conseguia parar de comer.
— A família do Percy tem um restaurante.
— Eu sei disso. Todo mundo sabe.
— Nos considere um grupo de testadores. — Nico disse a ela, comendo um doce que Clarisse não sabia o que era. — Se a gente gosta, entra no cardápio. Se não, em revisão.
— A questão é. Quem fez tudo isso?
— Eu e Sally. — Nico deu de ombros e sorriu quando viu a reação de Clarisse.
— Você sabe cozinhar?
— Desde pequeno.
— Você não é rico? — Quando Nico olhou para ela, todo confuso, Clarisse completou: — Quer dizer, você não tem empregados para isso?
— Cozinho quando estou nervoso ou ansioso.
— Sério?
— Pra gente, comida é um gesto de amor.
Mas Nico não falava isso olhando para ela, não, Nico tinha as mãos no colo e seu rosto estava corado, observando Percy conversar com um grupo de garotos perto da varanda enquanto eles continuavam perto da mesinha de centro.
— Um gesto de amor?
— Sei que Percy parece grosseiro às vezes. É só que ele tem dificuldade em confiar nas pessoas.
— E você?
— Eu confio nele.
— Claro.
— Sabe… a gente cuida dos nossos amigos…
— O que isso quer dizer?
Nico sorriu de novo para ela, seus olhos negros brilhando, enquanto ele mordia mais um pedaço do doce. Logo Clarisse entendeu o que acontecia, Percy vinha caminhando em direção a eles, todo orgulhoso de si mesmo. Num primeiro momento Clarisse não tinha entendido nada, e só percebeu a armadilha quando um garoto menor apareceu atrás de Percy. Era Chris, o garoto que ela tinha visto pelos corredores e nunca tinha tido a coragem de falar com ele.
Era até engraçado. Percy puxou Chris para a frente e deu um empurrão no garoto até que ele estivesse em sua frente, o rosto corado de vergonha.
— Clarisse, quero te apresentar Chris Rodriguez.
— A gente já se viu por aí.
— Isso é ótimo, não? — Percy piscou para ela e guiou Nico pelo braço tão rapidamente para longe que quando viu, ela e Chris estavam sozinhos. E já que eles estavam ali… por que não? Ela sorriu para Chris, pensando que no fundo Percy Jackson não era tão ruim assim.
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E então, o que acharam? Sei que as ultimas cenas deviam ser curtas, mas eu não consigo me controlar. Também não queria fazer flashbacks, entretanto eles são tão interessantes que vou fazer mais alguns. Eles vão ficar meio bagunçados, nada que atrapalhe na compreensão da história, mas com toda certeza vou ter que revisar a ordem deles dentro dos capítulos.
Espero que tenha sido uma boa leitura. Sugestões e comentários construtivos são sempre bem-vindos!
Ah, esqueci de avisar, espero que cenas +18 não estejam muito estranhas e que talvez a contagem de palavras passe as 50 mil palavras, vou tentar me controlar, mas vocês me conhecem. Me desejem sorte.
Também fica defino o cronograma de postagem. Uma vez por semana nas quartas-feiras.
Obrigada por ler!
Oii, como vai? As coisas começam a ficar mais interessantes aqui. Não vou dar spoiler, mas... gostei muito desse capítulo.
Boa leitura!^^
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V
Nico sentia que estava fazendo algo de muito errado, como se estivesse manchando a imagem que Percy tinha dele. Mas eles já tinham se tocado daquela forma, dormido na mesma cama pelados e agora andavam pelos corredores de mãos dadas como os namorados que ele dizia que eles não eram, então, qual seria o problema se… se ele mostrasse o quanto Percy era importante para ele, principalmente se fosse pela forma que Percy cuidou dele na noite passada? Nico só queria retribuir o gesto. Assim, como quem não quer nada, ele disse:
— Per, preciso ir no banheiro.
Sem esperar, Nico ignorou o sinal da segunda aula e puxou Percy pelas mãos, o guiando em direção ao banheiro na área das quadras de esportes, banheiro esse que nessa hora do dia estaria deserto. Percy apenas inclinou a cabeça, todo confuso e o seguiu sem questionar, enquanto que Nico tentava agir normalmente para não estragar a surpresa, achando que era inocência demais até para ele, mas, sinceramente? Ele queria que Percy visse como era legal ser encurralado contra a parede e sem qualquer aviso.
Nico não deu muito tempo para Percy pensar. Assim que entraram no banheiro, guiou Percy para um dos cubículos, fechou a porta e colocou as mãos nos ombros de Percy, o empurrando para trás até que Percy bateu as costas na parede. Nico não conseguia acreditar como aquilo era divertido ver os olhos de Percy se arregalando e sua respiração se tornando mais apressada, sendo que ele ainda nem tinha começado.
E por que perder mais tempo? Olhando nos olhos de Percy, deixou que suas mãos deslizassem para baixo enquanto se ajoelhava entre as pernas de Percy, colocou o rosto sobre a virilha de Percy e massageou lugar sobre a calça jeans, deixando que sua boca se aproximasse, beijando o tecido que já tinha um bom volume perceptível.
Ele olhou para cima e sorriu, porém Percy não sorria de volta. Não, ele estava todo tenso, ombros retos, mandíbula trincada, respiração rápida e mãos em forma de punho ao lado do corpo. Isso costumava acontecer no passado também quando ele fingia que não via e que não sabia o que estava acontecendo; esse era Percy excitado e tentando esconder, tentando tanto ser o garoto honrado e bonzinho que todos pensavam que ele era. Quer dizer, Percy era o melhor, a questão era a libido alta que Nico não estava disposto a lidar naquela época.
Bem, agora as coisas tinham mudado, ou melhor, evoluído. O que ele podia dizer? Admitia que era lento para fazer as coisas que pessoas da idade dele já eram experientes. Quando ele tinha se visto sozinho e arrependido de cada decisão que envolvia sexo, principalmente por não ter lidado bem com Percy e... e beijos, já era tarde. Do outro lado do mundo e depois que o choque tinha passado, sentiu tanta falta de Percy que tinha pensado em voltar imediatamente e dizer que estava errado, implorando por perdão. No fim, sua família achou melhor que eles ficassem um tempo por lá.
Isso já não importava, ele preferia se concentrar no presente, na forma que Percy tentava se controlar, todo tenso e angustiado, querendo tocá-lo, mas como Percy tinha prometido, o amigo não iria forçá-lo. No fundo, Percy tinha razão; ele dizia uma coisa e fazia o contrário. Talvez ele só estivesse ajoelhado entre as pernas de Percy porque Percy disse que não faria isso novamente, e Nico queria testar o quanto Percy estava comprometido. Nico enfim levou as mãos para o botão das calças de Percy e o abriu, prestes a descer o zíper quando Percy segurou suas mãos.
— O que você está fazendo? — Percy praticamente o acusava e ele praticamente ria da cara de Percy, se sentindo vingado por aquela manhã na escada e com sua irmã.
— Você não quer?
— Você disse que queria ir devagar.
— Isso não é devagar pra você?
— Nico! — Percy chiou entre os dentes, mantendo a voz baixa. — Eu estou tentando e você não está ajudando.
— Eu só queria te recompensar, você me tratou tão bem noite passada…
Enquanto ele piscava os cílios da forma mais inocente que conseguia, falando todo doce e baixinho, viu o momento em que Percy desmoronou contra a parede, sua expressão num misto de frustração e angústia tão intenso que Nico não aguentou, ele encostou o queixo na perna de Percy e riu, gargalhando, deixando que sua risada ecoasse pelo banheiro vazio.
— Eu sabia que você ia se vingar de mim.
— Só um pouquinho. — Nico disse entre risadas. — Mas a oferta ainda está de pé.
— Está? — Percy murmurou, agora mais calmo e contido, levando uma das mãos aos cabelos de Nico, os acariciando suavemente. E Nico gostava muito disso, da voz e do toque firme e confiante, como Percy se certificou do que estava acontecendo com ele antes de deixar sua libido tomar conta. Era por isso que Percy merecia uma recompensa.
Ele enfim baixou o zíper e deslizou os dedos para dentro da cueca de Percy até achar pele quente e o membro ereto, o puxando para fora, admirando o tamanho e largura. Ele sabia que isso ia soar clichê, mas… mas era grande e longo, pesado, cheio de veias saltadas e molhado na pontinha de forma que o fazia querer lambê-lo até que estivesse molhado novamente.
— Você não precisa. — Nico ouviu num sussurro ao mesmo tempo que as mãos de Percy vieram para sua nuca e couro cabeludo com mais vontade, a voz de Percy perto demais, o fazendo ver que Percy tinha se inclinado sobre ele, e que agora ele o puxava levemente pelo cabelo, o forçando a encará-lo antes de beijar seus lábios todo doce e suave, como se tentasse seduzi-lo: — Você não precisa. Nunca. Se você não quiser.
— Eu quero. — Se tinha uma coisa que ele tinha aprendido é que gostava disso, era a única coisa que tinha gostado antes da noite passada. Mas ele não falaria isso para Percy, tinha medo de ver a reação dele. Era mais fácil agir e deixar que as coisas acontecessem.
Então, tomando coragem e ainda observando a reação de Percy, ele segurou na base e levou os lábios a cabeçona, lambendo feito um sorvete para logo em seguida selar os lábios em volta e chupar, devagar e lento, se certificando que seus dentes estariam fora do caminho, fez uma leve pressão com os lábios e deslizou um pouco para baixo, bobeando a cabeça ainda mais devagar e enfim ouviu o primeiro gemido vir de Percy, estremecendo quando Percy puxou seus cabelos com força, o forçando a se afastar do membro.
— Quem te ensinou isso?
— Eu tive um namorado, sabe?
— Você disse que vocês não fizeram sexo. E isso é sexo.
— É?
— Se tem alguém tendo prazer ou gozando é sexo.
— Hmm. — Ele murmurou, lambendo os lábios. Percy ficava mais atraente ainda quando ficava todo… intenso.
Nico não devia pensar nessas coisas, sabia que não devia. Não era culpa dele se Percy continuava o segurando pelos cabelos como ele pertencesse a Percy ou se Percy continuava o encarando com aquele fogo no olhar, feito um animal enjaulado que queria vingança. Ele achava que precisava de ajuda psicológica, mas enquanto isso não acontecia Nico podia se divertir, não?
— Você vai foder a minha boca?
— O-oquê?
— Quem sabe você quer--
— Não diga mais nada! — Percy rugiu, frustrado, se aproximando mais de seu rosto. — Você quer me matar? O que eu fiz para merecer isso?
— Per.
— Onde meu garoto inocente e tímido foi parar, hm?
— Ele ficou solitário e decidiu arranjar companhia. Mas essa companhia não foi muito boa.
Percy choramingou, frustrado, parecendo se agarrar aos últimos fios do controle que tinha e o beijou de novo, dessa vez com língua e tudo, o mantendo preso pelos cabelos. Mas aquilo não era mais suficiente, ele queria… queria chupar Percy até que sentisse gozo descer por sua garganta, e foi o que fez, quando Percy enfim o deixou respirar, ele abriu bem a boca, molhou os lábios e os deslizou pela extensão do membro de Percy, ouvindo um longo gemido e uma pancada em algum lugar perto deles; Nico abriu os olhos para ver o que tinha acontecido, era Percy que tinha socado a parede atrás dele e tinha os olhos bem fechados e lábios mordidos que prendiam seus gemidos. Sim, ele conseguia sentir Percy pulsar em sua língua, parecendo se alongar ainda mais. Foi nesse momento em que Nico suspirou e relaxou o rosto, permitindo que aqueles últimos centímetros alcançassem o fundo de sua garganta.
Ele admitia que tinha engasgado indo com muita sede ao pote. Tudo valeu a pena quando Percy jogou a cabeça para trás e voltou a agarrar em seus cabelos, guiando e movendo sua cabeça. Foi lindo, foi mágico, ver o instante em que Percy o agarrou com força e quando ele menos esperava, sua boca estava sendo movida naquele membro gordo, de novo e de novo, sentindo as bolas de Percy baterem em seu queixo, enquanto ele apenas ficou ali, com as mãos no próprio colo, observando a cena se desenrolar e… ah… deixando que Percy controlasse seu corpo, encurralado contra a parede ao lado da privada. Ele nem mesmo percebeu quando Percy tinha gozado, se viu engolindo ao redor de Percy, devagar e sem pressa, fungando e flutuando, ouvindo Percy grunhir para de repente ser levantado pelos cabelos e depois pela cintura, Percy limpando seu rosto e o rodeando em seus braços, o tocando em todos os lugares que pudesse alcançar.
— Nico, bebê? — Então, ele mesmo estava gemendo quando Percy abriu suas calças e encontrou umidade ali. — Você gozou?
Ele… ele achava que tinha. Era algo que talvez tenha acontecido uma ou duas vezes antes… mas isso não importava. Ele flutuava e Percy o segurava para que ele não fosse muito longe enquanto lábios desciam contra os seus mais uma vez, e de novo e de novo, até que… ele não sabia… até que seus pés tocassem o chão novamente.
***
— Tudo bem?
Agora eles estavam fora do banheiro, andando em direção ao refeitório depois de jogar uma água no rosto e de uma bala de hortelã. Ele não se orgulhava, mas tinham gastado muito tempo entre acordar, conversar com Bianca, dirigir até o colégio e... ir ao banheiro. Sua garganta ainda estava seca e seus lábios inchados, seus joelhos doíam e uma sensação fantasma permanecia em seu couro cabeludo onde Percy tinha puxado. Contudo, ele não conseguia controlar aquela sensaçãozinha no fundo de seu ser, contente e satisfeita, pela forma que ao invés de Percy estar segurando em sua mão, ele agarrava em sua cintura, todo possessivo, encarando qualquer um que dirigisse um olhar para ele que durasse mais do que três segundos. Nico também tinha sentido falta disso. E isso o fazia uma pessoa terrível.
— Nico.
— Hm? — Ele respondeu quando Percy parou no meio do corredor, tocando em seu rosto e o fazendo encará-lo.
— Eu sinto muito. Não queria que aquilo acontecesse. Isso não tem que mudar nada entre nós.
Então era isso. Percy realmente tinha medo de que ele fosse correr para a Itália como tinha acontecido antes.
— Per, eu quis.
Para provar que tudo estava bem, ele ficou na ponta dos pés, abraçou o pescoço de Percy e juntou seus lábios, deixando que seus olhos se fechassem por um momento. Percy imediatamente o abraçou pela cintura e o beijou de volta, todo intenso, mordiscando seus lábios e juntando suas línguas, roubando seu ar.
Ele ouviu um pigarro e um assobio, e não se importou, era tarde demais para se preocupar com o que as pessoas iriam dizer. No momento ele precisava acalmar Percy e mostrar que estava tudo bem. Então, descolou seus lábios e continuou no meio dos braços de Percy, levando suas mãos para os cabelos do amigo, tentando consolá-lo.
— Relaxa, tudo bem? Eu estava curtindo o momento.
— Curtindo? — Percy repetiu, franzindo as sobrancelhas, talvez o apertando com mais força.
— Eu gostei. — Ele deu de ombros, tentando não rir, enquanto o vinco no rosto de Percy se aprofundava. — Qual o problema nisso?
— Se você gosta tanto assim, não precisava ter ido para tão longe.
Nico quase revirou os olhos, sabia o quanto Percy podia ser ciumento e ele sabia o quanto ele próprio podia ser ciumento de volta. Sempre tinha sido assim, o motivo que realmente o assustou e o forçou a fugir, mostrando a ele sentimentos que não conseguia lidar. Ele sabia exatamente o que aconteceria se ele voltasse e ali estava a prova, a possessividade em pessoa. Sabia que não devia, mas também tinha sentido falta disso.
— Per. — Foi tudo o que ele disse por alguns momentos e Percy abaixou ligeiramente a cabeça, parecendo se dar conta do que fazia. — Estou aqui agora, não estou? Eu prometo que é tudo o que aprendi na Itália.
Era uma mentira, é claro. Mesmo que ele tecnicamente ainda fosse virgem.
— É? — Isso foi o suficiente para que Percy perdesse a expressão assassina e seu rosto se suavizasse num olhar doce, embora um pouco desconfiado.
Um beijinho veio em seguida, um roçar de lábios suave e molhado, mãos deslizando em sua nuca num afagar afetuoso.
— Prometo que isso não vai se repetir.
— Não prometa o que você não pode cumprir. — Ele disse quando enfim as borboletas em seu estômago se acalmaram e completou: — Não me importo se voltar a acontecer.
— Desculpa. — Percy disse em seu tom usual, parecendo voltar ao normal.
Percy deu de ombros e enfim deu um passo para trás, olhando para Nico todo sorridente, apenas para levantar uma das mãos e ajeitar os cabelos de Nico, as mãos Percy deslizando para o pescoço de Nico, e só então Nico percebeu que Percy estava massageando o lado de seu pescoço, porque a área latejava levemente.
— Chupão?
Outra coisa que não o surpreendia. Quer dizer, como ele pôde não ver? Não era a primeira vez que isso tinha acontecido.
— Você é um cachorro? — Resmungou sem realmente se importar, o resto de seu corpo não estava muito melhor. E como ele poderia ter o direito de reclamar quando podia ver um chupão na parte alta do peito de Percy onde a camisa não escondia a pele?
— Desculpa. — Percy disse mais uma vez, seu sorriso se alargando.
É, parece que nada tinha mudado.
— Você quer comer?
Por que não? Ele deixou que Percy voltasse a segurar em sua cintura e ambos caminharam em direção a cantina. Percy fez o pedido para eles, um suco, um milkshake e um pedaço de torta. Bianca teria se revoltado instantaneamente se visse como Percy nem o tinha deixado falar, como se ele não tivesse a capacidade para tal. A verdade é que ele mal teria percebido esse comportamento se seu ex não tivesse feito o mesmo com ele, meses atrás. Ele tinha se ofendido na época, finalmente começando a entender o problema, vendo o que seus antigos amigos diziam. E agora, observando Percy pegar o pedido e trazer para a mesa em que eles estavam... ainda era difícil se importar com isso quando se tratava de Percy.
Aparentemente, uma cegueira o abatia quando ele via aqueles olhos verdes e sorriso feliz.
— Não está com fome? Quer outra coisa?
— Não, obrigado.
Ele deu a primeira garfada e se sentiu tão feliz em sentir o mesmo gosto, mesmo que sua felicidade tivesse outro motivo. Por que essa felicidade era tão intensa só porque Percy fazia isso por ele?
— Coma devagar.
— Sim, papai. Vou comer direitinho.
Percy não parecia nenhum pouco impressionado pela piada. Ele fez uma careta e pegou o guardanapo, limpando o canto da boca de Nico, dizendo: — Por favor.
E Nico? Ele apenas sorriu e continuou comendo contente, feliz por saber que nada tinha mudado; o cuidado e preocupação ainda evidentes, só que agora o sexo tinha se tornado parte do relacionamento deles, enfim completando o que faltava.
— Obrigado. — Nico disse sem pensar, observando Percy jogar fora o guardanapo. — Eu nunca disse quanto sou agradecido.
— Não quero sua gratidão. — Percy, então o encarou, fazendo força para não ficar todo sério e estragar o clima feliz. Mas ele não podia enganar a Nico.
— Eu sei. Queria que você soubesse.
— Então?
— Isso entre a gente não tem nada a ver com gratidão.
Nico queria falar mais, queria dizer que nunca quis magoá-lo e que nunca mais iria abandoná-lo. Ao contrário disso, Nico segurou na mão de Percy e sorriu para ele. Imediatamente, o ambiente ao redor voltou a ficar leve e o mundo ao redor deles parou de girar, no meio daquele caos todo criando um lugarzinho apenas para os dois.
***
— Exatamente quem eu estava procurando!
Nico piscou rapidamente, desviando de seu olhar, e parecendo surpreso pela interrupção.
Percy suspirou. Quem mais podia ser? Grover e Luke, é claro. Para Percy não fazia diferença quem tinha os atrapalhado, tudo o que ele sabia é que se arrependia de ter amigos como os dele. Mas ele se negou a deixar que Nico se afastasse; mantendo a mão de Nico sobre a dele, se virou para os amigos:
— O que vocês querem? — Ouvindo Nico rindo dele, segurou em sua mão com mais firmeza ainda, e só não reclamou porque Nico momentos depois encostou a cabeça em seu ombro, doce, meigo e inocente, seus olhos negros irradiando felicidade.
— Onde você estava? Perdeu um teste. — Luke disse.
— Você vai no treino? — Grover completou. Ambos tinham sorrisos estranhos no rosto.
— O que foi?
— Parece que mosquitos morderam vocês. Noite dura?
Percy apenas suspirou, ele estava cansado demais para as piadinhas deles.
— Percy, cara! Você desapareceu! Você não atende mais o celular?
— Tanto faz.
— Ohhhh é um daqueles dias. — Luke disse, acenando, fingindo estar pensando sobre algo sério.
— Não, é um daqueles “dia do bebê”. Você não se lembra?
— Nãao! Perigo, perigo! É melhor a gente não se aproximar.
Luke pegou no braço de Grover e juntos eles deram três passos para trás, ainda de frente para eles, como se não quisessem dar as costas para um animal selvagem.
— Vocês são inacreditáveis. — Percy murmurou, tentando não deixar que as memórias o lembrassem porque esses momentos eram chamados de “dia do bebê”.
— A gente só queria saber como você estava! — Grover gritou já se afastando. — É bom te ver de novo, Nico.
Luke concordou e acenou sorrindo, ainda arrastando Grover para longe.
— Dia do bebê? O que isso significa? — Nico disse quando enfim eles desapareceram do outro lado do refeitório, o encarando com uma expressão curiosa.
— Não é nada.
— Nada? — Nico insistiu. — Isso tem a ver com os dias que a gente ficava em casa sem ver ninguém?
— Talvez.
Parte das vezes isso tinha a ver com a depressão que Nico tentava esconder, mas em outras, calmas e felizes, tinha a ver com ele querer a atenção de Nico toda para ele.
— Que fofo. Vocês até têm um nome para isso. — A voz de Nico era brincalhona, então Percy achou que era seguro colocar a mão no ombro de Nico e puxá-lo para mais perto.
— Não foi ideia minha.
— Eu sei. É engraçado.
— O que é engraçado?
— Todo mundo menos eu via o que estava acontecendo.
— Quando você fala assim parece que eu te enganei. — Percy disse, tirando do peito o que estava engasgado há anos.
— Não foi exatamente assim. No fundo eu sabia.
— Você não estava pronto.
— Eu não estava. — Nico disse num tom de finalidade ainda com a cabeça encostada em seu ombro, o que significava que ele não queria falar sobre isso. Não que eles precisassem, pois era óbvio. Sabia que Nico apenas falava essas coisas para tranquilizá-lo. A verdade é que Nico tinha se mostrado ser muito mais forte e independente que ele mesmo, e que se Nico dizia todas essas coisas era para que ele se sentisse melhor, Percy até conseguia imaginar o que mais Nico tinha percebido e se essas coisas tinham sido o motivo dele precisar atravessar o oceano para se sentir seguro.
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Então, o que acharam? Interessante?
Estava pensando em mudar as atualizações para uma vez na semana com capítulos mais ou menos com 5 mil palavras. Assim, gostaria de saber da sua opinião!
Ainda teremos um capítulo curto na sexta e no fim de semana vou decidir. Então, votem. Seu apoio e presença são sempre bem-vindos.^^
Oii, como vai? Tenho alguns capítulos já prontos e estou chegando num momento mais smutt, então, eu queria saber se alguém gostaria de ver algo especifico? Ou algo que combine com eles? Se você tiver alguma sugestão vou ficar feliz em saber^^
Hi, how's going? I have a few chapters ready and I'm getting to a more smutt moment, so I was wondering if anyone would like to see something specific? Or something that matches their personalities? If you have any suggestions I'll be happy to hear^^