Deu Um Curto Aceno De Cabeça Para Indicar Que Não Havia Sido Um Grande Problema. Matteo Estava Ciente,

Deu um curto aceno de cabeça para indicar que não havia sido um grande problema. Matteo estava ciente, em primeira mão, em como aquela atenção era chata. Os olhares que o acompanhavam para todo lugar nunca foram tão intensos quanto agora e tinha a sensação sufocante que as pessoas colocavam mais esperança naquela história do que deveriam. Ele nem ao menos acreditava que aquele grupo de desajustados tinha poder de mudar alguma coisa. Porém, se não podia ajudar toda a população, ao menos pode ajudar, Christopher. O que ele deveria realmente agradecer é que elas não olharam ambos como dois pelo preço de um. Talvez a sua fama de rabugente estivesse sobressaíndo ao seu título de solteiro cobiçado. Ou talvez estivesse esperando que eles sutilmente estivesses num encontro. O que, para Matteo, era um pensamento ridicularmente cômico. A ideia de Christopher ser sua 'alma gêmea' parecia tão impossível quanto Camilo Ricci. Se ele acreditasse em um destino cósmico, eles provavelmente seria uma piada cósmica para todos. O que, além do local em que nasceram, tinham em comum? Ele olhou Christopher de cima a baixo ─ tudo bem, não o conhecia de verdade, mas entre sua amizade com aquele que era seu nêmesis, sua profissão e a sua cantoria pelos bares da cidade, Matteo não via nada em comum entre ele. "Aparentemente alguém começou um rumor que se você transar com um reencarnado, você consegue se apaixonar," respondeu meio sem emoção. Ouviam rumores diferentes sobre os reencarnados todos os dias. Os rumores em relação à maldição estava começando a sair do controle desde que Olivia anunciou para todo mundo em praça pública a confirmação deles. Não que ele já tivesse aceitado essa condição. Matteo não se colocaria naquele grupo tão cedo. A distoância entre eles é nítida, mas ele não estava desconfortável com o novo companheiro do dia. Talvez porque estivesse no único lugar onde se sentia verdadeiramente a vontade, talvez a cada dia que passasse se importasse menos com o status. A confusão mental que o dia na cachoeira trouxe parece menos assustadora a cada dia que passava. "A menos que você queira voltar para os urubus," ele disse, olhando por cima do ombro para as mulheres. Elas já tinham se dissipado, mas ele ainda pegou uma ou outra olhando furtivamente para o homem. Seu suspiro foi longo, mas não se pendeu muito nos outros. Não era comum para ele ter um companheiro, a menos quando estava treinando alguém especificamente. Não era exatamente o caso dele, mas não duvidava que a forma de Christopher em um exercício ou outro seria o suficiente para lhe irritar e fazer com que ele mostre o correto. "Você tem um plano?" Ele perguntou, ao menos para ele era óbvia a referência ao plano de exercício, ao que iria fazer na academia, ou ao menos qual músculo iria trabalhar. Se iriam enfrentar aquele dia juntos, tinham que ao menos estar nos aparelhos próximos.

Deu Um Curto Aceno De Cabeça Para Indicar Que Não Havia Sido Um Grande Problema. Matteo Estava Ciente,
Christopher Estava Longe De Ser Um Exemplo De Dedicação Ao Condicionamento Físico. Fazia Apenas O

Christopher estava longe de ser um exemplo de dedicação ao condicionamento físico. Fazia apenas o necessário para manter a estética dentro dos seus próprios padrões e, depois, agradecia silenciosamente ao universo por ter sido agraciado com uma boa genética. Diferente do prazer genuíno que sentia ao passar horas sozinho, dedilhando as teclas do piano ou as cordas do violão, a academia lhe causava uma sensação quase claustrofóbica — especialmente em dias lotados como aquele. O espaço tomado por corpos suados, aparelhos disputados e, pior ainda, a presença inevitável de indivíduos cuja relação com o desodorante parecia inexistente tornava tudo ainda mais desagradável. Ainda assim, fazia questão de ir um pouco além do mínimo. Confiava na sorte, mas nunca a ponto de depender apenas dela.

Naquele dia, Christopher se arrependeu de cada gota de combustível desperdiçada para chegar ali. Assim que cruzou a entrada, foi imediatamente cercado por uma enxurrada de pessoas, todas ávidas por respostas que ele não queria — ou simplesmente se recusava — a dar. Perguntas sobre a maldição, sobre quem ele achava ser sua suposta alma gêmea e uma infinidade de outras especulações ecoavam ao seu redor, tornando impossível fingir que não as ouvia. Foi então que uma voz masculina se destacou no meio do burburinho, chamando por ele. Ao virar-se na direção do som, Christopher avistou Matteo. "E aí, Matteo. Já estava achando que ia se atrasar no primeiro dia." Apesar da falta de proximidade entre eles, reconhecia o outro perfeitamente — não apenas pelas incontáveis vezes em que ouvira Camilo xingá-lo, mas também pela fatídica noite na cachoeira. Não tinha uma opinião formada sobre Matteo, mas, naquele momento específico, depois de ser salvo daquela multidão insuportável, o cara facilmente poderia ocupar o top cinco de sua lista de pessoas favoritas.

"Valeu por isso." Murmurou em um tom mais baixo assim que se afastaram do grupo. Ainda lançando um olhar discreto por cima do ombro, como se temesse que os curiosos voltassem à carga, Christopher fez uma careta antes de resmungar: "Por um momento, achei que era uma carcaça cercada por urubus." Endireitou a postura, tentando recuperar um ar de normalidade e evitar atrair mais atenção indesejada. Depois, voltou o olhar para Matteo, avaliando-o rapidamente antes de soltar, com um misto de simpatia e incerteza: "Isso quer dizer que o treino de hoje vai ser em dupla...?" O tom era amigável, mas a hesitação era perceptível. Afinal, não se conheciam de verdade, e Christopher ainda tentava decifrar qual seria a melhor maneira de lidar com ele.

Christopher Estava Longe De Ser Um Exemplo De Dedicação Ao Condicionamento Físico. Fazia Apenas O

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4 months ago

Starter fechado para @oliviafb

IL GIARDINO

Matteo se sentia incrívelmente sufocado no terno recentemente comprado. Ternos não era exatamente o seu estilo de vestimenta favorito. Não que ele não fosse familiar ao estilo, já tendo fotografado dezenas, se não centenas, de ternos diferentes, mas era incrível como algo tão simples quanto roupas podiam simplesmente mudar todo um sentimento na vida real. Não era como se estivesse indo para a própria morte, mas o gosto de bile que parecia subir ocasionalmente pela sua garganta o fazia parecer que sim. Aquela parecia ser uma péssima ideia. Ele? Reencarnado? Nem os contas de fadas eram tão fantasiosos assim. Khadel era uma cidade normal e, acima disso, ele era normal. Melhor que a média, apenas por causa da sua disciplina inabalável, mas era normal e não uma alma de cem anos ou que que quisessem acreditar.

E, ainda, ali estava ele, vestido igual um pinguim, ajeitando a gola apertada do terno enquanto encarava o restaurante. Era errado. Olivia acreditava naquilo, não era? Ou estaria ela falando aos prantos que eles eram almas gêmeas apenas para chamar atenção? Não que fosse apenas ele. Ela parecia acreditar que o Chris também poderia ser e, por alguma razão, aquilo parecia o incomodar. Deixa de ser burro, Matteo. Eles já haviam ido por aquela rota e não havia dado certo. Matteo preferia focar em coisas onde fosse suceder. Parecia estúpido pensar em algo provado e fracassado. E, ainda, ali estava ele, esperando a ex-namorada. Definitivamente, deveria estar enlouquecido. Pescou o celular do bolso para olhar as horas. Se ainda conhecesse Olivia, ela estaria elegantemente atrasada, para que sua entrada tivesse impacto. Ela quem costumava pensar nesses detalhes na breve relação entre eles. Detalhes que nunca passariam na cabeça de Matteo. Estava absorto na confusão que se desenrolava em sua cabeça, até notar a apróximação da morena pelo canto do olho.

Starter Fechado Para @oliviafb

( @khdpontos )


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4 weeks ago

Matteo: Hm vi. Podemos ir sim. Te encontro lá?

Matteo: Mando uma mensagem mais perto para a gente combinar.

Olivia: Acho que nada além do que quase todo mundo sabe. E eu não sei qual o critério dessa coisa de reencarnação. Tipo, a gente volta toda vez tendo a mesma personalidade ou cada reencarnação muda?

Olivia: Porque se for a mesma essência, eu me identifico mais com a Rose do que a Kimberly.

Olivia: Mas, ei, chéri, viu que o instagram da cidade falou sobre uma Feira dos Sentidos?

Olivia: É só depois do ritual, mas tá afim de ir? Podemos conversar mais sobre isso lá.


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3 weeks ago

Matteo decidiu ficar calado com o murmúrio. Parecia que nada que falava ou fazia em relação à Helena dava certo. Ele estava sempre errado de alguma forma — porque ele não dava abertura, ou não fez o comentário correto, ou olhou de forma enviesada. A luz filtrada pelas ervas penduradas parecia brincar com os contornos do rosto dela — e ele odiava que tivesse reparado nisso. “Se ela jogar água em mim, eu juro que levanto e vou embora. Espiritualidade tem limite.” Tentou manter o tom leve, mas o incômodo era difícil de disfarçar. Sentia a camisa colando nas costas por causa da umidade, e não era só suor físico. Era o peso do espelho, da imagem que o perseguia mesmo ali, mesmo com tudo coberto, borrado, envolto em incenso. Virou o rosto só o suficiente pra encará-la quando ela falou sobre escolher. “Se desse pra escolher isso, eu encomendava três litros,” murmurou, ultimamente ele precisava bastante disso. “Mas acho que coragem é o mais próximo,” fez uma pausa, “coragem é bom. Clareza também. Mas se tiver um item extra chamado ‘me deixar em paz’, eu levo esse.” Tentou brincar, mas a voz saiu mais baixa. Um fio de verdade passando ali. Ele cruzou os braços, desviando os olhos outra vez, como se pudesse se proteger só com isso. “Vamos escolher logo antes que ela volte com um galho de arruda.”

Matteo Decidiu Ficar Calado Com O Murmúrio. Parecia Que Nada Que Falava Ou Fazia Em Relação à Helena

Aquela velha louca parecia que tinha enchido a cara de café, nunca em toda vida Helena tinha visto a mulher ser tão rápida quanto no momento que ela lhe escolheu junto com Matteo para aquela maluquice. Obviamente ela não iria ficar contra a curandeira, mas não deixou de arquear uma sobrancelha ao ouvir o comentário de Matteo, um sorrisinho enviesado se formando nos lábios enquanto o cheiro de lavanda e hortelã começava a envolver o ambiente "Nossa, que incentivo, hein?" murmurou baixinho de volta. " Aguentar um pouco? Matteo, amor, essa é a parte fácil. Da corda para ela para ver se não começa a jogar água em você pra te dar "clareza espiritual"… aí sim você vai ver o que é sofrimento." tentou brincar, mas a senhora pareceu ouvir. A parte boa é que ela só ignorou. O calor do ambiente, a umidade dos sprays de ervas e a iluminação suave provocavam nela uma sensação de estar dentro de um sonho que beirava o desconfortável. Ela deu uma olhada rápida para Matteo enquanto a curandeira começava a entoar as primeiras palavras da bênção, falando de equilíbrio, de reencontros espirituais, de almas que cruzam caminhos por um propósito. "A gente vai escolher o quê?" sussurrou, um pouco mais séria agora, virando-se na direção dele. "Não sei você, mas eu tô bem inclinada a escolher coragem. Ou talvez clareza. Ou sei lá... será que dá pra pedir uma mistura que inclua "parar de surtar"?"

@khdpontos


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3 months ago

A única resposta que tinha para aquilo era revirar os olhos. Não era sua preocupação — nem do seu interesse — o que se passava na cama de Camilo, mas obviamente era uma das (poucas) coisas que ele poderia indubitavelmente criticar Camilo. Ao menos a moralidade do homem, ou a falta dela, nunca o deixava na mão. Era incrível sua habilidade de ser... Previsível. Era como se Camilo quisesse que todo mundo o visse apenas como uma imagem caricata de quem realmente era. O personagem mais clichê de uma comédia romântica, mas nesse caso fazendo de tudo para não entrar em num arco de rendenção. A mandibula se contraia involuntariamente — Matteo não se importava. Camilo podia fazer um bacanal que não era da sua conta. Não tinha nenhuma interação com Camilo em que ele enxergasse a possibilidade de acharem um meio termo naquele campo de batalha, que pudessem ao menos ser cordiais. Matteo estaria disposto à deixar de lado ao menos os insultos vazios e as ironias desnecessárias, mas Camilo não parecia interessado numa trégua e ele não estava disposto a tomar todos os tiros para ser alguém melhor.

Novamente, não era completamente imune a alfinetada trocada pelo mauricinho, mas ele não deixaria Camilo saber que aquelas palavras o incomodava. Não precisava de um lembrete de como as informações fugiam da sua mente ou se embaralhavam com outras informações de forma a se tornarem quase incompreensíveis. Não precisava ser lembrado de que ele não havia graduado com honras e que a universidade não estava nos seus planos. Não precisava ser lembrado que era sorte que havia conquistado e chegado aonde havia chegado, e o resto ele colocava nas mãos de gente que conseguia lidar com as informações de maneira estratégica, da forma que ele não conseguia. Ele confiava nos outros para guiar o seu destino. Mas não precisava de Camilo para lembra-lo daquilo de forma alguma. Sua mente indo a mil milhas por segundo e ainda assim ele não conseguindo ter as mesmas conclusões óbvias que os outros era um lembrete constante que ele não estava na mesma frequência que todo mundo. Seus músculos se contrairam com o toque. Instintivamente, ele se arrumava para a batalha, mesmo que aquela fosse apenas metafórica. Não iriam trocar tapas, nem socos, e aquilo era um testamento à sua determinação de não levantar a mão para Camilo. Para parecer menos tenso e deixar a foto mais natural, Teo levou a mão até o meio das escápulos do mais velho, olhando para o fotógrafo numa tentativa de tirar a mente do toque bizarro. Vestígio de uma realidade paralela onde talvez Camilo e Matteo se dessem bem. Com a aproximação súbita, Matteo quase deu um passo para trás instintivamente, sentindo o hálito quente de Camilo em sua pele; e o calor eriçando os pelos na sua nuca desconfortavelmente. Idiotamente, ele culpava a maldição, mesmo que não acreditasse naquilo. O fato de toda aquela fábula envolver os dois de certa forma era a única razão pelo qual ele sequer estava desconfortável naquela proximidade. Ele precisava colocar a distância entre eles novamente. "Por que você está preocupado com meu tamanho, Ricci?" Levantou a sobrancelha, tentando manter o sorriso falso que falhou por um momento. Ele não gostava de ser provocado, muito menos ele gostava de ter que dar satisfação para Camilo. Mas maldito seria se não o respondesse. "Eu ainda posso quebrar você no meio." As palavras duras possuiam grande dissonância com o sorriso que dava para as câmeras, mas tudo fazia parte do teatro e ele já tinha muito treinamento em manter um sorriso para as lentes agora que havia se recomposto o suficiente. "Ou que tal pergunta para Olivia? Ela não tinha nenhum problema com meu tamanho," forçou um sorriso amarelo para o outro. Se tinha algo imperdoável para Camilo, aparentemente, era o fato de Matteo ter namorado Olivia. Pelo que entendia, Olivia nem era ao menos para ser a pessoa que era prometida a Camilo. Era a sua irmã. Era ridículo que ele achasse que podia conquistar Liv com as coisas de família quando ela não seria nada além da segunda escolha.

A única Resposta Que Tinha Para Aquilo Era Revirar Os Olhos. Não Era Sua Preocupação — Nem Do Seu

tudo bem, sabia (beeeem lá no fundo) que não era justo considerar matteo um completo idiota. o próprio camilo não era a pessoa mais academicamente brilhante, embora compensasse com a esperteza safada adquirida durante a vida. acima de tudo, ricci sabia o que era ter pessoas duvidando de suas capacidades e do quão frustrante aquilo podia ser. se ele tomasse um tempo para olhar o mundo além do próprio umbigo, reconheceria que todas as suas provocações não apenas eram maldosas como equivocadas. se matteo fosse assim tão incapaz, como o mais velho estava acostumado a provocar, não teria tanto sucesso. mesmo um rostinho bonito - e um corpo melhor ainda - não seriam suficiente se ele não tivesse nada além para oferecer. mas de todos os momentos em que camilo poderia se disponibilizar a enxergar o outro por lentes mais gentis, aquele com toda certeza não era um deles. especialmente não quando toda aquela conversa de alma gêmea trouxera à tona mais do que nunca o ressentimento por olivia, e todo o sentimento de insuficiência que agora parecia querer instigar em bianchi apenas por despeito. "não se preocupe, isso está na minha lista para mais tarde." instintivamente os olhos buscaram caterina, a jovem loira casada com o presidente do banco da cidade vizinha, um homem pelo menos trinta anos mais velha que ela. então voltou a focar no adversário à frente, particularmente frustrado por sentir que ele era o único a lidar com aquela situação como se fosse uma competição.

ele preferia presumir que matteo simplesmente não era capaz de devolver suas provocações do que acreditar que o mais novo apenas não o considerava merecedor de seu tempo e esforço. talvez se ele engajasse naquela briga que camilo constantemente provocava, eles se socariam uma ou duas vezes e seguiriam em frente. mas não... toda vez que matteo se mantinha suficientemente controlado diante de cada provocação era como um golpe por si só. "é, você não é conhecido por saber muita coisa mesmo." respondeu, o tom repleto de cinismo. antes que pudesse ser ainda mais indelicado, um fotógrafo se aproximou solicitando uma foto. ricci concordou e ajeitou a postura ao lado de bianchi, erguendo o queixo para compensar os míseros dois centímetros que ele jamais admitiria separarem os dois. a mão esquerda se escondeu no bolso da calça e a direita foi até o ombro alheio, em uma espécie de abraço, dando uns tapinhas como se fossem amigos de longa data. não deixou de notar duas coisas: primeiro, o quão enorme eram as costas largas e musculosas do rapaz. ele próprio tinha um físico muito atraente, mas não era tão forte. segundo, o perfume que lhe atingira o olfato provocando uma reação absolutamente diferente do esperado. ele costumava se lembrar do cheiro das pessoas com facilidade, mas não se recordava de que matteo cheirava tão bem. especialmente para um homem das cavernas. talvez fosse a primeira vez que se aproximava dele sem ser após horas de exercício. franziu ligeiramente o cenho para os próprios pensamentos ridículos, um pequeno riso escapando e se camuflando bem como algo intencional para a foto. entre um clique e outro, aproximou o rosto do ouvido alheio, como quem está prestes a contar um segredo. "só te achei meio magrinho. acho que precisa tomar mais whey. ou bomba, sei lá o que você usa"

Tudo Bem, Sabia (beeeem Lá No Fundo) Que Não Era Justo Considerar Matteo Um Completo Idiota. O Próprio

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2 weeks ago

Matteo já tinha certeza de duas coisas — primeiro, definitivamente não queria estar ali. Segundo, definitivamente não ia conseguir sair agora. Matteo não lembrava de ter aceitado participar da brincadeira, mas lá estava ele. Sentado, fone de ouvido nos ombros, tentando entender em que momento deixou de controlar o próprio caminho naquela noite. Provavelmente no instante exato em que os olhos dele cruzaram os dela — e Scarlet, com o típico jeito dela, simplesmente não se importava se ele queria estar ali ou não. Com a falta de som ao seu redor, o mundo inteiro parecia suspenso. Scarlet estava à sua frente, e Matteo se forçou a respirar mais fundo do que precisava. A decoração da sala parecia mais quente do que o normal, com as luzes em tons de vermelho e dourado transformando o ambiente num lugar claustrofóbico demais para alguém que andava evitando até os próprios espelhos.

Ela articulou algo com os lábios. Devagar. Clara. Precisa. Matteo deveria estar prestando atenção. Mas tudo nele se fixou na forma como ela movia a boca — no contorno perfeito, no leve brilho do batom que parecia recém-retocado, na forma como ela dizia cada palavra como se fosse uma sentença. Matteo sentiu o ar preso no peito. Um calor estranho subiu pelo pescoço, e não era só pela iluminação ou pela proximidade. Era a forma como ela dizia aquilo. A forma como os olhos dela não recuavam.

Ele piscou, tentando retomar o controle. Tentando se lembrar de que era só um jogo idiota com frases aleatórias. Mas não soava aleatório. Tirou um lado do fone com a ponta dos dedos. A voz saiu mais baixa do que esperava, “que tal tentar algo mais inofensivo? Uma palavra?” Porque ele estava confuso se estava entendendo aquilo como uma palavra ou uma provocação. Colocou o fone de volta antes que ela pudesse responder, como se precisasse se proteger da resposta. Mas o estrago já estava feito. Ele ainda sentia o calor dos próprios pensamentos queimando sob a pele.

Matteo Já Tinha Certeza De Duas Coisas — Primeiro, Definitivamente Não Queria Estar Ali. Segundo,

@khdpontos

Mais uma dinâmica na qual não queria participar mas se sentia ao menos na obrigação de tentar. Não era a pessoa mais divertida, nem a mais animada para esses jogos, ainda mais com toda aquela decoração romântica a sua volta que quase parecia a sufocar.

Mas antes que cogitasse sair dali, avistou a imagem familiar e se aproximou, sem rodeios e sem demora, o empurrando na direção onde pudessem jogar. Matteo parecia um pouco perdido, sem nem entender o que estava acontecendo, muito menos o motivo dos olhares os encarando. Scarlet, por sua vez, não dava a mínima para as pessoas ao redor, apenas queria entender onde aquela dinâmica os levaria.

Toma. - Entregou-o o fone, deixando claro como que se iniciaria a brincadeira. Ambos ficariam sentados um na frente do outro, precisando interpretar exatamente o que o outro dissera. - Calma, duas palavras! - Tentou deixar claro que era algo duplo, e ao menos isso ele entendera... Respirou fundo, negando com a cabeça e pensando em só dizer o que precisava. Já havia recebido uma orientação, falar de coisas marcantes de si, do outro, alguma qualidade, mesmo que não se lembrasse muito das de Matteo. - Lábios vermelhos. - Não podia fazer mímica, não podia mostrar, então ele teria que realmente prestar atenção e se concentrar. - Lábios vermelhos. - Repetiu mais uma vez, pausadamente, com o máximo de calma que conseguia.

Mais Uma Dinâmica Na Qual Não Queria Participar Mas Se Sentia Ao Menos Na Obrigação De Tentar. Não

@khdpontos


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3 months ago

𝐭𝐚𝐬𝐤 𝐨𝐧𝐞 ─ 𝐭𝐡𝐞 𝐫𝐞𝐯𝐞𝐚𝐥

𝐭𝐚𝐬𝐤 𝐨𝐧𝐞 ─ 𝐭𝐡𝐞 𝐫𝐞𝐯𝐞𝐚𝐥

Um espelho. Apenas um espelho. Como algo tão simples poderia ter qualquer significado? Matteo tentava processar a cena diante dele, mas nada fazia sentido. Seu caderno, o grupo ao seu redor, a cachoeira, aquela voz… tudo parecia uma realidade paralela, um sonho estranho do qual ele acordaria a qualquer instante. Ou melhor, um pesadelo. Mas por que, então, podia sentir a água fria escorrendo pelo corpo, o vento zunindo em seus ouvidos e a camisa encharcada aderindo ao peito? Seus sonhos nunca lhe pareciam assim tão reais.

Ainda assim, não podia ser verdade. Não podia deixar sua mente pregar essa peça nele. Se convencesse a si mesmo de que era tudo uma ilusão, talvez conseguisse afastar aquela sensação incômoda crescendo dentro de si. Matteo sentiu uma gota de suor percorrer a tênue linha da sua mandíbula, misturando-se à umidade do ambiente. Seu coração tamborilava contra as costelas com tanta força que ele jurava que todos podiam ouvir. Tentou ignorar. Tentou afastar a ideia absurda de que aquilo era real.

Se aquilo não passava de um delírio coletivo, por que continuava repetindo para si mesmo que não era verdade? Pensamentos intrusivos zuniam em sua mente como mosquitos incômodos, e ele lutava para dissipá-los. O mais lógico seria simplesmente dar meia-volta e ir embora. Fingir que nada daquilo aconteceu. Preferencialmente, nunca mais pisar naquele lugar e esquecer aquelas pessoas. Olhou de soslaio para o restante do grupo. Não formavam um conjunto harmonioso; na verdade, pareciam escolhidos por algum roteirista de tragédias com um senso de humor cruel. Era óbvio que estavam ali para entreter algum espectador invisível. Um alívio cômico, talvez. E a piada era ele.

Camilo, o primeiro a zombá-lo, obviamente. Esse sim, a maldição personificada. Matteo foi o primeiro a falar, mas agora se arrependia. Deveria ter permanecido calado, deveria ter ido embora sem receber o coice do mauricinho. Sentiu a raiva borbulhar em seu estômago e apertou os punhos. Por que ele precisava ser tão insuportável? Obviamente, Camilo nunca ouvirá um "não" em toda sua vida. Isso tornava ainda mais prazeroso ser a pessoa que lhe negava alguma coisa. Se fosse forçado a participar dessa palhaçada, ao menos poderia tirar um pouco de satisfação disso. Pequenos prazeres da vida. Mas se aquele homem fosse sua alma gêmea… Era melhor todos se prepararem para os próximos cem anos de puro caos.

Observou o homem ir embora, silenciosamente agradecendo por não ter perdido o pouco de paciência que lhe restava.

E então, Olivia. A escolha lógica. O destino mais previsível. Matteo sentiu os ombros enrijecerem. Eles tinham algo, não tinham? Algo que acabou tão dramaticamente quanto um acidente de carro em câmera lenta. Mas de forma muito mais silenciosa. Não poderia ter terminado de outro jeito. Matteo rangeu os dentes, afastando o pensamento. Nada daquilo importava. Não existia maldição.

Pasqualina. Graziella. Aaron. Helena. Christopher. E a novata…

Matteo tentava imaginar qualquer um deles como seu par romântico. Como almas gêmeas. Mas a ideia era risível. Ele nunca entendeu o amor. Para ele, era um conceito estrangeiro, algo que nunca lhe foi apresentado de forma verdadeira. Havia carinho por sua família, claro. Mas o carinho é uma obrigação, um dever. Nunca algo espontâneo, nunca algo livre. Se nem seus pais foram capazes de demonstrar amor, como poderiam esperar que ele o reconhecesse? Pior ainda: como poderiam esperar que ele o reproduzisse? Que se tornasse vulnerável a algo que nunca conheceu? Não. Era perda de tempo.

E ainda assim… parte dele queria que fosse verdade. Parte dele queria acreditar que algumas daquelas pessoas poderiam encontrar algo real. Porque, se o amor realmente existisse, então talvez houvesse esperança para ao menos alguns deles. Mas para Matteo? Não. O amor não estava em seu caminho. Era um conto de fadas para outros, não para ele. Estava muito melhor mantendo a cabeça baixa, focado em seu próprio caminho. Nunca mais deixando que o menosprezassem. Nunca mais sendo rebaixado. Nunca deixando que a vulnerabilidade o fizesse motivo de chacota novamente.

Com os pensamentos tumultuados, Matteo ignorou sua vespa largada na Casa Comune e seguiu a pé até em casa. Seus passos eram mecânicos, a mente perdida em suposições e dúvidas. A água ainda escorria de suas roupas, deixando rastros pelo caminho, mas ele não se importava. Ao chegar, deitou-se na cama sem tirar a roupa molhada, deixando que o lençol e o colchão absorvessem seu desalento. Fixou o olhar no teto, mas enxergava apenas o vazio. Seu coração ainda batia forte contra as costelas, resquício do medo, da raiva, da confusão.

Ele não compreendia a maldição. Mas sabia que, de alguma forma, ela já estava enraizada dentro dele. E isso era a pior parte.

( @khdpontos )


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1 month ago

Matteo não respondeu de imediato. Só observou. O vinho girava devagar entre seus dedos, mas ele nem olhava mais pra taça. Os olhos estavam nela. Sempre nela. Cada palavra que Olivia dizia parecia ficar suspensa no ar por tempo demais. Como se ele estivesse tentando absorver tudo sem deixar escapar nada. Quando ela enfim parou de falar, o silêncio ficou entre eles por alguns segundos. Matteo pousou a taça com cuidado sobre a mesa, o som leve do vidro sendo a única interrupção. Respirou fundo antes de dizer, "não sei, Liv." O olhar dele estava fixo no dela. Era raro vê-lo assim — tão direto, tão cru. Mas ainda assim... contido. Ele não era do tipo que se deixava levar. Nem pelas emoções, nem pelas memórias.

Ele desviou o olhar, só por um instante, observando o tecido branco sob seus dedos. Passou a mão ali, devagar, como se precisasse se ancorar em algo concreto antes de continuar. Ele não podia simplesmente pular em um relacionamento. Não era assim como às coisas funcionavam. Parecia apenas um estalar de dedos para Olivia, a as coisas eram como antes. "As coisas não voltam simplesmente a ser como era antes, Liv." Não apenas porque ela queria. Voltou a encará-la, agora com o maxilar levemente travado. "A gente queimou tudo de uma vez. E o que sobra depois disso? Cinza." Se recostou na cadeira, cruzando os braços num gesto quase involuntário — meio defesa, meio hábito. "Eu não sei se o que a gente sentiu foi amor. Ou só o reflexo do que a gente queria desesperadamente acreditar que podia sentir." A expressão dele suavizou por um segundo. "Mas... eu sei que doeu. E que ficou." O pior era o sentimento de abandono final que ele mesmo contribuiu.

Olhou pra ela de um jeito mais demorado agora. Não como quem avalia ou julga, mas como quem tenta sentir o que vem de dentro, mesmo quando não se quer sentir. "Eu não quero repetir o mesmo erro. Nem com você, nem comigo." A mão dele voltou à mesa, agora parada, como se pesasse mais. Ele hesitou um pouco, e então disse, mais baixo: "Então… se for pra tentar, tem que ser diferente. Do começo mesmo." O tom dele era mais suave agora, mas ainda assim firme. Como se essa fosse a única forma que ele conhecia de cuidar de algo: com cautela. Um meio sorriso apareceu nos lábios dele — pequeno, quase imperceptível. "Talvez a gente não seja mais os mesmos, Liv... mas talvez seja exatamente por isso que agora tem chance." Então ele estendeu a mão pra ela. O gesto era simples, sem grandes gestos dramáticos. Só um convite silencioso.

the end.

f l a s h b a c k : encontros

“Claro que significou, Olivia.” Ela assentiu levemente, com o olhar fixo em Matteo, mas apesar da resposta ter aliviado o seu coração, ela não bastou. Não quando ele desviava os olhos, não quando o corpo dele parecia querer se proteger de algo que nem ela conseguia nomear. Mas significou. Isso era um fato. Ela engoliu seco. Não sabia se doía mais ouvir que foi especial do que se ele tivesse negado. Porque, se foi, então por que ele deixou aquilo morrer? Por que permitiu que o asco tomasse conta ao ponto de deixá-la sozinha na pior versão de si mesma? Era um pensamento egoísta, considerando que havia feito o mesmo, mas não conseguia deixar de culpar a si mesma e a ele também. Ela o observou girar o vinho como se buscasse ali as palavras certas, ou coragem. Talvez os dois. Olivia piscou lentamente. Era raro que alguém a chamasse de Liv. Era íntimo demais, cru demais. Ela se manteve imóvel, mas sentiu o estômago revirar com o apelido. Nostalgia ou saudade, não saberia dizer.

Ela sentiu a vontade súbita de rir, um riso que não era de graça, nem zombaria, mas puro desespero. Inevitável. Como se não tivesse doído. Como se fosse só mais um tropeço do destino, e não o começo do fim da mulher que ela costumava ser antes de virar a musa de Khadel. E foi quando o ouviu dizer sobre seguirem em frente, como se aquela conversa, para ele, significasse apenas pôr em pratos limpos e colocar um ponto final definitivo. Ah. A velha saída prática de Matteo. Simples. Racional. Quase fria. Olivia suspirou e enfim soltou a mão dele, deixando-a cair sobre o próprio colo. Não era um gesto de raiva, mas de cansaço. Seus olhos se perderam por um segundo na mesa perfeitamente arrumada, antes de voltarem a encará-lo com uma doçura nada típica dela. — E se a gente tentasse de novo? — A pergunta saiu baixa, mas clara, sem rodeios. Nada de joguinhos, nada de entrelinhas. Só a verdade, crua. — Eu sei que não somos mais os mesmos. E que existe isso... essa maldição, essa... coisa que nos prende, que sufoca antes mesmo de acontecer. Mas e se a gente tentasse? As coisas parecem diferentes agora, com a Zafira ajudando, e as pessoas na cidade se apaixonando. Talvez seja o nosso momento. — A pessoa certa no tempo errado, ela começava a acreditar que haviam sido isso. Apenas eram imaturos, e a maldição forte demais. Talvez, agora, a chance de serem felizes num relacionamento de verdade fosse possível. Ela inclinou o corpo para frente, os olhos atentos, mas sem súplica. Era um convite, não um pedido. — Só... uma chance. Pra ver se aquela chama ainda existe. Porque naquela noite, Matteo, eu juro, ela brilhou. Forte. E eu acho que você sentiu também. Ou não teria sentido o asco bem no dia seguinte, como eu também senti. — Afirmou, ainda que ele não tivesse dito com todas as letras que isso havia acontecido. Pausou, mordendo o canto do lábio. — Não tô dizendo que vai ser fácil. Talvez o asco venha de novo. Talvez a gente falhe. Mas pelo menos a gente tentou. E se isso ajudar com a maldição? E se for isso que nos salva? — Havia esperança ali, sim. Mas também havia medo. Porque, no fundo, Olivia sabia que amar era a coisa mais perigosa que poderia fazer. E mesmo assim, estava disposta a correr o risco.

F L A S H B A C K : Encontros

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3 months ago
CHARLES MELTON — VMAN Magazine By Blair Getz Mezibov (August 2024)
CHARLES MELTON — VMAN Magazine By Blair Getz Mezibov (August 2024)
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CHARLES MELTON — VMAN Magazine By Blair Getz Mezibov (August 2024)
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4 months ago

Starter fechado para @sorrentinosmuse

THE LOFT

Talvez o mais surpreendente de tudo era o fato que Matteo ainda estava concordando com aquela loucura de encontros. O que mais ele deveria fazer quando alguém lhe convidava, e ele não precisaria gastar um tostão com tudo aquilo? Em outras condições, ele provavelmente soltaria um grunhido e falaria que aquilo era loucura. Ele não tinha nenhuma atração indiscritível por ninguém, não sentia nada além de uma leve irritação cada vez que os outros abriam a boca, e ninguém parecia bom o suficiente, porque ele não era bom o suficiente. Mas uma parte sua, aquela que sentia a necessidade de ser adorado pelos outros, não queria decepcionar a cidade que parecia estar segurando por um fio toda aquela história de almas gêmeas. Além disso, uma vozinha em sua mente também estava curioso. Sua mãe era uma prova viva do que a falta de amor poderia fazer e Matteo, a consequência.

Sabia que Helena havia voltado para Khadel, mas não eram exatamente amigos. Por isso o convite veio como surpresa para ele. Talvez tivesse sido a surpresa pelo qual ele não conseguiu dar sua resposta bruta usual. Eles haviam se conhecido no ensaio que catapultou Matteo para a existência do olhar público. Não faria mal tirar um tempo para reencontrá-la. O local escolhido havia sido o The Loft, e o karaôke improvisado definitivamente não seria a primeira opção dele, mas sentia que o oferecia uma saída quase graciosa e nada usual para Matteo, caso ele não tivesse mais assunto (o que provavelmente aconteceria mais rápido que imaginava). Não se ofereceu para buscá-la, mas sugeriu que se encontrasse no bar. Esperava encostado no bar até avistar a atriz, "Oi," disse, num tom que mais parecia um grunhido do que uma recepção normal. "Quer escolher uma mesa?"

Starter Fechado Para @sorrentinosmuse

( @khdpontos )


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